Lista | Ranking da franquia A Hora do Pesadelo
Quando se trata de sonhos, nem mesmo David Lynch é capaz de superar o talento de Freddy Krueger para envolver suas vítimas. Um dos mais célebres e icônicos personagens da História do Cinema, a criação de Wes Craven, imortalizada por Robert Englund, carregou a franquia A Hora do Pesadelo por quase 30 anos, passando por poucas e boas nessa jornada que definitivamente merece atenção.
Aqui, relembramos todos os filmes de Krueger, e ranqueamos todos eles do pior ao melhor.
Confira, e claro, não caia no sono:
9. A Hora do Pesadelo 6 - O Pesadelo Final: A Morte de Freddy
O mais baixo que Freddy Krueger já chegou, onde até mesmo o título do filme precisa anunciar a morte do personagem para atrair mais público, que na época já não aguentava mais a repetição e esgotamento da franquia. Não há muito o que se salvar aqui, com alguns dos efeitos menos memoráveis (apenas a sequência do videogame é interessante), um Freddy mais pastelão impossível e nada que realmente mereça reconhecimento. Pavoroso.
8. A Hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy
O quinto capítulo da franquia é um pouco melhor do que o seguinte, mas é o ponto em que a série apenas se preocupava em inventar mortes elaboradas através de efeitos especiais requintados. O Maior Horror de Freddy definitivamente tem seus momentos, especialmente na sequência em que Freddy transforma-se numa moto ou a perseguição dentro de uma revista em quadrinhos, mas falha na expansão grotesca da origem de Freddy, e também toda a ideia esdrúxula do personagem tentar criar um filho.
7. A Hora do Pesadelo (2010)
O inevitável remake chega em Elm Street. Ainda que não chegue aos pés do original ou aproveite todo o potencial de Freddy, Samuel Bayern faz um experimento curioso ao apostar em um clima mais sombrio e realista para a história, desde o visual mais soturno da fotografia até a caracterização mais robusta do Freddy de Jackie Earle Haley, em uma atuação inspirada. Infelizmente, todo o resto é descartável, desde o elenco péssimo até a direção fraca que se concentra apenas em cópias digitais de momentos icônicos do original.
6. A Hora do Pesadelo 2: A Vingança de Freddy
Era impossível se equiparar ao sucesso do primeiro filme, mas agora, parando para analisar depois de anos, acredito que A Vingança de Freddy não seja um filme ruim. Claro, tem momentos hilários e um curioso subtexto homoerótico feito da maneira mais satírica possível, mas acerta no conceito original de colocar Freddy tentando voltar à existência utilizando o corpo de um adolescente; sendo este o filme onde o assassino menos aparece, e onde a direção de Jack Sholder é eficiente ao criar imagens sinistras.
5. Freddy vs Jason
O épico encontro entre dois ícones do terror! Era uma tarefa difícil lídar tanto com a persona de Freddy Krueger quanto o do "colega de trabalho" Jason Voorhees, mas o diretor Ronny Yu faz um bom trabalho ao unir o melhor dos dois mundos. Temos um Freddy digno e que respeita a franquia de A Hora do Pesadelo. Claro, todos os personagens são péssimos e mal escritos, mas o longa entrega em sua proposta de diversão, e também na pancadaria titular.
4. A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos
Seguindo o sucesso do terceiro filme da série, O Mestre dos Sonhos aposta na mesma pegada de seu antecessor: mortes mais elaboradas, efeitos especiais memoráveis e continua explorando um tom aventuresco da história. É também o responsável por tornar Freddy uma figura mais cômica, algo que viria a piorar nos capítulos seguintes. É um bom filme com grande criatividade, mesmo que seja um início do esgotamento da fórmula.
3. Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger
Depois de anos afastado da franquia, Wes Craven retorna para o pitch mais maluco e inovador da franquia até então: Novo Pesadelo transcende a barreira da realidade e coloca Freddy Krueger invadindo o mundo real, onde o próprio Craven e todos os atores dos filmes interpretam a si próprios, com o assassino sendo revelado como uma força do mal que foi aprisionada pela franquia. É uma piração metalinguística muito interessante, e que ainda devolve a imagem de monstro assustador ao vilão, que ganha um apavorante novo visual. Não atinge todo o potencial da ideia, mas é um filme diferente de todos os outros.
2. A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos
A sequência que Krueger tanto merecia. Wes Craven retorna para dar uma valiosa ideia que viria a ditar o padrão das próximas sequências, e também filmes de sucesso como A Origem. Nele, as crianças atormentadas por Krueger usam a noção do sonho lúcido para tentar lutar de volta contra o assassino, rendendo algumas das mais inventivas e memoráveis cenas de toda a série, desde Freddy saindo de uma televisão ou sua icônica transformação em um titeteiro gigante. Filmaço!
1. A Hora do Pesadelo
Só um filme poderia dominar essa lista, convenhamos. O clássico de Wes Craven é um dos grandes filmes de terror de todos os tempos, e merece reconhecimento por sua ideia extremamente original e toda a mitologia que se inicia com a figura do Freddy Krueger de Robert Englund. Um filme essencialmente dos anos 80, que impressiona pela direção e a criatividade.
Qual o seu filme preferido com Freddy Krueger? Comente!
Crítica | A Morte do Demônio - Um remake que entende o espírito do original
Acho remakes muito interessantes, ainda que majoritariamente desnecessários. Quando Hollywood resolve recontar uma história imortalizada décadas atrás, adaptando-a para um público moderno, é muito comum que o resultado não capture a essência do longa original – e desvalorize seus feitos técnicos ao trazer um excesso de efeitos computadorizados em sua nova versão. Felizmente, o uruguaio Fede Alvarez compreende o que tornou o Evil Dead de Sam Raimi especial e faz de A Morte do Demônio um dos mais estimulantes remakes já feitos.
A trama mantém a premissa do filme de 1981, mas oferece mudanças que contribuem de forma genial ao desenrolar da narrativa. Agora temos um grupo de 5 amigos que se hospeda em uma cabana na floresta, buscando não a diversão, mas sim um auxílio ao processo de desintoxicação de drogas de um deles (expurgar os “demônios interiores”, irônico). Enquanto exploram o local e seus cômodos ocultos, encontram um sinistro livro que acaba despertando espíritos demoníacos que vão possuindo um a um os jovens.
Parte do sucesso deste novo A Morte do Demônio deve-se ao fato de os produtores do original (incluindo seu diretor e astro, Sam Raimi e Bruce Campbell) estarem envolvidos de perto no desenvolvimento do projeto. Alvarez remete ao longa de Raimi com maneirismos elegantes, como ao trazer gravações de áudio (atenção à cena do “One by one, we will take you!”) do primeiro filme e reproduzir nos momentos apropriados a marcante câmera em primeira pessoa avançando rapidamente pela floresta. Estão lá também as motosserras, os colares cujas correntes assumem a forma de um crânio e mais inúmeras pequenas referências que certamente agradarão os saudosistas.
Mas se fosse para simplesmente copiar o filme que já assistimos, a versão de 2013 não valeria o ingresso. Em sua estreia como diretor de longa metragens, Fede Alvarez revela bom olho para tomadas criativas (e a fotografia de Aaron Morton é impecável ao retratar ambientes escuros com limitadas fontes de luz e os planos cobertos por uma névoa acertadamente sinistra) e também evita os sustos mais clichês: há diversas cenas em que o usual jump scare poderia ser utilizado para provocar a platéia, mas o diretor prefere manter-se à tensão, exacerbada com habilidade pela trilha sonora de Roque Baños (que oferece um ótimo efeito sonoro de intensidade crescente, semelhante a um alarme). Por tal motivo, o longa não é de se assustar muito, e opta por chocar o espectador com litros e litros de sangue, que são jogados sem piedade em diversas mutilações, vômitos e até mesmo uma curiosa “chuva” do líquido. Importante ressaltar que o diretor fez considerável uso de efeitos práticos, muito mais impactantes do que imagens computadorizadas.
Como havia escrito no segundo parágrafo, o longa traz mudanças na história que surpreendem por sua eficiência. Todo o núcleo da viciada em drogas Mia (a adorável Jane Levy) é perfeitamente inserido dentro do contexto sobrenatural, já que as experiências iniciais da jovem com os demônios e árvores violentadoras são vistos por seus colegas como “um efeito colateral da abstinência desta”, um argumento que soa muito menos clichê do que a presença do ceticismo. No entanto, se acerta nessa inspirada transposição, o texto de Rodo Sayagues e do próprio Alvarez (além de uma revisão não creditada de Diablo Cody) erra ao nem tentar nos fazer importar com os vazios coadjuvantes e ao oferecer uma solução absurda para o destino de um dos personagens – que soa algo do tipo “por que demoraram tanto tempo para tentar isso?”
Contando ainda com um desfecho impagável que abraça a alma trash da franquia, A Morte do Demônio é um remake que tem potencial para agradar tanto aos fãs do original, quanto à nova geração. O resultado aqui é tão inventivo que até oferece possíveis formas de conectar este filme com a trilogia de Sam Raimi. Fique de olho.
