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Crítica | Dragon Ball – Saga 04: Piccolo Daimaō

A primeira saga mais séria de Dragon Ball já tem seu tom definido pelos primeiros episódios, quando presenciamos a morte de Kuririn após o termino dos torneio de artes marciais. A história de Goku, que aos poucos abandonava sua constante comédia, alcança um ponto crítico que pode ser considerado a última aventura, de fato, do anime e também a última que vemos o protagonista como criança, por mais que, de fato, ele a termine como adolescente.

Ainda que já tenhamos visto Pilaf, O Exército Red Ribbon e Tien, o principal antagonista da série é apresentado neste ponto da história. Piccolo é o primeiro vilão a ser temido pelos personagens, introduzindo este elemento que, a partir daqui, seria recorrente, principalmente em Dragon Ball Z. Tal característica acaba provocando a sensação nos espectadores que Goku pode acabar sendo morto, algo que quase chega a ocorrer no princípio do próximo anime. A derrota do protagonista nos leva à introdução de outro elemento chave dentro da mitologia da franquia: Kami-Sama. Desta forma o anime abre portas para seu futuro ligado à ficção científica, que somente seria explorada efetivamente a partir da saga dos Saiyajins.

É importante ressaltar que neste ponto da história, a similaridade com o mangá original é ainda maior, ao passo que temos poucos fillers presentes dentro da saga. Tal característica é consequência do próprio tamanho do arco na obra original, que foi mais facilmente transposto para a televisão. Apesar disso, este ponto de Dragon Ball já apresentava uma audiência em queda, decorrente das técnicas de animação mais simples utilizadas durante todo o anime – passamos do centésimo episódio e vimos poucos avanços desde o início de sua exibição. Não por acaso, portanto, que o anime acabou sendo encerrado e a história de Goku continuou em DBZ, lançada como outra obra, aproveitando da primeira grande elipse do mangá original de Akira Toriyama.

Aqui vemos a reutilização de um dos pontos recorrentes do anime/ mangá: a transformação de um vilão em aliado do protagonista. Claro que, durante toda a saga, Piccolo é tido como antagonista, mas, na sua última forma (que se mantém pelo resto da obra), ele já não está tão cruel quanto era nos primórdios, ressaltando, dessa forma, o caráter principal da personalidade de Goku: sua bondade. Outro aspecto digno de nota é que aqui vemos o final das lutas mais “táticas”, com diversas estratégias sendo usadas para vencer o oponente, ao invés de uma miríade de poderes. A diferença para os arcos anteriores é a já mencionada seriedade, que toma conta de toda a saga a fim de ser desenvolvida uma maior sensação de urgência no espectador.

A trilha sonora, naturalmente, acompanha o aumento da tensão da trama, com musicas em tom mais dramático. Ainda assim há a constante reutilização dos temas recorrentes, em especial as variações da canção de abertura, o que não chega a combinar muito bem com a atmosfera da saga – esta não é mais aquela aventura descompromissada dos primórdios de Dragon Ball – aqui o destino do mundo está em jogo, isso sem falar na morte de Kuririn, que, desde cedo, define todo o drama do arco. Tais defeitos de produção, contudo, não conseguem tirar a imersão do espectador que é fisgado pelo roteiro desde os episódios iniciais, especialmente pela construção do antagonista que, de fato, simboliza a figura demoníaca, antítese do bondoso Kami-Sama.

A saga de Piccolo já começa a trilhar o caminho que veremos posteriormente em Dragon Ball Z, expandindo os limites da franquia e tornando-a mais seria que nunca. Este é, definitivamente, o trecho mais dramático do anime e uma ideal despedida para Goku criança. Conta com seus deslizes de produção, mas que são disfarçados pela efetividade do texto. É o ponto alto desta primeira animação, que fecha com chave de ouro essa fase de Dragon Ball, dando espaço para sua sequência.

Dragon Ball – Saga 04: Piccolo Daimaō (Japão, 1988)
Episódios: 102-132
Estúdio: Toei
Dubladores: Masako Nozawa, Hiromi Tsuru, Naoki Tatsuta, Kouhei Miyauchi, Daisuke Gōri, Tōru Furuya, Naoko Watanabe, Daisuke Gōri, Mayumi Shō, Mayumi Tanaka, Mami Koyama.
Duração: 20 min (cada episódio)

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Publicado por Guilherme Coral

Refugiado de uma galáxia muito muito distante, caí neste planeta do setor 2814 por engano. Fui levado, graças à paixão por filmes ao ramo do Cinema e Audiovisual, onde atualmente me aventuro. Mas minha louca obsessão pelo entretenimento desta Terra não se limita à tela grande - literatura, séries, games são todos partes imprescindíveis do itinerário dessa longa viagem.

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