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Críticas

Crítica | Velozes & Furiosos 5: Operação Rio

Brian e Mia conseguem resgatar Dominic da prisão mais uma vez. O grupo foge para a cidade do Rio de Janeiro no Brasil. Lá, eles arranjam problemas com o criminoso mor da cidade, Reyes, que agora quer suas cabeças a todo custo. Dominic, Brian e Mia convocam parceiros de aventuras passadas para ajuda-los em um último golpe – roubar todo dinheiro de Reyes. Enquanto isso, um grupo de operações especiais liderado por Hobbs, o policial mais implacável do mundo, tenta recapturar Dominic e seus amigos.

Tuning, onde está você?

O roteiro de Chris Morgan se consagra pela construção das cenas de ação e de algumas piadinhas (comédia escatológica a parte), já em narrativa e pesquisa é uma tragédia. Ele conta com quatro segmentos agitados memoráveis – a perseguição no luxuoso trem (!!!!) que cruza o “famosíssimo” deserto brasileiro, a fuga in the Favela’s (porque os personagens não chamam de slums?), o quebra pau entre Diesel e The Rock e o clímax original que cai no clichê em seu desfecho.

Os problemas e as falhas do roteiro são inúmeros. Dominic (o personagem protagonista) evidencia no inicio do filme que eles estão falidos e sem um tostão no bolso. Então, como estes seres bestiais conseguem muito dinheiro para financiar o plano acéfalo do grupo? O roteiro não se incomoda em responder. Ele também não faz questão de lembrar o espectador o que aconteceu nos filmes passados para situa-lo melhor na trama – é necessário assistir os outros filmes da série – tampouco explica a ressurreição de Han. Além de não citar o paradeiro final do tão polêmico chip e como os “favela’s heroes” de Reyes sempre aparecem do nada.

É vergonhoso ver como o Brasil é retratado por Velozes 5. Ele insinua que nossas terras “há 500 anos” foram invadidas pelos espanhóis que foram derrotados pelos indígenas (queria ter tido essa aula de História). Então, os portugueses chegaram e por meio do escambo, dominaram o Brasil e seu povo selvagem. Ele é carente de cenas que passam no Rio, sempre preferindo cenas na Batcaverna de Vin Diesel. Fora que, segundo ele, toda polícia do Rio (sem exceção) é corrupta além de ter vários Dodges Challengers na garagem.

“This is Brasil”, a cena que ilustra este célebre frase é simplesmente constrangedora lançando a imagem de que todo brasileiro está exageradamente armado pronto pra guerra. As nossas mulheres também não foram esquecidas. Todas com pose de “Maria gasolina” trajando roupas calientes sendo que uma aparece com a farta bunda pra fora em close. Após uma cena tão sensual, sexual e física como esta fica difícil aceitar que a magrelo-cadavérica Gal Gadot consegue seduzir o mafioso Reyes em um piscar de olhos. Não posso esquecer-me da menção honrosa em que várias mulatas aparecem seminuas enquanto trabalham numa “empresa” de lavagem de dinheiro.

Morgan destruiu a alma da série que eram os tunings fantásticos e os ‘rachas’ alucinantes. Com este filme ele assume descaradamente o subgênero (assalto/policial) que a série vai tomar. Até mesmo quando reapresenta os personagens para o espectador, copia a fórmula inteligente e original de Onze Homens e Um Segredo. O único ‘racha’ do filme inteiro é sem graça, rápido e muito menos memorável. O roteirista também é perito em criar situações que debocham as leis da física. Por exemplo, quando Hobbs cospe cacos de vidro na plateia ou quando Dominic e Brian pulam de um carro em uma queda-livre de mais de 100 metros de altura em direção à água. Meus caros, se algum de vocês tentarem pular sem a posição adequada na água em uma altura de 100 metros, seu corpo virará um purê de ossos e carne, além da morte lenta e aguda que o suicida sofre. Claro, sem mencionar as malditas frases de efeito que o texto possui que ele faz questão de enfatizar por meio de alguma expressão de outro personagem.

