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Crítica | Narcos – 2ª Temporada

Após o sucesso da primeira temporada, era óbvio que haveria uma segunda temporada de Narcos. Se na primeira vimos a ascensão de Pablo Escobar (Wagner Moura), na segunda vemos a sua queda. Além da mudança de foco -enfim, há um protagonista – , há uma melhoria narrativa gritante.

Ainda acompanhamos tudo na visão de Steve Murphy (Boyd Holbrook), de como todos decidiram declarar guerra a Escobar e a queda do cartel de Medellín, enquanto os outros narcotraficantes aumentavam a sua influência.

Os arcos são muito mais interessantes, o desenvolvimento dos personagens é mais eficiente e a série se torna muito mais objetiva. Como na primeira temporada, Murphy estava aprendendo sobre a política colombiana e suas burocracias, a série perdia muito tempo para explicar como funcionava. Como já tinha deixado muito claro na temporada passada como era o cenário político e social, a segunda já mostra tudo de maneira direta.

Parece que escutaram todas as críticas que haviam na primeira e melhoraram de maneira gritante, deixando claro que o protagonista não é Murphy, mas sim Escobar. O roteiro se mostra muito coerente quando foca no núcleo envolvendo a família Escobar, principalmente da esposa, Tata (Paulina Gaitán) – que ganha uma grande importância e é muito bem desenvolvida – e da mãe, Hermilda (Paulina Garcia). É mostrada uma família unida, mas que por conta das “popularidade” de Pablo – que vai se tornando cada vez mais odiado pelo povo -, vai tendo consequências graves e a vida de todos mudam, sendo que a mãe nem pode ir mais para a Igreja, por conta dos inimigos de Escobar.

Além do núcleo de Pablo ser muito bem desenvolvido, é muito interessante como a série constrói para a sua queda. Mostrando inimigos como Judy Moncada (Cristina Umaña), que forma um grupo chamado Los Pepes com o objetivo de destruir Escobar; Gilberto Rodríguez (Damián Alcazar), o chefe dos rivais do cartel de Medellín, o cartel de Calí; os políticos liderados pelo presidente Gaviria (Raúl Mendéz), que decide acabar com o traficante; e a polícia, focando em Javier Peña (Pedro Pascal) que se vê em meio a uma escolha perigosa para chegar  a Pablo Escobar.

Como dito essa segunda temporada se mostra muita mais coesa que a primeira, mas comete o mesmo pecado a antecessora: o ritmo. Os primeiros quatro episódios são muito bem feitos e intrigantes, mas depois ela perde um pouco o gás. Por mais que o foco seja a política e a burocracia, a série recupera o fôlego em poucos momentos, como o ataque a casa de Pablo. Mas no geral ela fica com um ritmo irregular, que recupera muito bem nos dois últimos episódios. Alias, o penúltimo episódio da temporada – o qual Pablo não se vê como outra opção a não ser ficar escondido na humilde fazenda de seu pai, Abel (Alfredo Castro) – é o melhor de toda a série. É o mais bem dirigido e com a cena mais poderosa: o embate entre pai e filho. Além de ser muito bem escrito, contém um trabalho incrível dos dois atores, em especial de Wagner Moura.

Moura também se mostra muito mais a vontade nessa temporada que a anterior. Com uma composição rica em detalhes, em nenhum momento Pablo se torna uma caricatura de um vilão, apesar dos seus atos. Vemos que mesmo sendo um monstro, o personagem tem algumas virtudes e sonhos, como demonstrado no último episódio que abre com ele sonhando como presidente da Colômbia ou o momento que queima dinheiro para aquecer sua família. É mais um grande trabalho desse ótimo ator.

Tecnicamente, a série continua muito bem feita. Com uma fotografia natural e uma direção de arte que recria muito bem a Colômbia dos anos 80 e suas pequenas cidades. Os figurinos são muito detalhados, assim como os cenários como as casas que Pablo fica perto do seu final.

Enfim, essa temporada de Narcos se mostra mais concisa que a primeira e mais bem executada, mas infelizmente tem o mesmo problema de ritmo da antecessora. Mas continua ainda uma série acima da média.

 Narcos – 2ª Temporada (Idem – Season 2, EUA/Colômbia – 2016)  

Showrunner: Chris Brancato, Carlo Bernard e Doug Miro
Direção: Geraldo Naranjo, Andi Baiz e Joseph Wladyka
Roteiro: Chris Brancato, Carlo Bernard, Doug Miro, Julie Siege, Clayton Trusell, Gideon Yago, Curtis Gwinn, Zachary Reiter, T.J. Brady, Rasheed Newson e Steve Lightfood.
Elenco: Wagner Moura, Boyd Holbrook, Pedro Pascal, Joanna Christie, Juan Pablo Raba, Maurce Compte, Jorge A. Jimenez, Paulina Gaitán, Stephanie Sigman, Bruno Bichir, Rául Méndez, Manolo Cardona e Cristina Umana
Emissora: Netflix
Episódios: 10
Gênero: Drama, Policial
Duração: 50 min

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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