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Crítica | O Espaço Entre Nós – Apenas mais um romance teen

Viajar para Marte é o grande sonho do homem moderno. Marte é o planeta mais pesquisado no momento e expedições para uma viajem de ida já estão sendo preparadas para 2020. No cinema o planeta vermelho sempre foi cenário de filmes de diversos gêneros como: Missão Marte, Perdido em Marte, John Carter entre muitos outros. Difícil era encontrar um romance ambientado no planeta vermelho.

Agora não precisamos mais procurar. Estreia nessa quinta (30) O Espaço Entre Nós, produção americana que lembra muito as obras de John Green. Na história Nathaniel (Gary Oldman) é dono de uma empresa que realiza voos espaciais para Marte. Ele envia uma tripulação que iria colonizar o planeta vermelho. Liderando a equipe de astronautas está Sarah Eliott. 

O que a tripulação não sabia é que Sarah viajou grávida e aí começa a discussão se ela deve ou não ter um filho, sendo que a criança não sobreviveria a gravidade do planeta vermelho. Ele nasce com os órgãos e ossos alterados pela gravidade. E aí que aparece o primeiro dilema do filme. Seria ele considerado um terráqueo mesmo nascendo em outro planeta? Teria ele direito de viajar para a terra algum dia? 

O filme trabalha com cenas rápidas e logo depois de seu nascimento se passam 16 anos em que se apresenta a criança já na sua adolescência, uma fase de autoconhecimento e descoberta e é nessa idade que muitas dúvidas aparecem. 

Gardner Eliott (Asa Butterfield) é um garoto que cresceu no meio de cientistas e em um planeta que nada mais tem que apenas terra vermelha. Não conhece o vento, o mar, a chuva, e muitas outras coisas que encontramos na terra em abundância. Em Marte sua única companhia é um robô e a uma garota terráquea que conversa pelo computador. Trata-se da jovem Tulsa (Britt Robertson), uma garota revoltada por viver com uma família que não a ama e por não ter ninguém em quem confiar. Gardner é seu único amigo. Ele não aguenta mais viver no planeta, então começa a pesquisar tudo sobre a sua mãe e sobre seu possível pai e nisso dá a virada para a segunda parte do filme. 

Ele consegue de um jeito fugir de Marte e ir para a Terra e parte para o encontro com Tulsa. A cena em que os dois começam a se conhecer são as que rendem as maiores risadas. Ambos saem em busca do possível pai de Gardner. E Nathaniel junto com a astronauta Kendra começam uma caçada para poder encontrar o garoto. Ele corre risco de vida, seus órgãos não estão adaptados ao planeta Terra e seu coração pode explodir a qualquer momento.

O Espaço entre nós tem uma história muito parecida com duas obras de John Green: Cidades de Papel e A Culpa é das Estrelas. No primeiro dois jovens fogem de um lugar comum em uma saga de autoconhecimento o mesmo acontece em o Espaço entre Nós, Tulsa e Gardner viajam pelo país não apenas com a desculpa de procurar o pai do garoto, mas também é viagem de autodescoberta, como se estivessem procurando algo que não encontraram em si ainda. E nisso questões existenciais vão aparecendo e ajudando a compor os personagens. Já em A Culpa é das Estrelas os dois jovens tinham uma doença que poderia matá-los, o mesmo acontece nessa produção. Gardner tem um problema no coração e precisa ser salvo caso contrário morre.

Essa particularidade com as obras de John Green ficam nítidas e essa talvez tenha sido a ideia. Cidades e A Culpa são duas produções que foram muito bem de bilheteria entre o público jovem e adulto, são obras universais que acabam por atingir a todos os públicos de diversas faixas etárias e sem focar no sexo masculino ou feminino.

Esse é o principal acerto do filme, uma produção que sabe onde quer chegar e para isso vai construindo situações que vão prendendo o telespectador. Sua visita pelo planeta rende cenas engraçadas e outras forçadas. Outro acerto é a trilha sonora bem composta e bem empregada nas principais cenas. 

A principal falha dessa produção é o romance açucarado entre os dois personagens principais. O que ia muito bem até o encontro dos dois vai se tornando uma história de adolescentes que fica naquilo e não muda até o final. Acaba por cair na mesmice de outras produções do gênero. Acabou por se tornar algo cansativo e óbvio. 

A atuação de Asa Butterfield poderia ter sido melhor trabalhada. Ele faz o papel de garoto bobo e inocente que não conhece nada na terra e Britt faz o papel de garota forte que sabe a realidade da vida e faz de tudo para ir atrás do que quer. Quando os dois estão em cena ela tende a se destacar mais com sua atuação.

Peter Chelsom é um bom diretor, já havia feito alguns romances como a versão americana de Dança Comigo? com Richard Gere e é essa experiência de já ter feito romances que faz segurar o filme e saber qual o caminho certo a tomar. No geral O Espaço Entre Nós é uma produção competente, toma alguns caminhos estranhos algumas vezes, mas isso não tira o brilho da história. A mensagem é universal. A vida se faz de experimentações, se divirta, conheça o mundo com quem ama e se sinta livre.

O Espaço Entre Nós (The Space Between Us, EUA – 2017)

Direção: Peter Chelsom
Roteiro: Allan Loeb, Peter Chelsom, Tinker Lindsay
Elenco:  Asa Butterfield, Britt Robertson, Carla Gugino, Gary Oldman, Janet Montgomery, BD Wong
Gênero: Aventura, Drama, Romance
Duração: 120 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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