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Crítica | Guerra Fria - A melancolia do amor

Gabriel Danius Gabriel Danius
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•13 de janeiro de 2019•7 Minutes

Pawel Pawlikowski é um dos grandes expoentes do cinema Polonês atualmente. Já havia feito um belíssimo trabalho em Ida, tanto que recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro, com uma trama humana e sensível. E parece que o diretor gostou de trabalhar tramas nesse estilo e usa o mesmo formato que o consagrou agora no excelente Guerra Fria.

Diferente do que fez em Ida, em que abordou o passado, Pawel busca em Guerra Fria um jeito de trabalhar o futuro, mas isso contando a história do longa com base na Polônia stalinista e seguindo os protagonistas por todo o período da guerra fria, e apresentando as transformações que cada um irá vivenciar ao longo do tempo. A trama segue Wiktor (Tomasz Kot), um homem enviado até uma região remota da Polônia para encontrar novos talentos no campo da dança e da música, e é nesse cenário que Wiktor se apaixona a primeira vista por Zula (Joanna Kulig). 

O amor entre os dois personagens é uma das coisas mais lindas em relação a um romance já presenciada ultimamente no cinema. Pawel cria uma paixão que tinha tudo para ser duradoura e por causa de circunstâncias da vida acaba por tomar outro rumo. O diretor aborda as idas e vindas entre os dois, os encontros e desencontros que acabam ocorrendo ao longo de um dos períodos mais sombrios da humanidade, que foi a guerra fria.

O foco central do roteiro é o romance dos protagonistas, mas esse amor, entre Wiktor e Zula, serve apenas de pano de fundo para mostrar como funcionava o regime totalitário de Stalin, em que pessoas iam embora de certas regiões para fugir da pobreza, também mostra os espetáculos que eram regidos apenas para fazer uma ode ao líder da URSS e para também denunciar práticas abusivas que ocorriam durante o regime, esse último aspecto fica claro na cena em que Wiktor é preso por um motivo banal. 

Outro foco que a trama trata, de forma secundária, é a respeito da música e da dança como expressões artísticas usadas como forma de superar a pobreza e de dar um jeito de sair da região e viver em grandes polos culturais, como Paris. Obviamente que a ideia em se mostrar o grupo de cantoras realizando o tour por várias regiões e cantando letras nacionalistas, era o de apresentar o real motivo para que as auditorias fossem feitas nas regiões remotas e também para desenvolver mais o amor entre Wiktor e Zula. Ele a cada momento que a via cantar era como se sua paixão só aumentasse por Zula. 

A ideia do diretor, em relação a narrativa, era a de picotar o jeito que conta o romance entre os dois. Isso ocorre bastante a partir do momento que os anos vão passando. É um artifício interessante que Pawel usou para não precisar se alongar nos períodos, os cortando e mostrando os protagonistas se encontrando de tempo em tempo e apresentando as mudanças que vão ocorrendo. Esse jeito em contar a história ajudou a dar maior brilho e agilidade ao roteiro.

A estética de Guerra Fria é outra das belezas encontrada na produção. O jeito que o diretor escolheu para contar a história foi usando o preto e branco, algo que já havia trabalhado em Ida. Uma ideia interessante e que deixa todo o romance entre os personagens mais belo, além de dar um ar mais triste para todos os acontecimentos que vão sendo mostrados. Outro fator que deixa o longa mais lindo são as belas canções, principalmente as cenas em que o coral aparece cantando. 

O final é de uma beleza e de uma tristeza que impressionam. A tristeza é em relação a decisão tomada pelos dois, que querem continuar juntos mas não encontram nenhum jeito disso acontecer e a beleza é não em relação ao ato praticado, mas sim no jeito que a cena foi montada. É como se o filme todo tivesse sido preparado para ser fechado com uma cena linda, em que os dois se encontram, olhando para o nada e conversando.

Este diálogo final é fantástico, simples e melancólico, é como se o diretor estivesse dizendo que mesmo com suas imperfeições e com as barreiras que surgiram pelo caminho o amor e a paixão entre os dois é algo atemporal, daí que vem o motivo pelo diretor ter picotado tanto a narrativa e contando como o relacionamento ocorreu através do tempo, pois não importa o período que tenha passado, se o destino quis que ficassem juntos não há nada que possa afastá-los. 

Há uma grande similaridades entre a direção de Pawel Pawlikowski com a do diretor sueco Ingmar Bergman. Primeiro pela estética em preto em branco, segundo pelo jeito que trabalha os personagens, principalmente a figura feminina encarnada em Zula. Os dramas humanos e o romance entre os dois também é algo bastante similar ao que Ingmar fazia em seus filmes. Pawel ainda não está aos pés do mestre sueco, mas está no caminho certo e Guerra Fria é um grande exemplo disso.

Este filme foi assistido na Mostra Internacional de São Paulo. 

Guerra Fria (Zimna wojna, Polônia – 2018)

Direção: Pawel Pawlikowski
Roteiro: Pawel Pawlikowski, Janusz Glowacki, Piotr Borkowski
Vozes originais: Joanna Kulig, Tomasz Kot, Borys Szyc, Agata Kulesza, Cédric Kahn, Jeanne Balibar, Adam Woronowicz, Adam Ferency
Gênero: Drama, musical, romance
Duração: 88 minutos

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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