Downton Abbey | Adaptação cinematográfica é confirmada pela NBCUniversal Studios
Depois de meses de rumores, a NBCUniversal Studios confirmou que o filme baseado em Downton Abbey irá oficialmente acontecer. Infelizmente, parece que os membros do elenco original não receberam o memorando.
Durante um evento em Singapura para celebrar o Downton Abbey: The Exhibition, o presidente da companhia Michael Edelstein declarou ao The Associated Press que o longa-metragem é um projeto confirmado. Entretanto, alguns membros da equipe de atores e atrizes disseram à AP durante o mesmo evento que não sabiam sobre o início das gravações e o desenrolar do projeto.
"Há um filme sendo construído. E está desse jeito há algum tempo", Edelstein disse. "Estamos trabalhando em um roteiro certeiro e então precisamos encontrar um modo de juntar o elenco todo de novo. Porque você sabe, as pessoas vão e vêm, e fazem outras coisas da vida. Mas temos esperança de que o longa chegue aos cinemas ainda no ano que vem".
"Bom, diga isso ao meu agente, porque ainda estamos esperando alguma notícia", Laura Carmichael, intérprete de Lady Edith Crawley na série, declarou. "E esperamos que isso ocorra muito em breve".
Edelstein acrescentou também que ele quer os vinte membros originais do show ganhador do Globo de Ouro e do Primetime Emmy Awards aparecendo no longa-metragem. Ainda não está claro qual será a linha narrativa e como as agendas dos protagonistas se encontram no momento. Mas esperamos que Maggie Smith dê pelo menos um "olá".
Artigo | A Mitologia da Távola Redonda
Há poucas histórias que realmente conseguem atravessar os séculos e consagrarem-se como atemporais. Dentro do imaginário contemporânea, diversas franquias fantasiosas e místicas emergiram como novas vertentes da cultura pop, citando principalmente Os Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis, e Harry Potter, de J.K. Rowling.
É um fato dizer que essas narrativas épicas, como assim foram categorizadas, não são em sua completude obras originais. Todas derivam de outros contos sobrenaturais que povoaram a oralidade de povos da Idade Média - e, utilizando como principal exemplo, podemos falar sobre a novela A Lenda do Rei Arthur, escrito apenas em meados do século XV.
Antes de mais nada, é necessário entendermos que a compilação de aventuras vividas pelo lendário Rei bretão originou-se a partir da junção cultural entre os celtas - povo natural das ilhas inglesas - e os invasores romanos e germânicos através dos anos. Todo o universo ficcional, perscrutado por elementos mágicos como criaturas indestrutíveis, feiticeiros, lutas entre o bem e o mal, entre outros, não partem apenas da religiosidade politeísta dos primeiros povos britânicos, mas também têm suas vertentes espalhadas para toda a idealização católica que se inicia do Império Romano e ramifica-se para a continente europeu.
Em outras palavras, a estruturação de tais histórias não tem um começo datado e marcado na história, provindo de “lendas urbanas”, por assim dizer, que pulularam de geração em geração e acabaram misturando fantasia à realidade de forma extremamente concisa. E para construir o romance Le Morte D’Arthur, principal referência para os feitos e os objetivos conquistados pelo suposto Rei, o ex-soldado Thomas Malory realizou uma extensa pesquisa, com a intenção de consolidar a lenda e atribuir-lhe uma versão impressa definitiva. Para tanto, consultou referências orais de sua época e também referências escritas em séculos anteriores - incluindo poemas, livros e história, manuscritos e narrativas diversas que o inspiraram a compor o Arthur que conhecemos. E diferentemente de epopeias predecessoras - como Beowulf -, tal aglutinação enciclopédica foi redigida em prosa, para aproximar o público da história e se afastar das complexas metáforas poéticas.
Malory também se valeu das próprias experiências como cavaleiro para relatar as aventuras do Rei Arthur; afinal, o novelista participou da Guerra dos Cem Anos e, depois de ser mandado para a prisão por traição à Coroa, resolveu materializar e endossar a existência de um soberano que fosse construído com as melhores características dos britânicos e que resgatasse o sentimento patriota que acompanhara a sociedade da época - principalmente com a idealização do “cavaleiro herói” - ou seja, uma figura completamente romântica e onírica cujos objetivos visavam à transcendência espiritual e à salvação de seu povo, além de ser descrito com altruísta, humilde, devoto e passivo de aceitação de seu Destino.
É possível dizer que, com o personagem em questão, os ingleses se apaixonaram por toda a atmosfera de fantasia, pompa e tradição que envolve a monarquia - e tal paixão se estende até os dias de hoje. Grande parte dos britânicos (galeses, ingleses, escoceses e irlandeses) amam a monarquia e tudo o que ela representa, por isso eles a conservam. O sistema de administração pública do Reino Unido é uma ode a monarquia, se pensarmos no alto custo para mantê-la. Atualmente o primeiro ministro e os parlamentares é que resolvem as questões administrativas mais importantes. O monarca inglês apenas “reina”. Arthur, então, é a referência inglesa para manter a monarquia. É a esperança de dias melhores, é a boa e eterna lembrança dos dias de glória, bravura e heroísmo dos monarcas.
Especialmente durante a idade média a figura do monarca era confundida com a de um deus, especialmente por conta da destinação familiar em se tornar um monarca. “Reis nascem reis”, repetiam vários monarcas ingleses - e assim acontecia. O rei então era um ser acima dos demais e com Arthur, o aspecto sobrenatural foi humanizado; ele foi um rei-herói, e seu legado permitiu que o povo inglês sempre se inspirasse em figuras palpáveis para buscar o símbolo máximo que precisavam para acreditar na sociedade em que viviam.
A TÁVOLA REDONDA
A famosa Távola Redonda é na verdade uma simples mesa circular, primeiramente citada após o casamento de Arthur e Guinevere, seu amor verdadeiro. Conta a lenda que, quando o Rei fixou sua residência em Camelot, esperou sua mulher chegar acompanhada por cem cavaleiros da Irmandade - ou seja, dispostos a lutar por suas crenças e seus valores nas mais temíveis aventuras possíveis - que trouxeram o objeto para o palácio.
É necessário dizer que a história narrada por Malory - e até as mais recentes como de T.H. White (O Único e Eterno Rei) ou Marion Bradley Zimmer (As Brumas de Avalon) - são essencialmente baseadas na verborragia e recontam de forma épica os perigos enfrentados por cada um de seus soldados mais famosos - e aqui podemos citar uma figura muito conhecida por todos, Lancelot. Dessa forma, se pensarmos numa cronologia fixa, toda a história se passa na Távola. À medida que Arthur, o herdeiro legítimo do trono, proferia o que se sucedeu com seus fiéis escudeiros, nomes bordados em dourado apareciam nos respaldes das cadeiras, deixando apenas duas vazias, como já havia sido profetizado por Merlin, o Feiticeiro.
Tal conto ainda povoa o imaginário do povo britânico e se espalhou pelo mundo com o passar do tempo. Sua simbologia medieval ainda inspira diversas pessoas a criarem valores e uma cultura própria - além de ser alvo de estudos de teóricos do comportamento humano, teólogos, antropólogos, entre outros. Afinal, o próprio arquétipo da mesa está diretamente ligado ao mundo e ao autocontrole humano: sua forma circular conversa com a horizontalidade de diferentes povos e refuta a ideia de soberania, ainda que coloque em pauta até conceitos de democracia que ressurgiriam apenas séculos depois.
“Nunca cometer ultraje ou assassinato: fugir sempre das traições; não ser de forma alguma cruel, mas conceder clemência àquele que a solicite; estar sempre ao lado de seu rei [...]”, tais palavras, cravadas na mesa que se encontra em exposição na Abadia de Westminster, foram, conforme a lenda diz, proferidas durante um dos episódios da Távola, e são ditas e interpretadas com afinco até hoje pelos monarcas britânicos. Há aqueles que defendem a existência de um Rei Arthur, assim como há outros que refutam a veracidade dos contos; de qualquer modo, seu legado ainda é estudado e seguido por muitos - além de ter sido base para a emergência e a reafirmação religiosa do Wiccanismo, por exemplo.
