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Crítica | De Repente uma Família – Uma comédia de humor cativante

Se há um diretor em Hollywood a se ficar de olho para aqueles que são fãs de comédia, esse é sem duvidas Sean Anders, diretor de De Repente uma Família e que tem algumas boas produções do gênero em seu currículo como diretor e roteirista. Longas como Pai em Dose Dupla e Quero Matar Meu Chefe 2 são comédias divertidas e inteligentes nas quais o diretor soube trabalhar um roteiro simples sem precisar forçar em nada para que o público dê risada. 

Em De Repente uma Família, Sean Anders faz um dos seus melhores trabalhos se levando em conta roteiro e direção. A produção (inspirada na vida dele mesmo) é simples no jeito de se contar a história, com uma narrativa de fácil assimilação e sem querer enrolar na apresentação da trama. A mensagem é um dos seus grandes acertos. Ao desenvolver o filme, o humor – principal elemento de seus filmes – vai ganhando mais força a partir do momento em que as situações envolvendo a dupla de protagonista vão aparecendo.

Na trama, Pete (Mark Wahlberg) e Ellie (Rose Byrne) decidem que querem ter um filho e para isso recorrem a adoção. Entre a procura pelo filho que julgam ser o ideal se deparam com uma adolescente chamada Lizzy (interpretada pela ótima Isabela Moner) de personalidade forte e cativante. Logo o casal se simpatiza com Lizzy e descobrem que ao a adotar ela terão que levar também seu irmão e sua irmã e então tomam a decisão de adotar o trio. A partir desse momento toda a história é criada em torno dessa nova família e tão logo se conhecem já começam os atritos comuns em quase todos os lares.

Sean Anders faz um ótimo filme autobiográfico e usa sua própria história de vida para criar uma das tramas mais interessantes e engraçadas dos últimos anos. A mensagem em De Repente uma Família é linda, se discute o que é uma família, o preconceito em relação a adoção de crianças e adolescentes. A mensagem é clara: pai e mãe não são apenas aqueles que geram, mas também aqueles que criam. É uma questão bastante relevante, em que se discute o abandono de crianças em que muitas crescem, possivelmente, sem encontrar um lar.

O jeito em que o diretor trabalha esse encontro entre pais de primeira viagem com filhos que eles desconhecem é feito de forma rápida e ágil, sem perder tempo criando tramas secundárias que não acrescentariam nada ao filme, vai direto ao ponto já agrupando os três irmãos na residência e mostrando os conflitos desse novo relacionamento. Há alguns momentos em que a história se torna repetitiva como as várias idas ao grupo de apoio que de início funciona e tira boas risadas, mas depois perde a força por ser algo já visto anteriormente. O mesmo acontece com as birras das crianças que tomam um longo tempo do filme, essas birras são importantes para mostrar que ter filhos, não importa o tamanho deles, é uma tarefa que em alguns momentos é árdua, mas também prazerosa. 

Esses problemas em relação a trama nada atrapalham De Repente uma Família, pois mesmo tendo algumas cenas repetitivas ainda assim é algo tão bem trabalhado que nem se percebe essas questões. O primeiro e segundo ato da produção são bastante interessante em relação a criar toda a estrutura narrativa, lembrando séries americanas de humor com planos abertos e médios e com grande agilidade na hora de cortar a história para outras situações. Não que a trama do filme seja contada de forma corrida e sim no sentido de focar apenas no que é importante e relevante para o longa, sem se alongar além do necessário. Sempre que isso está para acontecer há um corte que leva para outra situação relacionada a anterior.

Uma das principais características das produções de Sean Anders é o humor e em De Repente uma Família é o que predomina. Mesmo tendo uma história carregada de drama o humor tem seu espaço, ele é usado para tirar a carga pesada em relação a um tema que dependendo do jeito que o diretor trabalhasse o roteiro poderia o ter transformado em um drama pesadíssimo. Apenas no terceiro ato que se começa a focar mais na emoção com a revolta de Lizzy em querer encontrar sua mãe biológica. Não teria como fazer humor com o encontro das crianças com a verdadeira mãe sem criar uma carga emocional e por isso é um acerto ir pelo caminho do drama nessa situação. A ideia do diretor é a de se fazer uma comédia que nos dois primeiros atos te faz rir sem parar para depois, no terceiro ato, dizer ao que veio e qual sua real mensagem.  

Um outro acerto é refazer a parceria que deu tanto certo em Pai em Dose Dupla com o ator Mark Wahlberg que não é um ator dos mais espetaculares de Hollywood, mas é esforçado e mesmo não sendo um mestre no quesito atuação é carismático e consegue sim prender a atenção do público. Mark Wahlberg não está no nível de um The Rock, mas por ter esse carisma já mencionado consegue pegar papéis em produções de todos os gêneros. O ator tenta a todo o custo fazer produções de todos os estilos e parece ter se encontrado na comédia. Em Pai em Dose Dupla já havia feito um excelente personagem e em De Repente uma Família novamente rouba a cena, como um pai que a todo custo tenta ser um pai ideal. As cenas de humor ficam melhores com sua presença, com tiradas rápidas e frases bem colocadas dão graça para cenas que possivelmente não dariam em nada. O diretor consegue fazer com que o longa se torne alegre e engraçado, sem precisar forçar no humor empregado e muito disso se passa por Mark Wahlberg que não é exagerado em sua atuação e por isso mesmo as cenas ficam mais leves e divertidas com o ator em cena. 

Comédias sobre famílias desestruturadas há de monte, mas poucos têm uma mensagem tão importante quanto Instant Family (nome original). Seu principal mérito é o de colocar o lar e a relação de pais e filhos como o principal fator para a história se desenvolver, criando uma atmosfera leve e que faça o telespectador pensar a respeito de algumas situações que ocorrem durante a trama. De forma simples e sensível Sean Anders não quer nos emocionar a ponto de fazer chorar, mas sim de fazer rir com situações comuns ao cotidiano de qualquer família e esse é outro acerto do diretor, que concebe uma das melhores comédias dos últimos anos. 

De Repente Uma Família (Instant Family, EUA – 2018)

Direção: Sean Anders
Roteiro: Brian Burns, Sean Anders
Elenco: Mark Wahlberg, Rose Byrne, Isabela Moner, Gustavo Quiroz, Julianna Gamiz, Octavia Spencer, Tig Notaro
Gênero: Comédia
Duração: 117 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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