A Morte do Demônio (Evil Dead, EUA - 2013)
Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez e Rodo Sayagues, baseado no filme de Sam Raimi
Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Loy Taylor Pucci, Jessica Lucas, Elizabeth Blackmore
Gênero: Terror
Duração: 91 min
https://www.youtube.com/watch?v=JBfub8SbtvU
Crítica | Garota Exemplar - A comédia romântica mais perturbada da História
Quando David Fincher faz um suspense, sinto que estou prestes a ver um chef italiano em uma trattoria, um profissional hábil em seu ambiente mais familiar. Seria mais fácil definir quais filmes do diretor não são representantes do gênero, e estaria me referindo a O Curioso Caso de Benjamin Button e A Rede Social. Com Garota Exemplar, Fincher embarca mais uma vez em sua zona de conforto, e caramba… O cara nunca esteve tão à vontade.
Gillian Flynn adapta seu próprio romance na trama que se concentra no casal Nick (Ben Affleck) e Amy Dunne (Rosamund Pike). Com o casamento desgastado, a situação se complica quando Amy desaparece subitamente, iniciando uma investigação que coloca seu marido como principal suspeito; ainda que ele insista em sua inocência e tente resolver por si próprio o mistério.
Acho fascinante como Fincher, mesmo atuando diversas vezes no mesmo genêro é capaz de abordar diferentes temas – e de diferentes formas – em suas incursões. Se7en – Os Sete Crimes Capitais era puramente sobre a abominação na Terra, Zodíaco se dedicava a analisar a obsessão de um homem por respostas e seu Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres era uma mistureba que trazia temas como credibilidade jornalística e os abusos da mulher na Suécia. Garota Exemplar é uma maravilhosa experiência que se concentra nas hipocrisias do circo midiático e os problemas de um casamento, e o que surpreende é como Fincher e Flynn permeiam a história com um inesperado senso de humor negro e cínico: convenções quanto a formulaica história do “Boy Meets Girl, Boy Loses Girl” são quebradas de forma assombrosa, levando a uma conclusão amarga e da qual é impossível não soltar uma risadinha maliciosa. Até uma gag visual e metalinguística em especial diverte, quando a polícia encontra a “primeira pista”.
Mas há muito mais sob as aparências. Vou ser bem cuidadoso para não revelar spoilers, contentando-me a dizer que o roteiro começa a surpreender à medida em que vamos aprendendo melhor sobre quem é Amy Dunne, e quais os motivos que levaram à sua situação nebulosa. Para isso, o montador Kirk Baxter (aqui, sem o habitual parceiro Angus Wall) equilibra com maestria os flashbacks que nos colocam dentro do diário de Amy, onde esta compartilha não só o início de sua relação com Nick, mas também dos problemas. Baxter é genial ao apostar em cortes sutis e irônicos, como o beijo do casal que é logo interrompido para uma cena em que a polícia colhe uma amostra de DNA da boca de Nick e também seu uso de fades to black para pontuar as transições temporais e as situações mais intensas. E já que falei em pontuar, Trent Reznor e Atticus Ross novamente oferecem uma trilha sonora sombria e distorcida, facilmente criando uma atmosfera pesada.
Mas quando falamos de Amy, precisamos falar de Rosamund Pike. O nome é desconhecido para a maioria, mas certamente em algum momento vocês já a viram por aí em papéis menores (vilã em 007: Um Novo Dia Para Morrer, advogada em Jack Reacher: O Último Tiro e recentemente a ex-namorada de Simon Pegg em Heróis de Ressaca). Com sua performance em Garota Exemplar, Pike merece explodir no circuito comercial e também em futuras premiações. Sua Amy é um ser complexo e difícil de se entender, praticamente uma representação carnal do enigma da esfinge egípcia: decifra-me ou te devoro, literalmente. Pike é talentosa em sua atuação cheia de nuances e transformações, juntando-se a Rooney Mara e Jodie Foster como uma das mulheres mais fortes da filmografia de Fincher – ainda que a personagem de Pike penda para um grau de psicopatia.
Aliás, o longa certamente é capaz de despertar debates interessantes, especialmente entre casais, sobre as decisões tomadas pelos personagens. Ben Affleck se sai muito bem no “lado masculino” da discussão, criando um Nick que é muitas vezes burro ingênuo demais, mas também capaz de esconder segredos do público. Fincher sempre incita a dúvida quanto a real posição de Nick na situação, e é delicado ao retratar as mudanças de atitude da polícia (representado pela ótima Kim Dickens) em relação a este. Temos neste universo rico – e lindamente fotografado por Jeff Cronenweth – diversos personagens carismáticos, incluindo o advogado Tanner Bolt (Tyler Perry, casting perfeito), a irmã Margo (Carrie Coon, divertida e leal) e o misterioso Desi Collings (Neil Patrick Harris), cuja construção é repleta de influências hitchcockianas, especialmente a obsessão por loiras vista no clássico de Hitchcock, Um Corpo que Cai.
Garota Exemplar é um filme poderoso e surpreendente, seja por suas reviravoltas imprevisíveis ou pelo humor negro que adota para retratar temas e situações relevantes no momento – sendo a instituição casamento seu principal alvo. Um dos melhores do ano e também da filmografia do sr. David Fincher.
Garota Exemplar (Gone Girl, EUA - 2014)
Direção: David Fincher
Roteiro: Gillian Flynn, baseado na obra da mesma
Elenco: Ben Affleck, Rosamund Pike, Neil Patrick Harris, Carrie Coon, Kim Dickens, Tyler Perry, Missi Pyle, Lola Kirke, Hal Holbrook, Patrick Fugit
Gênero: Suspense, Drama
Duração: 149 min
https://www.youtube.com/watch?v=tKwEdRC26xA
Leia mais sobre David Fincher
Artigo | Analisando a direção de David Fincher em Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Lançado pela Sony em 2011, a versão americana de Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres é um dos filmes mais bem realizados do ponto de vista técnico-narrativo dos últimos anos. Dada essa sofisticação do trabalho de David Fincher como diretor, dediquei este pequeno artigo à sua técnica no remake da obra de Stieg Larsson.Aqui, analiso principalmente a mise en scène e algumas escolhas musicais de determinadas cenas que apresentam detalhes impressionantes.
Aproveitem:
Observação: o post traz muitos spoilers do filme (e também alguns acerca do SEGUNDO LIVRO da trilogia)
Os créditos de abertura
Come from the land of the ice and snow…
Ao som de “Immigrant Song”, famosa música de Led Zeppelin que ganha um cover por Karen O, Trent Reznor e Atticus Ross, os créditos inicias de Millennium são espetaculares e, quando disse que mereciam uma crítica própria, falava sério. E aqui vai ela:
Inicialmente nos deparamos com um close profundíssimo nos pneus de uma motocicleta, assim como suas partes mecânicas e painéis. Depois, o segundo estágio de Lisbeth Salander: suas habilidades como hacker, representadas pelo teclado (com símbolos suecos, mais uma boa forma de imersão no cenário da trama) que é preenchido pela substância obscura.
Dentre relances do rosto de Salander, misturam-se a sequência do fósforo – que remete diretamente a uma cena do segundo livro – onde Lisbeth incendia seu próprio pai e o que os designers da Blur Studio chamam de “Salander virtual”; um aglomerado de peças de computadores e fios USB que ganham o formato da protagonista.
Ao fim da progressão, o pai de Salander derrete e sua “versão virtual” entra em curto-circuito.
Agora vemos mais o Mikael Blomkvist de Daniel Craig, que começa a ser acariciado e agarrado por mãos que o destruirão ao fim da cena. Paralelamente, vemos as raízes e espinhos de flores que crescem dentro do rosto de Harriet Vanger e uma fênix (que Salander tem tatuada na perna) tomando voo.
E junto com a queda de Blomkvist, o icônico dragão tatuado começa a ganhar vida das costas de Lisbeth.
Logo depois, o momento que define o termo “homens que não amavam as mulheres”, quando vemos o pai de Lisbeth esmurrar sua mãe. É interessante observar que os pedaços melequentos da vítima respingam na jovem Salander, representando que ela cresceu assistindo cenas do tipo (a vespa saindo de seus olhos contribui nesse quesito) e que essa violência de certa forma a definiu, e deu origem a seu ódio contra “homens que não amam mulheres”.
As mãos grotescas que destroem o rosto de Lisbeth
E esses mesmos sujeitos são responsáveis pela destruição da protagonista, que tem seu rosto coberto por inúmeras mãos sujas e grotescas para depois lentamente ser derretido.
Na conclusão da cena, vemos o fim do ciclo das flores de Harriet e o momento em que ele recomeça, marcado pela desintegração das pétalas. Voltando para Blomkvist, seu rosto é violentamente amordaçado por manchetes de jornal – simbolizando muitíssimo bem seu problema legal que é apresentado posteriormente – e este começa a vomitar moedas, uma metáfora brilhante para o agravo forçado de suas economias.
Entre agulhas penetrando peles e a colisão das faces de Blomkvist e Salander, uma mão perfura a terra e a forte imagem apresenta dois significados: ou remete diretamente ao clímax do segundo livro (onde a personagem é enterrada viva) ou seria mais uma metáfora, dessa vez para mostrar a resistência de Salander a um mundo cruel e de preconceitos.
Foram só 3 minutos de filme e já tivemos uma carga dramática e visual sem precendentes.
Estocolmo, Suécia e seus personagens
A história finalmente começa quando vemos Blomkvist descendo a escada do tribunal após sua condenação (e adoro o fato de ele estar descendo, como se tivesse caído de posição) e sendo abordado por dezenas de repórteres. É divertida a interação entre o jornalista e seus colegas do ramo, e o roteiro de Steven Zaillian sugere que Mikael conhece todo o pessoal da mídia; e que ele possui ótimas rebatidas. “O que é isso? O evento da mídia do ano?”
