Contato Visceral é daquelas produções que é preciso assistir com bastante atenção para entender as suas metáforas e suas complexas cenas. Dirigido e roteirizado por Babak Anvari, longa tenta dialogar com o público ao contar uma história profunda sobre relacionamento e a rotina na vida de um barman e sua total falta de expectativa na vida profissional e amorosa.
Will (Armie Hammer) é um homem que tinha tudo para ter uma vida empolgante, foi casado, fez faculdade, se relaciona com a bela Carrie (Dakota Johnson), mas vive afundado, trabalhando como barman, e não tem o mínimo amor e respeito por Carrie, sua namorada e que começa a entender quem realmente é Will. O filme é justamente sobre isso, relacionamentos e falta de ambição na vida de Will. Toda aquela metáfora sobre chagas, portal e ritual macabro é justamente para não dar de cara as respostas de bandeja.
A escolha do diretor em esconder a mensagem principal é algo elogiável, pois ao abordar temas como conexões com outro mundo via um portal e o de ter uma entidade nascendo nas chagas de alguém são temas bastante complexos e de difícil análise inicial. Contato Visceral não é um filme fácil de se assistir, ele é perturbador nas cenas rápidas, apresentadas em flashes de segundos, mostrando ou Carrie sem a cabeça, ou com o olho do monstro nos olhando. Há também as baratas, que por si só já são nojentas por natureza, e que estão no filme justamente para mostrar a toxidade de Will, um homem que vai se transformando com o passar do tempo, e com isso vão aumentando também o número de baratas em cena. A ideia é a de dizer que viver com alguém tóxico é o mesmo que viver com um enxame de baratas.
Babak Anvari força em algumas situações para passar sua mensagem, força tanto que acaba fazendo um filme confuso e que não sabe qual caminho quer tomar. Tanto é que o diretor começa a citar várias questões que acabam por perder o público por não entender o que está acontecendo no filme. O telespectador não pensa em destrinchar uma produção depois de a assistir, claro que metáforas são bem-vindas, mas isso quando são bem inseridas. Temas como gnosticismo, portal, chagas, e seres superiores são temas interessantes, mas que não são desenvolvidos ao longo do filme e isso é o que acaba deixando tudo o que é apresentado confuso e sem um aprofundamento necessário.
O elenco tem nomes de peso, como Armie Hammer (Me Chame Pelo seu Nome) sendo o protagonista e Dakota Johnson (50 Tons de Cinza) sendo sua namorada Carrie. A dupla se sai bem, principalmente Dakota que interpreta uma mulher vazia que começa a entender que seu relacionamento está se perdendo, e Hammer, por estar em todas as cenas, prende a atenção do público, mais pela complexidade dos acontecimentos em que seu personagem está inserido.
Há um certo tom de terror psicológico inserido na trama, e que se deve pelo fato de não sabermos o que está acontecendo na vida de Will, nem que ritual maluco que ele acabou se envolvendo ao ligar para Garrett. O segundo ato é bastante rico em nos tentar surpreender com acontecimentos macabros, mas tudo isso se torna em vão com o passar do tempo, pois não há explicação nenhuma para as situações que estão ocorrendo. Fora que cenas de terror, como as cabeças cortadas, são completamente esquecidas no filme, sendo deixadas de lado e praticamente ignorando o fato que eram questões assustadoras e que não foram adiante.
A ideia de Contato Visceral é interessante, mas o problema está em querer fazer algo mais complicado e diferente do que está sendo feito no gênero. Se o diretor colocasse menos elementos simbólicos e mais explicação com certeza o longa seria mais bacana e agradaria mais ao público. Não é um filme ruim, é apenas ambicioso demais, e com um roteiro que não se segura ao longo do tempo, tornando toda a trama chata e cansativa, assim como é a vida de Will no longa.
Contato Visceral (Wounds, EUA – 2019)
Direção: Babak Anvari
Roteiro: Babak Anvari
Elenco: Armie Hammer, Dakota Johnson, Zazie Beetz, Brad William Henke
Gênero: Drama, Horror, Mistério
Duração: 95 min
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