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Crítica | O Ritual (2011)

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Catálogo, Cinema, Críticas•8 de julho de 2016•12 Minutes

Eu já havia dito antes que “O Último Exorcismo” não seria o último filme de exorcismo que o espectador veria atingir as telonas. Possessão demoníaca sempre foi um tema que atraiu muitos espectadores para as salas de cinema, porém com o tempo a fórmula começou a ficar desgastada e, consequentemente, o público se desinteressou. Alguns até tentaram uma abordagem diferente, um pouco mais realista, como “O Exorcismo de Emily Rose”, baseado no caso de possessão mais famoso do mundo, mas falhou na crítica. Novamente surge outro filme de exorcismo e afins, mas será que realmente vale a pena assistir uma história que você já sabe o final?

Os membros da família Kovak não tem muita opção sobre qual carreira seguir – ou viram agentes funerários, ou viram padres. Michael ainda está perdido sobre qual rumo tomar em sua vida e decide esfriar a cabeça em um convento estudando para se tornar padre, mesmo não gostando da ideia. Após quatro anos no curso, Michael prova ser um aluno excepcional e um padre superior, Matthew reconhece seu talento e o manda direto a Roma para realizar um curso de dois meses de aprendizado do exorcismo. Lá, conhece Padre Lucas, um exorcista renomado, que o ensinará a arte da realização do exorcismo. No entanto, as coisas começam a se complicar graças ao ceticismo de Michael e um caso de possessão difícil de ser resolvido.

Novos ares a graças antigas

O roteiro de Michael Petroni, baseado no livro de Matt Baglio, que, por sua vez, é inspirado em fatos e personagens reais, tenta abordar de uma forma mais realista e entregar novas impressões ao caricato mundo do exorcismo. Ele consegue até causar um estranhamento no início, graças ao ritmo lento e a surpresa das sessões de exorcismo – ao contrário do que muitos pensam, o demônio ou espirito não é exorcizado da pessoa logo na primeira sessão…  Isto pode virar um ritual de dias, meses ou anos. E também deixa bem evidente que não são todas as pessoas que podem ser possuídas – tudo depende do estado de espírito. É perceptível que os personagens possuídos estão com uma instabilidade emocional pesada.

Os diálogos em si são bons, mas ocorre uma transformação fenomenal durante as conversas dos padres com o demônio, que ganha um fundo psicológico instigante graças ao ceticismo de Michael. Com essa proposta realista, não espere ver exorcismos non-sense. O próprio roteiro cita: “O que esperava? Cabeças girando, sopa de ervilha?”, uma referência canônica ao “O Exorcista”, de 1973, onde levitação era coisa de criança. Também há referências históricas como a mal explicada “mula” que, na verdade, trata-se do Diabo de Jersey que aterroriza pessoas até hoje.

Após construir uma narrativa original, envolvente e interessante, o ego fantasioso subiu a cabeça do roteirista, como de costume, destruindo todo o trabalho feito durante as longas horas do filme. O ato final do filme só é suportável graças a Hopkins, mas vamos deixar isto para seu parágrafo. A fidelidade com o plausível é completamente mandada para os ares no fim da película, graças a luta greco-romana-demoníaca e a incrível telecinese que Padre Lucas apresenta para o público. Fora isso, durante o último exorcismo, uma força sobrenatural tenta adentrar o quarto, onde acontece o ritual, desferindo pauladas ritmadas na porta, cujo único obstáculo era a maçaneta. Outro aspecto que incomoda é a relação de Michael com a jornalista Angeline criada do nada e completamente sem fundamento, colocando em dúvida as reuniões do padre com a moça.

Exorcizando Hopkins

Novamente, o filme é do coadjuvante. Anthony Hopkins está incrível como sempre. Mas desta vez aconteceu algo que não se via desde “O Silêncio dos Inocentes” – ele realmente encarnou o personagem e se divertiu enquanto atuava. Existem duas atuações no mesmo personagem – a primeira é divertida, caricata, descontraída e um tanto cansada com uma naturalidade difícil de ver hoje. Já a segunda é pesada, energética, cheia de tiques, com um psicológico mais interessante e completamente insana. Uma coisa que ajudou muito em sua atuação, foram as famosas linhas faciais de expressão, configurando um aspecto tenebroso e ameaçador ao personagem transformado.

O motivo de Colin O’Donoghue ter sido escalado como protagonista são obscuros, quem sabe até um pacto com o tinhoso? Seu desempenho não chega a incomodar, mas é simplesmente inexpressivo. Ele consegue criar um personagem insosso, desinteressante, apático e monótono, deixando o espectador ansioso para rever Hopkins em tela.