As escolas artísticas medievais e do próprio Renascimento também retrataram as conquistas de Arthur e seu séquito, sempre se valendo de metáforas visuais - como, por exemplo, a retratação constante da natureza invadindo as construções de Camelot. De acordo com o Dicionário de Símbolos, os bosques não apenas simbolizavam um mundo não civilizado, mas também representavam um estado mental, um lugar que se procuraria alcançar; eles faziam parte “Outro Mundo”, uma vasta extensão inexplorada situada nas fronteiras entre o mundo terrestre e os domínios espirituais comandados por seres sobrenaturais como as fadas e as ninfas. Em outras palavras, o misticismo provindo com a representação da natureza e seus mistérios poderia ser encarado tanto como um convite para a vida eterna - encontrada apenas por aqueles mais resolutos - quanto como uma tentação irresistível que os guiaria para o “mal caminho”.
O mistério e o maravilhamento que envolvem as narrativas arturianas ainda são examinados, estudados e procurados até hoje. Ainda que tenha atingido o foro de lenda e mito na contemporaneidade, suas raízes podem estar atreladas à realidade. De acordo com a Historical Miscellanny (compêndio de acontecimentos históricos não organizados) do Museu Britânico, os Anais da Páscoa - tabelas existentes nas antigas abadias celtas - trazem notas e referências a uma possível batalha que ocorreu durante os séculos V e VI depois da Era Comum na província de Badon, na qual o próprio Arthur carregou a cruz de Cristo e os bretões chegaram ao patamar de vitoriosos com a ajuda divina. Além disso, há indícios que remontam a épica disputa entre Arthur e Mordred - seu sobrinho usurpador do trono.
OS PERSONAGENS DE 'REI ARTHUR'
Falar ou escrever com propriedade e fidedignidade sobre este assunto não é uma tarefa simples. Afinal, como supracitado, não existe nada historicamente confiável ou provado. Aliás, Arthur é um herói que nem consta nas linhas do tempo da história como a conhecemos - a própria ortodoxia da cronologia e desta linha de estudos nega sua participação como um Rei bretão que realmente tenha sido memorável.
Para suprir essa necessidade, novelistas e cronistas - retomando a prática dos aedos da sociedade greco-romana - visitavam os burgos (pequenas acomodações camponesas que resultaram em vilarejos modernos) para recontar essas histórias de superação, aventura e amor. E, para tanto, não poderiam deixar o Rei sozinho; diversos personagens foram criados, suprimidos, readaptados e expandidos.
Vamos então volta um pouco no tempo para apresentar personagens de suma importância e que interferiram com força na vida e nas conquistas do nosso protagonista: é importante entender que Arthur é fruto de um adultério. Acontece que, muitos anos antes da história que conhecemos, Camelot era governada pelo Duque de Gorlois e por sua esposa, Igraine. De um casamento arranjado pelas duas famílias, vieram duas irmãs - Morgause e Morgana (cujo arco narrativo desprende-se em uma viagem épica através de vingança e feitiçaria).
Em As Brumas de Avalon, as relações femininas são exploradas com muito mais profundidade que em outras adaptações ou releituras. Nesta obra, descobrimos que Morgana foi a escolhida por Viviane, a Senhora do Lago, a viajar para a longínqua terra de Avalon, afim de estudar as práticas mágicas e seguir os mesmos passos que suas ancestrais. Enquanto isso, Morgause acabou se casando aos catorze anos e se mudou para longe, deixando o Reino à mercê de um velho Duque e sua esposa.
E é aí que as coisas ficam um pouco mais complicadas: Merlin, o Feiticeiro, aparece em cena para ajudar uma outra personalidade - Uther Pendragon. Utilizando seus domínios sobrenaturais, ele auxilia o jovem camponês a se disfarçar com as feições de Gorlois para adentrar os aposentos de Igraine e possui-la. Logo depois, em uma batalha ferrenha, consegue matar o antigo rei e torna-se governante supremo da Bretanha.
Arthur, ainda bebê, é mandado para longe, para encobrir possíveis obstáculos que Reinos vizinhos viriam a ter se descobrissem sua origem, e o novo casal passa a esperar por um novo filho à medida em que são forçados a abrir mão de seu poder. Através mais uma vez de Merlin, que antevê a subida do rapaz ao trono e também a sua própria ruína, ele consegue enfrentar todos os obstáculos dentro de seu Destino e retirar a famosa espada Excalibur da pedra, ascendendo à glória e ao respeito de todos.
Podemos dizer que a vida de Arthur é bem mais complexa e trágica do que parece. Afinal, após encontrar sua ressurreição e encontrar uma paz terrena, ele se relembra das palavras ditas por seu Conselheiro e aguarda pacientemente o momento em que sua nêmese chegará - e ela vem encarnada por Lancelot, um dos cavaleiros da Ordem dos Templários que se torna braço-direito do Rei.
Se havia uma coisa que a Igreja e as instituições inglesas da época não conseguiam suportar ou dar credibilidade era para os escândalos. E foi justamente isso que perscrutou a vida de Arthur em seus últimos anos como monarca: após casar-se com Guinevere, uma jovem moça que conheceu em sua jornada e que foi responsável pelo transporte da Távola Redonda para Camelot. Mas o que ele não prenunciou foi a traição de sua mulher com o soldado em questão, os quais se envolveram em um caso responsável por uma das reviravoltas mais incríveis de toda a mitologia aqui analisada.
Lancelot é então condenado à morte por seus atos de contestação à família real e, numa decisão quase insana, Arthur parte numa busca pelo Santo Graal, como forma de restaurar o equilíbrio entre seu povo - e entre sua família fragmentada. Entretanto, com o enfraquecimento do Reino e seu abandono por parte de coroas agregadas, uma nova figura mais temível que todas as outras emerge como o usurpador do trono: Mordred.
Antes de conseguir chegar ao governo supremo de Camelot, Arthur foi enviado a Avalon para conhecer mais sobre seu Destino - e assim se envolveu em um ritual de iniciação extremamente bem explicado em As Brumas que teve como palco o jovem rapaz, ainda buscando uma identidade e o livramento de seus pesares, e... Morgana, sua meia-irmã. Durante uma dança espiritual, os dois mergulharam na prática do incesto sem ao mesmo saber disso - e desta troca, surgiu Mordred (um homem movido pelo desejo de vingança).
E durante sua saída pelo Cálice Sagrado, ele o despôs e tomou controle de tudo e de todos, apenas para criar uma atmosfera propícia para um dos conflitos mais conhecidos - e relidos de diversos modos - da história inglesa: a lendária batalha de Salisbury. Travada entre Mordred e Arthur, a guerra dá um desfecho ao ciclo arturiano das novelas de cavalaria, terminando com a morte do usurpador e com a transcendência espiritual do Rei de Camelot, o qual, após ser gravemente ferido, é levado pelas Feiticeiras e pelas ninfas à mística ilha de Avalon, onde reside até hoje esperando o momento certo de retornar para o povo inglês, conforme ainda contam algumas lendas.
A DEMANDA DO SANTO GRAAL
É um fato dizer que a lenda envolvendo a Távola Redonda é essencialmente religiosa e sempre visa explicar através do enfrentamento de obstáculos espirituais, psicológicos e até sobrenaturais a própria fé - ou seja, algo imaterial que não possui uma explicação pautada em relatos científicos. A partir daí, é possível resgatar o conceito de novela de cavalaria proposta pelos inúmeros estudos dos séculos XV e XVI.
Novelas de cavalaria são longas narrativas anônimas - normalmente em forma de romances - que contam as aventuras de heróis da Idade Média que lutam em nome de sua fé e da supremacia da Igreja Católica pelo mundo. Aqui, o hibridismo entre a construção imagética do povo celta deixa de existir em grande número para ser readaptado às bases do cristianismo e endossar o monoteísmo na Europa medieval.
