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Crítica | Nas Garras do Vício - O Começo da Nouvelle Vague

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•25 de abril de 2018•6 Minutes

Muitos acreditam que a Nouvelle Vague começa com os longas icônicos de François Truffaut e Jean-Luc Godard com Os Incompreendidos e Acossado, respectivamente. Porém, mesmo sendo pouco lembrado dentro dos nomes do movimento revolucionário do cinema francês, Claude Chabrol quem possui os louros de ter sido o verdadeiro estreante com Nas Garras do Vício, um bom filme que já apresentava o havia de melhor e pior no cineasta.

Mesmo só adquirindo certa relevância depois de As Corças, praticamente uma década depois do seu pontapé inicial ao finalmente focar na carreira de cineasta, Chabrol inicia o movimento de modo bastante irônico, já que quase todas suas características como autor cinematográfico vão contra as principais pregações dos outros cineastas entusiasmados em testar diversos dos limites da linguagem audiovisual no Cinema.

Drama Humano

Chabrol ficou conhecido por ser o cineasta mais acadêmico, clássico, entre os nomes da Nouvelle Vague. Justamente por isso, não espere ver em nível de direção algumas das características chaves perpetradas posteriormente por Louis Malle ou Godard. O visual é o que certamente menos se destaca neste pequeno filme frio que mais deseja trazer um satisfatório olhar sobre alguns antigos dramas em homens modernos.

Também roteirizado por Chabrol, Nas Garras do Vício tem um título bastante autoexplicativo sobre o que se trata a obra. O jovem François decide retornar para o pequeno vilarejo onde vivia quando menino para se recuperar dos danos de uma terrível tuberculose que havia contraído na cidade. Porém, logo ao se deparar com o lugar tão decrépito e abandonado, descobre que seu melhor amigo de infância, Serge, se tornou um alcoólatra e, pior ainda, abusa psicologicamente da sua esposa que agora aguarda a vinda de um segundo filho – o primeiro, deficiente, acabou morrendo no parto.

De início, Chabrol está interessado em apresentar aquele clássico conflito de cidade vs. campo com François em primeiro momento sendo bastante bem-vindo na sua terra natal. O foco em Serge só vem posteriormente já que o personagem está completamente bêbado a ponto de nem mesmo reconhecer seu antigo amigo. O roteirista praticamente elabora um primeiro ato sem conflitos, com acontecimentos irrelevantes a longo prazo estabelecendo alguns relacionamentos que mostram toda a atmosfera decrépita do lugar e do distanciamento de todos com a fé cristã – algo que é muito melhor trabalhado por Bresson em Diário de um Pároco de Aldeia.

Quando o protagonista se aproxima novamente de Serge, as coisas mudam de aspecto tanto para melhor quanto para pior. Chabrol realmente se vale de um drama genuíno para retratar o irritante vício de Serge motivado por uma tragédia pessoal na qual ele se revela um ser totalmente fraco e sem esperanças. Como o roteirista não deseja desenvolver muito bem esse personagem para aplicar maior senso de realismo em sua obra, o conflito basicamente não sai do lugar e acaba se perdendo no miolo do filme para ser retomado em um estranho clímax apressado.

Já François se torna bastante inconsistente até mesmo já no segundo ato no qual Chabrol divide as ações entre tentar resgatar Serge do abismo e se entrosar romanticamente com Marie, uma mulher conhecida por ser generosa demais com os outros habitantes da vila. Há no meio disso, um conflito bastante confuso com um cidadão que se diz pai da moça. Por decorrência de eventos relacionados a esse desvio absurdo da proposta do filme, Chabrol enfim coloca o conflito ideológico em pauta, mostrando ressentimento dos conterrâneos de François pela cidade e do abandono do local.

Fora isso, em seu tradicional ritmo vagaroso, o cineasta mostra grande parte da sua falta de foco que perdura por diversos filmes em sua carreira, além de um olhar menos caprichoso na estética em geral – principalmente no uso da trilha sonora. O curioso é o fato dele conseguir criar uma atmosfera interessante em primeiro momento para então perder totalmente o foco. De início, realmente há muito daquela beleza das pequenas coisas do cotidiano tão bem trabalhadas, geralmente, para os franceses. Mas depois, na tentativa de subversão dos arquétipos clássicos, Chabrol desiste e deixa sua obra no limbo.

Peixe Fora D’água

O começo da Nouvelle Vague passou longe de trazer todas as revoluções cinematográficas pertinentes que ficariam marcadas para sempre na História do Cinema. Nessa história sem status de redenção, Chabrol mostra parte do seu cinema político e pouco polido, apesar da forma mais acadêmica adota por ele. Mesmo sendo um peixe fora d’água neste movimento, sempre terá a honra de ter sido o cineasta estreante do mesmo.

Nas Garras do Vício (La Beau Serge, França – 1958)

Direção: Claude Chabrol
Roteiro: Claude Chabrol
Elenco: Gérard Blain, Jean-Claude Brialy, Michèle Meritz, Bernadette Lafont
Gênero: Drama
Duração: 98 minutos

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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