logo
  • Início
  • Notícias
    • Viral
    • Cinema
    • Séries
    • Games
    • Quadrinhos
    • Famosos
    • Livros
    • Tecnologia
  • Críticas
    • Cinema
    • Games
    • TV
    • Quadrinhos
    • Livros
  • Artigos
  • Listas
  • Colunas
  • Search

Críticas

Crítica | Os Miseráveis (2012)

Já disse e não vejo mal em repetir: não gosto de filmes musicais. No entanto, a versão de Tom Hooper para Os Miseráveis traz um elenco muito carismático e 8 indicações para o Oscar deste ano, logo merece ser conferido até mesmo por aqueles que acham repentinos números musicais intrusivos em longa-metragens. Dito isso, o longa impressiona pela escala de sua produção e o talento de seu elenco, que se transforma realmente em um grupo de cantores.

A trama é mais uma adaptação da cultuada obra de Victor Hugo (que já ganhou bem sucedidas versões nos palcos da Broadway), que traz uma série de personagens em meio ao período da Revolução Francesa do século XVIII. No centro deles está Jean Valjean (Hugh Jackman), um condenado que foge de sua condicional e aspira por uma vida melhor, ao mesmo tempo em que é perseguido pelo cruel inspetor Javert (Russell Crowe) e se compromete em cuidar da jovem Cosette (Isabelle Allen, jovem, e Amanda Seyfried, adulta).

O que é realmente interessante sobre o novo filme é sua técnica inovadora. Primeiramente que cerca de 90% dos diálogos do roteiro não são pronunciados, e sim recitados em forma de canções – o que difere dos musicais habituais, onde a narrativa segue de forma padrão e é momentaneamente quebrada para a entrada de um número musical, onde impera determinada canção. Aqui, Hooper insere a cantoria como algo habitual desse “universo”, em uma clara tentativa de torná-las orgânicas, algo que não me recordo de ter visto em produções do tipo. Mesmo que seja uma iniciativa intrigante, o resultado é exaustivo de se acompanhar, já que o espectador é atacado com uma enxurrada de canções, uma atrás da outra. Há até uma cena em que acompanhamos diversas músicas diferentes ao mesmo tempo; o que, ainda que contribua para a preparação de uma batalha, soa como uma cacofonia incomodante.

Mas certamente é de se dar créditos ao novo método de interpretação das canções. Geralmente o elenco se reúne em um estúdio para gravar todo o trabalho vocal separadamente, para depois atuar durante as filmagens tendo essas gravações de áudio como referência. Em Os Miseráveis, o elenco canta ao vivo, sendo no mínimo, ousado. E os resultados são absurdamente perceptíveis em cena, já que as interpretações ganham muito mais intensidade. A começar pelo protagonista Hugh Jackman, que abandona todo o teor cômico/durão de seu Wolverine para encarnar o complexo Valjean, personagem que passa por transformações físicas notáveis e o ator desaparece nelas, fortalecendo assim sua excelente (e esforçada) performance e comprovando sua imensa carga dramática (e também revelando sua habilidade para cenas de canto).

Favorita ao Oscar de Atriz Coadjuvante, Anne Hathaway de fato merece todos os elogios e prêmios que vem recebendo. Mesmo tendo pouco tempo em tela, sua Fantine é a figura mais trágica e marcante da projeção, e a atriz se despe de toda vaidade e ignora todos os clichês que poderiam surgir ao encarnar uma mulher que perde lar, cabelos e dentes e recorre à prostituição para sustentar sua única filha. Suja e com um olhar destruidor, Hathaway protagoniza o melhor momento do longa ao cantar “I Dreamed a Dream” em uma melodia melancólica e frustrada – e o fato de Hooper manter a cena sem cortes e focalizar a câmera em seu rosto, a torna ainda mais poderosa e emocionante.

A grandiosidade dos cenários também é de se admirar, sendo todos eles uma fiel recriação da Paris daquele período. O demérito vai para a junção artificial de ambientes reais e digitais, como a cantoria solo de Russell Crowe sobre um telhado da cidade, cujo uso óbvio de green screen compromete o bom trabalho do ator. Em efeito contrário, é justamente a artificialidade que favorece alguns fatores da fita, em especial as exageradas vestimentas e caricatas maquiagens dos vigaristas vividos por Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen (coincidentemente, ambas figuras igualmente cartunescas no ótimo Sweeney Todd de Tim Burton), que contribuem para o desempenho da dupla – que funciona como um divertido alívio cômico.

