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Crítica | Talvez uma História de Amor - O clichê bem feito

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•24 de junho de 2018•8 Minutes

Em um dos momentos mais reveladores do filme nacional Talvez uma História de Amor, o protagonista de Mateus Solano se vê assistindo a Sintonia de Amor em uma fita VHS. Estrelado por Tom Hanks e Meg Ryan, o filme de Nora Ephron representa um tipo de filme que praticamente não existe mais: a comédia romântica, subgênero extremamente popular nos anos 90 e 2000, e do qual Sintonia é um dos mais adorados. Faz sentido que o diretor Rodrigo Bernardo insira essa cena em seu próprio filme, já representando o tipo de cinema mais simplista e água com açúcar que tenta resgatar, com resultados eficientes, ainda que nada inovadores.

A trama nos apresenta a Virgílio (Solano), um designer solteiro e bem sucedido que vive com segurança e controle praticamente obsessivos; do tipo que rejeita uma promoção do trabalho se isso significa ter que refazer sua declaração de imposto de renda já pré-pronta para os próximos cinco anos. Ao chegar em casa certo dia, ele encontra uma mensagem em sua secretária eletrônica de uma tal Clara, informando-lhe do término do namoro dos dois. O problema é que Virgílio não faz a menor ideia de quem seja Clara, e parte em uma jornada para tentar entender o que aconteceu.

Fórmula exemplar

É uma premissa típica de comédia romântica, e que o roteirista Ben Frahm e Bernardo adaptam com habilidade da obra de Martin Page, e que aos poucos vai soando como uma perspectiva oposta à de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. No que diz respeito a fórmula, estrutura e entrega, o trabalho da dupla é absolutamente formidável: os arcos e obstáculos do protagonista são bem desenvolvidos e apresentados, com Frahm e Bernardo mostrando que entendem da sutil arte do foreshadowing, sendo capaz de apresentar e dar pistas de alguns rumos culminantes da história de forma orgânica; seja pela referência a painéis digitais de uma linha de perfume, a presença de cartazes de circo no apartamento de Virgílio ou pelo cachorro que só se comporta ao ouvir a canção “New York, New York”, de Frank Sinatra.

O fato de que os demais personagens evidentemente sabem quem é Clara também oferece uma jornada interessante, onde o espectador e o protagonista vão aprendendo novas informações, e o fato de que o primeiro lugar onde Virgílio vai ao receber a mensagem é sua psicóloga já nos deixa claro que o personagem sofre de algum problema; no caso, um tipo particular de amnésia, que o fez se esquecer de Clara e todo o relacionamento que aparentemente mantinham. Quase que numa estrutura detetivesca, Virgílio “entrevista” diversas amigas que podem saber quem é Clara, com cada depoimento o levando a uma pessoa diferente, o que confere um leve ar de surrealismo ao fato do protagonista jamais ser direto ao assunto, preferindo ocultar dos demais o fato de que se esqueceu da moça. De certa forma, até remete à jornada de John Cusack em Alta Fidelidade, visto que Virgílio teve um relacionamento com algumas das mulheres e já desejou ter com parte delas, fornecendo uma análise (rasa) sobre sua própria personalidade.

Em seu primeiro trabalho protagonista, Mateus Solano entrega bem um papel que facilmente poderia descambar para o caricato. O comportamento obsessivo e sintomático de Virgílio jamais surge irritante ou aborrecente, com Solano sempre oferecendo um retrato simpático e que busca ser educado; vide a entrega certeira da frase “eu espero ter sido um bom cliente”, a uma atendente por telefone da companhia elétrica. Em alguns momentos, o ator parece um pouco “maduro” demais para o papel, visto que o perfil de todos os demais personagens parece um pouco mais jovem, mas Solano compensa com uma atuação carismática – mas que infelizmente tem os momentos do mal supremo em atuações nacionais: a entrega extremamente formal de linhas de diálogo, que acaba com o coloquialismo que deveria ditar uma conversa informal.

Destaque também para as boas performances de Thaila Ayla, Bianca Comparato, Jacqueline Sato e Paulo Vilhena, além de uma divertida participação de Cynthia Nixon, de Sex and the City.

Direção segura e sem invencionices

Como diretor, Bernardo faz um jogo seguro e sem invencionices. Faz um bom trabalho nos planos que detalham o ambiente organizado e impecável do protagonista, com sutis inspirações de Wes Anderson ao enquadrar a simetria de sua mesa de trabalho e os múltiplos post its ali espalhados. A forma como grava uma São Paulo cinzenta e vasta também causa uma impressão marcante, com Virgílio sendo um ser solitário vagando pelas ruas e estações de metrô lotadas de estranhos. Bernardo só banaliza as imagens de drone, sempre no mesmo enquadramento para demarcar uma passagem de tempo, mas é bem feliz em capturar belas imagens da cidade de Nova York, em um deslumbramento que equivale ao do protagonista.

E se não se arrisca a inventar a roda, Bernardo traz alguns momentos inspirados, como quando Virgílio usa um capacete de construção para iluminar seu apartamento – e passa a perseguir a misteriosa silhueta de Clara com o raio de luz do capacete. É um momento belo e que deve ser motivo de orgulho para o diretor de fotografia Hélcio Alemão Nagamine, e que ganha mais peso quando o protagonista literalmente analisa uma de suas chapas de raio X, como se procurasse a mulher nas imagens de seu cérebro, mas que acaba um tanto banalizada pelo uso de uma canção incidental romântica; que praticamente grita para termos uma identificação emocional forçada – algo que as imagens sozinhas seriam capaz de atingir.

Talvez uma História de Amor jamais engana o protagonista sobre suas intenções. É uma comédia romântica açucarada e old school, cheia de todos os clichês e convenções do gênero, mas feitos de maneira eficiente e divertida, mesmo que não traga nada necessariamente novo. Não deixa de ser uma boa alternativa para matar as saudades de tempos mais simples.

Talvez uma História de Amor (Brasil, 2018)

Direção: Rodrigo Bernardo
Roteiro: Rodrigo Bernardo e Ben Frahm, baseado na obra de Martin Page
Elenco: Mateus Solano, Thaila Ayla, Bianca Comparato, Totia Meireles, Paulo Vilhena, Nathalia Dill, Jacqueline Sato, Dani Calabresa, Marco Luque, Cynthia Nixon
Gênero: Comédia Romântica

Duração: 101 min

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Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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