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Análise | Call of Duty Black Ops: Cold War – Retorno emocionante à Guerra Fria

O mais recente jogo da famosa franquia de tiro em primeira pessoa, Call of Duty Black Ops: Cold War foi lançado recentemente, voltando a retratar uma guerra bastante icônica, a Guerra Fria, mais especificamente a partir dos anos 80, sendo assim uma continuação direta do excelente Call of Duty Black Ops de 2010, que em minha opinião é um dos melhores que a série tem a oferecer.

Vamos começar refletindo um pouco sobre a história da franquia, seus sucessos e seus “fracassos” e o que a fez chegar até aqui com esse novo jogo.

Os primeiros Call of Duty apesar de terem sido bons jogos não eram lá grande novidade. Retratavam a segunda guerra mundial e eram jogos sólidos, mas também tinham uma grande competição na época de seu lançamento, cujo maior nome era a franquia Medal of Honor da EA Games que também retratava episódios da segunda guerra.

A marca Call of Duty explodiu mesmo com o quarto jogo da franquia, Call of Duty 4: Modern Warfare. Trazendo um cenário mais atual, com novas armas, um gráfico impressionante para a época e até mesmo uma boa história, lembrando alguns dos melhores filmes de guerra já feitos e como resultado da qualidade desse jogo em particular, as vendas dessa entrada quebraram diversos recordes.

O jogo não trouxe inovações apenas na temática de sua campanha, trazendo agora uma roupagem moderna à temática de guerra que anteriormente havia usado exaustivamente e exclusivamente a segunda guerra mundial como cenário, mas trouxe interessantes modos de multiplayer e sistema de progressão.

O modo de dominação, em que o jogador tem que capturar áreas específicas para fazer com que seu time vença a partida virou padrão não somente para esta franquia, mas se faz presente dm praticamente todos os jogos que possuem modos multiplayer.

Estava apenas começando a febre de Call of Duty e os próximos três jogos lançados, Modern Warfare 2, World at War e Black Ops iriam além na quebra dos recordes, enquanto também angariava várias críticas positivas, a retenção dos jogadores era longeva e a série navegava por um período de grande bonança.

Modern Warfare 2 aumentou a qualidade apresentada no já considerado perfeito jogo anterior e apresentou uma campanha discutivelmente melhor que a primeira, World at War também tinha uma campanha sólida e apresentou o popular e divertidíssimo modo zumbi e por fim Black Ops que refinou ainda mais todos esses aspectos que constituem CoD tanto na campanha quanto no multiplayer.

Até aí ia tudo bem para a franquia, até que eles largaram essa pegada mais “realista” e foram ficando cada vez mais “fora da caixinha”, em Modern Warfare 3 começaram a fazer maiores exageros e as tão faladas micro transações começaram a aparecer, deixando alguns fãs com uma pulga atrás da orelha.

Em Black Ops 2 o foco foi trocado novamente, focando em cenários mais futuristas. O jogo seguinte, Call of Duty Ghosts não teve uma recepção lá muito calorosa pelos fãs, se você procurar agora no Metacritic verá que o user score está em míseros 3.9, apesar disso o jogo ainda vendeu bastante e eles seguiram com a pegada mais futurista com os jogos da série Advanced Warfare e Infinite Warfare que seguiram tendo recepções mais mornas.

Até que eles resolveram voltar às origens com o jogo de 2017, World War II, em que eles voltaram ao básico da franquia, a Segunda Guerra Mundial como o título sugere e o resultado foi um jogo muito mais sólido do que as entradas futuristas dos últimos anos.

O que seguiu foi Black Ops 4 que abdicou do modo campanha para focar nos modos multiplayer e depois a grande surpresa do ano passado, o polêmico Modern Warfare de 2019, que foi bem recebido apesar de algumas faltas de acurácia históricas que deixaram o povo russo furioso com os desenvolvedores.

