Se aproximando da marca de 30 anos, a franquia Bad Boys é uma das relíquias surpreendentemente resilientes do final dos anos 90. Uma era movida pelo carisma de astros e a força da pirotecnica real, é cada vez mais raro encontrar entretenimento desse nicho no cinema contemporâneo; tão obcecado por quadrinhos, marcas, IP e efeitos visuais.
Ainda mais surpreendente foi o sucesso comercial e popular de Bad Boys Para Sempre em 2020. Adiado e postergado terceiro filme, o longa da dupla belga Adil El Arbi e Bilall Fallah foi uma explosão de energia, carisma e até mesmo uma honesya sentimentalidade. Mesmo que envisionado para encerrar as aventuras dos já envelhecidos “boys” de Will Smith e Martin Lawrence, seu sucesso inquestionável garantiria que o produtor Jerry Bruckheimer encomendasse um quarto filme.
É justamente esse sentimento que permeia cada segundo de Bad Boys: Até o Fim, que traz novamente Adil & Bilall por trás das câmeras. Durante toda a projeção, é evidente que Até o Fim tenta perseguir o nível altíssimo de seu antecessor, mas que fica incapacitado justamente pelo roteiro de Chris Bremner e Will Beall: apesar de básico e de trazer diversos elementos e personagens de volta, acaba preso em uma trama inchada e previsível, que repete o clássico tropo do “policial que atua fora da lei”, a fim de tentar salvar o legado do falecido Capitão Howard de Joe Pantoliano.
Não é a mais brilhante ou aproveitável das premissas, mas ao menos o quarto Bad Boys mantém o bom nível de qualidade em humor e ação. Ver Will Smith e Martin Lawrence juntos, seja improvisando piadas ou apostando em elementos melancólicos (que funcionam tão bem quanto a comédia), é um deleite mais uma vez. Tanto Marcus quanto Mike têm seus próprios arcos para serem resolvidos e explorados, arrancando o melhor de Smith e Lawrence mais uma vez. Apesar de já passarem dos 40, ainda sentimos a energia de “Bad Boys”.
E no lado da ação, a dupla Adil & Bilall segue firmando-se como dois dos mais criativos e audaciosos artistas visuais da geração. Aumentando ainda mais a insanidade do antecessor, a dupla abraça com força o “Michael Bay interior” para uma série de cenas de ação explosivas, inventivas e que sempre se destacam pelo trabalho de câmera; que acopla-se a armas, personagens, objetos e instrumentos de forma impressionante, garantindo uma experiencia que é sempre visualmente deslumbrante.
Bad Boys: Até o Fim não atinge o nível de excelência do terceiro filme, mas ainda tem carisma o suficiente com Will Smith e Martin Lawrence, além de uma direção criativa e que faz o melhor possível para compensar a historinha batida e sem novidades.
Bad Boys: Até o Fim (Bad Boys: Ride or Die, EUA – 2024)
Direção: Adil El Arbi e Bilall Fallah
Roteiro: Chris Bremner e Will Beall
Elenco: Will Smith, Martin Lawrence, Eric Dean, Jacob Scipio, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Paola Nuñez, Ioan Gruffudd e Joe Pantoliano
Gênero: Ação
Duração: 115 min
Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.