Dentre os três ciclos descritos por teóricos literários, o mais conhecido é o ciclo bretão ou arturiano, que proveio da poesia lírica trovadoresca e dos recitais que ocorriam nos meios palacianos. Neste meio, circulavam inúmero relatos de amor e cavalaria difundidos em poemas jogralescos e culminando em sua fixação na prosa. Tais narradores se baseavam em contos romanos como Tristão & Isolda para criar uma genealogia que explicasse toda a descendência e o legado de Rei Arthur. Suas escrituras foram traduzidas para o francês e para o galego-português e, por isso, puderam ser difundidas para o restante do mundo.
A história mais famosa a trazer o Rei como protagonista, justamente por negar toda sua estética narrativa. A Demanda do Santo Graal, apresentada nos anos finais do ciclo bretão, vai de encontro à moral cortês e representa uma inversão de valores. Enquanto nos poemas e prosas líricas o amor é exaltado como o caminho para a felicidade e para a perfeição, aqui todo o amor é considerado pecaminoso e a castidade é recomendada como o ato mais puro que aproxima os meros mortais da salvação eterna. E essa escolha de repudiar um sentimento tão incorruptível provém do relacionamento entre Lancelot e Guinevere e sua traição para com Arthur.
A Demanda é, em suma, um compilado de jornadas heroicas e sentimentais que colocam à prova a virtude e a coragem dos cavaleiros do Rei Arthur - e aqui, outros cavaleiros muito conhecidos são introduzidos, como Perceval, Boors, Galaaz (filho de Lancelot), Galahad, Kay, entre outros. A cristianização de tal lenda pagã transformou a obra em um retrato vivo da Idade Média teocêntrica e em uma novela mística que traz um ideário utópico para a vida de quem o lê - e sua importância atravessa os séculos como fonte de inspiração para releituras críveis e tão tocantes quanto a obra original.
Crítica | Camelot - 1ª Temporada
As releituras e adaptações audiovisuais das aventuras épicas de Rei Arthur e a Távola Redonda são inúmeras: desde o surgimento e ascensão de meios de comunicação como o cinema e a televisão, o desafio de traduzir em imagens epopeias literárias como as citadas sempre encantou diversos realizadores - e muitas vezes esse encanto foi justamente o principal motivo de não atingirem resultados satisfatórios para um público fervoroso por batalhas milenares e pelo enfrentamento do impossível.
Infelizmente, é isso o que acontece com Camelot, série da Starz em parceria com a TV GK. Fornecendo uma nova perspectiva para um dos contos que mais inspirou obras-primas como O Senhor dos Anéis e Crônicas de Nárnia, o show pega tanto a narrativa da Távola Redonda - ou seja, pela perspectiva heroica do “cavaleiro templário” (Rei Arthur e seus asseclas) - quanto as delineações feministas arquitetadas por Marion Z. Bradley em As Brumas de Avalon, cujo foco são as protagonistas a povoarem o universo arturiano - como Morgana, Morgause, Igraine e Viviane.
O hibridismo, configurando-se como principal característica desta curta obra, é um dos seus pontos altos. Perscrutado com atuações incríveis e que por vezes ofuscam o roteiro falho e os monótonos acontecimentos ao final de cada capítulo, a trama principal começa com Morgana (Eva Green) retornando de seu “exílio espiritual” em um convento para casa, a qual ainda é comandada por Uther Pendragon (Sebastian Koch) e sua nova esposa, Igraine (Claire Forlani). As diferenças da obra original já são perceptíveis aqui, afinal, como sabemos, Morgana era filha de Igraine e do Duque de Gorlois, tendo Uther como seu padrasto após a morte em batalha do legítimo rei de Camelot. Entretanto, a simplificação da cronologia e da genealogia nesta série casa com seu propósito - que é, além da contextualização simbólica destas histórias místicas dentro da História concreta, mostrar que a emissora ainda tem sua carga de veracidade para colocar dentro de produções audiovisuais (vide Roma).
A cena inicial do episódio piloto é justamente a descrita acima - e seu único problema é o tempo curto. É claro, conseguimos sentir o tom dos conflitos a serem construídos entre os personagens principais - principalmente entre pai e filha -, mas um cuidado maior e uma lapidada mais concisa em diálogos supérfluos e expositivos poderia ter um brilho digno do elenco em cena. O grande momento vem numa sequência justaposta - dentro de uma montagem um tanto quanto equivocada - na qual a antagonista envenena sangue de seu sangue para finalmente postar-se como a real e única herdeira do trono.
É interessante notar que o conceito de “jornada do herói” é transgredido em momentos pontuais, mas de exímia importância para o conceito identitário da série. Primeiramente, somos introduzidos ao maniqueísmo do “lado ruim” da história antes de sermos transportados para a ambiência do “lado bom”. Arthur (Jamie Campbell Bower), assim como diversos heróis de epopeias gregas e romanas, é um simples garoto exilado de sua real condição de rei, vivendo em uma fazenda com pais adotivos. Comparando com tramas contemporâneas - apesar dessas concepções terem surgido milhares anos antes da Era Comum - vemos que os criadores da série se basearam franquias de grande sucesso contemporâneo, como Star Wars e Harry Potter, para, ao mesmo tempo, garantir a atemporalidade desta história de cavalaria e aproximá-la da cultura pop. Entretanto, é aqui que as coisas começam a desandar.
Sabemos que a teorização do monomito explanada por Joseph Campbell ao final da década de 1940 implica alguns momentos de pura importância para que o arco do herói ou heroína tenha início, meio e fim e crie uma parábola trazendo e representando os conflitos e amadurecimentos pelos quais passou através de sua viagem sobrenatural de autodescobrimento. Em diversas obras cinematográficas, o tempo real de exposição cênica se mostrou o suficiente para desenvolver todas as subtramas e viradas necessárias - mas Camelot, em seus dez episódios de quarenta e cinco minutos cada, pareceu não ter encontrado um ritmo adequado para que Arthur, Morgana e os outros chegassem a uma conclusão que lhes desse justiça.
Logo no capítulo de estreia, o garoto descobre através de Merlin (Joseph Fiennes), seu conselheiro e guardião espiritual, que pertence à linhagem real e que, após a morte de seu pai, deve voltar para Camelot e restaurar a paz entre seu povo. O protagonista é um bastardo, visto que é filho da segunda esposa de Uther e, por essa razão, é visto com maus olhos pela meia-irmã e por outros duques que fazem parte da aliança inglesa da época - incluindo o impetuoso e cruel James Purefoy saindo de sua estadia em Roma para encarnar o Rei Lot, o qual faz um pacto com Morgana para depor Arthur.
Os eventos que se sucedem são muito rápidos e, incrivelmente, realizados com uma preguiça quase absurda. Não conseguimos nos conectar o suficiente com os personagens para que as viradas sejam impactantes o bastante - em outras palavras, a catarse em constante desenvolvimento pelos roteiristas nunca encontra um ápice, mantendo-se linear e chegando ao ponto de angustiar os telespectadores. Em The Sword and The Crown, por exemplo, temos Arthur numa jornada pela lendária Excalibur. Porém, os obstáculos que ele enfrenta nos livros são deixados de lado e readaptados para uma simplória escalada numa cachoeira - tudo bem, ele enfrenta a morte diversas vezes, mas isso em momento algum traz delineações sinceras sobre as provas que enfrentará durante seu mandato como rei.
Apesar da monotonia que enfrentamos, não posso deixar de ovacionar em pé o grande trabalho de atuação, principalmente de Green. Seu histórico com personagens memoráveis tanto no cinema quanto na TV estende-se até os dias de hoje (como, por exemplo, ao encarnar Vanessa Ives em Penny Dreadful), e o mesmo faz ao dar vida a uma das personagens mais contraditórios da história da literatura. Entretanto, sua perspectiva afasta-se do melodramático romântico de Morgana nas novelas medievais para construir feições e trejeitos mais sombrios. Os próprios traços maleáveis da atriz contribuem para essa veracidade realista em detrimento de diálogos definitivamente mal escritos. Sua química com outros personagens em cena também é digna de nota - e seu desfecho, apesar da temporada única da série, mostra-se palpável e emocionante.