O jornalista condenado encara uma chuva pesada
Saindo do tribunal, nada mais depreciativo do que uma pesada chuva sob os ombros de nosso herói caído (elemento que marcou presença em Se7en, também de David Fincher) enquanto ouvimos diversos trechos de entrevistas e telejornais, que – de forma intrínseca – explicam bem o caso de Mikael Blomkvist, acusado de difamação contra o poderoso empresário Hans Erik Wennerstrom; e a mixagem de som de Ren Klyce é bem-sucedida ao misturar tais passagens sem torná-las incompreensíveis.
O empresário Hans Erik Wenneström
Em um café, contínuamos ouvindo às reportagens sobre a condenação de Blomkvist. Quando ele entra, compra um café e um sanduíche e volta a analisar o veredicto. E é aí que vemos o tal Wennerstrom pela primeira vez: rodeado por advogados, ele prega que o jornalista teve o que mereceu (“Todos os jornalistas devem entender, assim como o resto de nós, que seus atos têm consequências).
Uma curiosidade divertida: a balconista do café, que realmente trabalhava ali, é uma jovem chamada Ellen Nyqvist, filha do ator Michael Nyqvist, intérprete de Mikael Blomkvist na versão sueca da trilogia. Muita coincidência, não?
Blomkvist compra um maço de cigarros e, logo em seguida joga-o no lixo, limitando-se apenas a uma tragada. Uma observação reveladora sobre o personagem é o fato de este comprar também um isqueiro, indicando que o jornalista não carrega consigo o hábito do fumo, dando a entender que este largara o vício anteriormente, mas agora o retoma sob consequência de sua condenação. Um detalhe interessante na composição da cena é o televisor no canto esquerdo, que mostra imagens de Blomkvist saindo do tribunal, e elas coincidem precisamente com a apresentação do personagem.
Blomkvist então segue para o escritório de sua revista Millennium, onde ignora toda a equipe de redação e segue para conversar com sua parceira e amante, Erika Berger (Robin Wright). A relação curiosa dos dois é mantida como no livro: os dois são parceiros sexuais, mesmo Berger sendo casada.
A revista Millennium traz: Blomvist – Nas Correntes
Agora conheceremos Lisbeth Salander (Rooney Mara), a garota com o dragão tatuado. A câmera inicialmente foca em uma cópia da revista de Blomkvist no relatório da investigadora (percebam que há uma certa continuidade, visual e estrutural, nos eventos: Blomkvist-Millennium-Relatório) e então conhecemos o adovgado Dirch Frode (Steven Berkoff) e o chefe de Salander, Dragan Armansky (Goran Visnjic).
“É possível que esperemos para sempre”
Na esperta montagem de Kirk Baxter e Angus Wall, vemos Lisbeth chegando ao escritório enquanto, entre cortes, Armansky “apresenta” sua empregada e prepara o terreno para sua marcante aparição. “Ela é uma das minhas melhores investigadoras, como viu pelo relatório. Mas acho que não vai gostar dela. Ela é diferente. Em todo sentido”.
Acompanhamos as costas da personagem, e já é possível reparar em seu nada discreto moicano e nos olhares curiosos que a jovem desperta em sua caminhada até o escritório de Armansky. A trilha de Trent Reznor e Atticus Ross também contribui, capturando a aura bizarra de Salander (a faixa nessa cena é chamada “We Could Wait Forever”, referência à frase de Armansky da mesma cena).
Salander junta-se aos dois no escritório e finalmente temos uma boa visão da personagem. Ela ignora o cumprimento de Dirch Frode e larga suas coisas no chão antes de sentar-se à mesa.
Reparem em como ela se senta distante dos dois e passa grande parte do tempo evitando contato visual.
O Desaparecimento de Harriet Vanger
A primeira tomada de Harriet (segurando uma flor), em um flashback.
Após introduzir Blomkvist sobre a história de alguns membros da família Vanger (dando destaque para uma presença nazista), Henrik vai direto ao ponto que o levou a contratar o jornalista: o desaparecimento de sua sobrinha-neta Harriet.
24 de Setembro de 1966: a fotografia de Jeff Cronenweth esquenta e adota belíssimos tons dourados para apresentar o mistério da jovem de 16 anos. A família Vanger se reúne para um almoço de negócios, enquanto um clube de iate promovia um desfile de Outono no centro da cidade. Harriet e amigas comparecem ao evento.
Harriet retorna por volta das 14h e pede para conversar com Henrik.
Ocupado, ele pede que ela aguarde alguns minutos. Reparem como a narração do velho Henrik quase casa perfeitamente com o movimento labial de sua versão rejuvenescida, com ênfase na palavra "momentos".
Ela corre pelas escadas e sua prima Anita a segue.
É aí que o acidente ocorre. Uma terrível colisão entre um caminhão e um carro isola a cidade, despertando a curiosidade de muitos e também exigindo a ajuda de membros da família Vanger, polícia e bombeiros.
Uma hora após o acidente, Harriet é vista na cozinha pela empregada Anna. O relógio na parede marca 15:20h.
Os feridos são retirados dos destroços do acidente, vemos o Detetive Morell pela primeira vez e todos começam a retornar para seus lares.
Observe também o jovem Martin Vanger, que atravessa os veículos e junta-se aos membros da família.
Durante o jantar, Henrik percebe o desaparecimento de Harriet. Dentre a mesa repleta de convidados, apenas um prato de comida e uma taça de bebida permanecem intocados.
Um vislumbre do jovem Dirch Frode.
De volta ao presente, Mikael já não está tão cético. Seu olhar sugere que a história de Henrik o convenceu.
Já tendo prendido a atenção do jornalista, Vanger agora o leva ao elemento-chave do mistério. Enquanto o acompanha até o sótão, ele comenta que o corpo de Harriet teria aparecido na costa se tivesse caído no mar, referenciando o próprio pai da jovem, que morrera em 1965. Não sabemos ainda, mas o sujeito foi vítima da própria filha.
Henrik e Mikael caminham em uma sala escura, até que o velho acende as luzes e revela o conteúdo de suas paredes: dezenas de flores emolduradas. Vanger explica que o “presente” chega anualmente no dia de seu aniversário, suspeitando vir do assassino de Harriet (já que esta costumava lhe enviar tais recordações).
Com a câmera passeando pelas flores, o espectador faz a conexão com o prólogo do filme e este, enfim, faz sentido. A música ao fundo é “How Brittle the Bones”.
Em um corte muito inteligente, vemos o trem das 16h30 partindo da estação de Hedestad. E Blomkvist não está nele.
Observação sobre Martin Vanger
Durante o jantar onde conhece Blomkvist, Martin diz que chegou à Hedestad muito depois, no trem das 16h. É mentira, nós o vimos na ponte durante o acidente e o horário na cena era algo por volta das 15h30.
O Primeiro Estupro
O som de um faxineiro limpando o chão com uma enceradeira acompanha Lisbeth até o segundo encontro com seu novo tutor designado, Nils Bjurman (Yorick Van Wageningen). O uso do efeito sonoro ajuda a mostrar que o escritório está sendo esvaziado, que todos estão indo embora.
Note que há uma porta-retratos na mesa de Bjurman, onde o vemos com sua mulher e filho. Mostrar que o assistente social tem família só o torna mais assustador, mostrando que este é, aparentemente, uma pessoa normal.
Bjurman diz que Salander precisa aprender a socializar-se e levanta da cadeira. A câmera de Fincher então foca a barriga do personagem, animalizando-o, tornando-o ainda mais grotesco. Lisbeth já sente que a situação não terminará bem e evita todo tipo de contato visual.
O assistente se aproxima dela e senta na beirada da mesa. A câmera de Fincher agora adota um enquadramento que enfoca a posição maior de Bjurman, deixando Lisbeth minúscula perto do “monstro”; enquanto o barulho da enceradeira vai mesclando-se com a tensa música de Trent Reznor e Atticus Ross (a faixa aqui é “With the Flies”). Ele joga a mochila da jovem e a faz sentir o tecido de sua calça, para logo depois forçá-la a masturbá-lo.
O problema fica pior quando Bjurman aperta a cabeça de Salander, levando-a à felação em pleno escritório. É possível ver uma aliança de noivado no dedo do estuprador.
A câmera afasta e temos um campo visual maior, exacerbando a gravidade da situação. Acho assustador a presença de diplomas e comprovantes de reconhecimento na parede, que sugerem que Bjurman é um profissional nato, além da clara representação visual do abuso de poder.
Bjurman tem um orgasmo. A câmera pega seu rosto de cabeça ponta-cabeça.
Um corte grosseiro mostra Lisbeth no banheiro lavando a boca com sabão e até forçando vômito. Fica subentendido que Bjurman ejaculou em sua boca. Ele entrega o cheque a ela e devolve sua mochila.
Ela sai pelo corredor e vemos um faxineiro encerando o chão, responsável pelo zumbido que assombrara a cena anterior.
Fade para uma das melhores tomadas do longa, onde Lisbeth está em seu apartamento ouvindo música. A câmera vai se aproximando e engenhosamente vira de ponta-cabeça para revelar seu rosto, e a fotografia de Cronenweth esquenta fervorosamente seu tom de vermelho, como se a personagem fosse explodir. Mas agora, o que significa essa virada? A agressiva mudança de rumo da história – que se dá pelo inesperado estupro da protagonista – ou até mesmo a diferente percepção de mundo que Salander possui. Acho interessante também que há uma certa rima entra essa tomada e a que mostra Bjurman durante o orgasmo (logo acima). Lembrando também que nesse momento, Salander já planeja sua vingança.
