em ,

Crítica | Liga da Justiça da America vol 2 #1-#7 – Rastros do Tornado (2006)

Em 1996, Mark Waid e Fabia Nicieza escrevem o arco Pesadelos de Verão,história que serviria como prólogo para a nova HQ da Liga da Justiça. Pela primeira vez desde a Crise das Infinitas Terras tínhamos a reunião dos 7 magníficos da DC Comics. A história dois roteiristas não foi algo épico, mas deu uma ótima base para Grant Morrison,e a partir dela o escritor fez uma das fases mais elogiadas da equipe, retomando idéias que eram do início da equipe na Era de Prata e aplicando alguns dos conceitos que ele gostava. A fase de Morrison na revista durou até a edição #41. Depois saída do roteirista, outros grandes nomes passaram pelo título como por exemplo o próprio Waid e outros como John Byrne, Chuck Austen e Kurt Busiel, mas que infelizmente não conseguiram impedir que mais uma vez a Liga tivesse uma queda.

Em 2004 foi chamado o escritor Brad Meltzer que era famoso na época por escrever histórias de policiais, para escrever a saga Crise de identidade. A trama fala da morte da esposa do Homem- Elástico, Sue Dibny, e revela uma história guardada por alguns membros da liga que envolvia um antigo vilão da equipe, o Doutor Luz. O arco acabaria por abalar a moral da equipe, mas também levantou a moral da Liga. Além disso esse arco teria uma importante função dentro da própria DC, pois teria ramificações que iriam servir para a próxima grande Crise que iria envolver todo o universo da editora. A obra foi denominada como Crise Infinita e iria envolver mais uma vez o antigo conceito de Multiverso, uma tema que não era tratado desde a saga Zero Hora, e seria escrito por Geoff Johns. A intenção desse arco era consertar alguns problemas de continuidade que a Crise nas infinitas terras . E logicamente tudo isso traria mudanças para a Liga da Justiça

Primeiro foi escrito uma contagem regressiva para a trama, onde o ex-assessor da Liga, Maxwell Lord consegue controlar um satélite criado pelo Batman para monitorar os heróis, visto que depois de Crise de identidade ele não confiava mais neles, e ativa o projeto Omac que tem a intenção de atacar metahumanos ao redor do mundo. Ted Kord, o Besouro Azul, descobre tudo e acaba sendo morto por Lord. Este depois controla mentalmente o Superman e faz com ele quase mate o Batman. Vendo isso, Mulher Maravilha acaba por matar Lord, o que é mostrado para o mundo todo, o que piora a situação dentro de um time que praticamente estava nas últimas Chegamos então a Crise infinita, onde Alexander Luthor Jr da Terra 3, Superboy Primordial, Superman da Terra 2 e Lois Lane da Terra 2 que decidem trazer de volta a antiga terra desses dois últimos. Porem, Alexander engana os parceiros, pois seu real plano é trazer de volta o Multiverso e achar uma terra perfeita. A Liga da Justiça decide então confrontar o vilão, mas quase acaba derrota-la, devido a quebra da confiança existente entre os membros.

O confronto abalou muito a Trindade da DC. Batman, Superman e Mulher Maravilha começam a questionar os seus papéis como heróis. No caso do Homem de aço a situação era ainda pior, pois começava-se a questionar o papel dele como líder e como fonte de inspiração. Um reflexo disso é a frase que é dita a ele pelo Homem Morcego: ”A última vez que você inspirou alguém foi quando estava morto”.Após a Crise, os 3 personagens decidiram se retirar por 1 ano, para poderem repensar todos os seus atos e se reavaliarem. Com a Liga sem seus 3 principais líderes e seus membros sem confiança entre si, a revista iniciada por Grant Morrison é cancelada. Mas a LJA não ficaria encerrada por muito tempo, pois no evento 1 ano depois, que é uma sequência da crise, Trindade retorna e seria através deles que a DC decide mais uma vez reformular a sua maior equipe.

Brad Meltzer, com moral dentro da editora, ficara responsável por essa nova reestruturação. No início da trama vemos Superman, Batman e Mulher Maravilha reunidos olhando fotos de heróis conhecidos, e fazendo uma votação entre o trio para decidir quem iria ser incorporado a nova equipe. Paralelo a isso, vemos o retorno da alma de John Smith para um corpo humano, com a ajuda do fantastma de Boston Brand, Deadman. Porém, era tudo uma armação do feiticeiro Felix Fausto, que esta trabalhando para o Solomon Grundy, que tem planos para John. Também trabalhando para o monstro esta o Dr Ivo, que esta construindo outro Amazo, e pra isso conta a ajuda dos vilões Tridente e Doutor impossível, que roubam o corpo do androide, e que estão sendo controlados por pequenas starros. Cabe a Trindade se unir a outros heróis ( Vixen, Lanterna Verde, Arsenal, Raio Negro, Mulher Gavião, Canario e o próprio John Smith) para deter o plano.

