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Cine Vinil #03 | Lado B: Por que odiei Guardiões da Galáxia Vol. 2

O CONCEITO

Dia vs Noite, TWD vs GOT, DC vs Marvel, BvS vs Guerra Civil, Xbox vs Playstation, Flamengo vs Fluminense, Android vs iOS, McDonalds vs Burger King, Nerd vs Nerd, Fanboy vs Fanboy.

O multiverso nerd é pautado por discussões intermináveis e, geralmente, extremamente redundantes. Mas com toda a certeza a gente adora aquela treta cósmica para provar que um lado é melhor que o outro – mesmo que o único convencido na discussão seja você mesmo. Analisando essa treta tão peculiar, decidimos trazer um pouco desse espírito “saudável” de discussão para o nosso site.

Sejam bem-vindos ao Cine Vinil! Calma, antes de soltar os cães nos comentários, entenda nossa proposta. Os discos de vinil foram um dos itens mais amados para reprodução de arquivos sonoros. Sua grande peculiaridade eram os lados A e B. O lado A era utilizado para gravar os hits comerciais das bandas, músicas mais populares. Enquanto o Lado B era mais voltado para canções experimentais ou mais autorais.

No caso, nos inspiramos pelos lados opostos do mesmo “disco” – de uma mesma obra. O primeiro filme a receber esse formato é Power Rangers que conseguiu dividir a opinião da equipe do site gerando a tempestade perfeita para testarmos o formato. Serão dois artigos: o Lado A, que contém a opinião positiva, e o Lado B, com a versão negativa. Os autores, obviamente, serão distintos, e escolherão 5 pontos específicos da obra para justificar seus argumentos.

Explicado o conceito, nós lhes desejamos aquela ótima discussão para defender o seu lado favorito! Quem ganhou? Lado A ou Lado B? Que a treta perfeita comece!

LADO B

por Henrique Artuni

EXCESSO DE PIADAS

Com tantos filmes só preocupados em dar continuidade à mitologia do universo cinematográfico, torna-se cada vez mais cansativo e programado assistir aos filmes de super-herói. O que encantava no primeiro Guardiões era essa sua despreocupação com o resto. Essa sequência, em certa medida, guarda esse mesmo ponto positivo, mas agora demonstra uma preocupação enorme no aspecto que mais parece ter agradado o público na primeira viagem: o humor. Numa miscelânea das piadas mais bobas, despontam de repente algumas mais “adultas”, violentas ou sexuais, e destoam a sintonia marcante do primeiro filme – chegando ao cúmulo de piadas sem nexo algum (diferente de nonsense). Tudo, com poucas exceções, parece ser obrigado a fazer com que risadinhas irritantes e desconfortáveis povoem a sala de cinema. Quando isso fica claro, não há mais motivos para pensar em rir.

A EXTENSÃO

Não bastasse um roteiro excessivo em si mesmo, forçado até onde poderia ser mais sóbrio, o filme tem 2h16min. E são tão perceptíveis as cenas que a piada perde o tempo… Tirando o primeiro plano sequência da dança do pequeno Groot – essa ainda pode ser bem apreciado –, outros momentos parecem só se estender em favor da música. Essencialmente, nenhum problema em um filme de ação querer seguir a lógica de um musical. Porém, Guardiões da Galáxia Vol. 2 não contratou os melhores coreógrafos. Em certa medida, a maioria das cenas parece seguir a ideia de “mais para ser mais maneiro”.

A VONTADE DE SERIEDADE

Fica bem claro que tanto o primeiro quanto o segundo filme dos Guardiões não é para ser levado à sério. As quebras cômicas estão do começo ao fim, misturadas com a trama, da premissa à solução. O grande problema que afeta este Vol. 2 é que ele pretende construir um drama de tom familiar, explorando a paternidade de Quill, opondo um pai cósmico e biológico, um Pai freudiano, e um pai de criação, Yondu. Apesar das incessantes piadas, o filme tenta despertar alguma emoção, revelando da maneira mais explícita que consegue, o choque e a percepção do protagonista sobre as relações de proximidade e memória. Quill está frente a frente com Ego, guarda uma lembrança saudosista (a figura de David Hasselhoff) do pai que nunca conheceu. Yondu está distante, Quill guarda más recordações da sua criação. Depois de vermos exaustivamente esses laços, o filme enfim tenta se fechar em uma nota solene. Mas fica só na vontade mesmo.

AMOR NÃO É TUDO

Muito se fala sobre a relação de Ego com a mãe de Quill, indo de afeto verdadeiro para mera estratégia. O protagonista é filho de uma relação no mínimo inusitada, de um planeta com uma humana. Quando tudo parecia perdido e se imagina que os outros Guardiões teriam que enfrentar Ego e seu filho, fascinado pela Eternidade, o amor aparece e suspende Quill do estado de maravilhamento para enfrentar seu pai. Da mesma forma, um amor secundário toma o lugar principal para dar o fecho dramático. Essa alternância tão drástica e mal resolvida entre o humor e o drama (que demora pouco para mostrar mais humor) é a chave enferrujada que fecha essa caixinha tão jeitosa à anos 80.

NENHUM SENSO DE PERIGO

O filme tem acontecimentos de importância maior para a trajetória de Peter Quill, mas no final das contas tudo parece ter sido tratado de forma – palavra da moda – episódica. O espectador fica acostumado desde o começo com cenas que parecem sérias e que acabam “bem” pela piada, e em nenhum momento se instaura uma quebra de tom. Esse fluxo monocórdico garante ao espectador – que já sabe antes de entrar no filme que uma solução será encontrada, mas com perdas – um estado de total comodidade, diferente daquela história de formação inusitada tão charmosa no primeiro filme. O confronto com Ego custa para passar de só mais um troféu na sala de estar.

Clique AQUI para ler o LADO A.

Redação Bastidores

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