O Segundo Estupro
Lisbeth anda pela rua e telefona para Bjurman. Ela já tem a intenção de visitá-lo novamente e executar a primeira parte de sua vingança. A situação é revertida quando o sujeito a obriga a comparecer em sua residência (um território desconhecido) e então passa o endereço. Salander diz não precisar de uma caneta para anotá-lo, sendo um dos primeiros indícios que o roteiro de Zaillian usa para retratar a “memória fotográfica” da personagem.
A música de Reznor-Ross vai intensificando a atmosfera, enquanto a fotografia de Cronenweth acerta ao retratar o apartamento de Bjurman de forma sombria. Salander é recebida pelo sujeito de forma maliciosa, e o terror impregna em sua caminhada até o quarto.
Salander posiciona a mochila em um ângulo que capture uma boa visão do quarto, dando destaque para a cama. Ainda não sabemos, mas ali encontra-se uma câmera escondida.
Fincher segue sua lógica de mostrar Bjurman em planos mais altos, tornando-o uma figura grande e ameaçadora, ao passo em que Lisbeth é minúscula perto do mesmo.
Bjurman domina Salander e coloca uma algema em seu pulso. Ela corre para a porta, mas é agarrada e a mesma se fecha; como se o espectador não precisasse testemunhar a cena que está por vir, culminando em um travelling que se afasta da porta e um fade out que leva o espectador para longe da situaçao.
Mas não é o que Fincher pensa, e ele imediatamente nos leva para o centro da situação, grudados no rosto de uma Lisbeth amordaçada.
Fade in: A garota é algemada na cama (que tipo de sujeito mantém algemas em casa?)…
e seu agressor começa a despi-la brutalmente.
A penetração anal tem início. Fincher posiciona a câmera quase que na testa de Bjurman, revelando sua total posição dominante sobre a pobre Lisbeth.
A garota para de gritar. O roteiro de Zaillian afirma que nesse momento, Salander isola-se em sua mente como uma forma de “fugir” da situação.
O botão da mochila de Salander ganha uma atenção especial da câmera, antes de cortar de volta para Blomkvist em Hedestad.
Posteriormente, temos Lisbeth retornando para casa após o estupro. Bjurman lhe entrega seu cheque e esta vai embora.
A caminhada pelas sombrias ruas suecas torna-se ainda mais perturbadora graças à excelente composição batizada de “She Reminds of You”.
Lisbeth chega em casa, larga o cheque (em primeiro plano) em cima da mesa e toma um analgésico.
Primeira vez que vemos os seios da protagonista, assim como a tatuagem em sueco (que seria uma homenagem à sua falecida mãe) que esta possui nas costelas.
Depois, Salander toma um banho na esperança de aliviar seus ferimentos. A primeira tomada nítida de sua tatuagem de dragão…
e também uma sutil referência à Psicose ao trazer o sangue caindo na água.
A vingança
Lisbeth bate na porta de Bjurman, que atende com espanto. Ele a deixa entrar.
É revelador como vemos um certo arrependimento do estuprador, ao dizer que “sente-se mal pelo modo como o encontro anterior dos dois havia terminado”. Fria e impetuosa ela ataca-o com um taser e o assistente social é derrubado no chão.
Nesse momento, a mise-en-scène que Fincher estabelecera sobre a dominância de Bjurman sobre Salander é radicalmente quebrada. A câmera agora liberta-se e acompanha a situação em um plano plongée (com a câmera acima da cena), revelando que Bjurman é só um homem e toda sua aura monstruosa é deixada de lado. A música de Reznor-Ross aqui é excelente, declarando o início da vingança.
Acompanhamos uma tomada similar à do estupro de Salander, só que dessa vez a câmera de Fincher nos leva para dentro do quarto de Bjurman; observe suas roupas e uma mancha que eu deduzo ser suor. O espectador não quer fugir da situação, ele quer saber o que vai acontecer.
Bjurman acorda nu e com os braços e pernas amarrados, além de ter sua boca tapada com fita adesiva. Lisbeth (com uma maquiagem sensacional sobre os olhos) revela ao estuprador que tinha uma câmera no último encontro dos dois.
Agora as mesas foram viradas: Salander está sob o controle, e a câmera de Fincher enquadra o poder da jovem.
Mais um ângulo que mostra a superioridade de Salander.
Ela então retira um dildo metálico de sua bolsa, para total desespero de Bjurman.
É, vocês sabem o que acontecem depois… (e destaque para o repulsivo efeito sonoro escolhido por Ren Klyce).
Salander então ameaça o assistente social e obriga-o a entregar de volta o controle sobre suas finanças. Caso contrário, ela vazará o vídeo que revela o estupro.
Além disso, ela o proíbe de se encontrar com qualquer garota e promete ficar de olho no apartamento.
Ela chuta o dildo, que penetra mais fundo em Bjurman. Detalhe para a cruel ironia nesse plano-detalhe: o vídeo de Lisbeth sendo estuprada roda ao fundo, ao mesmo tempo em que esta se vinga do assistente social.
“It’s ok, you can nod. Because it’s true… I am insane”
Lisbeth fala diretamente com a câmera ao pronunciar: “Eu sou louca“.
O elemento final da vingança de Salander se aproxima: a tatuagem. Ela coloca uma máscara de proteção (elemento genial, como se a personagem evitasse sujar-se com sangue de sua vítima).
Ela monta Bjurman e começa sua “obra de arte”, com a bizarra “Of Secrets” tomando conta da trilha.
À medida em que analisava mais e mais detalhes desta impecável obra, a postagem foi ficando longa demais e decidi deixar alguns elementos de fora. No entanto, espero que isto sirva para comprovar a competência e imaginação de David Fincher, que a cada novo filme vem se firmando como um dos melhores diretores da atualidade.
Leia mais sobre David Fincher
Especial | David Fincher
Alguns diretores chegam para cravar seu nome na História do Cinema.
Quando se fala em grandes nomes da cinematografia atual, David Fincher sempre é um daqueles que vêm à mente, dado seu estilo perfeccionista sem igual e a atmosfera de suspense e pavor que ele é capaz de provocar com sua visão pessimista e sarcástica do mundo moderno. Aqui, reunimos as críticas de seus principais trabalhos no audiovisual.
Confira:
Crítica | Alien³ - Assembly Cut
Publicado originalmente em 7 de maio de 2017
Crítica | Se7en - Os Sete Crimes Capitais
Publicado originalmente em 20 outubro de 2017
Crítica | Vidas em Jogo
Publicado originalmente em 18 de outubro de 2017
Crítica | Clube da Luta
Publicado originalmente em 19 de outubro de 2017
Crítica | O Quarto do Pânico
Publicado originalmente em 21 de outubro de 2017
Crítica | Zodíaco
Publicado originalmente em 6 de março de 2017
Crítica | O Curioso Caso de Benjamin Button
Publicado originalmente em 23 de outubro de 2017
Crítica | A Rede Social
Publicado originalmente em 3 de dezembro de 2016
Crítica | Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Publicado originalmente em 9 de julho de 2016
Crítica | Garota Exemplar
Publicado originalmente em 26 de outubro de 2017
Crítica | Mank
Publicado originalmente em 21 de novembro de 2020
TELEVISÃO
Crítica | Mindhunter - 1ª Temporada
Publicado originalmente em 14 de outubro de 2017
Artigos
Analisando a direção de David Fincher em Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Publicado originalmente em 26 de outubro de 2017
LISTAS
Ranking dos filmes de David Fincher
Publicado originalmente em 27 de outubro de 2017
Crítica | O Curioso Caso de Benjamin Button - Uma fábula com o toque Fincher
Quando olhamos a carreira de David Fincher, não é difícil encontrar um padrão: o cara gosta de suspenses, especialmente aqueles envolvendo serial killers e personagens calculistas, sempre envoltos em algum tipo de atmosfera palpável e opressora. Mesmo A Rede Social, seu filme mais pé no chão e sem qualquer pingo de violência, é uma obra movida por um protagonista frio e que segue uma narrativa típica de seu pedigree característico, e há quem diga - e eu concordo - que a mão de Fincher tornou a criação de um site de internet algo tão intrigante quanto uma investigação criminal.
Porém, há um ponto fora da curva de toda sua filmografia, considerado por muitos o seu pior trabalho justamente por fugir desse padrão: O Curioso Caso de Benjamin Button, que é, em seu núcleo, uma história profundamente emocional e melancólica. E, de fato, ao vermos o resultado final da obra, fica claro que o olho mais racional de Fincher não era o ideal para esse tipo de filme, mas nem por isso temos um resultado menos do que formidável nesta fábula.
Inspirada por um conto de F. Scott Fitzgerald, a trama nos apresenta a Benjamin Button (Brad Pitt), um bebê que nasce com uma estranha condição que o faz parecer velho. Diagnosticado com pouco tempo de vida, seu quadro subverte as expectativas dos médicos e da família adotiva ao seu redor (principalmente, Taraji P. Henson) quando começa a rejuvenescer ao longo dos anos; em um ciclo de crescimento, literalmente, ao contrário. Com essa condição incomum, Benjamin aprende a viver, passa pela Segunda Guerra Mundial, conhece diferentes figuras e se apaixona pela bailarina Daisy (Cate Blanchett).
