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Crítica | David Lynch: A Vida de um Artista

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•1 de setembro de 2017•6 Minutes

David Lynch é uma figura pública há mais de 30 anos. Desde que Eraserhead estreou nas sessões da meia-noite, em 1979, a fama do cineasta não parou de crescer. Ao longo das quase quatro décadas de carreira cinematográfica, ele colecionou prêmios, construiu uma filmografia sólida, realizou algumas obras-primas e deixou sua marca na história da televisão com o seriado Twin Peaks. No entanto, certas facetas permanecem desconhecidas, pelo menos do grande público. Poucos sabem que ele também é divulgador oficial da meditação transcendental, músico e pintor. Sobre esta última atividade artística, David Lynch: A Vida De Um Artista (David Lynch: The Art Life) oferece uma ótima oportunidade de conhecê-la.

Dirigido por Jon Nguyen, Rick Barnes e Olivia Neergard-Holm, o documentário alterna entre cenas que retratam o cotidiano de Lynch como pintor, vídeos caseiros feitos por sua família quando ele era pequeno e os quadros de sua autoria. Unindo esses três recursos visuais está a narração do próprio cineasta, na qual ele retorna ao passado para descrever a infância, as várias cidades em que morou, os pais, a adolescência, os anos de estudante, as travessuras juvenis, a descoberta da pintura, os estudos, o primeiro casamento, a paternidade e a realização do primeiro longa-metragem. É no ritmo de sua fala pausada, mas sempre precisa, que a narrativa se solidifica.

Sem espaço para as séries de televisão e os filmes (por ser o mais pitoresco, Eraserhead é o único mencionado), a produção é inteiramente dedicada a mostrar como a sua carreira está intrinsecamente ligada ao seu passado. Desde o idílio dos primeiros anos até a realização dos primeiros curtas de animação e live-action, passando pela vocação de pintor e os relacionamentos problemáticos com familiares, amigos e amantes, toda a estrutura do documentário é construída com o propósito de refletir cinematograficamente a completa junção de vida e arte, característica principal do cotidiano de Lynch. Até mesmo as diferenças de textura entre o formato digital, 16 mm e os quadros simbolizam, visualmente, as diversas camadas de reflexão proporcionadas pela combinação da biografia e obra do diretor.

Essa opção estilística vai completamente ao encontro da filosofia por trás do conceito de “the art life” (algo completamente esnobado pelo título nacional). Concebida por Lynch na sua juventude, a expressão resume verbalmente um estilo de vida marcado pela total imersão na arte, chegando a um ponto em que as fronteiras entre diferentes atividades artísticas desaparecem, e pela liberdade incondicional, seja das amarras sociais, seja dos dogmatismos estéticos. Na sua casa, no seu estúdio e na sua vida, o diretor é quem deseja ser. Invariavelmente, essa é uma característica definidora dos grandes homens.

Espectador, saia da sua passividade!

Todavia, o conteúdo do documentário não é constituído apenas de reminiscências e pinturas. Aliás, há aspectos cinematográficos  muito parecidos com os filmes do cineasta. O primeiro é o design de som. Repleto de barulhos misteriosos e canções similares às que são compostas por Angelo Badalamenti, a trilha consegue hipnotizar o espectador, fazendo-o mergulhar em um universo único. O segundo está relacionado ao emprego da câmera lenta, dos planos-detalhe de um inseto ou das gotas de chuva tocando o chão e as imagens oníricas, surrealistas e caleidoscópicas.

Por fim, o último e mais interessante deles diz respeito à sutileza com que Nguyen, Barnes e Holm captam elementos que explicam algumas das escolhas feitas por Lynch em seus filmes. Nas descrições da juventude, é possível enxergar como o fato de crescer em várias cidades dos Estados Unidos lhe deu um profundo conhecimento da imagética norte-americana; através da bondade com que fala de Bushnell Keeper, se entende o porquê de ele ter dado o mesmo nome a um personagem angelical na nova temporada de Twin Peaks; e os pássaros de brinquedo mantidos no seu estúdio fazem referência ao tordo mecânico no final de Veludo Azul. Porém, essas informações não são explicitadas. Pelo contrário, surgem sutilmente e exigem do espectador uma participação ativa, a mesma que Lynch pede nos seus longas.

Dessa maneira, David Lynch: A Vida De Um Artista acaba satisfazendo tanto os cinéfilos quanto aqueles que estão ávidos por conhecer a fundo a figura do artista. Ao fim da sessão, a vontade é de assistir à obra completa de Lynch, visitar os museus que contêm as suas pinturas, mas também de criar, ser livre e autêntico. Não é sempre que mestres abrem as portas para que conheçamos o seu dia-a-dia. Portanto, tratemos de apreciar essa chance, antes que as grades ao redor nos prendam novamente.

Via: Formiga Elétrica

David Lynch: A Vida de Um Artista (David Lynch: The Art Life, EUA, Dinamarca – 2016)

Direção: Jon Nguyen, Rick Barnes
Gênero: Documentário biográfico
Duração: 88 min.

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Redação Bastidores

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