Bower, entretanto, se parece muito mais com um jovem Indiana Jones que com o lendário Rei que cruzou territórios inefáveis para recuperar o que lhe era direito. Sua caracterização irreverente e jovial por vezes não casa o tom da série, mas entra em contraste interessante com o poderoso e definitivamente mergulhado no nonsense de Fiennes como Merlin. Devo dizer que, apesar de cair no ridículo em algumas sequências que demandavam uma atmosfera mais tensa, o grande feiticeiro tem uma performance agradável e digna de equiparação a de Morgana - tanto em termos de arco narrativo quanto em interpretação e presença de cena.
Apesar de seus momentos de glória, Camelot é uma série que não acredita no próprio potencial. O desperdício de um elenco invejável e de locações críveis leva a temporada para a pilha de mais uma releitura desperdiçada das incríveis aventuras da Távola Redonda - implorando para que seja reanalisada e, basicamente, refeita com a atenção que merece.
Camelot – 1ª Temporada (Idem - Reino Unido, 2011)
Criado por: Chris Chibnall, Michael Hirst
Direção: Mikael Solomon, Stefan Schwartz, Ciaran Donnelly, Jeremy Podeswa, Michelle MacLaren
Roteiro: Chris Chibnall, Michael Hirst, Louise Fox, Terry Cafolla, Steve Lightfoot, Sarah Phelps, Thomas Malory
Elenco: Eva Green, Jamie Campbell Bower, Joseph Fiennes, , Tamsin Egerton, Peter Mooney, Claire Forlani, Philip Winchester, Clive Standen, Chipo Chung
Emissora: Starz
Gênero: Drama, Fantasia
Duração: 45 minutos
https://www.youtube.com/watch?v=vYZImCVvbVU
Crítica | Girlboss - 1ª Temporada
Girlboss tenta ser algo que não deveria ser.
Começar um texto assim parece algo muito duro, mas é isso que a nova série original Netflix nos passa - principalmente para aqueles que já são assíduos acompanhantes da gigante do streaming. Baseado livremente na obra homônima assinada por Sophia Amoruso, a história gira em torno de uma garota que, aos 28 anos de idade, tornou-se multimilionária e comanda, atualmente, uma das marcas de roupa estadunidenses mais rentáveis dos últimos anos.
É interessante dizer que o conteúdo original do serviço supracitado sempre optou pela variedade. Desde seu surgimento, já tivemos dramas políticos (como House of Cards), comédias literárias (Orange is the New Black), ficções científicas (Stranger Things), entre outros gêneros. Recentemente, entretanto, o tato para a realização de uma grande obra audiovisual parece ter sido deixado de lado como forma de atender à demanda crescente para seu catálogo. E, infelizmente, a série produzida por Charlize Theron parece ter sido atingida pelo raio do simulacro tragicômico.
Protagonizado por Britt Robertson, a narrativa nos lembra bastante das sitcoms que se tornaram sucesso a partir da década de 1990, como Seinfeld e Friends. Cada um dos personagens tem a sua característica principal que os torna bem diferentes uns dos outros e que funcionam, na maior parte do tempo, como arquétipos de tipos sociais. No episódio piloto, já somos introduzidos à personalidade irreverente e extrovertida de Sophia, que contrasta de forma harmônica com o jeito mais reservado de seu vizinho, Lionel (a presença muito bem-vinda de RuPaul), e que corresponde à liberdade criativa de Annie (Ellie Reed). Ao longo do capítulo de meia-hora, outros personagens vão surgindo e adicionam camadas de complexidade a uma narrativa que poderia ter tudo para ser a mais sincera e comovente possível.
Entretanto, mesmo com o aviso no início de cada episódio - “recriação muito livre dos acontecimentos reais” - não podemos deixar de nos sentir incomodados com a necessidade muitas vezes equívoca da série em ser “diferente”. A montagem e a história trazem seus tons de dinamismo para o conceito identitário, sem falar nas ótimas quebras de expectativa provindas da marca já conhecida de Kay Cannon (franquia A Escolha Perfeita e Como Ser Solteira). Mas à medida em que o tempo passa, como dito anteriormente, Girlboss deixa o brilho de sua originalidade de lado para se inclinar a outras obras semelhantes.
Os próprios diálogos entregam esse desejo de inclusão em alguma vertente estilística: em vários momentos, vemos flashbacks ou sequências muito bem ritmadas que se baseiam na autoexplicação exacerbada, cuja característica é retirada diretamente de Unbreakable Kimmy Schmidt ou 30 Rock. Sophia e Annie são as protagonistas desses momentos, mas o gênero escolhido para a série - que oscila entre o drama, a comédia e a impossibilidade narrativa - contrasta de forma negativa e começa a se arrastar em direção a um final que obviamente roga por uma continuação.
Além de momentos pontuais, o desenvolvimento da história principal tenta também seguir um modo único, como se estivesse tentando encontrar uma linha reta numa bifurcação. É de se esperar que ramificações narrativas passem a existir uma vez que nos conectemos aos personagens. Mas o time criativo assume que a construção destes laços entre obra e público aconteçam num estalar de dedos - e definitivamente esse é o grande deslize. O aguardado par romântico já dá às caras no terceiro ato do episódio piloto, e lá pela metade da série seu arco é relembrado. Personagens vem e vão como se estivessem apenas numa suspensão transitória de estereótipos - os supostos “conselheiros” da protagonista, diga-se de passagem. Nem mesmo os cameos de celebridades e rostos conhecidos do gênero cômico despertam pontas de interesse nos telespectadores.
A série não é de toda um “desperdício”. É inegável que a direção de arte e o design de produção foram projetados com bastante cautela, resvalando-se na escola kitsch e vintage. Os acessórios e roupas utilizados pelos personagens, com ênfase em Sophia e Annie, são essencialmente chamativas e complementares entre si: dentre as combinações feitas, vemos uma calça jeans skinny ornando com um cinto Gucci e uma jaqueta multicolorida de couro de bezerro do estilo country da década de 1970. Os detalhes por vezes são perceptíveis pela maior parte do público, mas são direcionados a um nicho específico - ou seja, aquela que realmente se interessa pela moda.
Apesar da improbabilidade de eventos de Girlboss, sua pegada histórica é interessante. A série é ambientada no ano de 2006 e mostra a crescente evolução e controle de sites de compra/venda online, como eBay, Amazon, entre outros, bem como a dominação por certos grupos comerciais que desejavam “devorar” os novos empreendedores. Sophia esteve em linha de combate com a maioria deles, e talvez sua história pudesse realmente ter sido mais envolvente. Mas, como já disse, a sucessão de eventos ocorre de modo tão brutalmente exposto que podemos prever o desfecho dos arcos antes mesmo de eles darem indício de começarem.
A jornada do herói é outra característica pobremente explorada na série. Apesar da química entre o elenco e da satisfatória interpretação de Robertson, sua personagem entra em uma viagem de autodescobrimento e maturidade que não segue uma escalada evolutiva, por assim dizer, mas incansáveis parábolas que tornam o acompanhamento dos episódios cansativo e monótono. Aqui, é possível vermos a maioria das características identitárias extraídas diretamente de outras obras do gênero, como o inenarravelmente superior O Diabo Veste Prada: no longa, a personagem Andrea Sachs (Anne Hathaway) passa por altos e baixos para conseguir uma posição de destaque e um reconhecimento no competitivo e assustador mundo da moda; em Girlboss, Sophia passa pelos mesmos obstáculos, mas de forma a resolvê-los através de um senso de humor ácido e sarcástico, banhado por constantes torrentes de irreverência.