Com 168 minutos que se movem com notável lentidão, Os Miseráveis apresenta uma ótima história e um elenco espetacular, mas que é ofuscada em meio ao excesso de canções. O novo método escolhido por Tom Hooper favoreceu aos intérpretes, que dão o seu melhor em apresentações intensas, mas rendeu uma experiência difícil de se acompanhar.

Nas palavras do comediante Jerry Seinfeld: “Não gosto desses musicais, não entendo por que cantar, quem canta? Se tem alguma coisa pra dizer, diga!”


by Lucas Nascimento

Crítica | Django Livre - Faroeste black power

Desde que estreou na direção de longa-metragens em 1992 com Cães de Aluguel, Quentin Tarantino foi se mostrando um dos mais talentosos e influentes cineastas de seu tempo. Dono de um estilo único, seu currículo traz histórias de criminosos, noivas que lutam kung-fu e até um espetacular desvirtuamento da Segunda Guerra Mundial; e agora ele embarca no gênero com o qual vinha flertando há anos: o faroeste. E com Django Livre, adiciona mais uma pérola à sua filmografia.

Ambientado no sul dos EUA (por esse motivo, seria um equívoco classificar o longa como western) dois anos antes da Guerra Civil, a trama segue o recém-libertado escravo Django (Jamie Foxx) e o caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz) em uma série de caçadas por procurados pelo país. Posteriormente, a dupla deverá invadir a fazenda do desprezível Calvin Candie (Leonardo DiCaprio) a fim de resgatar a esposa de Django, Bruhmilde (Kerry Washington).

Em todas as suas obras, Tarantino mostra o quão vasto é seu repertório cultural (fruto de seus anos como balconista de locadora) e estas sempre vêm recheadas de referências, especialmente em sua escolha musical. Logo em seus segundos iniciais (onde vale destacar o uso de um logo antigo da Columbia Pictures) acompanhamos uma marcha de escravos ao som do tema de Django, western spaghetti que serve como uma das muitas inspirações do filme e na metade da projeção, uma “participação amigável” de Franco Nero, astro do mesmo. E a escolha musical no restante da projeção é das mais inspiradas: de Ennio Morricone a Johnny Cash, até o estilo black e hip-hop, a trilha incidental é mais uma pérola do cineasta.

Trazendo também sutis referências temáticas (minha preferida envolve um dos personagens associando involuntariamente o sofrimento com uma música de Beethoven, remetendo ao protagonista de Laranja Mecânica), a trama do longa começa a se desenrolar de forma simples. Não há um elemento estilístico agressivo como o de Pulp Fiction ou reviravoltas históricas como a de Bastardos Inglórios, mas a narrativa segue um rumo divertido e agradável (ainda que instável em alguns momentos, mas chegaremos a isso depois), graças à bem construída relação entre os dois protagonistas e a química de seus intérpretes.

Surgindo novamente impecável – e mostrando que Tarantino talvez seja o único capaz de explorar seu potencial ao máximo – Christoph Waltz faz de King Schultz uma figura memorável e é admirável a postura cortês que lhe é conferida (sua dicção ao proclamar as palavras de um vocabulário acertadíssimo, aliadas a expressões em alemão e francês, é espetacular), mantendo-a até mesmo quando a violência é a única alternativa restante; como fica claro na cena em que executa um sujeito ameaçador de forma controlada e ainda lhe explica o motivo de suas ações.

De forma similar, o Django de Jamie Foxx também surge como uma implacável máquina de matar, mas também é muito interessante observar como o ator constrói suas camadas mais suaves. Vítima da escravidão e obcecado em encontrar sua esposa Broomhilda, percebe-se um silêncio nas atitudes do personagem e ainda assim, uma chama de esperança; reparem em como sua empolgação quase infantil (e também na forma como se senta) quando Schultz se prepara para contar-lhe uma história ou sua felicidade ao descobrir que poderá escolher suas próprias vestimentas. Mas não desconfiem das habilidades de Django como pistoleiro, ou de seu poder de persuasão.

