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Bienal de SP | Mesmo atraindo multidão ainda tem muito a melhorar

Vendas em Alta

No último domingo (10) ocorreu a Bienal do Livro de São Paulo, que foi realizada no Expo Center Norte e que atraiu milhares de leitores. Em nove dias de evento, passaram pelo local mais de 600 mil visitantes, tendo um crescimento de 10% em seu público em relação a 2018, último ano que havia ocorrido a Bienal.

As vendas também cresceram nessa edição, segundo os dados divulgados pelas próprias editoras. E isso em um momento em que a economia do país se encontra em crise, e é uma boa notícia para o mercado editorial que em 2021 as vendas de livros cresceram 29% em relação a 2020.

O aumento das vendas de livros na Bienal pode ser mais devido ao evento ter sido feito durante as férias de julho, fato que não costuma ocorrer nas edições anteriores, e assim ter levado um público maior para o Expo Center Norte, do que propriamente o fato dos livros estarem mais “baratos” ou de ter uma maior variedade de oferta de produtos a serem adquiridos.

Por falar em preços, essa edição, em quase todos os estandes que visiteis, com ressalva daqueles que tinham como finalidade limpar o estoque, colocando livros a valores bem baratos “3 títulos por 50”, na maioria o que se encontrou foram obras com preços altos, e mesmo quando se encontrava alguma promoção bastava olhar no site da Amazon e encontrar aquele mesmo título pela metade do valor fornecido na Bienal, ou seja, compensava muito mais comprar pelo site de Jeff Bezos que na Bienal.

Nesta edição as editoras pensaram melhor na elaboração de seus estandes e não focaram somente em produtos pops. Na HarperCollins se encontrava livros de O Senhor dos Anéis, mas também outras obras de Tolkien, assim como na Companhia das Letras era possível encontrar um vasto catálogo com obras de Stephen King, mas também obras de outras áreas de interesse do público, não com muitos títulos à disposição, mas mesmo assim já era alguma coisa.

Em 2018, o que mais se via era uma enormidade de oferta de livros de YouTubers e que eram colocados em destaque nas prateleiras, resultando na fuga de muitos leitores dos estandes por não serem o público-alvo daquelas obras. Desta vez já ouve uma mudança, com livros de Star Wars, Harry Potter e até mesmo obras de filosofia e história brasileira sendo colocados com mais destaque nos estandes.

Desorganização e Lotação

É claro que quem vai nesse tipo de evento já está acostumado com a super lotação ou já espera que esteja abarrotado, tendo filas imensas e dificuldade de se andar em meio ao caos e na Bienal não foi diferente, e mesmo um local tão grande quanto o Expo Center Norte se tornou pequeno para uma demanda tão grande de público.

E a organização da Bienal não ajudou em nada, sendo que nos primeiros dias de eventos as filas de quem tinha ingresso e quem não tinha ingresso era a mesma para entrar, ou seja, quem tinha ingresso e chegasse antes teria que ficar esperando junto com quem não tinha ingresso, não havia uma fila específica para quem já tinha ingresso completo, uma total falta de organização. E dentro do evento o que se via era também uma total desorganização, parecia até um evento amador. Os estandes formavam filas bizarras em que as pessoas passavam umas na frente das outras furando a fila descaradamente, a praça de alimentação foi mal planejada.

Mesmo que a Bienal tenha vendido três milhões de livros, o que configura um sucesso da edição, ainda há muito a melhorar. Como um melhor cenário para autores e independentes exporem seus trabalhos e atraírem novos leitores, um real pensamento das editoras em usar a Bienal não apenas para vender livros, mas também para fazer um produto cultural para o público e nisso entra também uma política de baixar os preços absurdos que se encontravam alguns volumes.

A verdade é que a Bienal, diferente da BGS, CCXP, entre outros eventos, não é um evento que te prende no local. O público entra, dá umas voltinhas, compra alguns exemplares de livros e depois de quatro horas ali dentro vai embora, e isso não se vê em outros lugares. A Bienal do Livro precisa começar a pensar grande e se refazer como evento.

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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