Mais uma vez, a ideia aqui é buscar a originalidade; mas tudo é direcionado para o impossível, e a resolução destes arcos de culpa e redenção citados no parágrafo acima não são coerentes o suficiente para torná-la uma obra completa. A nostalgia está no figurino, somente; e ao invés de resgatar os anos 2000 de forma a causar uma aproximação maior com o público, a série deseja se corresponder o máximo possível com a contemporaneidade.
A nova série Netflix tinha tudo para ser ótima. Entretanto, através de metáforas vencidas e de uma história falha, fica oculta pelo brilho de produções audiovisuais semelhantes - mas infinitamente melhores.
Girlboss – 1ª Temporada (Idem, 2017, Estados Unidos)
Criado por: Kay Cannon
Direção: Christian Ditter, Jamie Babbit, Amanda Brotchie, Steven K. Tsuchida, John Riggi
Baseado em: #Girlboss, de Sophia Amoruso
Roteiro: Kay Cannon, Sonny Lee, Jake Fogelnest, Caroline Williams
Elenco: Britt Robertson, Ellie Reed, Johnny Simmons, Alphonso McAuley, RuPaul, Josh Couch
Gênero: Comédia
Duração: 28 min.
Lista | As 10 Melhores Animações da Disney
É inegável que o império construído pela Disney já vem construindo sua histórias desde as primeiras décadas do século XX. Desde seu início, dúzias e mais dúzias de filmes foram produzidos e distribuídos através dos cinco continentes, firmando sua capacidade de envolver públicos e audiências de todos os gêneros e idades. E para celebrar sua contínua ascensão - e aproveitando o lançamento do remake em live-action de A Bela e a Fera, estrelado por Emma Watson e Dan Stevens - separamos as dez melhores animações dos estúdios.
Confira nossa lista abaixo e não se esqueça de deixar seu comentário!
10. A BELA ADORMECIDA (1959)
Em 1937, a Disney lançou Branca de Neve e os Sete Anões, cujas técnicas de ilusão de profundidade foram um marco para a animação. Mas o experimentalismo com lâminas de vidro não perduraria por muito tempo e, mais de vinte anos depois, A Bela Adormecida chegou aos cinemas, representando o ápice destas escolhas artísticas. Desde o escopo de seus cenários suntuosos e expressionistas até a concepção dos personagens - nos introduzindo a uma das maiores vilãs de todos os tempos, Malévola -, a animação envelheceu de modo espetacular, influenciando remakes e releituras diversos (incluindo o recente Malévola, protagonizado por Angelina Jolie).
9. 101 DÁLMATAS (1961)
Na década de 1960, a Disney resolveu optar por se afastar das criações fantasiosas e medievais que acompanharam seus trabalhos e focar numa história escrita quase dez anos antes cuja ambientação era a cidade de Londres e a crescente polêmica do uso de peles de animais em roupas. Assim, surgiu 101 Dálmatas, um semi-musical fashion que tem, como já é de se esperar, filhotes de cachorros como protagonistas. A construção técnica da animação é de uma sutileza incrível, e os movimentos dos personagens contrastam com a caracterização exacerbadamente modernizada do cenário industrializado. Assim como as músicas, o filme trouxe à vida personagens icônicos - principalmente uma das vilãs mais cruéis deste império cinematográfico, Cruella de Vil.
8. TARZAN (1999)
Diferentemente de outros trabalhos dos estúdios Disney, Tarzan não é um musical, e sim uma animação com bases de estudo antropológico e social atemporais e cuja essência vai muito além de uma narrativa de romance. A história gira em torno de um garoto órfão abandonado na selva que é encontrado por uma macaca e criado como um semelhante. À medida em que cresce, o protagonista percebe suas limitações e como nunca será exatamente parte daquele grupo, entrando em constante crise identitária. As técnicas narrativas e as transições cronológicas são muito bem demarcadas, e sua essência arquetípica abrange todos os públicos-alvo - sem mencionar a catártica e apaixonante trilha sonora composta por Phil Collins.
7. MOGLI - O MENINO LOBO (1967)
Mogli: O Menino Lobo foi um projeto de suma importância para Walt Disney. Inclusive, Mogli marca a última participação direta de Disney em uma animação de seu estúdio, já que faleceu quando o filme já estava em processo de finalização. Mogli adapta livremente o livro clássico de Rudyard Kipling e, sinceramente, consegue transformar a fábula em um conto realmente atemporal tanto que já tivemos um remake mais preocupado em exibir poderio visual do que manter a essência brilhante da amizade imaculada entre Mogli e Balu. Abandonando os vícios clássicos do estúdio, Disney acertou em cheio ao apostar em dubladores amadores como Phil Harris e Louis Prima, ambos cantores de jazz que contribuíram ativamente na trilha excepcional de George Bruns, um dos músicos mais geniais que já passaram pela história do estúdio. Para entender mais a importância histórica de Mogli: O Menino Lobo, recomendo veementemente a nossa crítica. (Matheus Fragata)
6. HÉRCULES (1997)
O refinamento e descobertas das técnicas de animação surgidas por volta do final dos anos 1980 atinge um ápice significativo com Hércules, outro clássico instantâneo dos estúdios Disney. Uma das últimas obras da fase seguinte ao renascimento provocado por O Rei Leão e A Bela e a Fera, Hércules é uma animação memorável ao conseguir adaptar tão bem o pesado mito envolvendo a figura do herói. Apesar de ser consideravelmente curto, a narrativa emplaca canções memoráveis como De Zero a Herói, além de conseguir marcar na memória a doçura e perversidade de diversos personagens como Hades, Mégara e Hércules (aliás, é um dos primeiros a apresentar uma variação inteligente do romance até então obrigatório). (Matheus Fragata)
5. FANTASIA (1940)
Walt Disney era um visionário como nenhum outro. A sacada brilhante de criar Fantasia veio a partir de uma ideia simples: popularizar ainda mais Mickey Mouse através de um pequena série de curtas compilados em um longa metragem. Entretanto a ideia floresceu e Mickey ficou restrito apenas ao segmento hoje histórico e antológico do Aprendiz de Feiticeiro. Basicamente, Fantasia é a primeira animação verdadeiramente adulta do estúdio, mesmo que funcione como uma brilhante introdução para a música clássica para diversas crianças. Nudez, morte e constante violência marcam as micro narrativas divididas em oito curtas brilhantes. Se ainda não viu, veja. (Matheus Fragata)
4. MULAN (1998)
Há um senso comum muito irritante sobre o quão conservadora a Disney é, além da reação igualmente irritante de intolerantes ou histéricos que embarcam nas típicas provocações da mídia. Mulan é a prova viva de que a Disney aceita correr riscos quando bem orientadas. Quase encerrando os anos 1990 que mostraram uma diversidade estupenda de histórias animadas, a Disney traz um longa que não é de princesa e nem é sobre animais falantes, mas sim sobre uma guerreira travestida de guerreiro para preservar a honra de sua família quando o pai já idoso é convocado para o fronte de batalha. Trazendo uma história nada convencional, Mulan apresentou uma revolução narrativa que quebrou quase todos os paradigmas do estúdio. Novamente, o pedigree Disney se faz presente com canções excelentes, além de personagens memoráveis como Grilo, Mushu e a protagonista. (Matheus Fragata)
3. ALADDIN (1992)
Aladdin é talvez um dos filmes com maior identidade da Disney. Perscrutado por elementos da cultura pop e com uma trilha sonora memorável que mistura a cultura do oriente médio com tons híbridos de jazz, o longa vencedor do Oscar de Melhor Canção Original conta a história do personagem-título, um jovem ladrão que encontra uma lâmpada mágica e vê uma oportunidade de ser o que sempre quis e conseguir realizar seus sonhos. Com personagens memoráveis - incluindo uma soberba performance de Robin Williams - e técnicas de animação em 3D bem modernas para a época, Aladdin entrega exatamente o que promete: uma noite mágica nas areias escaldantes da Arábia.