Campanha

Agora eles voltam a retratar uma guerra histórica, a Guerra Fria e devido à sua natureza, eles podem tentar algumas coisas interessantes. O jogo é uma continuação direta do tão aclamado Black Ops de 2010 e a campanha tem um início que deixa claro a que veio, com uma missão de abertura cheia de ação e adrenalina de tirar o folego.

O objetivo é perseguir esse contato dos russos para extrair importantes informações que são o ponto de partida para a narrativa enquanto tem que passar por todos os capangas desse cara, assim que você o alcança há uma cena que lembra muito um interrogatório que o Batman faria, perto da beirada do telhado de um prédio alto.

Após essa missão, você tem que criar o seu personagem, Bell, não é uma customização como a que se encontra em alguns jogos de RPG, pro exemplo, mas certas características que você escolhe pode influenciar no gameplay, como a quantidade de munição que você pode carregar e quanto de dano seu personagem é capaz levar antes de morrer.

Alguns personagens do icônico Black Ops retornam, como Woods e Mason, mas dessa vez eles ficam como totais coadjuvantes e o destaque vai para Parks e Adler. Parks é uma soldado implacável que irá salvar sua vida algumas vezes sem pestanejar e você provavelmente terá a chance de retribuir, mas o personagem que você provavelmente mais se lembrará da sua jogatina é Adler, que é um sujeito misterioso e extremamente calmo, que nunca muda de expressão, até mesmo nas situações mais perigosas.

Como a Guerra Fria ficou marcada por sua rivalidade entre a CIA e a KGB, duas agências de inteligência que realizam operações de espionagem, há missões que divergem do básico cover shooter característico de Call of Duty, focando em stealth lembrando muito jogos como Splinter Cell, Metal Gear e Hitman, em que é necessário se esgueirar evitando ser notado para matar seus oponentes.

Destaco uma missão muito interessante em que você é um infiltrado dentro da KGB e pode escolher como você prefere prosseguir, vai sair atirando ou vai usar a cabeça para matar a pessoa certa? Essa mistura de estilos deixam a campanha desse Call of Duty em específico muito interessante.

Quanto aos gráficos, eles não chegam perto de ser os mais bonitos dessa fase de transição de gerações, os modelos de personagens por vezes parecem um tanto ultrapassados, fora o de alguns dos protagonistas que são um pouco mais caprichados, mas é compreensível que seja assim, pois Call of Duty sempre focou na acessibilidade, eles tentam deixar o jogo acessível até mesmo para aqueles que possuem hardware mais fraco, dessa forma eles não capricham muito no gráfico deliberadamente.

O que me decepcionou um pouco foi a história, que tem sim alguns bons momentos como o já mencionado, outra coisa que eu gostei foi a subversão histórica que o jogo traz, nada tão ofensivo quanto a do jogo anterior, pelo contrário, pode até ser que coloque um pouco de orgulho no povo russo.

Nesse jogo, conforme as suas escolhas, você pode levar à vitória tanto dos americanos quanto dos russos, algo que achei bem interessante. Mas há certos exageros nesse jogo e alguns elementos que já são clichês e chavões da franquia, eles tentaram fazer uma história contendo o mesmo peso das revelações do Black Ops de 2010, sendo que dessa vez, ao meu ver, não chegaram perto.

Multiplayer

Quanto aos modos multiplayer desse jogo, temos o retorno de alguns modos clássicos como domination, em que um time de jogadores, tem que capturar e defender postos de comando retendo a dominação dos mesmos para conseguir levar seu time à vitória. Retorna também o popular modo de death match, que é o padrão em jogos de tiro em que ganha quem matar o maior número de jogadores. Você pode jogar todos os modos de jogo com o auxílio da SKY com o serviço de internet.

Temos alguns novos modos como vip escort, que requer que os jogadores trabalhem ainda mais em equipe. O objetivo é tanto destruir alguns alvos específicos plantando bombas como eliminar todos os inimigos restantes.

