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Crítica | Amante Por Um Dia - Amor que vai, amor que volta

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•16 de março de 2018•6 Minutes

O espaço entre uma imagem e outra, ainda que sejam mostradas em seguida, pode ser enorme. Cada vez menos parece que o cinema busca quebrar a lógica da causa e de sua consequência, ancorado em um roteiro e montagem didáticos, senão por meio de joguetes, gimmicks, que mais atrapalham a clareza de ideias que vislumbram novas possibilidades. Felizmente, a experiência de um cineasta como Phillippe Garrel, que sabe ser possível ir em um corte  do gozo à dor não por mero efeito cômico, é o que mantém acesas as chamas da audácia – sem um olhar perdido para o passado, mas sempre com muita consciência de cena. E é isso que, basicamente, torna Amante por um Dia tão enérgico em sua trivialidade.

Dando sequência a uma série de filmes sobre as incertezas amorosas e o ciúme, Garrel retorna com seu rigor estético, com o roteiro focado nos fragmentos e situações pontuais. Vamos da adrenalina de uma transa em um banheiro da faculdade ao choro pelo término. Jeanne (Esther Garrel) acaba de sair da casa de seu namorado, e volta a morar com o pai, Gilles (Éric Caravaca), divorciado, que por sua vez, namora há três meses com Ariane (Louise Chevillotte), uma garota com a mesma idade da filha.

Ariane tenta mostrar para Jeanne os caminhos de uma nova vida, que ela continua, ainda que os impulsos apontem para um fim definitivo. Os contrastes de luz variam entre os atos, da escuridão do abandono, até a descoberta de novas alternativas (as protagonistas são intensamente iluminadas em uma linda cena de dança, em que constantemente mudam seus pares, ao som de Lorsqu’il Faudra),  assim como a câmera, sempre no limite da instabilidade. Nesse aspecto, o diretor resgata uma radicalidade que não trabalha desde Beijos de Emergência.

Com sua característica fotografia preto e branco, fetiche que engrandece os gestos, Garrel constrói todas as cenas com muito foco na incidência da luz nos personagens e como ela é capaz de refletir seus estados emocionais, descobertas e decepções. Presa ao pai de Jeanne, professor universitário de Filosofia, a jovem busca uma relação de fidelidade com ele, apesar dos impulsos da carne. Eles conversam e concordam implicitamente com um relacionamento aberto, que mesmo se fossem infiéis, estariam sempre juntos.

Em consonância com essa ideia, em um jantar, as personagens discutem a perspectiva da França no passado colonial e vemos a intervenção de um veterano francês da guerra da Argélia, que mesmo simpatizante da causa argelina, não poderia trair seu país.

Afinal, o que é a fidelidade? Ser fiel a que e a quem? Nacionalismo e amor indissolúvel, ou a importância da perenidade no efêmero? Amores passam porque o amor existe e deixar de ser amado é como ser esfolado vivo (diria Nelson Rodrigues que se acabou, não era amor; Garrel só afirma o amor depois que ele termina pois pode assim permanecer na memória). Entender essa situação exige maturidade, compreensão e uma visão nada pragmática do que são relacionamentos. Paradoxalmente, Garrel faz personagens que beiram a infantilidade. Em certa altura do filme, Jeanne conta que seu pai é afeito a divórcios, pois o ocupa. Não dá outra e o ciúme aliado ao flagrante faz com que Gilles termine seu romance com Ariane.

Nesse filme de amor, se a inexperiência crônica dos personagens é o que faz o roteiro se movimentar por boa parte do tempo, nas soluções que se encontra, torna-se um tanto incômodo ou confortável demais. No geral, particularmente, perde, entre os últimos filmes, para o cínico À Sombra de Duas Mulheres.

Ainda assim, Amante Por Um Dia é, como parte da filmografia do Garrel, com uma encenação hipnótica do começo ao fim, em sua banalidade aparente e na habilidade do diretor de tratar o amor de forma tão particular (do seu cinema) e universal (na mesma toada de um Woody Allen ou Hong Sang-Soo). Enfim, nesse filme Garrel reafirma uma obra beethoveniana, grandiosa e sintética, que desenvolve temas incessantemente (o amor, o P&B, o impacto da luz, a guerra colonial, maio de 68…), mas que nem o próprio autor conseguiria esgotar. E o que temos de mais atual senão a repetição, o eterno retorno que se diferencia da nostalgia, visto que Garrel não busca impor uma visão do cinema perdida, senão exercitar a visão de um tempo esparramado em fluxo.

Amante por um Dia (L’amant d’un jour, França – 2017)

Direção: Phillippe Garrel
Roteiro: Jean-Claude Carrière, Caroline Deruas-Garrel, Philippe Garrel, Arlette Langmann
Elenco: Éric Caravaca, Esther Garrel, Louise Chevillotte, Paul Toucang
Gênero: Aventura
Duração: 75 min

Redação Bastidores

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