Crítica | Uma Natureza Violenta – Quase que uma cópia de Sexta-Feira 13

Uma Natureza Violenta possivelmente vai frustrar muitos espectadores que estão procurando um slasher convencional

Uma Natureza Violenta é tudo o que os fãs de filmes de terror não estão habituados a ver nos slashers, que geralmente seguem a fórmula clássica de um assassino mascarado perseguindo jovens e matando-os um a um com mortes criativas.

A história acompanha um assassino chamado Johnny, responsável pelo massacre de White Pines, que ressurge da terra em busca de um medalhão que o mantinha preso ao local. Ele retorna para matar todos em seu caminho na tentativa de recuperar o objeto e descansar em paz.

Dirigido por Chris Nash, o cineasta apresenta sua versão de Jason Voorhees e utiliza claramente a franquia Sexta-Feira 13 como referência para conceber sua história. Até a forma como Johnny é visto a todo instante e os enquadramentos que o mostram dão a impressão de que ele seria uma versão moderna de Jason.

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O longa se destaca ao descaracterizar o formato clássico dos slashers, ao filmar o vilão de costas e apresentar seu ponto de vista dos acontecimentos, mostrando-o observando suas presas de longe e percorrendo a floresta em busca de vítimas.

Nash foi mais ousado do que parece ao adotar essa abordagem, pois pouquíssimos diretores topariam contar os crimes de um assassino sádico através de sua perspectiva. Tal prática permite revelar a outra parte do enredo que geralmente é ofuscada, que é a visão do serial killer. A câmera é colocada em cena de um jeito que lembra as obras de Terrence Malick, com ritmo lento e exploração de paisagens naturais. 

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Essa é apenas uma das quebra de expectativas que o longa realiza. Os personagens não são apresentados e nem desenvolvidos, o papel da final girl não está definido desde o princípio, com a protagonista só ganhando destaque no ato final, e mesmo assim, não temos ideia de quem ela é ou por que está ali no meio do mato.

Essa falta de drama é algo que sentimos na trama; a narrativa é muito séria e direta ao ponto. O drama geralmente enriquece o roteiro, e a falta dele muda completamente a narrativa. Outro aspecto que sentimos ausência é da falta de sustos, devido à visibilidade do antagonista e à previsibilidade de seus próximos passos. Essa falta de sustos provavelmente irá frustrar parte do público, mas, em contrapartida, o longa é bastante violento, para não dizer brutal.

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Uma Natureza Violenta possivelmente vai frustrar muitos espectadores que estão procurando um slasher convencional, mas encontrarão um projeto de terror quase experimental, que segue uma direção oposta ao habitual do subgênero, e por esse motivo deve ser visto.

Uma Natureza Violenta (In a Violent Nature, EUA – 2024)
Direção: Chris Nash
Roteiro: Chris Nash
Elenco: Ry Barrett, Andrea Pavlovic, Cameron Love, Reece Presley, Liam Leone, Charlotte Creaghan
Gênero: Drama, Terror, Suspense
Duração: 94 min.

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Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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