2. A BELA E A FERA (1991)
O primeiro lugar no coração dos fãs de longa data da Disney certamente deve ficar entre O Rei Leão e A Bela e a Fera e acredite, definir esses dois lugares foi extremamente difícil. Como bem explorado na nossa crítica, A Bela e a Fera é um conto atemporal, além da própria linguagem do filme não ter envelhecido nada. A belíssima história sobre o amor repleto de desafios entre uma bela moça a frente de seu tempo com uma fera inescrupulosa e irritadiça conquista gerações até hoje. Marcada como uma animação que possui o melhor rol de canções da história do estúdio, A Bela e a Fera é um filme tão fantástico que até mesmo a Academia se rendeu a sua qualidade e dedicou uma indicação ao prêmio de Melhor Filme para a obra.
Entre as muitas adaptações de contos infantis clássicos, A Bela e a Fera provavelmente é o mais alterado e distante da obra original da literatura. Personagens fantásticos como Gaston, LeFou, Lumiére, Horloge, Samovar e todos os habitantes enfeitiçados do castelo são originais da adaptação animada. É uma obra de suma importância não somente para o estúdio, mas provavelmente marca um belo auxílio no alicerce da ética e moral construída durante a infância através dos valores da obra. (Matheus Fragata)
1. O REI LEÃO (1994)
Não é nenhuma surpresa que uma das melhores releituras contemporâneas de William Shakespeare também tenha sido nossa escolha como o melhor filme dos estúdios Disney. Em O Rei Leão, acompanhamos a vida e o império de uma família marcada pela traição e que tem como protagonista Simba, um leão africano que, após ser exilado com o homicídio do pai, deve retornar às suas origens para livrar seu clã do governo tirânico de seu tio, Scar. Ganhadora do Golden Globe de Melhor Musical/Comédia, a animação é uma adaptação infanto-juvenil de Hamlet, e sua narrativa comovente e cativante se mostra muito popular e adorada pelo público até hoje.
Crítica | Tinha Que Ser Ele?
O gênero cômico, tanto na literatura quanto no audiovisual, passou por seus ápices e declínios. Fosse com as narrativas irreverentes dos contos de fada ou com as histórias de comédia romântica adolescente que se tornaram praticamente atemporais - ou até mesmo com o humor ácido de obras mais introspectivas -, tal estilo tornou-se muito saturado pelos roteiros formulaicos e pelas delineações superficiais de seus personagens, transformando-se na comédia pastelão (a base dos longas criados por Adam Sandler, por exemplo).
Tinha Que Ser Ele? traz uma premissa nada original: a narrativa principal gira em torno de um pai (Bryan Cranston) que viaja para o sul da Califórnia para conhecer o namorado magnata (James Franco) de sua filha mais velha (Zoey Deutch). Não é muito difícil prever o que vai acontecer: os dois protagonistas irão se desentender e desencadear uma série de eventos em cadeira totalmente impossíveis e que, querendo ou não, arrancam uma ou outra risada do público.
O elenco também é formado por faces muito bem-vindas, incluindo a de Megan Mullally (cuja afinidade com a comédia vem de seus tempos de glória em Will & Grace), Keegan Michael-Key (dando vida a um personal stylist e treinador cômico e nem tanto caricaturado como se é de costume) e o novato Griffin Gluck, que emerge como o personagem mais maduro dentro de uma família desequilibrada e desajustada.
O principal problema do longa realmente reside na narrativa. A inverossimilhança, tão evitada em blockbusters norte-americanos ou até mesmos em filmes de menos circuito comercial, corre solta e causa estranhamento por serem foco das viradas principais e das superações de obstáculos. Tinha Que Ser Ele? inicia com uma conversa pelo Skype tão cruamente escatológica que a timidez das risadas talvez venha acompanhada de uma certa vergonha alheia - e as coisas apenas aumentam o nível da falta de bom senso: bordões repetitivos e desnecessários se mesclam com objetos de cena gritantes e pretensiosos, reafirmando de modo redundante a excentricidade de Laird (Franco).
Apesar disso, não posso negar que o filme tenta fugir aos estereótipos de produções similares, mesmo que não o consiga com tanto êxito. É de se esperar que tanto a máscara do pai quanto a máscara do namorado caiam e suas verdadeiras intenções sejam reveladas - porém, a personalidade destoante entre os dois formam uma camada relativamente complexa, provando que as aparências realmente enganam.
A conexão entre Cranston e Franco por vezes varre para debaixo do tapete a falta de relação entre os personagens. Todos ali são construções individuais que não conseguem fornecer em momento algum uma centelha de química. Eles funcionam isoladamente, e cada um possui sua subtrama bem delineada, ainda que o roteiro assinado por John Hamburg (também o diretor) e Ian Helfer recorra a saídas clichês - envolvê-los em arcos de redenção ou de superação que vão de lugar nenhum a nenhum lugar.
Como já dito, o longa tem os seus momentos de descontração. Ainda que muito longas, as sequências dialogais entre os protagonistas, ou até mesmo entre Ned (Cranston) e Stephanie (Deutch), são interessantes e conferem um certo ritmo dinamizado para a história. A falha, mais uma vez, reside em sua pretensão e sua vontade exacerbada se significar algo que não é. Além disso, o exagero próprio do subgênero pastelão aumenta exponencialmente e de modo tão visceral que chega a causar repulsa. Ao final do segundo ato, o grande clímax envolve um alce empalhado conservado na própria urina e uma luta mal coreografada.
Confesso ser decepcionante o fato de Hamburg afastar-se tanto assim de seu estilo neste longa. Ao contrário do que vemos em Eu Te Amo, Cara, uma obra que acredita em seu potencial sem forçá-lo a uma reflexão vazia, Tinha Que Ser Ele? não sabe para que lado apontar, e cria tantas subtramas cansativas e previsíveis que podemos supor com certeza absoluta o final antes do final do primeiro ato.
A grande “mensagem” da narrativa é não julgar o outro pela aparência física, e sim pelo que ele tem a oferecer para sua construção. Entretanto, esse ideal restringe-se a um plano intangível e que não se concretiza dentro da construção fílmica. A compreensão vem através do foreshadowing, um recurso relativamente interessante dentro de obras audiovisuais de comédia, mas que por vezes atinge sua cota de originalidade.
Apesar dos breves momentos humorísticos, Tinha Que Ser Ele? segue o padrão de seus predecessores, não acrescentando em nada para o gênero. A “salvação”, por assim dizer, vem com as performances e o peso atraído pelos nomes do elenco - e nem isso não significa muita coisa.
Tinha Que Ser Ele? (Why Him? - Estados Unidos - 2017)
Direção: John Hamburg
Roteiro: John Hamburg, Ian Helfer
Elenco: Bryan Cranston, James Franco, Megan Mullally, Zoey Deutch, Griffin Gluck, Keegan Michael-Key
Gênero: Comédia
Duração: 111 min.
Crítica | Santa Clarita Diet - 1ª Temporada
Há algo estranhamente cômico e mórbido na nova série da Netflix, Santa Clarita Diet, estrelada por Timothy Olyphant e Drew Barrymore. Sua premissa pode não ser uma das mais originais, mas o modo literalmente visceral como ela é tratada é o que chama a atenção aqui: a história gira em torno de Sheila, uma corretora de imóveis que vê sua vida virar de cabeça para baixo ao se transformar numa morta-viva.
A ideia parece ordinária, a priori, principalmente se nos recordarmos de outras produções audiovisuais que retrataram o mesmo tema com perspectivas diferenciadas: The Walking Dead, cujas criaturas fazem parte do núcleo antagonista, e iZombie, que traz uma detetive zumbi como personagem principal, são séries completamente divergentes entre si e que fornecem outros pontos de vista sobre o mesmo assunto. De que modo Santa Clarita Diet conseguiria superar ou entregar uma narrativa original utilizando-se do mesmo prisma narrativo?
