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Análise | Horizon: Zero Dawn

Horizon Zero Dawn é o novo jogo da Guerrilla Games e uma das maiores promessas para 2017 no catálogo de exclusivos do Playstation 4. Após anos se dedicando a franquia Killzone, o estúdio finalmente cria seu primeiro título fora do mundo dos Hellghast em quase 10 anos. E ainda mais, adentrando um gênero e estilo pouco explorado por seus desenvolvedores. Foi preciso mais de 4 anos para Horizon ser concebido e lançado para o público, mas será que ele realmente valeu a pena? A promessa da próxima grande franquia exclusiva da Sony é real?

 

Bem-vindo à Horizon

A história de Horizon se inicia muito antes da época que o jogo se passa, mais especificamente, mil anos antes, quando o homem e sua sociedade foram devastados devido a uma grande calamidade. Perdendo o status de espécie dominante, o homem se tornou presa fácil de máquinas robóticas gigantescas. Regredindo ao estado pré-histórico de sociedade, os humanos se reúnem em pequenas tribos, venerando deuses, objetos e a cultura de um passado próspero e tecnológico. No meio desse mundo hostil, Aloy, uma caçadora da tribo da Mãe e com um passado  envolto em mistério, decide partir para uma jornada em  busca da sua origem: de onde veio e qual seu propósito no mundo habitado por gigantes de ferro?

Apresentando uma protagonista forte e um universo completamente novo, a Guerrilla Games tinha a difícil tarefa de apresentar aos jogadores um mundo que reúne elementos vistos em ficções científicas icônicas (Planeta dos Macacos e a Máquina do Tempo vêm em mente) mas com  um toque de originalidade. Dito isso, Horizon é uma grata surpresa e apresenta um dos mundos mais interessantes vistos no gênero. A mistura de elementos pré-históricos com tecnologia é algo pouco antes visto nos games e na cultura pop. Com o mistério da origem da personagem principal se tornando o fio condutor para se explorar o mundo, a trama avança de forma extremamente fluida e eficiente durante boa parte do game. Após 30 horas condensadas em missões principais e boa parte das secundárias, o game nunca se perde em contar a história que precisa ser contada e consegue amarrar muito bem as pontas soltas criadas durante a campanha.

 

Caça e Caçador

Horizon é um jogo de mundo aberto com ação em terceira pessoa e elementos de RPG. E o que faz dele tão especial se concentra em elementos cruciais para a experiência: o gameplay e as criaturas robóticas encontradas no mundo do game. Contrastando com a natureza e a beleza remanescente de um passado distante, tais robôs são a chave para o progresso no jogo e também seu principal obstáculo.

A forma como o jogador enfrenta tais criaturas é a grande sacada. Você não deverá apenas infringir dano com suas armas mais poderosas, mas sim conhecer a fraqueza de cada criatura, identificando os pontos fracos em sua armadura. Em encontros épicos que testam as habilidades do jogador à la Shadow of the Colossus, cada animal tem pequenas válvulas chamadas de Flamas, que servem como seus pontos fracos. Acertar essa fraqueza irá causar o dobro de dano comparado a simplesmente atacar incessantemente. Essas Flamas também servem para melhorar seu arsenal e trocar por itens com os vendedores, tornando os encontros mais recompensadores para o jogador.

Para sobreviver neste mundo onde você constantemente está sendo caçado por criaturas robóticas, entra a estrutura de crafting e exploração do mapa, no mesmo estilo de um jogo de sobrevivência em terceira pessoa como Tomb Raider. O sistema de crafting é inteligente e permite escolher diversas abordagens para melhorar seus itens, seja comprando com comerciantes ou adquirindo matérias-primas da natureza e de inimigos, como animais (orgânicos ou não) e humanos inimigos.

Mas tais criaturas não servem apenas como obstáculos e pontos de experiência já que podem ser hackeadas por Aloy, servindo de montaria ou aliados na hora do combate. A diversidade de criaturas e as diversas possibilidades em combatê-las as torna o cerne da experiência de Horizon.

Mas a ameaça não se resume a apenas dinossauros robóticos. Humanos de outras tribos também estão constantemente de olho em Aloy e no mistério que ela guarda consigo. Uma das formas de se desvencilhar de tais ameaças é no sistema stealth oferecido pelo jogo, extremamente familiar, mas muito bem executado. Usando da vegetação, o jogador se movimenta furtivamente para atacar os inimigos e presas fáceis, e também criando um refúgio para aqueles momentos que bater de frente com a ameaça não é uma opção.

É essa intrínseca ligação de crafting, exploração e combate que fazem do looping do jogo tão viciante e gostoso de jogar. Quando você perceber, terá passado horas apenas adquirindo recursos para melhorar suas armas e assim derrotar mais facilmente inimigos maiores. Todos os sistemas funcionam de forma bem integrada, e com um gameplay fluido e responsivo, que oferece diversas formas de movimentação, seja correndo, rolando e deslizando pelo chão. A gama de movimentos de Aloy torna o combate mais divertido do que já é em sua essência.