Eliminando seus inimigos antes, fica muito mais fácil de completar seu objetivo, entretanto se o inimigo conseguir colocar a bomba antes, a vitória é dele. Outro destaque é o Fireteam: Dirty Bomb, em que 10 equipes de 4 jogadores se enfrentam em um modo que se assemelha um pouco ao battle royale mas é um pouco mais livre.

Ganha o time que sobreviver e você pode ganhar de três formas diferentes, consistindo em eliminar seus inimigos da forma tradicional, usar bombas de radiação e depositar urânio.

O sistema de progressão continua bom como sempre foi, conforme você vai jogando e ganhando nível obtêm-se acesso à armas mais poderosas, você pode modificar a sua favorita para que ela faça mais dano ou carregue mais munição. Uma das melhores armas que pode ser encontrada nesses modos multiplayer é com certeza a metralhadora MP5 que destrói os oponentes com grande facilidade e já se tornou a favorita de muitos jogadores.

Apesar disso há algumas reclamações sobre a maneira que o jogo roda em alguns sistemas, há alguns problemas de lags em hardwares como o Playstation 4 e o Xbox One, que são os consoles que a maioria dos jogadores ainda tem, então com certeza é um ponto negativo a se ressaltar, entretanto as versões do Playstation 5 e dos Xbox Series rodam perfeitamente.

Quanto à versão de PC, que foi a que eu joguei, o jogo me pareceu bem otimizado para rodar até mesmo em hardwares mais antigos com as configurações certas, me parece até ser a melhor maneira de jogar esse jogo, portanto sem reclamações nessa área.

A maioria dos mapas são muito bem feitos, com várias opções para os jogadores serem criativos com as maneiras que eles usam os cenários, entretanto há aqueles que já caíram no desgosto da galera, sendo o principal deles Miami que não possui um design de cenário lá muito caprichado, com  opções de cobertura não muito boas e é um verdadeiro labirinto, o que não é bom para um cover shooter.

Aqui também se encontra a cereja do bolo de Call of Duty, o modo zumbi, que como sempre é divertidíssimo, sempre achei que esse modo por si só já é material para um jogo consistente e interessante, portanto é um baita bônus.

Nesse novo jogo, o cenário Die Maschine lembra muito o modo zumbi original do clássico de 2009, World at War, o diferencial dessa versão é que ao invés de começar com uma pistola, você pode escolher com qual arma começar, o que acrescenta à dinâmica do jogo já no começo.

Há uma grande variedade de inimigos, começando com alguns zumbis padrão, passando para uma criatura de quatro patas, um mais rápido, outro que explode, outro tipo tanque que é uma esponja de tiros, enfim, o jogo é bem divertido.

Call of Duty Black Ops: Cold War diverte com a velha fórmula que fez de CoD o rei das franquias de tiro nos anos 2000 e parte dos anos 2010, possui uma campanha sólida, com algumas poucas coisas que não funcionaram muito bem.

Possui alguns problemas de performance em algumas plataformas e alguns outros problemas técnicos que terão que ser consertados em patch futuramente e apresenta bons modos de multiplayer.

Aspectos técnicos como design de cenários e mixagem de som são caprichados ao máximo e o fazem sentir como se estivesse mesmo em uma guerra. Apesar dos problemas que o jogo possa vir a ter, a série continua na direção certa e merece pelo menos um pouco de sua atenção.

Agradecemos à Activision por ter cedido uma cópia desse jogo para análise.

Ficha técnica:

Call of Duty Black Ops: Cold War, 2020

Desenvolvedores:  Treyarch, Raven Software, High Moon Studios, Beenox, Sledgehammer Games

Distribuidora: Activision

Plataformas: PlayStation 5, Xbox Series X, PlayStation 4, Xbox One, Microsoft Windows

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Publicado por Daniel Tanan

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