Primeiramente, podemos dizer que o show criado por Victor Fresco tem uma mitologia própria. Apesar de não ser ambientado num cenário pós-apocalíptico ou numa sala legista, a narrativa absorve estórias antigas e medievais que se relacionam a aparições de mortos-vivos na sociedade e de como isso ocorria. Diferentemente do que achamos, o modo de contaminação não é explorado, apesar da existência sim do “paciente zero” - Sheila - a qual é incumbida com tais habilidades, que mais tarde se mostram um fardo.
A série se passa no subúrbio de Santa Clarita, um local aos moldes de Wisteria Lane (Desperate Housewives), dentro do qual mora o casal principal. Eles são corretores de imóveis que de repente se deparam com mais um obstáculo - como se não bastasse a impetuosidade e a vicissitude de seus vizinhos inconstantes: num dia qualquer - e já aqui somos apresentados ao incidente incitante da trama principal - Sheila literalmente põe as tripas para fora e começa a se alimentar de carne crua, além de tornar-se imune a ferimentos. Mas, ao contrário do que se espera, ela não se transforma numa máquina de caçar incontrolável; muito pelo contrário, continua vivendo sua vida normalmente - exceto por alguns acessos de impulso e alguns sucos duvidosos com cor de sangue.
A outras narrativas se desenvolvem através disso. Temos, além do casal principal, a filha Abby (Liv Hewson) e seu amigo Eric (Skyler Gisondo), que tentam ajudar a família a enfrentar todos os novos problemas e as suspeitas levantadas por um dos vizinhos, Dan (Ricardo Antonio Chavira), policial do distrito da Califórnia cuja principal nuance de personalidade é a desconfiança exacerbada e o machismo destilado. Santa Clarita traz o seu potencial sim nos personagens e, como supracitado, numa nova vertente para um tema considerado batido, mas falha no quesito identidade.
É preciso saber que o desenrolar das situações é acompanhado do mais puro gore - um gore talvez tão excessivo que faça grande parte dos espectadores prefira permanecer com a sutileza de obras semelhantes a mergulhar em cenas tão explícitas quanto essas. Não estamos falando de cabeças cortadas, mas sim de sequências primitivas e cruas que são capazes de transgredir o próprio significado da palavra “escatológico”.
A série parece não ter uma estruturação, quando falamos de roteiro. Ao que o trailer e os featurettes indicavam, a história principal deveria seguir os passos de uma tragicomédia híbrida com thrillers de perseguição. Sheila e seu marido, Joel, deveriam - ao menos em teoria - adaptar suas rotinas de corretores de imóveis à caça de carne fresca para saciar a vontade da protagonista e mantê-la apta para ainda conviver em sociedade. Mas não é isso o que acontece, tirando em alguns poucos episódios. Tudo permanece num âmbito mais intimista que não se alastra para uma arquitrama - e o foco começa a existir nos momentos finais, quando a preocupação do corpo físico de Sheila começar a se decompor torna-se motivo de procurar ajuda.
A comédia é bem utilizada, principalmente se levarmos em consideração a grande experiência que Barrymore e Olyphant têm dentro deste gênero. Suas atuações podem não agradar a todos, mas não se baseiam em estereótipos de gênero, mantendo uma sutileza agradável para construir os personagens e fornecer mais endossamento e fidelidade aos seus arcos. Sheila é a matriarca da casa que se transforma, de uma para outra, numa rebelde sem causa imprevisível e cujo lado racional parece tê-la abandonado junto com a vida. Joel tenta ignorar essa brusca mudança ao mesmo tempo em que pensa num futuro próximo e nas possíveis consequências de tê-la dentro de casa. Através dos episódios, percebemos que ele não sabe se a perdeu ou se ainda a tem - apesar de ser uma morta-viva. Durante os trinta minutos do episódio piloto, cuja capacidade de envolver o público não atinge as expectativas necessárias, todos estão muito confusos, tentando compreender como suas vidas culminaram numa virada inesperada.
É quase impossível dizer que o drama existe em Santa Clarita, visto que a maioria de seus diálogos utilizam do foreshadowing ou do autoexplicativo para a atmosfera de cada uma de suas cenas - e tal estética funciona a maior parte do tempo. Entretanto, não é de se esperar que as construções narrativas mais densas e sóbrias venham carregadas de fórmulas pré-existentes - e aqui ares novelescos adornam estes momentos. Temos, por exemplo, Joel e Sheila conversando sobre seu relacionamento e sobre tudo o que aconteceu de forma a chegarem num consenso e finalizarem os clímaces em poucos segundos. Nossa conexão com os personagens é sustentada pelos escapes cômicos, mas de nenhuma forma são endossados pela seriedade de alguns pontos a serem explorados - em teoria - pela premissa.
Santa Clarita Diet é uma série original. Seus elementos retomam outras obras, como já dito, e alguns aspectos ainda precisam ser trabalhados. Mas confesso que o season finale me deixou na expectativa para acontecimentos futuros - e creio que, caso venha a ser renovada, poderá mergulhar ainda mais numa mitologia e em arcos ainda não tão bem explorados assim.
Santa Clarita Diet - 1ª Temporada (Idem, 2017, Estados Unidos)
Criado por: Victor Fresco
Direção: Ruben Fleischer, Marc Buckland
Roteiro: Victor Fresco, Tamra Davis, Lynn Shelton, Ken Kwapis
Elenco: Drew Barrymore, Timothy Olyphant, , Liv Hewson, Skyler Gisondo, Ricardo Antonio Chavira, Mary Elizabeth Ellis, Richard T. Jones
Gênero: Comédia
Duração: 30 min.
https://www.youtube.com/watch?v=qobxBv9x3Qk
Framboesa de Ouro 2017 | Confira a lista de pré-indicados aos piores filmes de 2016
A temporada de premiações não poderia estar completa sem a celebração dos piores filmes do ano passado.
O condenado Batman vs. Superman lidera o ranking com oito pré-indicações ao Framboesa de Ouro. No ano passado, Cinquenta Tons de Cinza e Quarteto Fantásticos levaram para casa o prêmio de Pior Filme.
