em , ,

Crítica | Besouro Azul – Filme da DC com cara de Marvel

Besouro Azul não figura entre os mais conhecidos e idolatrados heróis da DC, mesmo com o personagem existindo desde a década de 30 (versão da editora Fox) e só surgindo com o formato atual nas Hqs, apenas na década de 80, com o cientista Ted Kord sendo o herói e tendo as primeiras edições publicadas após Crise Nas Infinitas: Terras. É pensando em expandir o seu universo cinematográfico que a DC leva Besouro Azul aos cinemas.

Com direção de Angel Manuel Soto e roteiro de Gareth Dunnet Alcocer, o longa que tem no elenco Xolo Maridueña (Cobra Kai) e a tão aguardada estreia da brasileira Bruna Marquezine em Hollywood, narra a história do jovem Jaime Reyes. Ele é possuído por uma relíquia alienígena, que se prendendo ao seu corpo e concedendo poderes inimagináveis a Jaime. A partir desse ponto, já se pode imaginar o que irá acontecer, pois o herói terá que lutar contra os vilões e enfrentar diversos desafios.

Apenas mais um filme de herói

Há uma discussão recente no mercado audiovisual, que na verdade não é tão recente assim, mas vem ganhando mais força nos últimos anos: a de que que o público está se cansando de filmes de super-heróis. O debate é valido, porém talvez não seja o público que esteja cansado do gênero, mas sim dos filmes que não trazem nada de novo ou de relevante para o cenário. Nesse contexto que se encontra Besouro Azul.

A obra da DC não é ruim, mas é exageradamente boba, com um humor desproporcional ao que a história pede, lembrando até mesmo de produções ruins da Marvel que exageraram no tom cômico, como Thor: Amor e Trovão (Taika Waititi). Algumas piadas até funcionam e devem tirar risos dos espectadores, enquanto outras se mostram constrangedoras. Frases de efeito sendo jogadas apenas para gerar humor, mas que na realidade, são completamente sem sentido.

Em sua estrutura narrativa, o longa tem um roteiro praticamente idêntico ao de Shazam! (2019), com a diferença de que em Besouro Azul, a família de Jaime Reyes o auxilia na batalha utilizando itens mágicos, e não são transformados em campeões, como ocorre em Shazam! Isso apenas evidencia a fragilidade do roteiro, que, ao contrário de The Flash, em que houve uma verdadeira jornada ao multiverso da DC, não apresenta nada de novo que já não tenhamos visto em outras produções de heróis. Trata-se de uma obra que simplesmente repete a fórmula de outras produções sem acrescentar novos elementos ao formato.

Na verdade, Besouro Azul lembra mais um filme da Marvel que uma obra da DC, com um humor bobinho e cenas de ação com muita destruição. Diverge do estilo sombrio de Zack Snyder e até do tom sério empregado em Adão Negro. Esse humor inserido em Blue Beetle é algo que os produtores da DC já estavam trabalhando nas últimas produções e que estava sendo implementado antes de James Gunn e Peter Safran assumirem como co-CEOs da DC Studios.

Bruna Marquezine brilhando em Hollywood

Quando Bruna Marquezine foi anunciada no elenco de Blue Beetle, logo gerou grandes expectativas entre os fãs e, especialmente, no público brasileiro. Isso não se deve apenas ao fato de ter uma atriz brasileira em Hollywood, mas também porque ela assume o papel de protagonista em uma produção de super-heróis, gênero que dá confere muita visibilidade ao artista.

Bruna Marquezine é a protagonista do filme, ao lado de Xolo Maridueña, que se destaca no papel de Jaime Reyes. Os elogios à atriz os elogios vão desde sua atuação impecável como Jenny Kord até a maneira como a personagem é construída. A interpretação da atriz não segue o padrão caricato que os estúdios frequentemente utilizam ao representar personagens latinos.

Esse é o longa que apresentou o elenco mais diversificado com qual a DC já trabalhou, e isso é uma grande conquista. Há tempos o público demandava por mais diversidade, e os produtores finalmente conseguiram aplicá-la. A maior parte do elenco é composta por nomes latinos ou de descendência latina – Mariduenã é americano com ascendência mexicana. Até mesmo os diálogos dos personagens indicam o tom que o roteiro deve adotar, com frases sobre o imperialismo norte-americano e sobre como os mais pobres se tornam “invisíveis” para os mais ricos.

Besouro Azul entrega aquilo que os fãs esperavam: boas cenas de ação, entretenimento, um vilão estiloso com desejos malignas e bons efeitos visuais. No entanto, peca por não trazer nada de novo a um formato que já se encontra saturado. Não há mais surpresas sobre os eventos da trama, tudo é bastante previsível. Blue Beetle (nome original) não vai muito além de mensagens jogadas aqui e ali. Como entretenimento cumpre sua função e deve trazer bastante alegria ao público e aos fãs, mas isso não quer dizer que é uma obra-prima do gênero, pelo contrário, está muito longe disso

Besouro Azul (Blue Beetle, EUA, 2023)

Direção: Angel Manuel Soto
Roteiro: Gareth Dunnet-Alcocer
Elenco: Xolo Maridueña, Bruna Marquezine, Susan Sarandon, Harvey Guillén, Raoul Max Trujillo, Gabriella Ortiz, George Lopez, Belissa Escobedo
Gênero: Ação, Aventura, Ficção Científica
Duração: 127 min

Avatar

Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

BGS 2023 vai homenagear Alexey Pajitnov, criador do jogo Tetris

Barbie se torna a maior bilheteria da Warner nos EUA