Placas tectônicas 

A atuação do elenco do filme se resume a exibir seu bolo de carne ou gordura mais atrativo – leiam-se aqui peitos, bundas, bíceps, tríceps. Vin Diesel tem dificuldade absurda em construir expressões faciais. O cara se esforça tanto para fazer um sorriso que fica com uma cara sapo cururu troncudo mal humorado. Não há pontos positivos ou negativos na atuação de Diesel – ele simplesmente não sabe atuar e nunca vai saber. Seus pontos fortes são: fazer cara de mau enquanto atira nos antagonistas, ser um bandido boa-praça, dirigir excepcionalmente bem e ser uma montanha colossal de músculos.

Sempre achei Paul Walker um dos piores atores de todos que conheço, entretanto tive uma surpresa neste filme. Aqui, sua atuação se mostra muito mais madura e interessante. Ele deixou as expressões de pateta para outras que realmente explicitam a preocupação do personagem em relação à sobrevivência do grupo. Tyrese Gibson e Ludacris  conseguem proporcionar um carisma aceitável em seus personagens com tiradas cômicas. Sung Kang volta como o falecido Han e como sempre sua atuação é a melhor graças ao seu timing perfeito e seu carisma inestimável. Dwayne Johnson ou The Rock é o segundo melhor ator do filme. Seu personagem desperta o interesse do espectador pela determinação do ator em capturar todos criminosos que trombarem contra ele.

O português Joaquim de Almeida aposta na caricatura e no jeito canastrão de seu personagem assemelhando-se muito a antagonistas de filmes de ação oitentistas. Gal Gadot, Don Omar, Tego Calderon, Elsa Pataky, Matt Shulze e Jordana Brewster completam o elenco sem grandes inovações ou surpresas. Não preciso nem comentar a ausência de atores brasileiros no elenco do filme, portanto o português falado em cena é simplesmente ridículo e causador de risos de constrangimento. Detalhe para o “Parëm, eläs estón ‘com migo’!”.

1% de arte 

O cinegrafista Stephen F. Windon é capaz de fazer uma modelagem de luz muito boa como ficou provado na série The Pacific, mas em Velozes 5 não devia estar muito inspirado. Várias imagens ficam sem um tratamento mais artístico na iluminação, exceto aquelas que passam no esconderijo de Vin Diesel. Ele apela muitas vezes para os GPGs – grandes planos gerais, que mostram um pouco da bela cidade do Rio de Janeiro sem se esquecer das imagens impactantes do amontoado de casinhas na favela.

A única cena que a fotografia torna-se absolutamente excelente é o rápido segmento do ‘racha’ em que ele utiliza desfoques naturais com um plano genial de uma vidraça embaçada pelo sereno da madrugada. Também o constante ritmo das cores azul e vermelho misturado com a movimentação frenética das câmeras dá um dinamismo impressionante a cena, além do importante auxilio dos carros cinematográficos. Nesta parte, é possível reconhecer toda identidade visual que a franquia construiu. Porém, seu trabalho não merece elogios porque ele é existente apenas nesta cena. Às vezes, tem a boa vontade e a inteligente sacada de manejar tremulamente suas câmeras – mais conhecido como “câmera nervosa”, em momentos que o grupo liderado por Diesel passa por maus bocados. Outras vezes, combina o movimento com muita poeira no meio dos tiroteios garantindo uma imagem mais forte, densa e física.

Os efeitos visuais conseguem colar os ‘backgrounds’ da cidade do Rio de Janeiro nas locações na Costa Rica com maestria. Porém, qualquer brasileiro consegue identificar coisas que não existem na cidade como a fictícia ponte onde ocorre o absurdo clímax. É muito normal realizar filmagens em uma cidade alegando ser outra. Por exemplo, Toronto é a Nova Iorque dos cinemas devido o baixo custo de produção e facilidade de fechar ruas.

Sai a Bossa Nova, entra o funk…

A música original é de Brian Tyler. Suas composições tentam ter um gingado brasileiro lotado de batidas fortes de tambores, alguns apitos e de vez em quando algumas distorções eletrônicas. Sua trilha na maioria das vezes dispensa os violinos, mas quando utiliza cria músicas surpreendentes e viciantes como o tema principal do filme, sendo esta digna dos filmes do James Bond. As músicas originais cumprem muito bem sua função, deixando o espectador tenso o suficiente além de anima-lo em toda cena em que aparece. Destaque para a música da perseguição nas favelas.

