Não Se Mexa chegou ao catálogo da Netflix

Imagine o seguinte: você está presa, seu corpo começa a perder os movimentos e, ao longe, um perseguidor implacável se aproxima cada vez mais. É exatamente essa sensação aterradora que Não se Mexa, da Netflix, entrega do começo ao fim. O filme, produzido por ninguém menos que Sam Raimi, famoso por clássicos como Evil Dead e, mais recentemente, por Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, consegue fazer algo raro no gênero de suspense e terror: deixar o espectador completamente paralisado de tensão. E o jogo de palavras não poderia ser mais apropriado.

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Dirigido por Brian Netto e Adam Schindler, o filme nos leva para o pesadelo pessoal de Iris, vivida de forma brilhante por Kelsey Asbille, uma mulher que, em meio a um luto devastador, decide se isolar em uma trilha na floresta. No entanto, essa fuga rápida da realidade acaba se transformando em um cenário de terror absoluto quando ela é injetada com um agente paralisante por um estranho. A partir desse ponto, a trama se desenrola quase em tempo real – você sente o tempo escoando junto com a protagonista, já que a droga começa a tomar conta de seu corpo, limitando seus movimentos enquanto um assassino está à sua espreita.

O que torna Não se Mexa, da Netflix, tão único é justamente esse conceito de paralisia. A ideia de estar completamente vulnerável, sem poder lutar ou fugir, já seria angustiante o suficiente, mas os diretores conseguem levar isso a outro nível. A tensão é constante, e o filme é uma verdadeira aula de como construir um suspense que não permite o espectador relaxar nem por um segundo.

Performances no ponto certo

Sam Raimi comentou em entrevistas que tinha receio de que o público perdesse o interesse, já que a protagonista fica parada por grande parte do filme. No entanto, o que vemos em tela é justamente o contrário: essa limitação física só aumenta o desespero, tornando cada segundo ainda mais eletrizante.

A performance de Kelsey Asbille é, sem dúvida, o ponto alto do filme. Interpretar uma personagem cujas capacidades físicas estão progressivamente sendo tiradas exige uma habilidade única, e Asbille entrega com maestria. Ela consegue transmitir a luta interna e o terror de sua situação com pequenos gestos e expressões, já que o uso de seu corpo vai ficando cada vez mais restrito. É uma atuação contida, mas cheia de nuances. E é exatamente isso que faz o espectador se conectar de forma tão visceral com Iris: é possível sentir a frustração e o desespero dela como se estivesse lá.

Finn Wittrock em cena de Não Se Mexa, da Netflix - Foto: Netflix
Finn Wittrock em cena de Não Se Mexa, da Netflix – Foto: Netflix

Outro destaque é Finn Wittrock, que interpreta um personagem enigmático e ameaçador. Sua presença em cena é perturbadora, e ele consegue equilibrar um comportamento calmo com uma ameaça constante, o que torna cada interação com Iris ainda mais tensa. A dinâmica entre Wittrock e Asbille é fascinante, e ambos elevam o nível do filme, dando profundidade aos personagens em meio a um enredo que poderia facilmente se basear apenas no conceito de ação e fuga.

Visual também é acerto do filme

Não se Mexa também acerta no seu visual. O cenário da floresta não é apenas um pano de fundo; ele funciona quase como um personagem próprio, isolando Iris e tornando sua situação ainda mais claustrofóbica. A cinematografia, por exemplo, captura tanto a beleza quanto a ameaça que a natureza pode representar, e os diretores fazem uso inteligente de planos fechados para intensificar a sensação de vulnerabilidade da protagonista. Quando você pensa que não há mais como piorar, os diretores desafiam suas próprias regras, colocando Iris em situações ainda mais desesperadoras. É um jogo constante de “como ela vai sair dessa?”, e a resposta nunca é óbvia.

Falando em reviravoltas, o roteiro, escrito por T.J. Cimfel e David White, é outro ponto forte do filme. Ele segue uma estrutura simples, mas eficaz, que mantém o ritmo acelerado. O fato de o filme se passar praticamente em tempo real dá uma sensação de urgência que raramente vemos em filmes de terror ou suspense. É um thriller ágil, que sabe exatamente onde quer chegar e não perde tempo com subtramas desnecessárias. A economia narrativa é um acerto, e cada minuto conta para construir a tensão que culmina em um desfecho que, embora impactante, não recorre a grandes efeitos ou surpresas forçadas.

Portanto, Não Se Mexa, da Netflix, é um filme que joga com as emoções do público que gosta de explorar os limites do que uma pessoa pode suportar, seja em termos físicos ou mentais. A produção de Sam Raimi não decepciona, trazendo o toque clássico de suspense psicológico que o diretor sabe fazer tão bem, mas com uma roupagem nova e instigante. A direção e as atuações de peso de Asbille e Wittrock fazem deste filme uma experiência tão envolvente quanto perturbadora, que consegue ser tanto emocionante quanto emocionalmente ressonante.

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Luiz Henrique Oliveira

Nascido no interior de São Paulo, com passagens pelo Maze Blog, Cenapop, UOL, Hit Site e Bolavip Brasil, sempre escrevendo sobre entretenimento.

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