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Crítica | Anônimo – Ação ao estilo John Wick

É da natureza dos filmes de ação que tenham um investimento alto para conseguir o resultado tão esperado: o de se tornarem líderes de bilheterias. E isso geralmente ocorre quando o investimento é alto e o longa tem um roteiro pelo menos que seja interessante para o público. Velozes e Furiosos e John Wick são exemplos recentes de como produções com muita ação e pancadaria consegue, geralmente, ficar na cabeça do espectador apenas fazendo o básico, colocando em prática alguns elementos do roteiro ue possam surpreender a quem assiste.

Nessa nova onda de filmes de ação com muita violência que surge Anônimo, longa do diretor Ilya Naishuller (Hardcore: Missão Extrema) e que surpreende, não pelo roteiro em si, mas pelas boas cenas de ação, dando aos fãs de franquias como John Wick uma nova opção de entretenimento.

O longa vai muito de encontro ao que o gênero apresenta atualmente, com cortes de câmera rápidos entre um soco e outro concedidos pelo protagonista, além de contar com muita violência e frases de efeito. Depois que John Wick (lançado no Brasil como De Volta ao Jogo) surgiu e passou a chamar a atenção pelo jeito violento que o protagonista tratava os seus inimigos, outras produções passaram a usar desse artifício já muito conhecido dos filmes hollywoodianos para alcançar seus objetivos.

Bob Odenkirk Detonando

Um dos principais elementos da clássica série Breaking Bad foi a relação entre Walter White e Jesse Pinkman com o advogado Saul Goodman, que é interpretado na produção pelo ator Bob Odenkirk. O ator foi tão convincente em seu papel que o personagem acabou recebendo uma série própria intitulada de Better Call Saul. Odenkirk agora reaparece em Anônimo de um jeito muito diferente.

Se na série da AMC Bob tinha um lado cômico ao tratar dos negócios, em Anônimo as coisas são apresentadas de outra forma. Os espectadores que estão acostumados a acompanhá-lo em Better Call Saul talvez nunca imaginariam vê-lo em ação como é mostrado no filme. Bob soca violentamente seus adversários, atira e derrama sangue em grandes quantidades, além de causar várias lesões em quem fica à sua frente. É evidente que o diretor usou como referência a franquia John Wick para criar as cenas de ação de Anônimo, e tais cenas funcionam e são o principal fator de transformar um longa pobre de ideias em algo mais atraente.

Bob Odenkirk entrega outra ótima atuação, tal fato pode fazer o astro despontar para outros papéis dramáticos no futuro, além de o colocar como uma opção para outros filmes de ação. Não é raro o cinema colocar personagens sem um perfil atlético para trabalhar nestas produções.

Roteiro batido, mas que funciona

A trama conta a história de um homem que tem um passado obscuro e depois de espancar amigos do líder da máfia russa passa a ser perseguido pelos criminosos. É natural que a ideia foi desenvolvida justamente para que o protagonista pudesse apresentar o seu passado violento e para que toda a ação descambasse em violência gratuita.

O que o diretor quis mostrar com o fato do protagonista ao buscar um atrito contra os mafiosos e depois uma vingança pessoal, é a de que é sim possível fazer um filme de ação com muita pancadaria sem que o protagonista seja um cara fortão e cheio de músculos, utilizando alguém descaracterizado dos padrões atuais para ser o protagonista.

Claro que os clichês estão no filme e o roteiro não faz nenhum esforço em  escondê-los, até porque esse é o barato da narrativa ao colocar um homem que aparentemente é pacato e sem histórico de violência em um conflito sem fim. Mesmo tendo um roteiro óbvio a história funciona, justamente porque o público já está acostumado com esse tipo de abordagem e também porque os atos violentos por si só são um espetáculo de pancadaria, algo que o público geralmente busca neste tipo de entretenimento.

As cenas de luta são cruas e não tão bem coreografadas, não são golpes ao estilo dos que o astro Jean Claude Van Damme concedia, o que é uma pena, pois não se fazem mais filmes de ação com confrontos coreografado de um jeito que faça com que se guarde na memória aquela cena. Há bons momentos no longa, mas que só vão servir para fazer o espectador lembrar do sangue jorrando e apenas isso.

Anônimo cumpre o seu papel de forma eficiente, pois entrega aquilo que se esperava: pancadaria e muito sangue. Não é um primor de produção, mas se sobressai entre as obras que estão sendo feitas. Com uma ideia simples consegue atingir o seu ápice nas principais cenas de luta, porém mesmo assim falta muito para que chegue aos pés de John Wick.

Anônimo (Nobody, EUA, Japão – 2021)

Direção: Ilya Naishuller
Roteiro: Derek Kolstad
Elenco: Bob Odenkirk, Aleksey Serebryakov, Connie Nielsen, Christopher Lloyd, Michael Ironside, Colin Salmon
Gênero: Ação, Crime, Drama
Duração: 92 min.

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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