Quando o produtor Dino De Laurentiis anunciou que um remake do filme King Kong (1933) seria feito e que estrearia no natal do ano de 1976, com direção de John Guillermin, todos ficaram ansiosos para assistir a essa nova versão do clássico. Mas o resultado infelizmente não agradou a maioria dos fãs do gorila gigante. Tanto pelo fato do filme ser bem inferior ao original de 1933 quanto pelas significativas mudanças na história. Mas o filme acaba por não ser uma decepção completa, conseguindo gerar vários momentos bons durante o desenrolar da trama. Mas, infelizmente, ele não consegue honrar o filme original.
O filme começa em Surabaya na Indonésia. O fotógrafo Jack Prescott (Jeff Bridges) embarca clandestinamente em um navio de uma empresa de petróleo que está partindo em busca de novas terras para extrair o recurso, mas no meio da viagem, Jack é descoberto e ao mesmo tempo ele avista um bote naufragando no mar. Dentro dele estava a jovem Dwan (Jessica Lange) que decide seguir viagem junto da equipe petrolífera no navio. Ao chegarem na ilha, a tripulação se depara com uma tribo indígena local ensaiando uma espécie de sacrifício, os nativos avistam a tripulação e oferecem trocar 6 mulheres pela Dwan, a oferta é recusada. Porém, de noite, a tribo a sequestra no navio e a dão como oferenda ao gigantesco gorila, King Kong.
Podemos notar logo pelo início que a trama deste já se difere bastante do filme de 1933. A começar que ao invés de uma equipe de filmagens, desta vez é uma equipe petrolífera que decide ir a ilha, com isso mudando todo o rumo da história e obviamente as intenções que os levaram a ilha. Os protagonistas também sofreram mudanças drásticas, tendo os nomes e origens mudados completamente, mas o que realmente mais chamou a atenção e soou como algo completamente forçado e desnecessário, foi o Kong ter escalado a torre do World trade center ao invés do Empire State Building. O motivo de tal mudança foi explicado no filme, mas isso não tirou o fato dela ter ficado completamente forçada e com isso tirando um dos elementos que mais marcou o original.
O roteiro de Lorenzo Semple Jr explora muito bem o relacionamento entre Dwan e o Kong. Ele dá um ar mais íntimo entre os dois, com isso fazendo com que ela se importe com o Kong e não o veja como uma ameaça como foi no filme original, isso acaba por gerar ótimos momentos entre eles, como por exemplo a cena da morte do Kong. Aqui ela se torna mais trágica por conta disso. Mas ao mesmo tempo que consegue gerar bons momentos, também acaba rendendo momentos totalmente vergonhosos como a cena em Kong a seca após o banho na cachoeira.
O núcleo humano do filme é satisfatório, nada muito pífio, mas também nada que esteja num nível elevado. A grande surpresa mesmo vinda do elenco foi a estreante Jessica Lange, que interpreta a naufraga Dwan (não é revelado em nenhum momento do filme o seu sobrenome), ela é claramente a reinvenção da personagem Ann Darrow do filme de 1933, ambas são aspirantes a atriz e foram sequestradas pelo gigantesco gorila Kong. A apresentação da intérprete de Lange foi totalmente forçada, nada orgânica e as suas falas são totalmente indignas e clichês, e ela também rende péssimos momentos para longa, porém, o problema da personagem está no roteiro e não na atuação de Lange. A atuação de Lange para uma estreante está muito boa, ela chegou a receber um globo de ouro de melhor estreia feminina por sua atuação no filme
King Kong, o grande astro do filme, ganhou vida aqui por meio de um ator fantasiado, neste caso o ator Rick Baker que veste a fantasia, bem diferente do filme de 1933 que foi feito pela técnica de animação Stop Motion. O visual da fantasia em si é muito bom, mas quando o ator a veste e o vemos em ação, o resultado não é nada satisfatório, chegando a parecer risível e nada orgânico em várias cenas.
Quanto a trilha sonora composta por John Barry, considero ela um dos maiores acertos do filme. Os temas que ele criou são marcantes e conseguem dar vida as cenas.
Enfim, o remake de King Kong não é uma decepção completa como muitos falam, mas suas falhas grotescas são totalmente perceptíveis e atrapalham a experiência. Mesmo mantendo parte da essência do filme original, ele nem chega perto de ser o que o original foi. Um bom filme de aventura, mas também ele não passa disso.
King Kong (King Kong, EUA – 1976)
Direção: John Guillermin
Roteiro: Lorenzo Semple Jr
Elenco: Jeff Bridges, Charles Grodin, Jessica Lange, Rick Baker, John Randolph, Rene Auberjonois
Gênero: Aventura, fantasia
Duração: 134 minutos.