E é graças a essa dupla extremamente carismática que o longo primeiro ato do longa funciona, já que a primeira “missão” dos dois é simples e serve mais como apresentação de ambos, perdendo considerável parte do tempo em algumas sequências desnecessárias. Por exemplo, a cena em que um grupo Ku Klux Klan discute a ineficácia de suas máscaras é uma das mais engraçadas de todo o filme, mas não apresenta uma justificativa para estar aqui, já que tais personagens simplesmente aparecem e desaparecem da história sem propósito algum. Quando Django e Schultz partem para o resgate de Broomhilda (e Tarantino faz belo uso de um letreiro retrô para ilustrar a passagem do tempo, logo seguido de outro que traz a localização da dupla com letras grandes e ameaçadoras, enfatizando o perigo que enfrentarão), a trama encontra seu principal objetivo e encontra um antagonista marcante na forma de Leonardo DiCaprio.

Vivido pelo ator de forma brilhantemente repulsiva, Calvin Candie é mais uma personagem que surpreende com suas explosões de violência (a cena do martelo, preparem-se para a fúria!), fruto de um aborrecido narcisismo que por sua vez pode ser consequência da bajulação que este teve em toda sua vida (observe como um de seus empregados o parabeniza pelo simples fato de este ter conseguido assinar uma carta sozinho), mas também podendo ser facilmente repreendido por sua irmã, uma das únicas figuras que este claramente respeita. A outra seria Stephen, seu ajudante pessoal, vivido por Samuel L. Jackson de uma forma que nunca o havíamos visto: extremamente caricato, mas muito (muito) engraçado.

E ainda que Django Livre seja um filme muito divertido, ele tem a capacidade de chocar com suas fortes cenas que retratam a opressão a escravos. A cena em que uma personagem é retirada de uma “hot box” é particularmente difícil de se assistir, principalmente por acompanharmos a reação de outros envolvidos na cena e pela direção segura de Tarantino, que retrata o momento sem maneirismos ou efeitos cômicos (algo raro em sua carreira): real e cru. Nesse sentido, é importante ressaltar também o uso excessivo da palavra “nigger” (traduzida pela legenda como “crioulo”) um termo pejorativo, mas cuja presença é necessária para retratar o fluxo do racismo presente na época em questão.

Movendo-se com ritmo irregular até uma conclusão um tanto exagerada, Django Livre é mais um ótimo trabalho de Quentin Tarantino, e ainda que não alcance a perfeição de Bastardos Inglórios ou Pulp Fiction, comprova a facilidade do diretor em navegar com seu estilo através de diferentes gêneros. Vejamos o que ele vai aprontar a seguir.

Django Livre (Django Unchained, EUA - 2012)

Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Walton Goggins, Kerry Washington, Don Johnson, Franco Nero
Gênero: Faroeste
Duração: 165 min

https://www.youtube.com/watch?v=tivv135aGbc


by Lucas Nascimento

Crítica | O Protetor - Diversão à moda antiga

Às vezes, não é preciso muito para se fazer o ocasional filme de ação do sábado à noite. Muita porcaria é capaz de aparecer por aí (porque acredite, ação ruim existe, e é muito comum), mas vira e mexe algo realmente único pode surgir. Não que Antoine Fuqua tenha ido até a Lua com seu novo O Protetor, mas ele certamente produziu entretenimento genuíno.

A trama é adaptada da série de TV homônima de 1985, mas sai Edward Woodward e entra Denzel Washington para assumir o papel de Robert McCall, um agente secreto altamente treinado que tenta levar uma vida normal em sua aposentadoria. Quando uma organização russa de tráfico sexual coloca em risco a vida da jovem Teri (Chloë Grace Moretz), McCall resolve ir atrás dos responsáveis para servir justiça.

Se parar pra pensar, O Protetor é quase como Taxi Driver. Uma versão marrenta, cartunesca-trash e centrada em ação de Taxi Driver, sim, mas compartilha com a obra-prima de Martin Scorsese um incidente incitante de trama similar, voltado para algo aparentemente aleatório. McCall e Teri são amigos ocasionais, que compartilham uma conversinha aqui e ali, nada poderoso o suficiente para que o protagonista encarasse uma cruzada violenta e arriscada como tal. E isso é muito eficiente aqui, remanescência do herói de ação dos anos 80. Digo, McCall vai pro confronto final de ônibus… Esse é o herói do povo.

Washington surge excelente aqui, enfrentando uma série de inimigos que parecem ter sido engavetados de uma nada sutil propaganda pró-EUA da Guerra Fria. Temos lá os capangas grandes, com bigodes exóticos e cabeleiras nada realistas, e o grande vilão de Marton Csokas (pra mim, o Kevin Spacey russo) que já se apresenta como o mal em pessoa quando vemos seu corpo repleto de tatuagens com demônios, cabras e outros indicadores de “parada maligna”. Os encontros entre os polos opostos, seja num diálogo tenso num restaurante ou já na pancadaria, são interessantíssimos. Antoine Fuqua é um grande diretor, cuja câmera se move bem durante a ação, e também é criativo na composição de seus enquadramentos. Temos uma luta na chuva dentro de uma loja de departamentos., quer mais badass que isso?