O Contador de Histórias
Roteirizado por Eric Roth, é impossível passar o olho pela premissa de Benjamin Button e não notar diversas semelhanças como outro trabalho do roteirista: Forrest Gump - O Contador de Histórias, que também narrava a história de um indivíduo especial ao longo de uma trajetória repleta de acontecimentos marcantes e histórias de amor imperfeitas. Os beats são diferentes, claro, com o filme de Fincher preocupando-se mais com a questão da mortalidade e a natureza do envelhecimento, uma questão que o texto de Roth discute com eficiência em sua boa parte. A relação familiar de Benjamin com sua mãe adotiva é um aspecto fortíssimo, e que gera belos momentos graças à doçura do texto e as ótimas performances de Pitt e Henson. Tudo bem, "a vida é como uma caixa de chocolates" é praticamente a mesmíssima coisa que "você nunca sabe o que a vida te reserva", mas Roth consegue contar histórias distintas à sua forma.
Ao invés de atravessar eventos históricos (com exceção de uma batalha na Segunda Guerra Mundial), tal como Gump, Benjamin acaba mais ligado a eventos triviais e pessoas comuns, e Roth se diverte ao elaborar diferentes subtramas e backgrounds para cada um deles. Por exemplo, em certo momento estamos vivendo uma história de pseudo-espionagem quando a misteriosa personagem de Tilda Swinton entra para ter um romance com o protagonista, e logo depois estamos em uma história de pescador com Benjamin trabalhando no navio comandado pelo divertido capitão Mike (Jared Harris, excelente). E, claro, a história de amor com Daisy, que ganha uma performance realmente apaixonante de Cate Blanchett, e Roth é inteligente em separar blocos de história específicos para cada ponto em que os dois personagens se encontram - com uma passagem longa da vida junta dos dois, e o terceiro ato que garante algumas supresas ousadas. Tudo isso enquanto uma envelhecida Daisy conta a história para sua filha, Carolyn (Julia Ormond).
É um material desafiador para Fincher, que encontra certa dificuldade em transpô-lo. A obsessão do diretor pelo perfeccionismo acaba tornando algumas dessas relações um tanto artificiais, especialmente na entrega de algumas falas e a forma como Fincher opta por filmá-las. Por exemplo, quando Carolyn pergunta à sua mãe se "percebeu que Benjamin a amava desde o primeiro momento em que a viu", temos um plano plongée que nem mesmo nos mostra o rosto de Ormond. Fincher compensa esses deslizes com movimentos de câmera elegantes, como a espetacular apresentação do primeiro momento em que vemos Brad Pitt inteiramente presente em cena, e também com o visual mais belo que sua filmografia já viu, onde diversos frames parecem ter saído de pinturas. E mesmo que seja uma sequência um tanto irrelevante para o longa, o momento no qual Benjamin discorre sobre os diferentes acontecimentos que culminaram no atropelamento de Daisy em certo momento da história é inspiradíssimo, por nos levar a diferentes cotidianos e pontos de vista que se encontram no que o protagonista define como "rota de colisão".
Uma obra-prima visual
Em níveis técnicos, Benjamin Button recebe o mesmo tratamento de ponta que todas as demais produções de Fincher. A começar pelo excelente design de produção que recria diferentes porções de Nova Orleans por toda o século XX, até o interior de uma navio pesqueiro e outros ambientes que parecem verossímeis e quase palpáveis de tão detalhados. Fascinado pelos tons esverdeados e alaranjados, a fotografia de Claudio Miranda é de uma beleza ímpar, sempre aproveitando as fontes de luz de cada ambiente (desde velas, abajures e luminárias) e criando uma atmosfera aconchegante nesse processo; além de imagens simplesmente belíssimas no sentido plástico, como a dança sob uma penumbra azulada que Daisy executa para Benjamin em um gazebo. Por fim, é preciso aplaudir de pé o trabalho excepcional de Kirk Baxter e Angus Wall na montagem do filme, que equilibram muito bem as duas narrativas e garantem um ótimo ritmo pelas quase 3 horas, com transições criativas, cortes precisos e sequências de montagem dinâmicas (em especial, na leitura das cartas e a sequência da rota de colisão) que mantém o espectador inserido na trama, além de fazer uso precioso do tempo; sentimos sua passagem, mas de forma que contribui ao peso da história.
Mas, claro, os aspectos que mais se destacam nesse processo são os recursos utilizados para transformar Brad Pitt na figura de Benjamin em suas diferentes etapas. A maquiagem de envelhecimento é perfeita nesse quesito, mas a tecnologia de substituição de cabeça digital era algo praticamente em teste naquela época - não por acaso, o efeito visual desgastou um pouco -, e garante que Pitt surja de uma forma bizarra e diferente de tudo o que já vimos: uma criança velha com sua cara. Vale destacar também o trabalho de maquiagem que envelhece Cate Blanchett, deixando-a praticamente irreconhecível, ao mesmo tempo em que mantém a fisionomia da atriz. Fascinante.
No fim, O Curioso Caso de Benjamin Button talvez não seja o projeto mais adequado para David Fincher, mas o diretor certamente fez o melhor proveito do material e garantiu uma história bonita; tanto tematicamente quanto nas imagens espetaculares que esta verdadeira obra-prima visual tem a oferecer. Um belo filme.
O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, EUA - 2008)
Direção: David Fincher
Roteiro: Eric Roth, baseado na obra de F. Scott Fitzgerald
Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Taraji P. Henson, Julia Ormond, Elias Koteas, Tilda Swinton, Jared Harris, Mahershala Ali, Jason Flemyng
Gênero: Drama
Duração: 166 min
https://www.youtube.com/watch?v=rAYtpZgelAM
Crítica | A Hora do Pesadelo - Nasce o mais criativo assassino da História do Cinema
Existem muitas variantes e muitos personagens sinistros dentro do vasto gênero do terror. Monstros, assassinos, fantasmas e até mesmo a loucura do Homem já renderam obras inesquecíveis ao longo da História do Cinema, deixando suas marcas em suas respectivas épocas de lançamento: de um jeito ou de outro, o terror sempre sobrevive e vai evoluindo ao longo do tempo. Nesse universo, uma das mais icônicas e fascinantes figuras (na opinião do autor, não há dúvidas) é a de Freddy Krueger, a criação brilhante de Wes Craven para A Hora do Pesadelo, o primeiro filme de uma franquia que viraria uma das mais famosas da década de 80 e daria vida a um dos monstros sagrados da Sétima Arte.
A trama é clássica: um grupo de adolescentes da rua Elm começa a sofrer com estranhos pesadelos, onde são perseguidos por um homem queimado com chapéu, suéter listrado e uma luva formada por garras afiadas. Pra piorar, descobrem que o tal homem é um assassino sanguinário que tem a capacidade de matá-los na vida real, atacando-os em seus sonhos. O grupo encabeçado por Nancy Thompson (Heather Langenkamp) parte para investigar quem é o tal sujeito, conhecido como Freddy Krueger (Robert Englund).
É ouro. Um assassino capaz de nos atacar no momento de maior vulnerabilidade: o sono. Pode-se fugir de Jason Voorhees ou Michael Myers se conseguir correr minimamente rápido (afinal, nenhum dos dois é notório por sua rapidez, diga-se de passagem), mas Krueger é uma força impossível de se escapar no universo criado por Wes Craven. O diretor e roteirista definitivamente fez o dever de casa, e sabiamente se inspirou pelo distúrbio da paralisia do sonho e a Síndrome de Brugada (que causa morte súbita a seu hospedeiro) para compor o personagem, além de referências assumidamente biográficas: sofria bullying de um garoto chamado Fred Krueger na infância e ficava fascinando com o som agonizante provocado pelas unhas afiadas de seu gatinho de estimação.
Com Craven na direção do projeto que alavancaria a novata New Line Cinema ao status de estúdio de respeito, A Hora do Pesadelo é um terror que consegue com muita facilidade abordar o drama adolescente da época e o onírico mundo dos sonhos. Já começa com inteligência ao manter o foco na jovem Tina (Amanda Wyss) durante o primeiro ato da projeção, e todos bem sabemos que esta tem a honra de protagonizar o assassinato inaugural de Krueger nas telonas: é uma sequência de perseguição lindamente fotografada por Jacques Haitkin, e rica em seus modestos efeitos especiais prostéticos, especialmente para os momentos em que Freddy estica seus braços ou quando arranca seu próprio rosto em uma demonstração de seu sádico humor negro. É só na hora em que vemos o ataque de Tina na perspectiva do mundo real, com a jovem sendo sacudida e arrastada pelas paredes (em uma leve referência visual a O Exorcista) por uma força invisível, que realmente nos damos conta de que vemos terror sério, e não apenas uma piadinha.
À medida em que o roteiro vai explorando a figura de Krueger, vai ficando mais interessante. Nancy descobre que o sujeito era um assassino de crianças que acabou liberado pela justiça corrupta da cidade, e como seus pais estão diretamente ligados ao destino do monstro, dando início a uma história de vingança e “pecado dos pais, filhos pagam” muito complexa. É a básica trama de palavra dos adultos contra a palavra dos jovens, embrulhada no velho combate do bicho papão e com um bem colocado subtexto sobre a puberdade.
Muitas pessoas imediatamente lembram-se de que este é o primeiro papel no cinema de Johnny Depp, como o namorado de Nancy, Glen. Não é um papel exatamente memorável, mas garante uma figura agradável e uma cena sangrenta como poucas já se viu no gênero. Mas Depp é um mero companheiro à Nancy de Heather angenkamp, uma protagonista forte e que se diferencia drasticamente das outras final girls do gênero slasher: é a típica personagem inocente e virginal, mas nem de longe é um estereótipo de bondade, já que a garota demonstra um lado sombrio considerável. Mas é mesmo Robert Englund quem rouba o show. Sua performance sob a maquiagem melequenta de Krueger é sensacional, criando um vilão assustador e sádico, mas ao mesmo tempo lhe garantindo um senso de humor maléfico: em sua primeira cena, por exemplo, em questão de segundos vemos Krueger proclamar séria e sombriamente que sua luva “é Deus” e rir enquanto mutila seus próprios dedos.
