Guerra e Revolta chega ao catálogo da Netflix
“Guerra e Revolta”, dirigido por Kim Sang-man e com roteiro coescrito pelo renomado Park Chan-wook, é um épico de época ambientado durante a dinastia Joseon na Coreia. Protagonizado pelo astro coreano Gang Dong-won, o filme narra a jornada de um ex-escravo que se transforma no líder de uma rebelião. É um filme que mistura ação, política e drama em uma narrativa que, apesar de seus pontos altos, também traz alguns tropeços.
Se você busca um filme para curar o terrível tédio do fim de semana, “Guerra e Revolta” pode ser uma boa escolha. Com uma cinematografia de tirar o fôlego e cenas de luta impressionantes, ele tem seus momentos de brilho. Mas, como todo épico, há pontos que não convencem tanto e que valem uma análise mais detalhada. O filme está disponível na Netflix.
Ponto alto: cenas de ação impressionantes e valores de produção
Uma das coisas que mais me chamaram a atenção em “Guerra e Revolta” foi a sua beleza visual. O diretor de fotografia Ju Sung-lim fez um trabalho incrível, capturando os detalhes de cada cena com uma riqueza que te deixa de queixo caído. Seja nos campos de batalha ou nas paisagens da Coreia feudal, cada enquadramento parece uma obra de arte.
As cenas de luta são outro destaque. A coreografia é meticulosamente desenhada e, apesar da violência gráfica com muita espada e sangue para todos os lados, você percebe uma elegância nos movimentos. O clímax do filme, que acontece em uma praia deserta envolta em névoa, é simplesmente espetacular. É uma dessas cenas que ficam na memória por muito tempo, principalmente se você é fã de bons duelos.
Ponto fraco: falta de ritmo e de profundidade
Agora, vamos falar sobre os problemas que “Guerra e Revolta” enfrenta, especialmente quando se trata do ritmo e do desenvolvimento dos personagens. A história começa com uma execução pública, lançando o espectador diretamente no conflito que moldará todo o enredo. No entanto, o filme rapidamente perde essa energia inicial.
A amizade entre os dois personagens centrais, Cheon-yeong (Gang Dong-won) e Jong-ryeo (Park Jeong-min), que deveria ser o coração emocional da trama, acaba soando um pouco superficial. A química entre os personagens simplesmente não convence, e o motivo pelo qual eles se tornam amigos nunca é bem explorado. Isso faz com que a transição de aliados para inimigos perca parte de seu peso dramático.
Além disso, embora “Guerra e Revolta” tenha uma boa dose de ação e emoção, o ritmo às vezes parece apressado demais. Sabe quando você sente que o filme poderia ter se aprofundado mais em certos pontos, mas tudo é resolvido rapidamente para seguir em frente? A sensação é essa. Talvez essa seja uma daquelas histórias que funcionariam melhor como uma série de TV, onde haveria mais espaço para explorar as nuances e complexidades dos personagens.
Comédia forçada não ajuda Guerra e Revolta
Outro ponto que merece ser discutido é a direção de Kim Sang-man, que nem sempre parece estar no controle da narrativa. As transições entre as cenas e as linhas do tempo são um pouco confusas, o que pode atrapalhar o entendimento de onde estamos na história. Parece que, em alguns momentos, a trama se perde em sua própria complexidade.
O filme também tenta inserir elementos cômicos em meio ao caos, mas esses momentos acabam parecendo forçados e fora de lugar. Não é que o humor não possa coexistir com a ação e o drama — afinal, isso já foi feito com sucesso em muitos filmes. Mas, em “Guerra e Revolta”, a tentativa de equilibrar esses elementos simplesmente não funciona como deveria.
O filme enche os olhos
Apesar desses problemas, é inegável que “Guerra e Revolta” é um filme tecnicamente bem feito. A produção é de alta qualidade, com figurinos e cenários que realmente transportam o espectador para o período histórico da dinastia Joseon. Além disso, a ausência de um uso exagerado de CGI é um alívio. Hoje em dia, é difícil ver um filme de ação que não dependa inteiramente de efeitos visuais, e “Guerra e Revolta” se destaca por manter uma abordagem mais tradicional e realista.
O filme também explora, de forma sutil, direções de arte que fazem referências a traços culturais e egoístas dos personagens. Esses pequenos detalhes são divertidos de detectar para quem está atento, mas acabam não sendo completamente desenvolvidos ao longo da trama.
Gang Dong-won: o nome do filme
Um grande acerto de “Guerra e Revolta” é a performance de Gang Dong-won. Ele entrega uma atuação poderosa como Cheon-yeong, trazendo uma intensidade e uma fisicalidade que dão vida ao personagem. Mesmo que o roteiro não ofereça a profundidade que gostaríamos, Dong-won consegue elevar o material com seu talento e presença de tela.
É quase impossível não se impressionar com as habilidades de luta de Gang Dong-won. Ele se move com uma precisão incrível durante as cenas de ação, e sua interpretação de um líder rebelde é o que dá alma ao filme. É seguro dizer que, sem ele, “Guerra e Revolta” perderia boa parte de seu impacto.
Então, vale a pena ver Guerra e Revolta?
“Guerra e Revolta” é um filme que se destaca pelos seus visuais, cenas de ação bem coreografadas e a atuação de Gang Dong-won. Não é perfeito — sofre com problemas de ritmo, desenvolvimento superficial dos personagens e uma direção que às vezes se perde. Mas, se você gosta de épicos de ação com um toque histórico, há muito o que aproveitar aqui.
Para aqueles que já são fãs do gênero ou que procuram uma experiência visualmente deslumbrante com boas cenas de luta, “Guerra e Revolta” é uma escolha sólida. Pode não ser uma obra-prima, mas é um filme que entretém e, no final das contas, vale as duas horas investidas. Se você estiver disposto a ignorar alguns de seus defeitos, ele certamente irá proporcionar um bom entretenimento.