Se peca em algo, é ao transformar McCall em uma espécie de super-humano obcecado com os movimentos alheios, na cópia mais descarada do Sherlock Holmes “moderno” possível. O longa também se estende ao tentar garantir que todas as pontas soltas da cruzada de McCall ficassem devidamente amarradas, mesmo que isso o leve a uma viagem relâmpago para Moscou.

O Protetor é um filme de ação despretensioso e divertidíssimo, agarrando-se a estereótipos e uma performance habitualmente agradável de Denzel Washington. Às vezes, não é preciso esquentar demais.

O Protetor (The Equalizer, EUA - 2014)

Direção: Antoine Fuqua
Roteiro: Richard Wenk, baseado na série de TV de Michael Sloan e Richard Lindheim
Elenco: Denzel Washington, Chloë Grace Moretz, Marton Csokas, David Harbour, Haley Bennett, Melissa Leo, Bill Pullman
Gênero: Ação
Duração: 132 min

https://www.youtube.com/watch?v=SLhhP7iknf8


by Lucas Nascimento

Crítica | Magia ao Luar

Algo um tanto curioso vem acontecendo com os últimos filmes de Woody Allen. Parece que o diretor/roteirista vem lançando um filme impecável em um ano, e um “divertidinho” em outro. Meia Noite em Paris foi seguido pelo simpático Para Roma, com Amor, que por sua vez foi superado pelo dramático Blue Jasmine, que agora vê no água com açúcar Magia ao Luar seu competente sucessor.

A trama é ambientada na década de 20, girando em torno do ilusionista Stanley (Colin Firth), que é também um especialista em desmascarar charlatões. Ele é convidado pelo amigo Howard Burkan (Simon McBurney) para viajar até o sul da França, onde uma família rica está encantada pelos dons sobrenaturais da jovem Sophie (Emma Stone), que se diz uma médium. Lá, Stanley tentará provar que a moça é uma farsa.

Parte comédia, parte filme de mistério, o longa é eficaz ao prender a atenção do espectador diante da dúvida que permeia a mente do protagonista: seria ou não, Sophie uma farsa. Emma Stone, ruiva (como deve ser) e divertidíssima na pele da misteriosa médium, acerta ao tornar as visões de sua personagem caricatas e geralmente permeadas por uma careta nada discreta, e a câmera de Allen claramente se apaixona pelas feições de Stone: reparem a simples beleza de uma iluminação natural em seu chapéu, durante um diálogo com Stanley à beira do lago. Aliás, não é só Stone que é capaz de enriquecer a tela: todos os cenários e ambientes da costa francesa que o diretor de fotografia Daris Khondji captura são belíssimos.

Ainda que essencialmente uma comédia, o roteiro de Allen é capaz de levantar muitas questões interessantes, através de diálogos estupidamente bem escritos. É como se no processo criativo, ele estivesse deitado em um divã relendo as obras de Nietschze enquanto questiona suas próprias crenças e valores existenciais, características fortemente apresentadas no personagem de Colin Firth – que se sai muito bem como a personificação de Allen na trama. Questões como o além-vida, espíritos e Deus são postas à mesa e se não são tão aprofundadas, no mínimo arrancam uma reflexão no espectador, por mais ínfima que seja.

Magia ao Luar é um filme agradável e com mais conteúdo do que se poderia imaginar de sua premissa, ainda que não seja particularmente estimulante ou mesmo tão original. Se a hipótese levantada no primeiro parágrafo se confirmar, mal posso esperar pra ver o que Woody Allen vai aprontar com Joaquin Phoenix e Emma Stone em seu próximo filme.


by Lucas Nascimento

Crítica | Hércules (2014)

A cada filme que lança, me parece mais clara a intenção de Dwayne Johnson de se tornar o Arnold Schwarzenegger de nossa geração. Já se aventurou bastante pela ação, policial, ficção científica e, claro, os filmes em que o fortão faz papel de bobo perto de crianças – sem falar que, como Schwarza fez com Batman & Robin, Johnson também viverá um vilão da DC Comics nos cinemas. Mas faltava a The Rock um épico, se o antigo Governator iconizou Conan, O Bárbaro, Johnson tem a chance de tentar um feito similar com Hércules.