A Hora do Pesadelo é o maior presente de Wes Craven para o cinema (não seria o único, claro), em um terror que consegue com perfeição brincar com a estética surrealista dos sonhos de forma inventiva, ao mesmo tempo em que criava uma dos personagens mais icônicos da História do Cinema.
A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, EUA – 1984)
Direção: Wes Craven
Roteiro: Wes Craven
Elenco: Robert Englund, Heather Langenkamp, Johnny Depp, John Saxon, Ronee Blakley, Amanda Wyss, Jsu Garcia, Charles Fleischer
Gênero: Terror
Duração: 91 min
Pantera Negra | 20 Detalhes que você não percebeu no novo trailer!
Vida longa ao Rei!
A Marvel Studios soltou o novíssimo trailer de Pantera Negra, nova aposta do estúdio para o começo do ano que vem. Entre novas informações sobre a trama e o visual impressionante da nação de Wakanda, há muito o que se saborear neste trailer. Tiramos esse post justamente para nos debruçarmos e analisar cada detalhe que possa ter passado despercebido.
Confira:
Estabelecendo o universo
Começamos com uma tomada de cachoeiras, até uma nave de Wakanda voar por elas. É quando inicia-se também o monólogo de Everett Ross (Martin Freeman), falando sobre como "viu deuses voarem", em referência à Thor e Loki.
A Tribo das Montanhas
Uma montanha coberta de neve, revelando uma das tribos de Wakanda: A Tribo das Montanhas, liderada por M'Baku (Winston Duke), um dos vilões do Pantera nos quadrinhos. Pelo visto, o ecossistema da nação africana é mais diversificado do que imaginavámos. A narração continua com Ross falando sobre "homens criando armas que eu nunca poderia imaginar", em referência às invenções de Tony Stark.
A estátua do Pantera Negra
As naves chegam em Wakanda, e vemos a estátua da Pantera que aparecera no final de Capitão América: Guerra Civil. Ross continua dizendo que "viu alienígenas caindo do céu", lembrando-se da Batalha de Nova York ao fim de Os Vingadores. Por fim, ele termina dizendo "mas nunca vi nada como isso", já preparando o espectador para o novo mundo que nos aguarda em Wakanda.
T'Challa e Ross conversam
Vemos Ross e T'Challa (Chadwick Boseman) conversando, e o agente do governo lhe pergunta o que mais está escondendo ali. Vale observar que Ulisses Klaw (Andy Serkis) está sentado em uma cela atrás de Ross, e esse diálogo deve anteceder o interrogatório que tomou grande parte do primeiro trailer divulgado.
Entrada em Wakanda
Como Wakanda se mantém isolada do mundo? Campos de força! Em uma bela tomada, vemos como a nave de T'Challa vai penentrando diferentes níveis de um campo de força, que a mantém "invisível" do mundo exterior - algo como uma versão mais sofisticada e tecnológica do escudo protetor de Temiscira em Mulher-Maravilha.
De Volta ao Lar
Vemos Okoye (Danai Gurira) pilotando a nave de forma incomum, sem qualquer tipo de mecanismo visível, já demonstrando o nível de tecnologia que a nação possui. T'Challa está sentado ao lado de Nakia (Lupita Nyong'o), e os dois contemplam a chegada ao lar.
O Design de Wakanda
Mais tomadas de Wakanda, agora revelando o centro da cidade. É fascinante como o design de produção de Hannah Beachler mistura elementos típicos da cultura africana (reparem nas bolsas artesanais penduradas) com algo mais próximo da ficção científica, atingindo um resultado exótico e que diferencia-se de tudo o que o MCU já apresentou até então.
A Chegada do Rei
A guarda de T'Challa faz uma saudação, e o novo Pantera Negra caminha para fora de sua nave acompanhado de Nakia e Okoye.
Ramonda
Mãe de T'Challa vivida por Angela Basset, Ramonda recebe seu filho e o alerta de que chegou sua hora: os preparamentos para ser Rei de Wakanda vão começar. Isso me dá a impressão de que o filme é uma sequência direta de , com T'Challa literalmente retornando após os eventos envolvendo o Acordo de Sokovia.
Treinamento
T'Challa enfrenta misteriosos mascarados na incrível região das cachoeiras. Tudo isso definitivamente é parte de seu treinamento, algo essencial considerando que T'Challa acaba de se tornar o Pantera Negra.
"Você pode escolher o tipo de rei que quer ser"
No primeiro (e único) take mais centrado em Lupita Nyong'o, ela parece confortá-lo sobre toda a responsabilidade que recai em seus ombros, incentivando-o a ser seu próprio tipo de Rei. Não fica claro pelo trailer, mas Nakia provavelmente é o interesse amoroso do herói.
Wakanda shake!
T'Challa chega todo elegante para a instalação que protege o traje do Pantera Negra. Mas o mais legal é o curioso cumprimento que T'Challa troca com Shuri (Letitia Wright), que podemos carinhosamente apelidar de Wakanda Shake.
O traje do Pantera Negra
Nosso primeiro vislumbre completo do uniforme do Pantera! E, pelo visto, ele está recebendo alguns upgrades, já que a máscara e o torso trazem alguns detalhes diferentes um do outro.
"Não hesite"
Okoye alerta a T'Challa para que não hesite, enquanto o Rei veste o traje do Pantera. É a preparação para alguma missão.
O salto do Pantera
O Pantera é lançado pelos céus e dispara gadgets sobre carros invasores. Parece ser a sequência que antecede a primeira cena de ação do trailer anterior, onde mercenários invadem Wakanda e são facilmente subjulgados pelo Pantera. Vale lembrar que o dever do Pantera é justamente proteger Wakanda de invasores e garantir sua animosidade.
Erik Killmonger
Michael B. Jordan mantém a parceria com Ryan Coogler e dá vida ao grande vilão do filme: Erik Killmonger, que nos quadrinhos também é conhecido como N'Jadaka. Na série de papel, seu objetivo sempre foi "limpar Wakanda" de outros costumes culturais, e já até realizou um golpe de estado durante a ausência do Pantera Negra. No filme, parte disso deve ser aproveitado com o desejo de Erik em tirar T'Challa do poder.
Killmonger liberta Klaw
Ligando esse momento ao final do interrogatório, Killmonger explode a instalação de Ross e liberta Ulysses Klaw. Os dois devem formar uma parceria ao longo do filme, mas vale apontar que nos quadrinhos os dois são inimigos mortais, principalmente pelo vilão de Andy Serkis ter assassinado seus pais. No filme, as coisas parecem seguir uma linha diferente.
Perseguição de carro
Veremos muito dessa perseguição ao longo no trailer, que envolve o Pantera perseguindo Ulysses Klaw na Coréia do Sul. Infelizmente, é possível notar como os efeitos visuais estão abaixo da média, mas torcemos para que o trabalho da pós-produção seja aperfeiçoado até fevereiro do ano que vem.
Vibranium à prova de balas
Continuação da batalha do Pantera contra os mercenários, vemos como o grupo desperdiça sua munição ao atirar contra o herói, que usa um traje de vibranium completamente à prova de balas. Dá vontade, né Capitão América?
Momento espiritual
Sem sombra de dúvida o momento mais bonito do trailer, ele mostra T'Challa em um tipo de momento espiritual, com o Rei caminhando por um campo deserto e azulado, sendo atraído por panteras com olhos brilhantes em árvores. É uma imagem que me remeteu demais a O Rei Leão, especialmente pela textura do céu. Lindíssimo.
Abram alas para o Rei
T'Challa caminha por Wakanda, e Coogler oferece um belo plano holandês durante o trajeto. Seria a caminhada para o trono?
Pantera Negra em perseguição
Mais um trecho da perseguição na Coréia, agora nos revelando um interessante upgrade no uniforme do herói: ele preenche o corpo de T'Challa como se fosse um holograma; ou talvez até mesmo nanotecnologia? Na certa, algum tipo de dispositivo exclusivo para a nação africana.
Killmonger saindo da jaula!
Em mais uma bela tomada, vemos Killmonger queimando uma sala em Wakanda. Seria o início de um golpe de estado para retirar T'Challa do poder? É também o primeiro vislumbre das escamas em sua pele.
Encontro no museu
Mais uma tomada que parece sugerir a aliança entre Klaw e Killmonger. Os dois se encontram em um museu, e o Wakandense (?) parece disfarçado, assim como Klaw, que usa um uniforme policial. O que se segue depois é um tiroteio ali mesmo (parece que a dupla tenta roubar algum objeto), e que pode resultar na perseguição de carros que vimos anteriormente.
O Ataque de Killmonger
Uma nave diferente ataca os veículos que vimos no começo do filme: pode ser o início de um ataque de Killmonger à frota de T'Challa. Interessante notar como os mísseis são de uma tecnologia muito avançada, e também como o vilão diz que "o mundo está mudando", o que me deixa um pouco assustado quanto às ambições do personagem... Nada de destruição mundial, por favor.
Naves de Wakanda abatidas
O ataque dá certo e Killmonger derruba a nave de T'Challa, já que podemos vê-lo caminhando pelos destroços ao final desse segmento.
