Documentários da HBO costumam manter um padrão bastante alto de realização: você sabe que encontrará num deles farto material de arquivo e as entrevistas necessárias para compreender a história e os personagens reais envolvidos. Não é diferente neste Super/Man: A História de Christopher Reeve, que faz um retrato bastante emocional da trajetória do ator desde o início de sua carreira até o drama pessoal que ocupou a última década de sua vida.
Nascido em Nova York, em 1952, Christopher Reeve teve uma carreira iniciada no teatro (onde contracenou com astros como William Hurt e Jeff Daniels), mas se tornou realmente célebre em dois momentos de sua vida: quando assumiu o papel de Super-Homem na superprodução dirigida por Richard Donner, em 1978, e anos depois, quando um trágico acidente ocasionou a seríssima lesão que tomaria a maior parte de seus movimentos, em contraste evidente com o personagem que fizera dele uma celebridade mundialmente reconhecida.
Documentário toma cuidado ao lidar com situações embaraçosas
Por ser um documentário típico da HBO, podemos esperar aqui um padrão elevado de realização, mas, ao mesmo tempo, o filme irá lidar de forma delicada (quase cerimonial) com temas da biografia de Reeve que poderiam tornar a história menos arrebatadora: por exemplo, suas dificuldades no primeiro casamento, uma decorrência óbvia dos problemas familiares que enfrentara na própria infância.
Esse detalhe, entretanto, pouco atrapalha o resultado final, pelo simples fato de que a história de Reeves é fascinante e tem drama o suficiente: um galã de Hollywood muito carismático que, em decorrência de uma tragedia de baixíssima probabilidade, teria que enfrentar desafios impensáveis mesmo para o intérprete do maior super-herói do imaginário popular do século XX.
Os momentos mais emotivos do documentário alternam-se com algumas curiosidades de filmagens, que poderiam ocupar um espaço maior. De toda forma, é impressionante até hoje a qualidade dos efeitos visuais do primeiro Superman, e seu voo é ainda hoje uma das maiores proezas, o verdadeiro ápice, dos “efeitos práticos” (ou seja, aqueles que não contam com os recursos da computação gráfica, sendo realizados no próprio set), um conceito tão perfeitamente realizado que sobrevive bem até hoje.
A qualidade visual do primeiro Superman (um filme que, de resto, é tocante e empolgante mesmo para as plateias atuais) é a grande marca que Reeves deixou no imaginário da cultura popular do século XX. Sua história pessoal, de tragédia e resistência, não ficam abaixo dela, fazendo com que vida e arte se confundam e resultem em lágrimas (muito compreensíveis) na plateia.