Skinamarink: Canção de Ninar é um dos filmes mais complexos do ano e provavelmente um dos mais estranhos também. O longa de terror dirigido por Kyle Edward Ball tem como proposta a de se criar uma obra com uma estética diferente e o de conceber uma produção que fugisse ao mainstream. Tal objetivo foi alcançado, mas provavelmente não deve capturar a atenção do grande público de forma alguma.
A trama conta a história de duas crianças que acordam no meio da noite e começam a interagir com algo que parece ser uma entidade ou algo maligno, só que não dá para saber bem o que é esse ser, até porque o diretor não nos mostra em nenhum momento esse elemento que habita a escuridão e com quem as crianças passam parte do tempo dialogando.
É preciso ter paciência para acompanhar a mais de uma hora de Skinamarink, e isso ocorre justamente pelo fato de o longa não ter um roteiro e uma narrativa convencional, fugindo completamente do formato conhecido pelo público, em que geralmente são apresentados os personagens e depois vai se desenrolando toda a história.
Kyle Edward criou uma obra experimental que não impressiona em nada, mesmo sendo algo diferente e que tenha aceitação de parte da audiência. Seu modo de filmar e de contar a história se concentra apenas em crianças sussurrando no meio da noite e sem um enfoque em seus rostos e sem um foco em algo que realmente importe para a trama, O diretor enquadra portas se abrindo de cima para baixo, frames de escadas vazias ou de cantos aleatórios da casa, além de brinquedos que se mexem sozinhos, e isso ocorre em grande parte do filme.
Algo que em um primeiro momento intriga é o fato do longa não responder pergunta alguma, não que isso seja realmente necessário para um filme, ainda mais tem como ideia de ser experimental, mas pelo menos daria maior força para a trama, mostrando quem são essas crianças, porque elas estão sozinhas em casa ou principalmente: o que raios é a sombra que hora ou outra aparece na escuridão da residência?
Um ponto positivo do filme é a sua total quebra de expectativa de que acontecimentos sombrios realmente irão acontecer pela casa e de que algo seja explicado. Mesmo com o longa sendo bastante chato e entediante, ainda assim, não é possível chamá-lo de previsível, isso é algo que certamente ele não é.
Skinamarink: Canção de Ninar tenta acertar ao ser inovador, ousando no modo de filmar e de contar a narrativa. Provavelmente irá agradar uma parcela do público que busca um formato diferente, e isso explica seu sucesso nas redes sociais. Não duvide se Skinamarink vir a se tornar um clássico cult com o tempo.