Review | Call of Duty: Black Ops 6 mantém tradição de excelência da Treyarch

Acompanhe a evolução de Call of Duty: Black Ops 6. Descubra como a Treyarch continua a saga com uma experiência completa para os fãs.
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Activision

Acompanho Call of Duty desde 2003. Vivi para ver seus momentos mais gloriosos e os mais polêmicos, além dos anos que a franquia sofreu com uma intensa crise de identidade após a trilogia original de Modern Warfare.

Naquela época, havia um consenso entre os gamers sobre os desenvolvedores da saga: no rodízio de estúdios, era sempre a Infinity Ward que levava a melhor, mas a mudança de paradigma estava por vir quando a Treyarch enfim inaugurou sua própria saga de ouro com Black Ops. Com exceção do 4, todas as iterações foram elogiadas assumindo destaque. 

Agora, em um momento que a Infinity Ward sofre com as represálias do lançamento desastroso de Modern Warfare 3 no ano passado, a Treyarch mostra seu trabalho, desenvolvido ao longo de quatro anos, com Black Ops 6 trazendo um pacote muito completo para todos os gamers. 

007 americano 

Começando pela campanha, um dos motivos que muitos jogadores são atraídos para a franquia (incluindo eu), o novo game apresenta uma das melhores e mais interessantes até agora, elevando ainda mais o game design inovador visto em Cold War

Dessa vez, o jogador encarna o silencioso Case, que após uma operação desastrosa no Kuwait, acaba em maus lençois com a CIA que se recusa a investigar um novo grupo terrorista denominado Pantheon. Em seu time de agentes rebeldes, está o favorito dos fãs Woods e o novo personagem Marshall, capitão da turma. 

Outros grandes nomes como Adler também fazem parte ativa da história que possui bons personagens em geral. Sem o apoio da CIA, os agentes ficam por conta própria para descobrir quem está por trás do Pantheon até encontrar ameaças que podem ruir os Estados Unidos. 

Se comportando como uma história de espionagem de ação, a nova campanha mistura com perfeição os melhores elementos de 007 e Missão: Impossível, adicionando sequências de Bayhem em pontos chave de set pieces. Logo, o ritmo do jogo varia bastante, indo de thriller para tiroteios desenfreados em questão de minutos. 

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A cada grande missão, o jogador retorna para o quartel general do grupo, uma mansão na Bulgária que guarda segredos da KGB como salas secretas e mais. Assim como em Cold War, o jogador pode conversar com os personagens e escolher opções de diálogos, além de também incrementar algumas reformas que destravam bancadas de armamentos, perks e atributos físicos – tudo isso é desbloqueado encontrando dinheiro nas fases do jogo. 

A Treyarch investiu pesado em tempo de desenvolvimento nos pontos que foram testados em Cold War. Agora, diversas missões são mais abertas e podem ter progresso através de diferentes ações do jogador, oferecendo mais incentivo de rejogabilidade, além de abordagens stealth ou de confronto direto. Algumas delas, em especial a do Iraque, oferecem mapas abertos vastos que colocam qualquer coisa do gênero apresentado em Modern Warfare 3 no chinelo. 

Nessa missão mencionada, há dezenas de objetivos secundários a cumprir, levando a recompensas muito bem-vindas e momentos especiais da campanha, com level design diferenciado e recursos distintos para lidar com os inimigos. Já na campanha, é possível sentir como o tiroteio é satisfatório, com diversas armas respondendo com suas particularidades, além dos muitos dispositivos que o jogador conta, muito além das granadas e flashbangs – os carrinhos explosivos de controle remoto estão de volta! 

Apesar de contar com muitas conveniências narrativas, a história de Black Ops 6 é interessante, divertida e intensa. Não diria que é melhor que a de Cold War, mas apresenta alguns dos níveis mais ousados que a franquia já viu – em termos de esquisitice mesmo, algo que sempre fez parte do DNA dessa saga. 