Apesar do combate com armas e as tecnologias usadas pela protagonista serem muito refinadas, o mesmo não pode se dizer do combate corpo a corpo, que acaba aparecendo em um patamar abaixo em termos de polidez. Atacar com a lança acaba se tornando cansativo e, combinado com a câmera que se atrapalha quando perto de uma criatura muito grande, pode torná-lo contraprodutivo no combate.

 

Maravilha Visual

Aloy é uma protagonista forte e decidida, vista por maus olhos pelo resto de sua tribo devido sua origem misteriosa, mas não é por isso que ela desistirá tão fácil de ir atrás da verdade e deter quem quer que esteja no seu caminho. Nessa jornada, Aloy encontra alguns companheiros que serão fundamentais para o sucesso da missão. Ao contrário da protagonista, tais coadjuvantes acabam sendo meras ferramentas para o plot, não se tornando exatamente memoráveis, com exceção de um ou outro. Através de escolhas no diálogo, o jogador interage com esses personagens em um sistema semelhante ao visto em jogos da Bioware (Mass Effect e Dragon Age), porém, o sistema de escolhas influencia pouco nas ações feitas pela personagem.

O que nos leva a uma das críticas em relação o conteúdo do game: suas missões secundárias. Apesar de serem variadas, acabam sendo pouco inspiradas e com situações e histórias menos interessantes. Você provavelmente não vai se importar de pular um diálogo ou outro para prosseguir logo com a missão e adquirir seus valiosos itens e pontos de experiência. Para quem está acostumado com os coletáveis e fetch quests secundárias de games como Middle-Earth: Shadow of Mordor e Far Cry, estará em casa com Horizon.

Fora da campanha, o jogo tem uma boa gama de tarefas secundárias. Para o jogador acostumado com o gênero, Horizon é uma experiência familiar de um game de mundo aberto. Pegando emprestando elementos que funcionaram em outras séries como os já citados Far Cry e Tomb Raider. Você dominará bases inimigas, abrirá o mapa encontrando “torres” de comunicação, (que aqui são enormes criaturas que perambulam pelo mapa), caçar matérias-prima para a criação de itens e aumento de armazenamento de recursos, etc. O diferencial não está em sua estrutura de mundo aberto, mas sim no refinamento e diversidade visual.

O visual é impressionante. Se utilizando da engine Decima desenvolvida pelo estúdio, o jogo é uma demonstração gráfica como poucos jogos vistos no Playstation 4. A Guerrilla realmente se dedicou a criar um universo rico e imersivo, com uma mitologia bem estabelecida e que poderá ser explorada de diversas maneiras.

Os gráficos afinal fazem jus à história do estúdio, que sempre trabalhou para puxar o máximo da capacidade de cada console. E não, o jogo não sofreu um downgrade como o infame Killzone 2. O jogo continua lindo como foi mostrado nas suas apresentações de gameplay ao vivo e é provavelmente um dos melhores visuais que o console ofereceu até hoje, rivalizando com Uncharted 4, outro grande exemplo de excelência técnica.

Os cenários e criaturas surpreendem constantemente. Há uma diversidade incrível de terreno e locais que são uma experiência por si só. Entre densas florestas, desertos e montanhas nevadas, cada local é extremamente marcante e exuberante em sua diversidade. E além da natureza, a cultura de cada tribo encontrada também fascina e instiga o jogador. Explorar as cidades maiores e ver as diferentes vestimentas e costumes, enriquecidos por uma vasta mitologia explorada nos coletáveis que você vai encontrando, mostra o quanto o universo do game foi bem desenvolvido e concebido.

E o refinamento gráfico não se resume ao belo mapa, mas também nos incríveis detalhes dos modelos humanos no jogo. Aloy e todos os personagens que a rodeia são incrivelmente bem feitos em um nível de detalhe encontrado apenas em jogos mais lineares. As expressões faciais nas cenas de diálogo são fascinantes, em uma técnica de captura de movimento que assusta de tão realista, e que junto com a excelente localização nacional torna a história uma experiência muito bem executada. Toda essa maravilha visual é pontuada por uma imersiva trilha sonora, que dá o tom selvagem e inóspito necessário.

Apesar da excelência técnica, há sim algumas inconsistências (ao menos no momento do lançamento), como alguns problemas de lip sync fora das cutscenes, bugs de colisão, um sistema climático que algumas vezes enlouquece e muda drasticamente, além de alguns problemas de iluminação e paleta de cores em locais fechados. Como dito anteriormente, ainda sim é uma experiência brilhante por se tratar de um jogo de mundo aberto com o refinamento de um game linear, o desempenho não deixa a desejar, com pouquíssimas telas de loading e um tempo curto de carregamento do Game Over.

     

Veredito

Horizon Zero Dawn é um game que sintetiza tudo que os games de mundo aberto modernos oferecem em um pacote sólido e extremamente polido. A soma de suas partes traz uma experiência que cativa o jogador até o final, com o gameplay fluido e uma trama intrigante. Apesar de não reinventar a roda, se torna um dos melhores exemplos de como apresentar uma nova franquia em um ambiente familiar e confortável ao jogador moderno.

Horizon Zero Dawn (EUA – 2017)
Desenvolvedora: Guerrilla Games
Distribuidora: Sony Interactive Entertainment
Gênero: RPG de Ação
Plataformas: Playstation 4

Veja nosso vídeo review de Horizon!

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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