A pirataria digital está de volta. E com força. Novos dados mostram um aumento expressivo no número de acessos a sites de conteúdo ilegal em todo o mundo. O crescimento, aliás, acontece após um longo período de queda. Especialistas e consumidores, portanto, apontam um culpado principal. A “piora” dos serviços de streaming, como Netflix, Disney+ e outros, estaria empurrando os usuários de volta para a ilegalidade.
O aumento nos preços, a fragmentação do conteúdo e a inclusão de anúncios em planos pagos são os principais fatores. Eles, consequentemente, tornaram a experiência do streaming pior e mais cara.
A “piora” dos serviços de streaming
Houve um tempo em que os serviços de streaming eram a solução para a pirataria. Eles ofereciam um vasto catálogo por um preço acessível. No entanto, o cenário mudou. Hoje, os estúdios criaram seus próprios serviços. Com isso, os filmes e séries ficaram espalhados por diversas plataformas.
Para ter acesso ao mesmo conteúdo de antes, o consumidor precisa de múltiplas assinaturas. A família europeia média, por exemplo, já gasta cerca de 700 euros por ano com streaming. Além disso, os preços das assinaturas individuais subiram. Muitas empresas, inclusive, adicionaram anúncios a seus planos pagos.
A volta da pirataria em números
Essa piora do serviço legal teve um efeito direto. Segundo a empresa de monitoramento MUSO, a pirataria atingiu seu ponto mais baixo em 2020. Naquele ano, foram 130 bilhões de visitas a sites ilegais. Em 2024, no entanto, esse número saltou para 216 bilhões.
Na Suécia, um dos berços do streaming, 25% das pessoas relataram praticar pirataria em 2024. A tendência é puxada, principalmente, por jovens de 15 a 24 anos. A forma de consumir conteúdo ilegal, aliás, também mudou. O streaming não licenciado agora responde por 96% de toda a pirataria de TV e filmes.
“Não é uma questão de preço, é de serviço”
A situação atual reforça uma famosa frase de Gabe Newell, cofundador da Valve (dona da Steam). Em 2011, ele observou: “Pirataria não é uma questão de preço. É uma questão de serviço”. Spotify e Netflix, por exemplo, venceram a pirataria no passado. Eles ofereceram um serviço superior e mais conveniente.
Agora, no entanto, os estúdios parecem ter esquecido essa lição. Eles criaram “muros” e “pedágios” em um mundo digital que prometia abundância. Como resultado, muitos consumidores estão voltando para o “mar aberto” da pirataria. Eles buscam, afinal, a conveniência que o mercado legal não oferece mais.