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Análise | Final Fantasy VIII – Uma Grande História de Amor

Final Fantasy VIII foi lançado em 1999 para o Playstation e acabaria se tornando um dos mais vendidos da franquia.  Seguindo o estilo dos dois jogos anteriores, ele adota uma narrativa mais adulta em um universo tecnologicamente avançado – agora menos steam ou cyberpunk e mais realista, mantendo, claro, o aspecto de fantasia, marca da série desde sua concepção.

Sua trama gira em torno de Squall Leonhart, um jovem relutante e taciturno que deseja fazer parte da SeeD, uma força mercenária de elite, que é contratada para ajudar pessoas de todo o mundo, seja em conflitos ou questões de menor escala. O treinamento para entrar em tal grupo é realizado em Gardens, que nada mais são que academias militares – o protagonista pertence ao Balamb Garden. O game se mantém em missões ligadas a esse lugar até a revelação da verdadeira antagonista, Ultimecia, uma feiticeira que busca comprimir o tempo e tirar o poder de todas as outras feiticeiras.

A história de Final Fantasy VIII é única devido ao seu enfoque no romance entre o personagem principal e Rinoa, que se conhecem na cerimônia de graduação SeeD. Squall logo tem sua mente ocupada pela garota e, ao longo do jogo, tem de salvá-la inúmeras vezes. Devido a esse ramo, em diversos momentos, FFVIII parece um drama adolescente, já em outros um típico conto de fadas. Além disso, um outro elemento inovador para a série é o fato de controlarmos uma equipe separada da principal em alguns momentos do jogo. Sim, algo assim já apareceu em Final Fantasy VI, mas o diferencial aqui é que o núcleo secundário não conhece o primário, fazendo com que a trama geral seja desenvolvida em dois tempos distintos. Essa história paralela, contada ao mesmo tempo, é a de Laguna, cujo tema musical é um dos mais famosos do game – The Man With the Machine Gun. Posteriormente descobrimos qual a relação de Laguna com o resto do game, mas deixarei tal revelação para que o jogador descubra durante o jogo, claro.

As ocasiões que controlamos Laguna representam uma mudança de tom na história, em geral, nos tirando da seriedade de Squall e nos colocando junto do espírito brincalhão do personagem secundário. Ambas as narrativas, contudo, caminham gradativamente para um clima mais sério, com pouco espaço para o cômico. Com o tempo passamos a apreciar ambos os personagens – com essas constantes mudanças funcionando para, constantemente, renovar a história. O que, de início, vem como uma interrupção na narrativa, portanto, se torna um alívio, com os alívios cômicos retomando a faceta mais descontraída de Final Fantasy.

A maior inovação do game, contudo, está em sua nova mecânica de melhoria de personagem. Os levels se mantém, como costume da série, porém os bônus de level up são drasticamente reduzidos. O principal meio de aprimorar os heróis é através do sistema de Junction. Trata-se de uma mecânica bastante complicada no início, porém nada que algumas horas de jogo não resolvam. Nela atrelamos a cada membro da equipe um Guardian Force (abreviado como GF), que nada mais é que um summon. Cada GF garante diversas habilidades e melhorias nos status. Esses monstros também progridem em nível através de Ability Points e podem ser invocados para lutar na batalha.

O sistema de Junction também representa uma grande mudança para a magia dentro do jogo. Nenhum membro da equipe já começa com alguma magia, elas devem ser sugadas de monstros ou lugares específicos chamados Draw Points. Cada magia sugada possui um número limitado de usos, o que substitui os magic points (MP) recorrentes da franquia. Com isso as batalhas adquirem um novo rosto, sentimos como se houvesse mais com o que se preocupar do que simplesmente acabar com o inimigo – é preciso se preparar para posteriores encontros, especialmente os chefes.

Para que isso funcione apropriadamente os monstros também crescem em nível junto com o jogador, portanto, mesmo na área inicial, iremos encontrar criaturas que garantem um desafio, mesmo após horas de jogo. Obviamente as magias que podem ser sugadas deles também são melhoradas de acordo com o level dos personagens, fator que contribui para o estabelecimento de um ritmo mais fluido do game. Ainda assim, por mais que o desejo pela inovação seja claro no jogo – e funcionou com o sistema de junction – a mecânica da magia irá fazer o jogador sonhar com o esquema de materia de FFVII, que é consideravelmente mais simples e apresenta objetivos similares.

Os limit breaks, introduzidos em Final Fantasy VI como Desperation Attacks, retornam em FFVIII. Dessa vez, porém, é possível realizar um ataque normal mesmo com o limit pronto para ser utilizado. Assim como nos dois games anteriores, o ataque especial pode ser usado quando o jogador recebe uma quantidade específica de dano.

Um grande elemento atrativo de Final Fantasy VIII são seus gráficos. Pela primeira vez na franquia vemos modelos de personagens mais realistas (mesmo fora das batalhas) e em tamanho real. Isso acaba não se encaixando muito bem quando estamos fora das cidades devido à proporção do personagem em relação ao resto do cenário, mas ainda assim é um grande passo para a série. Além disso o grau de detalhe dos personagens foi aprimorado significativamente.

Não é possível falar dos gráficos do game sem ao menos citar suas cutscenes. Já vimos em FFVII apresentações com belos gráficos, que nos mostram melhor como o jogo foi concebido, porém é em FFVIII que as animações dessas demonstrações ganham maior destaque. Isso já é notável desde a abertura do game, quando vemos movimentos fluidos na luta entre Squall e Seifer. Vale ressaltar a maior preocupação em criar sequências e planos mais cinematográficos, algo que já vem acontecendo desde o game anterior, definindo o caminho a ser seguido pela franquia a partir daqui.

A trilha sonora do jogo contém diversas músicas de sucesso entre a série, como a já citada The Man With the Machine Gun e outras tão famosas quanto, como Don’t Be Afraid, Eyes On Me (o primeiro tema cantado de Final Fantasy, não levando em conta o coral de One-Winged Angel, claro) e Liberi Fatali (talvez a mais conhecida por ser a tocada no início do game).

Dito isso, Final Fantasy VIII não alcança o nível de seus dois antecessores, por possuir uma história não tão envolvente e uma mecânica confusa, nem um pouco fluida. Ainda assim representa um grande avanço na área técnica, com belos gráficos, principalmente nas cutscenes. É preciso levar em conta, também, a bela construção de personagens, especialmente as de Squall, Rinoa e Laguna. Dos games da franquia criados para o Playstation, no entanto, é o mais fraco.

Final Fantasy VIII
Desenvolvedora: Square
Lançamento: 11 de Fevereiro de 1999 (Japão), 09 de Setembro de 1999 (EUA)
Gênero: Rpg de Turnos
Disponível para: PS, PSN, PC, Mac, Linux

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Publicado por Guilherme Coral

Refugiado de uma galáxia muito muito distante, caí neste planeta do setor 2814 por engano. Fui levado, graças à paixão por filmes ao ramo do Cinema e Audiovisual, onde atualmente me aventuro. Mas minha louca obsessão pelo entretenimento desta Terra não se limita à tela grande - literatura, séries, games são todos partes imprescindíveis do itinerário dessa longa viagem.

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