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Crítica | Thanos – Volume 2: O Confronto dos Deuses – Pancadaria Visceral

As primeiras seis edições de Thanos por Jeff Lemire foram uma grata surpresa, afinal não é fácil escrever de um personagem que é praticamente uma divindade devido ao nível de poder absurdo. Por isso, a ideia de subverter a premissa do poder absoluto e tornar Thanos em uma criatura doente e muito fraca é eficiente, apesar de bastante óbvia.

Com a preparação de todo o terreno nos primeiros seis volumes nos quais temos jornadas simultâneas entre Thanos e Thane, um tentando sobreviver e outro buscando o poder, vemos como essas duas pontas terminam em contrastes absolutos com Thanos derrotado e se retirando para as ruínas do seu reino morto enquanto Thane reina resoluto com a Senhora Morte exterminando diversas vidas ao redor da galáxia.

Alianças Inesperadas

Nessas novas seis edições, Lemire conclui sua fase com Thanos e, de longe, a primeira é a mais interessante deste volume. Acompanhamos o protagonista recluso e deprimido, temendo morrer e sobrevivendo na completa miséria ao se alimentar de criaturas podres e apanhando de marginais. Nesse núcleo sem esperanças, o vilão é obrigado a aceitar uma ajuda inesperada com uma estranha trupe cósmica constituída por Eros, seu irmão, Nebulosa e Tryco, o campeão do universo.

Se antes tínhamos uma história muito focada em diálogos para trabalhar os opostos entre pai e filho, aqui temos ação do início ao fim, já que Thane, após descobrir que Thanos fugiu, logo parte em busca do pai para assassiná-lo de uma vez. A dinâmica então é tão rápida e mais centrada no poder dos desenhos fenomenais de Deodato que trazem ação inventiva do início ao fim.

É uma história bem mais simples e somente focada na porradaria, mas ainda assim, funciona muito bem. Tanto que quando Lemire tenta inventar a solução para a cura da doença mortal que acomete o Titã, temos uma sequência que começa muito promissora ao inverter a vilania do personagem, mas que é encerrada de modo quase cartunesco e de pouca relevância. O desafio que Thanos precisa superar é, no mínimo, muito boboca.

Apesar dessa sequência repleta de falta de imaginação, Lemire compensa com o embate entre pai e filho, mimetizando algumas frases trocadas por Thanos e seu pai no volume anterior. Além disso, há uma abordagem adulta para o núcleo concentrado em Nebulosa e Tryco que serve muitíssimo bem como um alívio cômico mais interessante, mostrando facetas raras nos quadrinhos da Marvel.

A conclusão da narrativa também não deixa a desejar já que Lemire resgata melhor a função do encontro com as Irmãs das Estrelas nos confins do Universo. Há uma reviravolta inesperada e bem-humorada, além do roteirista resolver bem o problema de Thanos com a Senhora Morte. O conflito é resolvido sem maiores problemas, além de conservar um retrato para o vilão inescrupuloso coerente com o que havia escrito até então.

Finalmente há essa essência de pura vilania e invulnerabilidade que faz de Thanos um verdadeiro tirano no universo Marvel sendo um de seus melhores vilões. Esse período que Lemire trabalhou com o vilão foi proveitoso para mostrar essa esfera extremamente violenta e sádica do personagem que pode ser muito abrandado em sagas com heróis mais populares em audiências mais jovens. Com essa boa história e uma conclusão que apetece os fãs, o roteirista encaminha um Thanos reformado e bastante poderoso para a conclusão perfeita dessa pequena saga com o arco escrito por Donny Cates que consegue trazer uma história ainda melhor do que as escritas por Lemire.

Thanos Vol. 2: O Confronto dos Deuses (Thanos: The God Quarry, EUA – 2017)

Roteiro: Jeff Lemire
Arte: Mike Deodato Jr.
Editora: Marvel
Edições: 7 a 11

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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