A trama do filme é inspirada em uma HQ do falecido Steve Moore (sem parentesco com o Alan Moore), que mostra Hércules retornando para casa após realizar seus famosos 12 Trabalhos. Mais derramamento de sangue entra em seu caminho quando ele é contratado pelo rei da Trácia (John Hurt) para treinar seu exército e comandar uma campanha contra um grupo de supostos centauros que habitam a região.

O aspecto mais interessante desta nova versão do herói da mitologia grega é supostamente a criação do mito ao redor de sua figura. O roteiro de Ryan Condal e Evan Spiliotopoulos vê Hércules como um mero mercenário que espalha histórias fantásticas sobre seus feitos, o que ajuda na construção de sua reputação perigosa e divina, e é justamente a dúvida que a dupla provoca no público que move todo o interesse na trama, que até brinca de forma esperta com a imagem de criaturas mortíferas; apenas para revelar a verdadeira natureza por trás destas.

Tirando isso, Hércules é muito pouco grandioso para um épico. É quase um indie épico. As cenas de ação comandadas por Brett Ratner não empolgam, e a ausência de sangue (justificada apenas para que o filme pegasse uma censura menor, possibilitando maior lucro) em batalhas brutais chega a incomodar; nunca vi batalhas tão cleans e artificiais como as que o longa traz aqui. Mais artificial, são os personagens completamente estereotipados e sem personalidade, sempre lutam bem pra cacete e nunca é criada uma sensação de perigo real. Nem mesmo Dwayne Johnson consegue tirar algo de seu Hércules que, mesmo trazendo carisma e uma dedicação física mais do que perceptível, jamais demonstra exatamente o que quer, quais os motivos que se passam em sua mente. Não é de se esperar muito de um filme assim, mas realmente incomodou não saber quem é Hércules.

Sinceramente, Hércules é tão vazio e genérico que eu praticamente esqueci o filme todo. Traz bons momentos aqui e ali e lida bem com a questão do mito ao redor do protagonista, mas é sem graça, aposta em humor nada sutil e desaponta na epicidade. Que Dwayne Johnson tenha mais sorte na próxima.

Observação: O 3D tem seus momentos, mas é no geral descartável.


by Lucas Nascimento

Crítica | Era Uma Vez em Nova York

É a primeira vez que falo sobre James Gray aqui, um nome que vem se destacando no cinema norte-americano, mas que ainda não explodiu tal como colegas do calibre de David Fincher ou Duncan Jones. Gray é um cineasta bem pessoal e mesmo que não traga muitos maneirismos visuais, é um baita contador de histórias, como nos comprovam os excelentes Os Donos da Noite e Amantes. Com Era Uma Vez em Nova York, Gray faz seu longa mais grandioso, ainda que não traga o mesmo impacto de suas obras anteriores.

A trama é centrada na imigrante polonesa Ewa Cybulska (Marion Cotillard), que chega à Nova York dos anos 20 com sua irmã na esperança de uma vida melhor. Quando a irmã é barrada devido a uma tuberculose e os tios que as abrigariam não aparecem, Ewa fica nas mãos do cafetão Bruno Weiss (Joaquin Phoenix), que promete ajudá-la a libertar a irmã desde que ela trabalhe para ele como prostituta.

O longa é mais um bom exemplar do gênero que explora a ironia e as desilusões do Sonho Americano e sua “Terra de Oportunidades”, especialmente à medida em que Ewa vai cada vez mais corrompendo seus valores durante a estadia em solo norte americano. Marion Cotillard se sai maravilhosamente bem ao retratar a pobre imigrante, entregando uma de suas performances mais contidas e sutis, raramente apelando para explosões dramáticas ou mudanças de humor brutais, sempre preservando a ingenuidade e o medo de Ewa, nem que seja apenas por um simples olhar ou sua trêmula voz ao anunciar que “só quer ser feliz”. Joaquin Phoenix também surge bem como Bruno, e torna seu personagem mais interessante ao revelar a fragilidade que existe por trás de sua figura imponente e às vezes até ameaçadora.