Entretanto, pegando justamente uma época intensa de conflito no Oriente Médio nos anos 90, com figuras altamente controversas como Saddam Hussein, é curioso notar como a história raramente tece algum comentário social ou histórico sobre os eventos reais que fazem parte da trama. 

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Não é de hoje que Call of Duty está ficando cada vez mais comportado, apresentando inimigos fictícios ou histórias dignas de Hollywood, mas é decepcionante que a ousadia esteja ficando para trás a cada novo título – vide a ridícula fase de terrorismo em Modern Warfare 3. 

Outro ponto a se considerar é que a engine atual de COD está mostrando sua idade, sofrendo com animações faciais mais complexas e texturas mais rudimentares para a geração atual. Veremos se a Activision manterá os lançamentos para o PS4 e Xbox One em 2025, pois já existe sim certo comprometimento gráfico. Também vale mencionar o quão irritante é o launcher da franquia no PC, sofrendo com crashes e reinicializações constantes até finalmente te deixar jogar – fora isso, o aspecto técnico do jogo está excelente como de costume.

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Reformas frenéticas 

Admito que nunca fui um jogador muito focado aos modos multiplayer. Seja de qualquer jogo que ofereça essa opção, sempre fico satisfeito com as campanhas. Parte disso também se deve ao fato de eu não querer ser humilhado por crianças de nove anos que passam horas jogando e se aperfeiçoando nos modos. Todos sabemos que Call of Duty é um favorito extremamente popular e aqui não é diferente. 

A maior novidade do multiplayer de Black Ops 6 é o Omnimovement que permite o jogador deslizar livremente para todos os lados. Acabou que a liberdade de movimento deu tão certo que todo mundo fica deslizando pelos mapas, com a bunda colada no chão, o que leva ao vício de manter a mira para baixo para apagar os oponentes durante as partidas de qualquer modo. 

Os 16 mapas originais disponibilizados são interessantes e bonitos, mas é difícil que algum deles se torne tão icônico quanto Nuke Town que já foi lançado em uma versão refeita. Os mapas tendem a ser menores, forçando contato rápido entre os jogadores, embora as zonas de respawn sejam um problema criticado por muitos jogadores no momento. 

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Por estar no começo, há poucas opções de skins para operadores, sendo que há uma integração interessante com o modo Zumbis para destravar mais opções para os jogadores. Aliás, o modo Zumbis está presente com dois mapas expansivos bem divertidos para jogar cooperativamente, mas admito que sinto saudades das épocas mais simples dos mapas diminutos das casas decrépitas com o jogador precisando reformar as janelas e sobreviver o maior tempo possível. 

Para quem gosta do multiplayer de COD desde Modern Warfare, com certeza vai apreciar as novidades e o ritmo de jogo em Black Ops 6. Fora isso, o grinding de progressão continua satisfatório e rápido, com boas recompensas para cada arma em diversos cosméticos interessantes. Há muito conteúdo para investir tempo aqui, sem dúvidas. 

Tradição e frescor de ideias

Call of Duty: Black Ops 6 certamente é um dos pontos mais altos da franquia, principalmente por conta da campanha inventiva, intensa e, por incrível que pareça, consideravelmente longa, beirando as dez horas de duração. Fora isso, a campanha apresenta uma das melhores trilhas musicais de toda a franquia, deixando as sequências de ação ainda mais intensas.

Com muito conteúdo adicional, modo Zumbis e um multiplayer robusto que deve se manter como o melhor disponível no gênero, é evidente que se trata de uma ótima compra, principalmente aos fãs. O fato é que a Microsoft fez uma compra muito certeira com a Activision e disponibilizar o jogo no Game Pass por um custo bem acessível foi uma oferta daquelas impossíveis de recusar. 

No fim, todos ganharam. Os jogadores e a empresa que viu o lançamento mais popular da franquia até agora. 

Agradecemos a Activision pela cópia gentilmente cedida para a realização desta análise.

Sobre o autor

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa. Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer. Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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