Se A Dama da Água já havia sido péssimo, se imaginava que o próximo filme de M. Night Shyamalan seria algo diferente e bom, mas ledo engano. Fim dos Tempos estreou em 2008 e causou muita euforia por se tratar de um filme apocalíptico. Mas o longa é péssimo, só não sendo o pior de sua carreira porque logo depois viriam atrocidades como Depois da Terra.
Logo no início acompanhamos diversas situações misteriosas. Duas mulheres sentadas no parque estão conversando, quando uma delas começa a ouvir gritos e logo em seguida vê pessoas pararem por alguns segundos, e nesse tempo sua amiga pega um acessório de cabelo e começa a se mutilar. Corta para uma construção em que alguns homens começam a se jogar do telhado, em uma cena que talvez tenha sido colocada lá mais para chocar e dar esperanças de que seria um filmaço de terror.
Seguindo esses fatos somos apresentados aos personagens principais, Elliot Moore (Mark Wahlberg) professor de ciências e em seguida sua esposa Alma (Zooey Deschanel). Eles são casados e vivem uma crise conjugal que não foi bem desenvolvida na história. Ambos, junto com um outro professor amigo de Elliot (vivido por John Leguizamo) e sua filha, estão fugindo da cidade para escapar do que está sendo descrito pela imprensa como um “ataque terrorista”, e nisso várias situações vão acontecendo durante o percurso. Tudo sem explicação certa, apenas achismos do que poderia ser aquilo. Até que um homem diz que tudo está sendo feito pelas plantas.
Descobrimos então que as plantas, seres que ajudam nós humanos a viver, estão soltando uma neurotoxina capaz de deixar as pessoas em estado de zumbi, deixando-as paralisadas e as manipulando para cometer em muitos casos suicídios em massa. Essa neurotoxina é transportada pelo vento e na maioria dos casos atinge uma grande população. Seria um método de autodefesa, com as plantas vendo a raça humana como uma grande ameaça.
A história é fraca, chata e muito mal roteirizada, além de não ter uma explicação clara e nem ter lógica. Tudo que ele pode fazer para nos confundir, faz. Joga situações sem as desenvolver, não há clímax, apesar de ficarmos a todo tempo achando que teria uma virada na trama. Nada acontece e isso decepciona bastante. Shyamalan não sabe se faz um filme de terror, de ficção científica ou um filme denúncia de destruição do meio-ambiente (no início Elliot pergunta aos alunos porque as abelhas estão morrendo e sua importância para o meio-ambiente).
Diferente do filme A Vila, onde que todos os personagens tinham alguma função e eram bem desenvolvidos, em Fim dos Tempos parece que não há sintonia entre os personagens. E os atores que os interpretam não fazem muito esforço para fazer uma atuação melhor do que podem. A criança parece que está lá só por estar, não abre a boca uma vez se quer. O papel de Zooey Deschanel é horrível, só sabe chorar e lamentar. Nem Mark Wahlberg se salva; sua atuação até que é boa, mas o personagem é sem sal e sonso, e os closes diretos em seu rosto irritam demais.
É estranho um diretor que começou a carreira tão bem iniciar um caminho que mais beira a um abismo. Não abandonou o cinema de massa, mas fazia obras que queriam filosofar demais e acabava não falando nada. Só ele parece ver sentido nesse filme.
Shyamalan podia ter feito um longa ao estilo de O Abrigo em que os personagens se escondem de algo que não conhecem e é muito bem roteirizado e dirigido. Fim dos Tempos foi vendido como um triller apocalíptico, mas em alguns casos parece mais uma piada de mal gosto e sem sentido. Se você tiver Netflix e esse filme estiver a disposição no catálogo, passe longe dele.
Fim dos Tempos (The happening, EUA – 2008)
Direção: M. Night Shyamalan
Roteiro: M. Night Shyamalan
Elenco: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo,
Gênero: Ficção Científica, Thriller
Duração: 130 minutos