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Crítica | Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 – Animação perde o fôlego na sequência

Não é de hoje que o cinema aposta nos mais diversos animais, como cães, gatos e coelhos para contar histórias. Nos desenhos temos inúmeros exemplos de clássicos que se utilizaram destes bichinhos fofinhos, produções como A Dama e o Vagabundo (1955) e Oliver e Sua Turma (1988) os colocaram em destaque com cães e gatos participando de várias aventuras emocionantes. E o mercado de animação surpreende ao ter uma nova possível franquia com bichos de estimação, o longa Pets – A Vida Secreta dos Bichos 2 (Chris Renaud) que continua com a história de Max e seus amigos.   

Pegando o gancho dado pelo primeiro filme, em que Max e seu amigo Duke foram apresentados se aventurando pela cidade. Em Pets 2 a ideia é dar maior ênfase para outros animais que se destacaram na animação de 2016. A começar pela cachorrinha Gigi que tem mais tempo, inferior ao arco de Max e Bola de Neve, o que a torna uma personagem secundária de luxo, mas muito mal aproveita. Sua personagem vive atrás do Max, e na sequência terá que cuidar de uma bola do personagem, colocando uma função banal e sem sentido para Gigi.

Há um trabalho em separar a narrativa em três diferentes caminhos. Além do já mencionado de Gigi que precisa enfrentar vários gatos e cuidar da bola de Max, há também as aventuras de Max contra um vilão, e o de Bola de Neve. Essa divisão do roteiro em três direções diferentes acaba deixando o desenho sem foco e bastante vazio em sua função de contar a história. Quando uma trama está se desenvolvendo bem há um corte para outra história e isso atrapalha bastante na hora de acompanhar os acontecimentos.

Os personagens que se destacam novamente são Max e Bola de neve, ambos haviam se sobressaído no primeiro longa com o coelho roubando a cena ao se mostrar malvadão de início, mas gentil em um segundo ponto. Desta vez, por causa do roteiro que acabou dividindo a trama entre os três protagonistas, Bola de Neve ficou mais apagado e perdeu um pouco de seu brilho por não ser mais aquele ser caótico e doido. Max, em contrapartida, manteve seu destaque tendo que lutar contra o vilão e salvando o dia novamente. Suas aparições perderam a graça em alguns momentos por ter praticamente o mesmo arco narrativo do anterior.

O vilão, um homem circense que tem como braço direito um macaco, e que comete crueldade contra os animais é o que faz com que a trama fique menos apática e tenha mais ação. Há um tigre que se junta a trupe de Max, mas que não acrescenta nada de novo para a história. Essa ação colocada com o surgimento do vilão serve para tentar deixar a animação menos chata, mas acontece o contrário, pois o filme se torna óbvio e nada original, pois acaba repetindo a estrutura narrativa do anterior, que faz com que os animais sejam desafiados por algo e que precisem até voltar a residência em que vivem. Este fato ocorre justamente nas histórias de Bola de Neve e Max que mesmo sendo personagens interessantes não conseguem segurar o público em, pelo menos, não dar uma cochilada.

Algo que se tornou a marca de Pets é a diversão causada pelos animais fofinhos e carismáticos. Difícil não dar pelo menos uma risada com bichinhos que se deparam com situações adversas. Ainda mais com Bola de Neve e Gigi, protagonistas fofinhos e que hora ou outra acabam por fazer uma piada espontânea. Algumas piadas são forçadas para causar o riso, pode funcionar com algumas pessoas que não percebem a obviedade dos acontecimentos, mas com outras pode cair no ridículo por meio que o longa já se antecipar em mostrar em como irá tentar fazer graça. 

A direção ficou a cargo da dupla Chris Renaud e Jonathan del Val que tentam ser eficientes em criar uma trama que consiga colocar o máximo possível de personagens participando da história. O gatilho de todos os acontecimentos é o casamento da dona de Max e Duke em que um filho é gerado, algo que possivelmente possa ser usado em uma sequência, mas que neste longa não é aproveitado. Os humanos, até o momento, não tiveram nenhum aprofundamento dentro da franquia, a primeira aparição com mais tempo de tela foi a do vilão do circo.  Há certo vazio no roteiro em relação a uma mensagem que agregue tudo o que é apresentado, tirando o fato de ser um filme sobre amizade, há uma mensagem evidenciada em relação ao mal trato aos animais, mas que não é algo muito bem debatido, algo que faz com que uma ideia boa seja enterrada rapidamente.

Em Pets: A Vida Secreta dos Bichos havia uma referência forte com a animação da Pixar Toy Story, nesta sequência fica claro que o longa foi mais para o lado de filmes ao estilo Madagascar, com animais se metendo em altas confusões. Pets 2 funciona como desenho para a garotada, mas erra ao tentar criar algo novo e que possa dar uma luz para uma futura continuação, pois muitos dos acertos do longa de 2016 foram esquecidos na continuação.

Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 (The Secret Life of Pets 2, EUA – 2019)

Direção: Jon Watts
Roteiro: Chris Renaud, Jonathan del Val
Elenco: Vozes: Patton Oswalt (Max), Kevin Hart (Bola de Neve), Harrison Ford (Rooster), Eric Stonestreet (Duke), Jenny Slate (Gigi), Tiffany Haddish (Daisy)
Gênero: Animação, Comédia, Aventura
Duração: 86 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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