A Marinha do Brasil divulgou no último domingo (1⁰) um vídeo institucional com a mensagem “Privilégios? Vem pra Marinha”, que gerou controvérsias e críticas, especialmente de representantes políticos e parte da população. A produção visa destacar as peculiaridades e privações da carreira militar, contrastando-a com a vida de civis, e foi lançada como parte das celebrações do dia do Marinheiro, em 13 de dezembro.
Internamente, a avaliação da Marinha é que o vídeo foi bem-sucedido em reforçar o sentimento de pertencimento e vocação entre os integrantes da Força, além de funcionar como um recado indireto às recentes discussões sobre reformas fiscais que impactam as Forças Armadas. Entre as medidas em debate está a proposta de estabelecer a idade mínima de 55 anos para que militares passem para a reserva.
Repercussão entre políticos e sociedade
A peça de 1 minuto e 15 segundos intercala imagens de militares enfrentando situações adversas, como operações em alto-mar, com cenas de civis em momentos de lazer, como festas e reuniões familiares. A intenção era demonstrar que a carreira militar exige sacrifícios e um estilo de vida distinto do cotidiano civil.
Entretanto, o vídeo atraiu críticas. A deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a peça comete um “grave erro”. Em publicação na rede social X, ela destacou que o esforço exigido pelo serviço militar não torna os integrantes das Forças Armadas mais merecedores de respeito do que os trabalhadores civis. “Isso não faz dos militares cidadãos mais merecedores de respeito do que a população civil, que trabalha duro, não vive na farra”, escreveu.
Contexto de ajuste fiscal e impacto na imagem da Força
O vídeo foi lançado em meio ao debate sobre o futuro da carreira militar e as propostas de ajuste fiscal que envolvem as Forças Armadas. A mensagem da Marinha, que buscava fortalecer a união interna, acabou provocando polarização nas redes sociais. Enquanto alguns consideraram a campanha necessária para valorizar a vida militar, outros enxergaram no material um tom desrespeitoso aos profissionais civis.
A discussão sobre as condições e os privilégios das carreiras militares permanece em destaque, enquanto as Forças Armadas tentam equilibrar a defesa de suas especificidades com as críticas sobre o impacto econômico das reformas propostas.