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Crítica | Orphan Black 4ª Temporada

Depois de três temporadas repletas de reviravoltas e informações desconexas, Orphan Black chega à sua quarta temporada de maneira simples, linear e fácil de seguir.

Embora a temporada anterior tenha começado com um estrondo, a introdução de clones do sexo masculino – e um enredo repetitivo para Helena – resultaram diretamente em uma série decrescente, cheia de perguntas e poucas respostas.

Demorou, porém os showrunners, Graeme Manson e John Fawcett, conseguiram fechar vários pontos abertos deixados nos outros anos, como as ligações entre os Projetos LEDA e CASTOR e as instituições Dyad e Topside, além da Neolution – que mesmo depois de esquecida, mostrou-se como crucial para o andamento da série após mudarem o conceito de simples organização para ideais de modificações corporais, experimentos científicos e diversas coisas inimagináveis como a Brightborn de Evie Cho (Jessalyn Wanlim).

Optar pela recolocação da Neolution como antagonista e descartar os Proletheans e os remanescentes do CASTOR foi uma atitude coerente, já que diminuiu os riscos de confusão em quem assiste e acrescentou a ideia de que a organização pode ser várias coisas diferentes, mantendo o inimigo tão intrigante quanto necessário.

Foram usados flashbacks, de forma rápida e inteligente, para unir os acontecimentos da atualidade com o período “pré-Sarah”. A temporada se inicia focando nos tempos de Beth e introduzem uma nova personagem, Mika, MK. Por ter presenciado a Helsink de 2006 e ser uma hacker, é a chave que ajudou Beth a tomar consciência de sua jornada em relação a si mesma e aos outros clones. No momento atual também é uma aquisição extremamente útil para Sarah, que precisa sempre estar um passo à frente da Neolution, sendo através de informações ou evitando intercepções de sinais. Além de unir as duas pontas da série, os flashbacks também foram úteis para atender aos pedidos dos espectadores em rever Paul (Dylan Bruce) – no qual sabíamos que deixaria saudades após ser morto na terceira temporada – e ajudaram a entender mais sobre a personalidade de Beth.

Tornam-se claras as semelhanças entre Elizabeth Childs e Sarah Manning – ambas se mostram determinadas, facilmente irritáveis, ferozes, com alto espírito de liderança e extremamente protetoras sobre si mesmas e suas irmãs clones – assim, o papel principal de Sarah acaba se auto justificando. A ligação entre as duas vai além da “clone que roubou o cadáver na estação”, pois Sarah começa a se perder mentalmente e, com as mesmas reações de Beth, busca auxílio nas drogas, no sexo e na ideia de suicídio. Ou seja, as fases de declínio e válvulas de escape de ambas as personagens se conectam de maneira sutil e desafiadora, traçando um paralelo interessante entre o passado e o presente. No entanto, Manning se mostra mais forte que sua antecessora no momento em que escuta Felix e não se suicida, provando, então, que é o clone mais controlado.

A entrada de MK e as aparições de Beth e Krystall – que começa a fazer parte do Clube dos Clones, porém de maneira indireta e divertida, acompanhando apersonalidade da personagem – prova, novamente, o incrível poder de atuação de Tatiana Maslany. A atriz criou uma química específica com cada personagem e parceiros de cena; a expressão de Helena e Doonie (Kristian Brunn) é totalmente diferente do que com Allison, mesmo quando Helena precisa se passar por Allison. O mesmo ocorre com Sarah e Felix (Jordan Gavaris), Allison e Felix, Cosima e Delphine (Evelyne Brochu) e muitos outros exemplos.

Depois de usar Helena excessivamente na temporada anterior, Graeme e John minimizaram o espaço da personagem e a inseriram sabiamente em pontos de tensão, relembrando o quão sangue frio nossa clone assassina pode ter quando suas “sestras” precisam de ajuda.

A quarta temporada também abriu espaço para dramas em torno de alguns personagens secundários com grande potencial, como Felix e Scott. Felix começa a ter sentimentos de abandono depois da revelação de que Sarah é realmente relacionada com Siobhan (Maria Doyle Kennedy), tornando-o o único filho adotado. Futuramente essa abertura poderia ser mais explorada, já que Maslany e Gavaris apresentam uma ótima relação em cena, gerando um enredo muito mais interessante do que Felix encontrando sua irmã biológica, totalmente desconexa a série, e despachando-a depois de alguns episódios.

Scott (Josh Vokey) teve poucas aparições, mas foram essenciais em despertar curiosidade sobre o que devemos aguardar de sua relação com Cosima, depois que ela claramente o ofende ao demonstrar que não o considera como parceiro de laboratório. John e Graeme jogaram com as expectativas dos fãs e esperaram o momento certo para confirmar e reviver a Dra. Cormier – o que certamente agradou aos admiradores do casal – e chamaram a atenção para esses sutis atritos de Scott e Cosima, abrindo a possibilidade dos três trabalharem em conjunto ou surtir mais brechas para dramas.

Como a quinta temporada será a última, talvez não dê tempo para a solução de tantos enredos abertos, pois além de Felix e Scott, ainda faltam explicações sobre as estranhas habilidades de Kira (Skyler Wexler) – como estar ligada a todos os outros clones –; a real identidade do mensageiro e quem são os outros habitantes da ilha de Dr. Moreau; como e o que Delphine fez em todo este tempo; Rachel fazendo parte da Neolution; o sumiço repentino de Cal (Michiel Huisman) e muitas outras questões. Levando em consideração que só restam dez episódios, os showrunners precisarão tomar decisões certeiras para amarrar a trama ou há a possibilidade de pontos serem pouco explorados e deixados em aberto novamente.

Pondo as suposições de lado, podemos nos contentar com os acertos e consertos da quarta temporada, que não só fez sentido com o que foi visto até agora – e onde paramos com os personagens – mas se preocupou com o espectador e o satisfez com alguns de seus anseios.

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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