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Crítica | Sozinha – Um thriller que empolga

A receita dos grandes thrillers de sucesso é bastante comum de ser acompanhada ou de ser entendida, geralmente há um assassino ou psicopata à solta perseguindo sua vítima que se sente ameaçada constantemente e não encontra uma forma de escapar daquele misterioso vilão, e claro: sempre há o clímax, é nele que acontece a maioria das viradas do roteiro. Essas características estão muito presentes nos thrillers e podem ser encontradas em muitos filmes do gênero e um deles é Alone (John Hyams).

Produções de baixo orçamento, geralmente, precisam de um bom roteiro para prender a atenção do público e o longa dirigido por John Hyams (Black Summer) segue exatamente essa trilha ao criar uma protagonista forte, Jessica (Jules Willcox), com um passado que tem algo escondido nele, um trauma bastante pesado, e é justamente esse choque que a personagem viveu em uma parte de sua vida que faz com que o filme já comece com uma espécie de segredo, mas esse fato em si não é o principal mistério a ser abordado pelo roteiro, o elemento mais relevante em si é o vilão e sequestrador que está para aparecer na vida da moça e toda a perseguição em que irá ocorrer mais adiante.

A trama tem como foco principal a fuga de Jessica por parte de seu perseguidor implacável interpretado pelo ator Marc Menchaca (Black Mirror), e mesmo sendo uma ideia simples o diretor consegue manter a atenção do público presa por grande parte do tempo, mesmo que algumas decisões não sejam as mais inteligentes possíveis, como na cena em que a personagem simplesmente sai correndo sem direção descalça pela floresta e gritando, mas essas soluções são necessárias, até porque é um filme de sobrevivência e certas situações ajudam a deixar o público entretido nos acontecimentos pelo qual a protagonista vem passando.

O roteiro é óbvio, mas isso não atrapalha na experiência de acompanhar toda a angústia e terror psicológico por qual Jessica passa, ela é perseguida, atacada e sofre os mais diversos abusos por parte do sequestrador, e é aí que entra a questão da obviedade, pois o espectador já acompanhou tantas produções do gênero que fica fácil entender o que irá acontecer nos próximos takes, se fizer o mínimo de força para tentar adivinhar por quais caminhos Jessica irá ou o que o sequestrador irá tentar fazer é bem capaz de o público acertar, mas mesmo assim o filme continua interessante e prendendo nossa atenção na tela, pois queremos saber como tudo aquilo vai terminar.

Por ser uma história que se arrasta em apenas um acontecimento, o da perseguição em si, há um suspense que é bem trabalhado causado por uma tensão bem estruturada, mesmo com o roteiro repetitivo essa tensão acaba funcionando e se reinventa, principalmente em situações ocasionais causadas por elementos que o diretor coloca em cena que ajudam a dar esses efeitos, casos do senhor que surge para ajudar Jessica e a cena em que ela se joga na cachoeira. São idéias que o roteiro vai tendo para manter a expectativa do espectador em alta, fazer com que a tensão continue sempre elevada, mesmo com toda essa repetição acaba dando certo, pois as situações são bem  construídas e há ainda um outro fator que ajuda em todo o suspense que  é a receita do vilão malvadão que corre atrás da moça indefesa, receita essa que sempre dá certo nos thrillers.

Mesmo com um elenco reduzido o destaque naturalmente acaba por se tornar a protagonista Jules Willcox (Apanhador de Pesadelos), que tem uma interpretação ótima e em comparativo a outras produções do gênero, em que a vítima foge do psicopata, Jules não tem uma atuação que irrita o espectador, seus gritos não são histéricos e não parece ser uma protagonista frágil, com medo de agir contra o perigo. O vilão, interpretado por Marc Menchaca, é bastante convincente no papel do psicopata sequestrador, não carrega vícios e ainda consegue o principal para um filme de suspense: irritar a todos com suas maldades.

Já é conhecido que o traço principal das produções do cineasta John Hyams seja a correria, pois se olhar para o que o diretor já fez de relevante há sempre esse estilo empregado, só olhar para as séries de terror Z Nation (2014) e Black Summer (2019) em que zumbis correm de modo desenfreado atrás de suas vítimas criando caos e pânico por onde passam. E em Alone essa experiência do cineasta dá certo, tanto que é justamente nas cenas de perseguição que o filme se sobressai, mas na história em si peca bastante por falta de desenvolvimento. Como entretenimento Alone é um bom filme e que serve para passar o tempo.

Alone (Idem, EUA – 2020)

Direção: John Hyams
Roteiro: Mattias Olsson
Elenco: Jules Willcox, Marc Menchaca, Anthony Heald, Jonathan Rosenthal, Katie O’Grady
Gênero: Thriller
Duração: 98 min.

https://www.youtube.com/watch?v=NoP2mJiCzWQ&ab_channel=MagnoliaPictures%26MagnetReleasing

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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