Em 1986, a DC comics publicou uma das melhores graphic novels da história da indústria: Batman – O Cavaleiro das Trevas, escrita e ilustrada por Frank Miller (com co-ilustrações de Klaus Jason). Quase três décadas depois e o material continua sendo reverenciado e, aos olhos de Hollywood, uma obra “infilmável” – ainda que adaptações ao cinema do personagem tragam diversos elementos da narrativa. Em 2012 e 2013, Jay Oliva dirige uma animação que adapta toda a obra de Miller, e o resultado é bem decente.
A trama, caso não conheça, é ambientada em um futuro sombrio onde não existem mais super-heróis (um universo bem parecido com aquele visto em Watchmen, de Alan Moore) e o crime domina as ruas de Gotham City. Não suportando o nível de violência alcançado pela cidade, o Batman (voz do RoboCop, Peter Weller) abandona a aposentadoria e retorna mais violento e com a ajuda de um novo Robin (uma menina, dublada por Ariel Winter). Na saga para retomar o controle da cidade, o Cavaleiro das Trevas reencontrará velhos inimigos, aliados e até sairá na mão com o Superman (Mark Valley).
Esta adaptação foi lançada diretamente para DVD, em dois volumes (o primeiro no final de 2012, e o segundo no começo deste ano), pela DC Universe Animated, que também já havia cuidado de uma versão animada para Batman – Ano Um. Em termos de fidelidade, o roteiro de Bob Goodman transpõe toda a genial história de Frank Miller em 2h40 em uma narrativa empolgante e que mantém o tom pesado da HQ. Todos os momentos icônicos estão aqui e alguns deles, graças a recursos que apenas o audiovisual é capaz de oferecer, ganham ainda mais impacto do que no papel: o homérico confronto entre o Morcego e o Superman é um deles, que fica mais longo e impressiona pela ação, e também deve-se créditos ao compositor Christopher Drake, que elabora temas eficientes e que permeiam a história com perfeição – vide sua abordagem minimalista (algo também explorado por Hans Zimmer na trilogia de Christopher Nolan) para o Coringa homicida de Michael Emerson, uma decisão que só ajuda a tornar o personagem mais assustador.
O grande problema reside na técnica de animação. Ainda que a equipe do diretor Jay Oliva tenha conseguido preservar o traço animalesco de Miller, os desenhos ganham vida de forma robótica e quase amadora; reparem que, muitas vezes, os personagens “congelam” e até perdem a habilidade de piscar. Os movimentos labiais também pecam pela artificialidade e quase transformam a produção em experimento desengonçado de dublagem.
É bem improvável que vejamos uma adaptação cinematográfica integral de Batman – O Cavaleiro das Trevas nos cinemas (o confronto com o Homem de Aço está chegando, mas…), pelo menos não num futuro próximo. Até o dia chegar, esta animação faz jus ao clássico dos quadrinhos.
Obs: As animações só encontram-se à venda separadamente.
Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns, 2012/2013 – EUA)
Direção: Jay Oliva
Roteiro: Bob Goodman, baseado na obra de Frank Miller
Elenco: Peter Weller, Mark Valley, Michael Emerson, Ariel Winter, David Selby, Wade Williams, Greg Eagles
Gênero: Ação, Aventura
Duração: 160 min (2 partes)