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Crítica | Magnífica 70 – 2ª Temporada – Exibição Especial

Além da estreia exclusiva do piloto de Westworld, o Bastidores conferiu o primeiro episódio da segunda temporada de Magnífica 70, uma produção original da HBO Latin America que mostrou-se um dos produtos mais criativos e originais da safra nacional do ano passado. Partindo da premissa empolgante de se ter um agente da Censura levando uma vida dupla como cineasta pornô aspirante, a série

Surpreendendo em seus minutos iniciais, o episódio traz um súbito salto de 18 meses, levando o espectador para um momento distinto onde encontramos os personagens em situações diferentes. Vicente (Marcos Winter) trabalha no roteiro e direção de dois filmes: uma produção ufanista sob ordem do comitê da censura e um longa com pretensões mais artísticas; um serviço tão pesado que discutir consigo mesmo é um hábito comum para o sujeito. Seu sócio Manolo (Adriano Garib) também continua na produção de longas ao lado de Vicente na Magnífica 70, dessa vez lidando com a chegada de seu filho indesejado e um romance com Isabel (Maria Luísa Mendonça). Por fim, temos o retorno de Dora Dumar (Simone Spoladore), que surge viciada em drogas e totalmente desequilibrada para espionar a produção sob chantagem dos militares.

É uma estratégia interessante e moderna que deixa o espectador propositalmente confuso, à medida em que vai se acostumando ao novo setting da série e as situações estranhas de seus protagonistas. O arco de Vicente, em especial, promete trilhar uma jornada de conflito interno semelhante à de Birdman ou as comédias existenciais de Charlie Kauffman, e Winter mantém sua performance sólida e ganha material interessante para trabalhar; sua longa cabeleira agora substitui o cabelo lambido da primeira, e isso por si só já diz muito sobre o personagem e sua constante evolução.

Sua interação com Manolo e Isabel continua divertida, especialmente pelo timing certeiro de Garib e a nova persona que Mendonça traz para Isabel, que surge aqui muito mais forte e interessante. Claro que a trama de Dora quanto a sua chantagem para espionar seus ex-colegas soa um pouco artificial, mas traz um bom vislumbre do que pode tornar-se nos próximos episódios – e Spoladare se sai muitíssimo bem em traçar um retrato decadente, ainda que inevitavelmente magnético, de Dora. A subtrama que envolve o irmão e a chegada da “família” de Manolo soam mais como um filler destoante do que algo realmente construtivo, mas é absolutamente divertido acompanhar as cenas em que todos os núcleos se misturam no set de filmagem, ponto alto da série até então.

Assim como na temporada anterior, deve-se reconhecer o capricho da produção. A direção de arte segue criativa e eficiente em sua recriação dos anos 70, mantendo a estética colorida e vibrante que vimos em longas como Boogie Nights e até mesmo o recente Vício Inerente. A direção de fotografia também abraça o ruído e imperfeição da película para uma experiência que soa nostálgica e de época, tudo novamente sob o comando do diretor Claudio Torres e da produtora Maria Angela de Jesus. Uma série plasticamente perfeita, e acima do padrão de produções nacionais.

Magnífica 70 tem um bom início de temporada e promete manter a mesma linha de eficiência e diversão que sua anterior, levando seus carismáticos personagens a cantos misteriosos e curiosos.

A segunda temporada de Magnífica 70 estreia em 2 de Outubro na HBO, às 22h.

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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