Julia Roberts é sem dúvida alguma um dos grandes ícones de sua geração. A atriz marcou época nos anos 90 por fazer, principalmente, comédias românticas que até hoje são lembradas pelos fãs do gênero. Em Uma Linda Mulher (1990) apareceu belíssima para o mundo fazendo par romântico com Richard Gere, seguindo a esse filme vieram outros sucessos, como O Casamento do Meu Melhor Amigo (1997) e Um Lugar Chamado Notting Hill (1999), após um longo hiato de duas décadas a atriz retorna ao gênero no divertido Ingresso para o Paraíso (Ol Parker).

Porém, mesmo com tantas rom-coms de sucesso em que atuou nos anos 90, sendo uma sucessão delas sendo recebidas com um tom positivo pelo público e pela crítica, Julia Roberts resolveu se afastar das rom-coms por um longo período por não encontrar um roteiro que não lhe agradasse. Entre essas duas décadas longe do gênero que a consagrou, a atriz contou com algumas participações em romances sem relevância, como Comer Rezar Amar (2010), e o que a fez mudar de ideia em atuar em Ticket to Paradise foi o agradável roteiro da dupla Ol Parker e Daniel Pipski, além é claro, da sua amizade de longa data com George Clooney.

É de conhecimento público que George Clooney e Julia Roberts são amigos há muito tempo, e em Ingresso para o Paraíso voltam a trabalhar juntos depois de cinco anos, sendo o último filme que a dupla contracenou junto foi Jogo do Dinheiro (2016).

A trama de Ingresso para o Paraíso lembra bastante a de muitos filmes do gênero produzidos nos anos 90 – não à toa a escolha de Roberts e Clooney como protagonistas – em que Georgia e David são um casal que está separado há uns vinte anos. São daqueles casais que não se suportam e quando se encontram sempre discutem, mas terão de se aguentar em várias situações atípicas que o destino irá proporcionar, primeiro quando sua filha Lily (Kaitlyn Dever) se forma na faculdade, e depois quando ela abruptamente viaja para Bali e decide rapidamente se casar com um balinês local, chocando seus pais.

O confronto ácido entre o ex-casal que não se suporta dá a direção para a narrativa, e mesmo sendo óbvio em alguns momentos o que irá acontecer, ainda assim é muito gostoso de acompanhar Roberts e Clooney trabalharem juntos novamente em um papel cativante. Os dois já são carismáticos, algo que ajuda bastante a prender a atenção do público, e os personagens escritos a dedo ajudou a dar uma dinâmica maior para a dupla.

Essa relação entre os dois astros é explorada ao máximo, transformando a carismática e talentosa Kaitlyn Dever quase como uma figurante tamanho os vários planos que o casal surge em cena. O roteiro, obviamente, acerta em dar bastante espaço para os dois, pois tanto Clooney quanto Julia Roberts são os principais destaques da trama, e além de estarem ótimos em cena, leves e engraçados, há um atrativo a mais que é o fato de a direção de Ol Parker saber o que quer desde o início, e assim não querer inventar a roda no meio do caminho, como algumas produções desse formato costumam fazer e se atrapalham em tocar a narrativa.

Quanto a mensagem, ela é clichê sim, mas até que é bonita. Georgia e David tem certeza que foi um erro terem se casado muito jovens, e além de se odiarem, não querem o mesmo futuro para a filha. Na realidade não querem ver Lily morando em um lugar longe dos EUA e largando a advocacia. Porém, com um curto período na ilha, os dois, percebem que perderem um tempo de ficarem eles mesmos juntos como um casal e essa é a moral da história, que tudo poderia ter sido resolvido com uma boa conversa e que atritos surgem em qualquer relacionamento, mas que o amor sempre prospera.

Ingresso para o Paraíso  pode não ser considerado um dos grandes filmes do currículo de Roberts, mas sem dúvida é uma divertida história de amor e que deve ser levada em conta quando for pensada em como a atriz voltou a trabalhar no gênero, e tomara que não pare de surgir roteiros de rom-coms de qualidade para que ela – e nem Clooney – possam trabalhar em um formato que ainda pode trazer muito entretenimento para o público.

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Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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