E é raro também que eu elogie uma tradução nacional que fuja do título original, mas o uso de “Era uma vez…” no título (o original é “The Immigrant”, e o filme chegou a ser chamado de “A Imigrante” por um tempo) confere à produção uma áurea fabulesca e de contos de fada, elementos que se justificam pela presença do mágico Orlando (Jeremy Renner, que consegue brilhar como a figura mais carismática da produção) e que se mostram tão alegres como um conto dos irmãos Grimm, então a Europa Filmes merece elogios pela mudança inspirada. Ainda no tom, a produção merece prêmios pela reconstituição de época excepcional, desde o design de produção de Happy Massee, eficiente em reconstruir prédios e ruas da Nova York daquele período, até a fotografia em tons de sépia de Darius Khondji, claramente inspirada na paleta de cores usada por Gordon Willis em O Poderoso Chefão: Parte II, filme que também explora a imigração.

Ainda que não seja necessariamente inovador ou original, Era Uma Vez em Nova York conta uma bela e pesada história e traz em seu leque de qualidades um elenco fantástico e uma reconstrução de época invejável.

Obs: Ao mesmo tempo em que elogio a Europa Filmes pela decisão de mudar o título, devo criticá-la fortemente por destruir a razão de aspecto do filme, recortando o lindo 2:35:1 por uma resolução menor e que danifica os enquadramentos do filme. Péssima apresentação técnica.


by Lucas Nascimento

Crítica | Quero Matar Meu Chefe 2

Uma grata surpresa de 2011 foi a comédia divertida Quero Matar meu Chefe, que se beneficiava de uma premissa inspirada e um elenco coadjuvante de peso. Grana aqui e boa recepção crítica ali, o filme ganha agora uma continuação, e você bem sabe que continuações para comédias não costumam ser grande coisa (Se Beber, Não Case! e o recente Debi & Lóide 2). Mas é também surpreso que relato aqui minha satisfação com Quero Matar meu Chefe 2, que cumpre a função de fazer rir e não simplesmente recicla o primeiro filme.

A trama nos traz de volta Nick (Jason Bateman), Dale (Charlie Day) e Kurt (Jason Sudekis), que agora têm a ambição de serem seus próprios chefes, apostando em uma invenção estupidamente eficiente produzida por um deles. Quando são enganados e falidos por um investidor inescrupuloso (Christoph Waltz), o trio resolve cobrir o prejuízo sequestrando seu filho (Chris Pine) e exigindo um resgate milionário.

A premissa é diferente, mas a fórmula permanece a mesma. Bateman continua fazendo o tipo sério, Sudekis o fanfarrão e Day continua absurdamente irritante em cena, conseguindo apenas ser pontualmente engraçado. A química dos três funciona e é divertido vê-los reagindo às situações que o roteiro de Sean Anders e John Morris lhes proporciona, que agora brinca com o planejamento e execução de um sequestro. A dupla oferece diversas reviravoltas e sabe muitíssimo bem dosar os elementos do filme anterior: Jamie Foxx, Kevin Spacey e Jennifer Aniston têm participações controladas e que servem à trama eficientemente, revelando um sólido trabalho de estrutura.

As novas adições também são interessantes. Chris Pine traz de volta o carisma cômico e imbecil que já demonstrou em algumas comédias românticas de seu passado não tão animador, criando um personagem que é um estereótipo ambulante, mas também capaz de surpreender. Christoph Waltz infelizmente sai desperdiçado, levando a sério demais um papel no qual caberia mais humor. Outra nova adição importante, o diretor Sean Anders se mostra tão competente quanto Seth Gordon (do primeiro filme), ao oferecer maior dinamismo visual, mesmo que a comédia seja centrada no roteiro: há time lapses eficientes, travellings divertidos e cortes que ajudam a manter o ritmo de certas piadas.

Quero Matar meu Chefe 2 vai agradar aos fãs do primeiro filme e também quem não se importa em ver um humor politicamente incorreto agressivo e até mesmo incômodo – racismo e machismo extrapolam um pouco. Tem um bom elenco entrosado e uma trama que envolve se o espectador permitir se entregar a ela.

Obs: Assim como no primeiro filme, os créditos finais trazem divertidíssimos erros de gravação.


by Lucas Nascimento

Crítica | Operação Big Hero

Com a compra da Marvel pela Disney, a empresa de Mickey Mouse assumiu controle até das mais distintas obras da editora. No mercado japonês, as histórias do grupo Big Hero 6 são bem populares, mas confesso que nunca tinha ouvido falar desta até o lançamento desta nova divertida animação do estúdio, Operação Big Hero.