Outra que atinge as telonas é a brasileira Alice Braga fazendo o mesmo papel “survival” que tanto adora, portanto não há novidades em sua atuação – está com a mesma competência que todos já conhecem. Outra mania que Braga possui, é de fazer a mesma linguagem corporal vista em todos os outros filmes que já trabalhou – a famosa “cabeça inclinada” de Alice Braga. Ela também melhorou muito seu inglês ficando cada vez mais fluido e agradável de ouvir.  Ciarán Hinds, Toby Jones, Rutger Hauer e Marta Gastini completam o elenco com atuações acima do nível.

Quebrando tudo na fotografia

Ben Davis, diretor de fotografia de “Kick-Ass”, entrega novamente um trabalho maravilhoso. A fotografia sombria e azulada tem um trabalho com a modelagem de luz impressionante! Repare o trabalho de profundidade, em relação a luz, criado por Davis durante os rituais do exorcismo. Ele também eleva a dramaticidade com planos aéreos bem montados utilizando sempre algum elemento natural contrastando com a batina negra dos padres, como a chuva e a neve. Fora isso, aproveita as maravilhas arquitetônicas de Roma com vários planos, alguns realmente belos e outros nem tanto.

A direção de arte dá o ar de sua existência nos cenários da casa do Padre Lucas e, principalmente, no tratamento dado ao hospital. Todavia, a cúpula onde os padres estudantes se reúnem para discutir o exorcismo é bem fora de contexto, cheio de tecnologias. O cenário “Vaticano touch-screen” é bem feito e original, mas contrasta demais com os outros que são antigos e desgastados.

Infelizmente os efeitos visuais não acompanham os acertos das outras áreas técnicas do filme. Muitas vezes são toscos ou mal tratados, por exemplo, a “maquiagem virtual animada” de Hopkins no último ato do filme.

A metamorfose de Heffes

Alex Heffes é conhecido por seu bom trabalho na trilha de “O Último Rei da Escócia”, mas desaponta nas composições deste filme. As músicas simplesmente servem para encher os ouvidos do espectador e para não deixar a cena completamente muda. Somente duas músicas são inspiradas e dão alguma relevância para o trabalho despretensioso de Heffes. Se estiver interessado, elas ocorrem na primeira cena de exorcismo e na epifania alucinada de Michael.

Surpreendentemente, os efeitos sonoros merecem todo o destaque. Muito bem executados, criam uma atmosfera muito envolvente e profunda causando calafrios em alguns espectadores (eu). Os sons graves, as variações da voz dos possuídos, sussurros, gritos e tudo que você possa imaginar que tenha a ver com o contexto, foi recriado e sincronizado com absoluta perfeição – até mesmo miados de gatos e coaxar de sapos.

Na corda bamba

Mikael Håfström assina a direção do projeto e repete fórmulas vistas em outro filme que dirigiu, “1408”. Ele realmente sabe criar uma atmosfera única em seus filmes. Afinal, quem não se lembra do rádio amaldiçoado do Dolphin Hotel?

Aqui, aproveita os corredores escuros, escadas espirais infinitas e salas mórbidas para aumentar a tensão do espectador, embora falhe bastante devido sua edição imperfeita – o filme tem um ritmo muito lento e dura mais do que deveria. Também adiciona vários elementos “from hell” em seu filme como o tenebroso cavalo, os crucifixos invertidos e os sapos, sabendo brincar muito bem com seus recursos.

Entretanto, aposta em sustos óbvios e clichês, que só assustam os atores de sua obra. Também deveria ter razoavelmente censurado os absurdos do clímax criados pelo roteiro, fato que acaba demonstando uma falta de pulso com a equipe, ou que ele realmente tem um gosto duvidoso. Fora isso, usa e abusa de closes exageradas na testa/rosto de Hopkins durante o clímax, quase mostrando o cérebro do velho ator. Uma prova de sua assistência falha na edição esta na má dosagem dos planos no clímax, sendo que o filme inteiro havia mantido bons cortes e tinha uma variedade satisfatória entre os planos.

Deixe seus pecados no cinema

“O Ritual” é um filme totalmente direcionado para os fãs do gênero, pessoas que tem aversão a filmes parados devem manter distancia. Os admiradores de Anthony Hopkins também devem conferir seu retorno fenomenal aos filmes de suspense.

Ele é um filme esteticamente bem feito. Consegue envolver o espectador graças aos efeitos sonoros, apresenta um novo retrato para o tema e é uma experiência interessante, mesmo com os deslizes da direção e do roteiro. Porém, o mais intrigante disto tudo é a confirmação da extensa relação de amor e ódio de Hollywood com a Igreja Católica que, às vezes, é retratada como vilã. Mas quando se trata em mandar os demônios de volta para o inferno, não existe ninguém melhor para fazê-lo.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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