A trilha licenciada também é muito boa e aqui a música nacional marca presença. Não espere encontrar Tom Jobim ou Caetano Veloso em um filme desses. Aqui quem domina é Marcelo D2 com a melhor canção do longa – “Desabafo/ Deixa eu   dizer”. Então já deu para notar que o Hip-Hop brasileiro é muito presente no filme. Entre os artistas, estão MV Bill, Obando e Black Alien. Os funks ‘proibidões’ também aparecem em dados momentos. “Danza Kuduro” é utilizada em uma cena um pouco inadequada deixando-a completamente deslocada com o contexto da imagem.

Esqueceram o significado do “velozes”… 

Justin Lin é o diretor da franquia desde Desafio em Tóquio. Ele mudou completamente o rumo da cinessérie com o roteirista Chris Morgan abandonando descaradamente o diferencial dos filmes que eram as corridas para incrementar tiroteios nervosos. Na há duvidas que o diretor realiza todas cenas de ação com uma facilidade fantástica. Elas funcionam muito bem mantendo um ritmo agradável, mas o problema não reside nestas seletas cenas e sim no filme todo.

Seu auxilio na edição do filme não se mostrou nem um pouco eficiente. O filme tem um ritmo muito irregular – muito papo furado para pouca ação. Graças à audácia do diretor optar por uma metragem absurda para um filme de ação (2 horas e 10 minutos), não carece de cenas movimentadas, mas é difícil esperar por outra, devido às longas pausas. Nestas pausas, ele fica num marasmo chatíssimo e infinito. Quando ele finalmente dá pistas de que vai acontecer o primeiro ‘racha’ do filme, Lin corta abruptamente a cena deixando o espectador indignado e possesso de raiva.

Além destes graves problemas do manejo do ritmo do longa, ele insiste que seu filme não acabe nunca. Ou seja, quando o espectador começa a notar que a projeção está no fim, o diretor garante mais alguns minutos no desnecessário epílogo antes dos créditos finais que também são interrompidos para mais uma cena.

Clube dos Furiosos

Não recomendo Velozes e Furiosos 5 nem para o meu pior inimigo. O filme é arrastado, lento e retrata o povo brasileiro com certa “peculiaridade”. Suas poucas qualidades não superam seus muitos e desprezíveis defeitos. Se você é um fã de carteirinha da série, é necessário que você assista e é muito provável que encontre um bom entretenimento. Mas se você nunca ouviu falar desta franquia, passe longe.  Se pensa que vai encontrar muitas corridas com carros tunados, também sairá decepcionado.

Se a intenção do longa era deixar o espectador tão enfurecido como Vin Diesel no barraco com The Rock, posso afirmar que ele consegue… E muito.

Velozes e Furiosos 5 (Fast Five, EUA - 2011)
Direção: Justin Lin
Roteiro: Chris Morgan, Gary Scott Thompson
Elenco: Vin Diesel, Paul Walker, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Ludacris, Matt Schulze, Sung Kang, Gal Gadot, Dwayne Johnson
Gênero: Ação, Aventura, Crime
Duração: 130 minutos

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by Matheus Fragata

Crítica | Velozes & Furiosos 4

Um argumento um tanto usado por críticos que costumam defender filmes cuja qualidade é duvidosa trata-se da questão envolvendo a "proposta". Por exemplo, a franquia Velozes e Furiosos, iniciada em 2001, assumia sem discrição este aspecto urbano de vida na ruas. Porém, quando seus filmes são analisados intrinsecamente, deixam alguns cinéfilos de cabelo em pé. Claro, deve-se relevar se a proposta do filme é apenas diversão, mas o filme em questão nem isto consegue.

Velozes e Furiosos 4 se passa cinco anos após o primeiro filme. Dominic Toretto (Vin Diesel) e sua nova equipe vivem uma vida de crime na República Dominicana roubando tanques de combustível. Suspeitando de investigações do FBI, Toretto deixa Letty (Michelle Rodriguez) com sua irmã, Mia Toretto (Jordana Brewster), e parte para o Panamá. No entanto, passado algum tempo, ele recebe uma trágica notícia fazendo com que regresse para Los Angeles. Nisso, Brian O'Conner (Paul Walker) e a polícia ficam ativos com o seu retorno.