Escrita por Jordan Roberts, Daniel Gerson e Robert L. Baird, a trama é ambientada numa sociedade futurista que atende pelo nome de San Fransokyo (união entre a cidade californiana americana e a capital japonesa), apresentando-nos ao jovem Hiro (voz de Ryan Potter no original), menino prodígio que tenta escolher o que fazer com seu imenso potencial. Após a repentina morte de seu irmão em um incêndio, ele descobre seu robô Baymax (voz de Scott Adsit), que o ajudará a encontrar um misterioso mascarado que estaria envolvido na tragédia.

As animações da Walt Disney andam muito bem, ainda mais se compararmos com as da Pixar. Com John Lasseter atuando pesadamente como produtor de alguns projetos do estúdio, tivemos obras do calibre de Detona Ralph e o superpoderoso Frozen: Uma Aventura Congelante.Operação Big Hero continua esse strike bem-sucedido de sucessos, e se a animação anterior virava os contos de princesa de ponta cabeça, esta mergulha no gênero dos super-heróis. Visualmente, é um grande feito ao elaborar designs criativos para seus personagens e locações, especialmente ao observarmos as influências futuristas na elegante junção da arquitetura americana com a japonesa (a ponte Golden Gate, por exemplo, fascinante com telhados típicos da cultura oriental).

Mas se há um fator que faz a diferença aqui é Baymax, o adorável robô inflável. Sua expressão minimalista e quase imutável garante ao personagem uma ingenuidade divertida e tocante, que logo caminha para um bem colocado senso de humor, provocando risadas de forma sutil; como os movimentos delicados e outrora desajeitados de Baymax. Os demais personagens também são muito bem trabalhados e diferentes entre si, especialmente na forma como os animadores ilustram suas distintas habilidades. O vilão mascarado, dentre todos, é o que mais chama a atenção, graças a seu visual amedrontador e sua locomoção através de milhares de nanobots – elemento que rende ótimas cenas de ação.

O que realmente não me agradou em Big Hero foram algumas soluções de roteiro. A identidade e motivações do vilão mascarado (como emFrozen, o filme tenta ocultar o real antagonista da história) surgem meio deslocadas da trama central, trazendo elementos de Contato e Os Vingadores. Sem falar que o filme peca ao se mostrar mais um exemplar da escola Marvel de “Ninguém está realmente morto”, principalmente por garantir uma grande cena emocional para algo… Irrelevante. Sinto que é um artifício barato para trapacear o espectador.

Operação Big Hero é uma animação eficiente e empolgante, capaz de entreter e divertir graças a seus personagens ecléticos. Pode não ter uma história ou apego emocional fortes como em Os Incríveis, já que também é uma aventura de super-heróis, mas vale a visita. E Baymax já merece entrar pra História como um dos robôs mais memoráveis dos últimos tempos.

Obs: Há uma ótima cena após os créditos.


by Lucas Nascimento

Crítica | Sem Escalas

Acho interessante que Liam Neeson esteja dedicado a se tornar um grande astro de ação. O ator irlandês tem invejável carga dramática e já mostrou em produções medianas como Busca Implacável e Desconhecido, ou o ótimo A Perseguição, que é muito capaz de chutar bundas. Neeson já chegou a um nível em que o acompanharemos, não importa o tipo de produção (e a qualidade desta) em que se arrisque. Com Sem Escalas, temos um suspense que hora beira ao brilhantismo de Alfred Hitchcock hora nos lembra as comédias dos irmãos Wayans.

A trama gira em torno do agente federal William Marks (Neeson), encarregado de se misturar entre os passageiros de aviões e monitorar a situação, neutralizando possíveis ameaças. Em certo voo, ele recebe uma ameaça anônima via celular, requisitando 150 milhões de dólares ou a cada 20 minutos, um passageiro do avião será assassinado. Enquanto as suspeitas começam a se virar para Marks – um alcoólatra depressivo – ele corre para encontrar o responsável.

Outro fator que pessoalmente me interessou em relação a Sem Escalas é o “gênero avião”. A ambientação claustrofóbica e os diversos tipos de passageiros sempre me divertiram em obras como Plano de Voo, Voo Noturno e até mesmo o intenso Voo United 93, e o diretor espanhol Jaume Collet-Serra (com quem Neeson já havia trabalhado em 2011, com Desconhecido) é muito sábio ao explorar as diferentes convenções. Sua câmera passeia pelos estreitos corredores com imensa liberdade, sendo até capaz de simular longos e engenhosos planos-sequência. Todas as decisões de Serra auxiliam na construção de um pesado tom de suspense, que como todo bom filme do gênero, vai intrigar o espectador a respeito da identidade do antagonista.