As cédulas já foram enviadas para a banca de jurados, que irá selecionar cinco indicados para cada categoria, e a lista oficial será anunciada no dia 23 de janeiro. Confira os pré-nomeados:
PIOR FILME
Assassin’s Creed
Batman v Superman: Dawn of Justice
Collateral Beauty
The Darkness
Dirty Grandpa
The Divergent Series: Allegiant
Fifty Shades of Black
Gods of Egypt
Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party
Independence Day: Resurgence
London Has Fallen
Mother’s Day
Suicide Squad
Zoolander 2
PIOR PREQUELA, REMAKE OU SEQUÊNCIA
Alice Through the Looking Glass
Batman v Superman: Dawn of Justice
Blair Witch
The Divergent Series: Allegiant
Fifty Shades of Black
Independence Day: Resurgence
The Legend of Tarzan
London Has Fallen
My Big Fat Greek Wedding 2
Ride Along 2
Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows
Zoolander 2
PIOR ATOR
Ben Affleck | Batman v Superman: Dawn of Justice
Kevin Bacon | The Darkness
Gerard Butler | Gods of Egypt / London Has Fallen
Henry Cavill | Batman v Superman: Dawn of Justice
Dinesh D’Souza (as himself) | Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party
Robert De Niro | Dirty Grandpa
Zac Efron | Dirty Grandpa / Mike and Dave Need Wedding Dates
Liam Hemsworth | Independence Day: Resurgence
Brad Pitt | Allied
Will Smith | Collateral Beauty / Suicide Squad
Ben Stiller | Zoolander 2
Marlon Wayans | Fifty Shades of Black
PIOR ATRIZ
Jennifer Aniston | Mother’s Day / Office Christmas Party
Marion Cotillard | Allied / Assassin’s Creed
Megan Fox | Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows
Radha Mitchell | The Darkness
Tyler Perry (as Madea) | Boo! A Madea Halloween
Margot Robbie | The Legend of Tarzan / Suicide Squad
Julia Roberts | Mother’s Day
Becky Turner (as Hillary Clinton) | Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party
Naomi Watts | The Divergent Series: Allegiant / Shut In
Shailene Woodley | The Divergent Series: Allegiant
PIOR DIRETOR
Dinesh D’Souza | Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party
Roland Emmerich | Independence Day: Resurgence
Justin Kurzel | Assassin’s Creed
Dan Mazer | Dirty Grandpa
Greg McLean | The Darkness
Babak Najafi | London Has Fallen
Tyler Perry | Boo! A Madea Halloween
Alex Proyas | Gods of Egypt
Zack Snyder | Batman v Superman: Dawn of Justice
Ben Stiller | Zoolander 2
Michael Tiddes | Fifty Shades of Black
PIOR ATOR COADJUVANTE
Nicolas Cage | Snowden
Benedict Cumberbatch | Zoolander 2
Johnny Depp | Alice Through the Looking Glass
Jesse Eisenberg | Batman v Superman: Dawn of Justice
Will Ferrell | Zoolander 2
Jeff Goldblum | Independence Day: Resurgence
Jeremy Irons | Assassin’s Creed / Batman v Superman: Dawn of Justice
Jared Leto | Suicide Squad
T.J. Miller | Office Christmas Party
Geoffrey Rush | Gods of Egypt
Brenton Thwaites | Gods of Egypt
Owen Wilson | Masterminds / Zoolander 2
PIOR ATRIZ COADJUVANTE
Cassi Davis | Boo! A Madea Halloween
Julianne Hough | Dirty Grandpa
Kate Hudson | Mother’s Day
Keira Knightley | Collateral Beauty
Helen Mirren | Collateral Beauty
Aubrey Plaza | Dirty Grandpa
Jane Seymour | Fifty Shades of Black
Octavia Spencer | The Divergent Series: Allegiant
Sela Ward | Independence Day: Resurgence
Kristen Wiig | Masterminds / Zoolander 2
Kate Winslet | Collateral Beauty
PIOR ROTEIRO
Assassin’s Creed
Batman v Superman: Dawn of Justice
Dirty Grandpa
The Divergent Series: Allegiant
Fifty Shades of Black
Ghostbusters
Gods of Egypt
Hillary’s America: The Secret History of the Democratic Party
Independence Day: Resurgence
Mother’s Day
Suicide Squad
Zoolander 2
Crítica | Michelle e Obama
Michelle e Obama é um daqueles filmes que entrega o que todos esperam: um melodrama novelesco com fachadas transgressoras. Ao longo da história do cinema estadunidense, já tivemos diversas obras biográficas que retrataram a vida de presidentes e líderes: ao que tudo indica, os americanos tem um apreço pela louvação exacerbada de seus "heróis" assim como os britânicos têm um fetiche histórico de realizarem produções e mais produções sobre o constante ciclo monárquico que pincelas as ilhas nórdicas há mais de um milênio. Normalmente tais obras conseguem fornecer um deleite estético - mas algumas, como o filme que aqui analiso, só trazem uma estampa escritural quase indigesta.
O diretor e roteirista Richard Tanne, em seu novo projeto, literalmente resolveu retratar o primeiro encontro do futuro casal Michelle e Barack Obama, respectivos primeira-dama e presidente dos Estados Unidos da América. O motivo, senhores, não se mostra claro em nenhum momento. Mas logo depois de uma introdução em plano-sequência pintada com uma das clássicas músicas do final da década de 1980, não podemos fazer nada além de engolfar num estado letárgico e permanecer franzinos, vendo até onde aquilo vai. A relação deles parece ter saído diretamente de um conto de fadas moderno, iniciando-se em museus de arte moderna e culminando com o tão esperado primeiro beijo - uma metáfora vencida do "mágico momento sob o visco de Natal" que já foi usada e abusada desde sua invenção.
É interessante notar a contradição entre os dois personagens. Enquanto Barack (Parker Sawyers) é uma pessoa mais suave e mais “vida boa”, apegado à cultura africana e a cigarros, além de estudar Direito da Universidade de Harvard, Michelle, interpretada com charme por Tika Sumpton, é uma ativista feminista que batalhou como nunca para alcançar uma posição de prestígio, contrariando a sociedade da época que subjugava a figura feminina para trabalhos considerados “rebaixados”.
E devo confessar que nunca vi um casal fazer tantas coisas em apenas vinte e quatro horas. O filme tem apenas uma hora e vinte de duração, mas seu ritmo lento e oscilante nos prende ao universo criado por Tanne de forma quase sobrenatural - e não digo isso e forma positiva. Talvez este não seja o ponto fornecer uma perspectiva nova sobre um dos casais mais famosos do mundo, e sim simplesmente contar o início de um romance. E, como sempre, o amor à primeira vista é refutado aqui, seja pela majestosidade de Michelle entrando em conflito com a total falta de senso estético de Barack.
Qual o grande problema do filme, então, se estamos lidando com uma simples narrativa novelesca? O problema é sua relevância para os diversos filmes biográficos que saem ano após ano: nenhuma. Tudo na história é previsível. Tudo bem, tirando o que nos está escrito na sinopse, não sabemos que Barack levará sua futura esposa para todos os lugares supracitados, mas o desenrolar da história é extremamente clichê. Até mesmo em filmes baseados em fatos reais o roteiro pode ser controlado para abandonar estéticas formulaicas e criar algo original, mas não é o que acontece aqui: garoto conhece garota, ela não vai com a cara dele, mas depois de uma série de “aventuras”, os dois acabam se apaixonando e refletindo sobre questões “filosóficas” sobre seu futuro juntos. Cada um dos pontos principais da trama pode ser prenunciado em poucos minutos de filme - e apesar de seus oitenta minutos de duração, a história arrastada se assemelha a uma eternidade presa na Chicago dos anos 1980.
Nem mesmo a trilha sonora típica da época é capaz de salvar Michelle e Obama da ruína: músicas tão alegres colocadas em momentos de tensão, e a composição dramática entra como uma função catalisadora fria e cruel que deseja mais que tudo nos forçar a derramar uma lágrima por uma narrativa nada envolvente. As metalinguagens são usadas profusamente e apenas mancham uma paleta de cores sem identidade e que pode ser definida como uma mixórdia caótica. Apenas Sawyers e Sumpton são os pontos de luz num túnel escuro - pela atuação e pela química que trazem em cena. O confronto entre reacionário e libertário é constante, mas os temas não se desenvolvem além da superficialidade e irritam até os mais leigos espectadores.
Michelle e Obama (Southside With You, no original) não acrescenta em nada na história do cinema; pelo contrário, sua estética panfletária incomoda e entra como um artifício muito mal elaborado cujo lançamento “coincidiu” com as conturbadas eleições dos Estados Unidos deste ano. O filme só irá agradar aos seguidores mais fanáticos do casal Obama - e pode ser que nem chegue a isso.
The Good Fight | CBS anuncia data de estreia do spin-off de The Good Wife
O spin-off de The Good Wife, intitulado The Good Fight, irá seguir os mesmos passos de uma das séries de mais sucesso da CBS. O primeiro episódio terá première no dia 19 de fevereiro de 2017 e estará disponível na CBS On-Demand.
The Good Fight foi criada por por Robert e Michelle King e é ambientada um ano depois dos últimos eventos da série original. Nesse novo capítulo, um escândalo gigantesco do mundo financeiro destruiu a reputação da jovem advogada Maia Rindell, e simultaneamente levou sua mentora e madrinha Diane Lockhart à bancarrota. Forçada a resignar da Lockhart & Lee, elas se juntam a Lucca Quinn em uma das firmas jurídicas mais pré-eminentes de Chicago. Christine Baranski, Cush Jumbo, Rose Leslie, Delroy Lindo, Sarah Steele, Paul Guilfoyle, Bernadette Peters, Justin Bartha e Erica Tazel estão no elenco.
Os King entram como produtores executivos e showrunners. Phil Alden Robinson co-escreveu o primeiro episódio. Ridley Scott, David Zucker, Liz Glotzer, Brooke Kennedy e Alison Cross entram como produtores também. Kennedy encabeçou a direção do piloto.