T'challa chama pra xinxa
Mas, claro, o plano de Killmonger falha e T'Challa sobrevive. Ele caminha triunfante para seu inimigo, quase em tom de provocação. Killmonger observa com um certo deboche, e é importante reparar na mudança de suas vestimentas: parece algo mais cerimonial, então acho certo presumir que em algum momento do filme, Killmonger dará aquele golpe de estado que comentamos anteriormente, e T'Challa virá para tirá-lo do poder.
O traje de Killmonger
Pantera Negra Reverso! Diante da chegada de T'Challa, Killmonger ativa um traje quase idêntico ao do Pantera Negra, mas com detalhes em dourado. Algo me diz que vai ser difícil diferenciar os dois durante as cenas de pancadaria...
Salto mortal sobre o carro
Mais um trecho da perseguição de carros, agora retomando a cena que encerrou o primeiro trailer. Os efeitos parecem um pouco melhores.
Pantera vs. Killmonger
Lembra quando eu disse que seria impossível separar Pantera do Killmonger na ação? Bem, vai ser difícil mesmo. Aqui vemos os dois lutando em um cenário que parece ser uma estação de trem futurista, e o design é realmente impressionante. Já os efeitos visuais, nem tanto.
Okoye em ação!
Em uma cena pouco mostrada nos trailers, vemos Okoye usando seu bastão para enfrentar um capanga engravatado. Fica difícil apontar em que momento da trama isso acontece, mas dada a presença de figurantes asiáticos ao fundo, pode estar conectada com a perseguição de carros na Coréia. Um ataque de Klaw?
Por Wakanda...?
No clássico grito de guerra antes da batalha, vemos Okoye levantando a moral dos soldados. PORÉM, o segundo take parece mostrar uma rebelião, já que o personagem de W'Kabi (Daniel Kaluuya) por M'Baku, no que parece ser um conflito entre as tribos. Talvez Killmonger se alie à Tribo das Montanhas para realizar o golpe.
Killmonger contra Nakia
Em um rápido take, vemos o Killmonger em seu traje atacando uma mulher que, deduzo, seja Nakia. Ela usa um disco (Tron feelings?) para bloquear seu ataque. Provavelmente ocorre durante aquela cena em que comentamos, com a chegada de T'Challa após a queda de sua nave e a revelação do traje reverso.
O Poder de Klaw!
Durante a perseguição na Coréia, Klaw usa sua garra sônica para atacar o Pantera Negra, disparando um raio que destrói o carro onde o herói está pendurado.
O Pantera esquiva, salta e arranca a roda do carro
O Pantera literalmente dá a volta por cima e acaba nas rodas do carro, usando as garras de Vibranium para contê-lo. A sequência deve culminar com T'Challa capturando Klaw e levando-o para o interrogatório com Ross.
Desmascarando-se
A tomada final do trailer, que mostra o Pantera caminhando em direção ao carro, e removendo seu uniforme.
Considerações finais
Um trailer econômico tanto em trama quanto na revelação de suas set pieces, já que toda a ação fica praticamente concentrada na perseguição de carros coreana. Tivemos vislumbres impressionantes do design de Wakanda, tanto na direção de arte quanto nos figurinos, e que transcendem o visual decepcionante da maioria das produções da Marvel Studios. Claro, muitos efeitos visuais precisam ser finalizados, mas acho que Ryan Coogler pode trazer algo muito interessante à mesa - assim como no anterior, a escolha de hip hop para a trilha do trailer é certeira.
https://www.youtube.com/watch?v=wL4a4MafSjQ&t
O elenco conta com Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong’o, Daniel Kaluuya, Sterling K. Brown, Martin Freeman, Andy Serkis, Angela Basset e Forest Whitaker. Ryan Coogler (Creed: Nascido para Lutar) assina o roteiro com Joe Robert Cole, e também assume a direção.
Pantera Negra estreia em 15 de fevereiro de 2018.
Crítica | Mr. Robot – 1ª Temporada
A figura do hacker no audiovisual mudou consideravelmente nos últimos anos, muito em parte pela importância mundial que esse tipo de profissão ganhou recentemente. De nerds obesos e barbudos nos filmes dos anos 80 e 90, o hacker transformou-se em uma persona muito mais complexa e interessante, assim como a própria internet e os meios de comunicação em rede, que podem levar desde um total isolamento social entre pessoas até a queda de governos, como a Primavera Árabe nos bem mostrou. São de todos esses elementos que Mr. Robot toma o ponto de partida para uma das mais originais e ambiciosas séries de 2015.
Criada por Sam Esmail, a série gira em torno de Elliot Alderson (Rami Malek), funcionário de uma das maiores empresas de segurança do país, a Allsafe. Com diversos problemas sociais e uma interação humana limitadíssima, Elliot secretamente age como um hacker, invadindo a vida de praticamente todos aqueles próximos a ele, e também adotando um certo vigilantismo para expor maridos infiéis, golpistas e outras situações do gênero. É quando seu trabalho ganha a atenção do misterioso Mr. Robot (Christian Slater), o perturbado líder da Fsociety, uma organização revolucionária que pretende destruir a grande potência econômica dos EUA, a Evil Corp, e instalar uma nova ordem.
Não é difícil encontrar semelhanças fortes com obras como Taxi Driver, Matrix e especialmente Clube da Luta – todos estes inspirações confirmadas por Esmail. O voice over de Elliot é ácido e poderoso, ainda mais considerando que a narração não é direcionada para ninguém em específico, como se este conversasse com um ser dentro de sua mente. E lá, somos bombardeados por diálogos que criticam pontos importantes como a fragilidade das redes sociais, os perigos de uma sociedade anônima, consumismo em massa e, pasmem, até mesmo os filmes de super-heróis. explico: Elliot confessa que adoraria ter uma vida normal e conformista, onde poderia "tranquilamente tomar café no Starbucks todo dia e assistir os filmes idiotas da Marvel". É com muita sutileza que o protagonista traça um perfil apurado de considerável porção da sociedade contemporânea.
São reflexões fascinantes que ajudam a tornar Elliot um personagem hipnotizante, adjetivo que também confiro à excelente performance de Rami Malek. Seu nome pode não soar familiar, mas você certamente já o viu dando bicos em filmes como Larry Crowne: O Amor Está de Volta, Uma Noite no Museu e até mesmo no último capítulo da saga Crepúsculo. Malek vive Elliot com um olhar sempre vidrado, que sugere ao mesmo tempo medo e fascínio pelo mundo exterior, em um trabalho repleto de nuances e detalhes; sempre de capuz, como se lhe transmitisse segurança, ou o fato de armazenar os dados de cada pessoa hackeada em um CD com o título de um álbum musical. E mesmo sendo uma figura isolada, é sempre interessante observar as mudanças sutis em seu comportamento quando na presença de Angela Moss (Portia Doubleday), uma amiga de infância que certamente é um interesse amoroso oculto.
O personagem-título também rende um trabalho magnético de Christian Slater, capaz de fazer do Sr. Robot um homem inspirador e do qual acreditamos ser um visionário inteligente. Porém, quando o próprio se rotula como “louco, e não do jeito fofo”, o espectador imediatamente teme pela segurança dos personagens ao seu redor, particularmente Elliot e a estranha relação paternal que é criada entre os dois. Mas é mesmo o impecável Martin Wallström que cria um dos antagonistas mais psicóticos dos últimos tempos com seu Tyrell Wellick. A ambição assumida em forma humana, Tyrell é metódico, arrogante e egocêntrico, tomando ações chocantes e bizarras para alcançar seu objetivo de tornar-se o Chefe de Segurança da Evil Corp (a cena em que este toma uma ação mortal da qual se arrepende, ao som de uma canção pop eletrônica é desde já antológica). Um vilão mais do que digno.
Esteticamente, Mr. Robot é diferente de qualquer coisa na televisão atual. Seus enquadramentos se destacam pela distribuição desproporcional de elementos e pela posição da câmera, que parece valorizar mais os cenários do que os personagens. Estão sempre conversando no canto da tela, com enquadramentos que cortam quase que totalmente seus corpos, criando assim um efeito surreal que parece diminuir os personagens dentro daquele universo dominado por corporações e ambientes de arquitetura clean. A trilha sonora de Mac Quayle é outro fator que transporta o espectador para o universo de Esmail: seus acordes eletrônicos são atmosféricos e perturbadores, remetendo constantemente ao trabalho da dupla Trent Reznor e Atticus Ross nas produções de David Fincher e até mesmo a Stanley Kubrick, na dupla referência ao trazer uma versão eletrônica muito parecida com as que Wendy Carlos fazia (especialmente em Laranja Mecânica) para a lindíssima “Waltz 2 from Jazz Suite” (pessoalmente, uma de minhas composições preferidas de todos os tempos), usada de forma memorável em De Olhos Bem Fechados.
O problema com a narrativa reside na grande reviravolta que descobrimos no penúltimo episódio. É um pouco previsível para o espectador mais atencioso, ainda mais considerando o grande leque de inspirações que o próprio Sam Esmail confirmou. Porém, é tudo executado com inteligência e habilidade, principalmente no grande season finale que vai além do que as obras citadas como referência apenas sugerem, e o terreno preparado para a já confirmada segunda temporada é empolgante. E fica o aviso: não percam a cena pós-créditos do último episódio, que além de conter um fabuloso plano sequência, oferece pistas sobre o tipo de história que veremos futuramente neste universo recém-instalado.