O problema mesmo é quando o filme passa a marca de 1 hora. Os primeiros dois atos oferecem conceitos e promessas fascinantes, mas o roteiro dos novatos John W. Richardson, Christopher Roach e Ryan Engle é incapaz de oferecer uma resolução que faça sentido – dentro ou fora do contexto pré-estabelecido. É cheio de furos em relação à forma impossível com que as mortes vão acontecendo e simplesmente risível quando descobrimos o antagonista e seus motivos absurdos, que até tentam oferecer uma crítica aos padrões de segurança estadunidenses do pós-11 de Setembro, mas falham em decorrência dos absurdos e dos estereótipos forçados (CLARO que temos um árabe a bordo, CLARO que ele sofre com preconceitos…). E nem falo nada sobre os pavorosos efeitos digitais que invadem a trama nos últimos 20 minutos.

Vale por Liam Neeson, carismático como sempre. E durante sua primeira metade, Sem Escalas é assustadoramente eficiente em sua suculenta premissa, comandada com maestria pelo diretor. Infelizmente, o longa abandona tudo isso em uma conclusão absurda e implausível, ainda que seja divertido ver Neeson apanhando uma arma em gravidade zero.


by Lucas Nascimento

Crítica | Caçada Mortal

Que maravilhoso ver que ainda existem filmes como Caçada Mortal. Um thriller de detetive noir à moda antiga que entende as regras e não se julga esperto demais para tentar explodir sua cabeça com reviravoltas idiotas, preferindo seu foco em personagens e ambientação. Do jeito que se deve ser.

Adaptada da obra de Lawrence Block, a trama começa quando o detetive particular Matthew Scudder (Liam Neeson) é contratado para encontrar os sequestradores responsáveis pelo assassinato da esposa de um traficante de drogas (Dan Stevens), mesmo este tendo entregue o dinheiro do resgate. A busca (ou caçada… Mortal) o faz descobrir uma rede de crimes similares que o vai colocando cada vez mais próximo dos responsáveis.

É uma história objetiva e sem desvios. O diretor e roteirista Scott Frank deixa a ação de lado para se concentrar em uma narrativa densa e atmosférica, sempre com o personagem de Neeson em primeiro plano. Os flashbacks de seu passado traumático, assim como suas constantes visitas a um grupo de AA, funcionam para que Scudder seja multidimensional, mesmo que com motivações clichês. Felizmente, Liam neeson é sempre capaz de oferecer uma performance eficiente e que simpatize com o público, independente do filme; e aqui, ele consegue ir além do que um mero tira estereotipado.

Outro fator sobre a história que me deixa muito satisfeito é a ausência de uma grande reviravolta sem sentido, fator que geralmente estraga as produções recentes do gênero. Aqui, Frank se mantém ao básico: dois assassinos cruéis à solta, vamos atrás deles, arma-se o terceiro ato e é isso. Sem os elementos estapafúrdios que arruinaram outros bons filmes de Neeson, como Sem Escalas e Desconhecido. Mas admito que a conclusão se estendeu um pouco além do necessário, podendo ter facilmente se encerrado uns 10 minutos antes.

Como diretor, Frank é impecável. Desde o surpreendentes créditos de abertura em closes, até o tenso confronto em um cemitério, é de uma construção cinematográfica exemplar. O diretor de fotografia Mihai Malaimare Jr. traça uma Nova York escura e melancólica, dominada pelo cinza em cenas diurnas e coberta pelas sombras durante a noite; a presença da antecipação pelo Bug do Milênio (o filme é ambientado em 1999) também é interessante, quase como se a cidade estivesse sitiada pelo medo deste. Por fim, a discreta e pontual trilha sonora de Carlos Rafael Rivera fornece o tom apropriado à investigação.

Caçada Mortal é um eficiente thriller que me faz lembrar as histórias de detetives mais primordiais, atentando-se à uma fórmula sólida que funciona muitíssimo bem em sua cuidadosa execução.


by Lucas Nascimento

  • 1
  • …
  • 234
  • 235
  • 236
  • 237
  • 238
  • …
  • 246
© 2025 Bastidores. All rights reserved
Bastidores
Política de cookies
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos. O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Gerenciar opções Gerenciar serviços Manage {vendor_count} vendors Leia mais sobre esses propósitos
Ver preferências
{title} {title} {title}