Crítica | Mergulho Noturno – Um terror genérico e superficial

Mergulho Noturno decepciona que mal parece uma obra da Blumhouse, mesmo com James Wan como produtor.

Se há um gênero capaz de se reinventar entre as diversas produções lançadas todos os anos, esse é, sem dúvida, o do Terror. Filmes como Corra! (2017) e Fale Comigo (2023) podem não ter uma história inovadora, mas trazem uma premissa original e de qualidade, conquistando o espectador.

Tal fato não se pode dizer de Mergulho Profundo, longa dirigido por Bryce McGuire e inspirado em seu curta-metragem “Night Swim”, de 2014. Ao contrário, apresenta um roteiro genérico, sem ter nada de brilhante ou impressionante.

A trama conta a história de uma família que se muda para uma nova casa mal-assombrada, mas, nesse caso, não é a casa em si que é amaldiçoada, e sim a piscina, ou a água que a banha. Ao longo da história, surgem espíritos à beira da água que aparecem e desaparecem com a mesma rapidez e brinquedos se movendo sem ninguém tocá-los.

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Olhando rapidamente a sinopse, até dá para imaginar que possa ter um roteiro decente, mas depois dos primeiros trinta minutos assistidos, fica aquela impressão de que a produção não traria nada empolgante. Night Swim (nome original) está recheado dos mais diversos clichês do gênero, como o da casa mal-assombrada, os sustos óbvios envolvendo espíritos ou algum outro tipo de entidade, e a história da família comum que se muda para uma nova residência por qualquer motivo aleatório e se vê envolvida em uma trama intrínseca de suspense e horror.

O roteiro de Bryce McGuire e Rod Blackhurst frustra as expectativas do público em relação ao suspense, que deveria ser um elemento central da narrativa, mas se transforma em um puro tiro no vazio devido à sua concepção mal elaborada. Em nenhum momento, há uma imersão efetiva no terror, deixando a trama ainda mais vazia do que inicialmente parecia ser.

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Outro problema evidente no roteiro foi a escolha de abordar o terror familiar. Muitas dessas produções do gênero optam por explorar o ciclo familiar para desenvolver sua narrativa, no entanto, ao contrário de Invocação do Mal (2013), que executou esses elementos com maestria. O longa mais se assemelha a uma versão de baixa qualidade de Terror em Amityville (1979), carente de excelência no roteiro e desprovido de momentos realmente assustadores.

O drama pessoal enfrentado por Ray Waller (interpretado por Wyatt Russell), um jogador de beisebol que sofreu uma lesão grave no joelho, depende de uma construção adequada. Ray percebe que a água da piscina começa a curá-lo e desenvolve um certo apreço pelo ambiente, a exploração desse drama específico deixa bastante a desejar. Sua esposa, Eve Waller (Kerry Condon), também tem seu papel reduzido a uma representação genérica de uma mãe de família que tenta superar o ser maligno que reside em sua casa. A falta de profundidade nesses cenários compromete ambos os enredos, impedindo que alcancem todo o seu potencial emocional e narrativo.

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Mergulho Noturno decepciona que mal parece uma obra da Blumhouse, mesmo com James Wan como produtor. Nem mesmo a presença de Wan consegue resgatar a trama do completo vazio. O filme tinha potencial, como visto no primeiro ato, porém, esse potencial foi desperdiçado, e infelizmente, o diretor não soube explorar devidamente as tramas e subtramas apresentadas.

Mergulho Noturno (Night Swim, EUA – 2024)

Direção: Bryce McGuire
Roteiro: Bryce McGuire, Rod Blackhurst
Elenco: Wyatt Russell, Kerry Condon, Amélie Hoeferle, Gavin Warren, Jodi Long
Gênero: Terror, Suspense
Duração: 98 min

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Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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