Mr. Robot surge como um sopro de ar fresco com sua proposta estética e a profundidade de seus excelentes personagens, encabeçados pelo fantástico Rami Malek. Mas talvez mais importante do que uma lição em estilo, seja encontrar uma série com algo tão impactante e relevante para dizer.
Mr. Robot – 1ª Temporada (Mr. Robot: Season 1, EUA – 2015)
Showrunner: Sam Esmail
Direção: Sam Esmail, Niels Arden Oplev, Jim McKay, Nisha Ganatra, Christoph Schrewe, Deborah Crow, Tricia Brock
Elenco: Rami Malek, Christian Slater, Portia Doubleday, Carly Chaikin, Martin Wallström, Frankie Shaw, Bruce Altman, Ben Rappaport, BD Wong
Emissora: USA
Duração: 49 min (cada episódio)
https://www.youtube.com/watch?v=N6HGuJC--rk
Os Novos Mutantes | 15 Detalhes que você não viu no primeiro trailer
A Fox surpreendeu a todos com sua abordagem em Os Novos Mutantes. Assumidamente um filme de terror, é a primeira vez que vemos um filme da Marvel trilhando por essa direção, seguindo os passos de Deadpool e Logan para transcender o mero gênero de "filme de quadrinho", e o longa de Josh Boone para estar indo para algo completamente original.
Com o lançamento do primeiro trailer nesta madrugada, vamos analisar com atenção cada detalhe revelado.
Confira:
Você já machucou alguém?
Sendo um filme de terror, claro que o trailer abre com a imagem de um corredor sinistro. No caso, as instalações da clínica onde os personagens residem, e de cara a fotografia de Peter Deming já aposta em tons escuros e uma paleta predominantemente cinza. A narração de Cecilia Reyes, vivida por Alice Braga, pergunta se "você já machucou alguém", enquanto vemos um take de um cemitério. O mais bizarro, porém, é observar como as lápides trazem apenas números de série, e não nomes. Isso já nos estabelece a natureza desse local, e também dos personagens: experimentos.
Testes em Miragem
Vemos nossa primeira mutante: Danielle Moonstar, codinome Miragem e interpretada por Blu Hunt. É uma mutante nativo-americana com o poder de criar ilusões a partir do maior medo de outras pessoas. Reyes conduz uma série de testes na jovem, enquanto pergunta se já passou por experiências estranhas, e oferece o plot twist para qualquer espectador que não saiba do que o trailer se trata: se ela sabe o que são mutantes.
Monitoração
A câmera se afasta e vemos Reyes observando diversas telas de câmera de segurança, e logo depois temos uma tomada externa do hospital. Sinistro, ainda mais pelo bom uso do time lapse no céu nublado. Ah, é também quando um cover sinistraço de "Another Brick in the Wall", do Pink Floyd, tem início, dando todo o tom do trailer.
Cecilia Reyes analisa Moonstar
Os experimentos de Reyes com Moonstar continuam, e temos nosso primeiro vislumbre no rosto de Braga. Vale apontar que, nos quadrinhos, Reyes também é uma mutante, com a habilidade de criar campos de energia ao seu redor. Curiosamente, a personagem parece muito mais antagonista aqui, enquanto retira sangue de Moonstar e fala sobre como "filhotes de cascavel são muito mais perigosos do que adultos", já deixando um paralelo com mutantes.
Uma prisão é uma prisão
Caso não tenha ficado claro nos takes anteriores, a instalação mantém os mutantes aprisionados em celas.
Illyana Rasputin/Magia
Então o trailer começa a apresentar nossos protagonistas, começando com Anya Taylor-Joy. A atriz de A Bruxa e Fragmentado intepreta Magia (não, não, nada de Cara Delevingne em Esquadrão Suicida), uma mutante com a habilidade de teletransporte interdimensional e manipulação mágica. Vale apontar com o cabelo de franjinha de Anya está idêntico à versão dos quadrinhos. Outra curiosidade é que a personagem, nos quadrinhos, é irmã de Colossus, membro dos X-Men e que também aparece em Deadpool.
Roberto da Costa/Mancha Solar
A representação brasileira do time! Henry Zaga interpreta Mancha Solar, mutante que pode transformar seu corpo em chamas - sim, sim, muitos personagens da Marvel têm algumas habilidades repetidas.
Rahne Sinclair/Lupina
De Game of Thrones para os X-Men, Maisie Williams interpreta a mutante escocesa Lupina, que basicamente tem a habilidade de se transformar em um lobo. É, você pode sair da Casa Stark, mas a Casa Stark nunca sai de você...
Danielle Moonstar/Miragem
Outra tomada de Moonstar, agora contemplando algo acima. Com tantas aparições no trailer, eu apostaria que a personagem será essencial à trama, e chegaremos nisso em alguns instantes.
Sam Guthrie/Míssil
Por fim, Charlie Heaton (de Stranger Things) dá vida ao Míssil, mutante com a habilidade de gerar energia termoquímica. Acho divertido o fato de o personagem passar o trailer todo com o braço imobilizado.
Em Chamas!
Em uma cena digna do gênero horror, Sam caminha lentamente a uma máquina de lavar chacoalhando. Ao se aproximar da tampa, a mão em chamas de Mancha Solar bate no vidro, causando o famigerado jump scare. Classe.
Ataque de Lupina?
Vemos Reyes assustada e com o rosto repleto de cortes. Seria uma manifestação dos poderes de Lupina? Ou quem sabe, o Demon Bear? Quem? Calma, já chegaremos nele.
O Poder de Miragem
Vemos Miragem deitada na grama, enquanto flocos de neve começam a girar a seu redor. Pode ser o início de uma manifestação de seu poder ilusório.
A Hora do Pesadelo
Miragem entra em algum estado de sonho. Então, uma forma estranha começa a sair das paredes, em um efeito idêntico ao de Freddy Krueger em A Hora do Pesadelo (como eu amo essas referências). Podemos ver que a forma é humanoide, com diferentes cabeças se esforçando para sair. É nossa primeira evidência do Demon Bear, uma entidade que assombra os sonhos de Miragem e que pode ser o grande antagonista do filme. É uma premissa muito similar ao Rei das Sombras do excelente seriado da Fox, Legion. Se Josh Boone quer algo nessa veia para seu filme, eu só agradeço.
Alice Sinistra
Reyes caminha determinada pelos corredores do hospital. Ela vai mesmo ser uma vilã? E me pergunto, existem outras pessoas da equipe médica nesse lugar?
O Demon Bear
WTF, essa máscara de smiley. Assustadora, e ainda temos um pequeno vislumbre da criatura por trás dela, que lembra bastante a forma que saía das paredes no sonho de Miragem, então podemos assumir que talvez seja o Demon Bear. Isso quer dizer que ele também pode afetar os outros mutantes? Manifestar-se no mundo real?
Marca de Lupina
Vemos Lupina saindo do chuveiro, com destaque para uma marca forjada em suas costas. Seria o W de "Wolfsbane", nome original da personagem em inglês?
Infância de Illyana
Em um rápido vislumbre, vemos a jovem Illyana. Porém, vale observar que já havíamos a visto alguns takes atrás, onde Anya Taylor-Joy abre uma porta antes de encontrar o Demon Bear. Na certa, algum tipo de sequência alucinógena.
Alucinação com... mineradores?
Vemos Sam dentro de uma mina, antes de alguns mineradores começarem a atacá-lo com seus instrumentos. Provavelmente deve ser alguma manifestação do poder de Miragem.
Imobilização
Reyes imobiliza Illyana. É, não me parece que Braga vai ser uma das heroínas desse filme...
Prison break
Corrida intensa! Seria a fuga dos Novos Mutantes da instalação? E essas chamas, talvez provocadas pelo Mancha Solar?
Psicose
Continuação de alguns takes atrás, Lupina grita no banheiro, em uma alusão sutil à Janet Leigh de Psicose. Ela viu algo ameaçador, ou está começando a se transformar?
Liberando o poder
Bonés serão arremessados! Em um rápido take, Sam começa a liberar seu poder termoquímico.
A Hora do Pesadelo INTENSIFIES!
Isso é tão... Incrível. Sem falar que, além da óbvia referência ao clássico de Wes Craven, também é uma homenagem a Legion.
"Você passou por muita coisa"
Miragem acorda de seu pesadelo, e cortamos para uma "simpática" Reyes falando que ela passou por muita coisa. Deve fazer parte, ainda, do primeiro diálogo que vemos no início do trailer. O trailer termina com um take intenso de Miragem sendo forçada a respirar um inalador, provavelmente um sedativo.
Considerações finais
Eu não poderia estar mais animado para este filme. Não só pela abordagem original e que promete ser um filme de terror, mas pelo elenco talentoso envolvido e o admirável novo método da Fox em fazer cinema de quadrinhos de gênero - algo essencial em um período em que filmes de super-herói estão ficando cada vez mais genéricos, salve algumas exceções. Os Novos Mutantes me parece o remake sombrio de A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos, que eu não sabia que queria. Que venha abril.
https://www.youtube.com/watch?v=S61L-lcyaPI
O elenco conta com Maisie Williams, Anya Taylor-Joy, Charlie Heaton, Henry Zaga, Blu Hunt, Happy Anderson e Alice Braga. O time conta ainda com o diretor de fotografia Peter Deming (da 3ª temporada de Twin Peaks) e o roteirista Knate Lee (O Sequestro), que assina o roteiro com o diretor Josh Boone.
Os Novos Mutantes estreia em 13 de abril de 2018.