Crise Infinita veio para tentar reacender o os conceitos que eram comuns na DC pós crise, e uma das coisas que aconteceu pós essa saga foi a tentativa de fazer com que seus heróis mais uma vez se tornassem uma inspiração, algo que não estava acontecendo a algum tempo. Meltzer  ao escrever essa história tinha a intenção de lembrar ao leitor porque ele ama a Liga, e porque ela se tornou a maior equipe de super heróis. Temos de volta os personagens que querem ser heróis, que querem voltar a serem símbolos de esperança,  deixando o passado para trás, no qual  estavam a fazer coisas por conta própria sem pensar nas consequências. Outra coisa importante que o escritor fez foi retomar a ideia de amizade que era intrínseco a Liga da Justiça,e  que havia se perdido, pois antes os heróis estavam tendo uma relação muito mecânica, apenas se juntando para batalhar juntos e apenas isso. Era preciso mostrar que mais do que apenas um time que se juntava para derrotar vilões, eles eram parceiros.

Mesmo tentando restaurar o otimismo, ainda sobrava um pouco de desconfiança, sendo exposta, é claro, na figura do Batman. Na hora que a Trindade se reuniu para discutir quais seriam os possíveis membros para a nova Liga, cada um vontade de acordo com aquilo que acredita. Superman escolhia heróis de acordo com a afinidade, típico de um escoteiro. Mulher Maravilha, sendo uma guerreira, escolhia aqueles que poderia servir taticamente para o time. Já o Batman, ainda meio pessimista devido ao que descobriu em Crise de Identidadevotava em quem poderia ser mais confiável. É interessante notar que um dos personagens que sofreu rejeição do Morcego foi Hal Jordan, que acabara de ser renascido pelo escritor Geoff Johns. Diana e Clark defendem o Lanterna dizendo que ele é amigo, mas Bruce afirma que a muito tempo ele não era. Foi algo bacana Meltzer ter retornado com essa antiga rixa entre esses dois personagens, algo que foi muito comum durante as histórias pré crise.


Meltzer
tem sabe muito bem coordenar o roteiro da história, fazendo a história fluir desde a comédia, até o drama, e colocando diversas reviravoltas que deixam o leitor não perder o interesse hora nenhuma. A carga dramática fica por conta da escolha do Tornado, e tem inclusive um pouco de teor filosófico. Será que a escolha dele em virar humano teve os motivos certos? Sera que ele já não era humano quando androide? Uma pegada meio Blade Runner que fica bem legal. As cenas de ação também são bastante excitantes. O roteirista trabalha com 3 pontos, Lanterna, Arsenal e Canario indo procura o corpo do Tornado, e Vixen e Raio Negro tendo que enfrentar, sozinhos, os capangas de Ivo. Isso era muito comum no início da Liga, no inicio dos anos 60, heróis trabalhando separados para depois se unirem para enfrentar a grande ameaça, ou seja, Meltzer deixando claro quais eram as intenções dele. E pra dar uma ênfase melhor no que ele pretende, ele escolhe como vilões Ivo, Amazo, e ainda faz referências a Starro esses dois que apareçam na terceira aparição da liga na revista The Brave and Bold, o terceiro foi o primeiro grande vilão LJA.

A arte ficou por conta de Ed Benesque antes tinha feito  os desenhos da revista do Superman, que foi cancelada depois da Crise Infinita, e das Aves de Rapina. E igualmente ao roteiro, a arte de Benes é deslumbrante, ele é desenha dando atenção a todos os detalhes, e consegue dar um ótimo realismo a todos os quadros. Em todas as 7 edições ele consegue nos proporcionar momentos belíssimos, como por exemplo a cena inicial onde aparecem os escudos da Trindade, uma cena que merecia um quadro de tão bela. A também um pouco de gore dentro do arco, como exemplo a luta entre John Smith e Grundy, onde este último arranca o braço do herói, deixando a coisa bem feia. Ed também deixa aqui uma de suas características mais criticadas, a hiper sexualização das heroínas, algo que acompanhava o desenhista desde Aves de Rapina.

Os Rastros do Tornado foi uma ótima reconstrução da maior equipe de super heróis da história. Com uma história envolvente, divertida e também alucinante, Brad Meltzer conseguiu recuperar a confiança do leitor na equipe, e fez a Liga da Justiça voltar a ter bons números de vendas. Infelizmente a passagem dele pelo título seria rápida, saindo no volume #12, porém ele cumpriu bem a sua missão, e os fãs da DC guardam com carinho sua curta mas valiosa passagem pela revista da LJA.

”A melhor parte da Liga é que ela é maior do que todos nós”-Batman

Liga da Justiça da América: O Rastro do Tornado (Justice League of America Vol.2 #1 a 7: The Tornado’s Path) — EUA, 2006
Roteiro: Brad Meltzer
ArteEd Benes
Arte-final: Sandra Hope (com Mariah Benes na edição #3 e 4 / com Ed Benes na edição #5 e 7)
Cores: Alex Sinclair
Letras: Rob Leigh
CapasEd Benes, Mariah Benes, Alex Sinclair, Peter Steigerwald
Editor-Chefe: Jeanine Schaefer, Eddie Berganza
Editora: DC Comics

Texto escrito por Raphael Aristides

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

Perfil oficial da redação do site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Crítica | Liga da Justiça – Pesadelo de Verão (1996)

Crítica | O Bravo e o Audaz #28-#30 – O Nascimento da Liga da Justiça