Já aqui a premissa começa a ser problemática. O roteiro assinado por Chris Morgan demonstra-se perdido com o destino de seus personagens: Ele inicia uma situação, mas desfaz logo em seguida. O tempo que Dominic passa no Panamá não passa de alguns minutos, transparecendo a pressa da escrita. O grave acontecimento acima descrito torna-se gratuito quando não é mais tratado no longa, nem servindo como motivação ao protagonista.

VF4 é o primeiro que busca um enredo com uma escala "maior". O foco em corrida de ruas é deixado um pouco de lado dando lugar a grandes cartéis de drogas. No entanto, Morgan encontra problemas em equilibrar o plot. Vez ou outra conflitos familiares se intrometem na narrativa, e ainda assim o background envolvendo a persona de Toretto não é bem desenvolvido. O relacionamento entre ele e O'Conner transparece esta falta de cuidado, deixando claro como o roteirista não consegue fugir deste meio.

Justin Lin, que assumiu o comando da franquia em Desafio em Tóquio, demonstra um amadurecimento se comparado aos antecessores. Isto se deve também à cinematografia de Amir Mokri que abandona as cores saturadas de outrora, investindo em mais discrição nos planos. O que é adequado já que o roteiro não lida mais com gangues de ruas. O uso de imagens chamativas em carros tunados e belas mulheres tornam-se quase nulos, porém a fraca trilha sonora não é justificável. A seleção de músicas feita por Brian Tyler é a pior da franquia, não há nenhuma canção que faça o público lembrar-se após a sessão.

No entanto, mesmo que a direção esteja com uma mão mais firme, isto não significa que a mesma seja mais criativa. A ação do filme pouco diverte o espectador. Na verdade, cansa. A começar pela sequência do início, onde não é possível comprar qualquer perigo, e entre outras corridas sem nenhuma novidade visual ou agregamento narrativo.

Quanto ao elenco do longa, gostaria de dizer que ele divide-se em dois grupos: os realmente ruins que, não importa a péssima qualidade de roteiro em mãos, não conseguem entregar uma performance convincente; e os que tentam fazer algo. Obviamente, dado o enredo da "pérola", é inadequado exigir algo oscarizado, porém isso não impede um mínimo esforço dos atores. Algumas cenas simples de diálogos são prejudicadas pela baixa interpretação, de diálogos um tanto mais tensas tornam-se risíveis. Sendo assim, os dois grupos acabam se igualando.

Liz Alonso e John Ortiz são o que mais saem prejudicados neste aspecto. O primeiro com um personagem caricato, cuja presença em cena fez-me revirar os olhos com falas limitadas que falham em sua intenção que é intimidar Dom Toretto. Quanto ao outro, seu personagem é o estereotipado traficante de drogas. Uma péssima dupla de vilões, enfim.

O elenco ainda conta com uma estreante Gal Gadot (Mulher-Maravilha), como Gisele, e até então é clara sua inexperiência como atriz, porém o roteiro não evolui com sua personagem, servindo-se apenas como um possível novo interesse amoroso de Vin Diesel. Quanto ao ator canastrão, seu carisma é isento durante o longa. Seja em cenas descontraídas ou dramáticas, a expressão de Diesel é a mesma. Já Paul Walker é aquele que cumpre o que se pede, pouco pode ser dito sobre. Quanto aos outros, nem sequer merecem uma opinião a respeito.

Velozes e Furiosos 4 é mais um daqueles filmes feitos para apenas preencher tabela no calendário dos estúdios. No geral, sua composição é extremamente vazia, esquecível e chata. Se a proposta é ser ruim, que seja tratado como tal.

Velozes e Furiosos 4 (Fast & Furious – EUA/Japão 2009)
Direção: Justin Lin
Roteiro: Chris Morgan
Elenco: Paul Walker, Vin Diesel, Jordana Brewster, Michelle Rodrigues, John Ortiz, Laz Alonso, Gal Gadot, Jack Conley, Shea Whigham, Liza Lapira, Sung Kang, Tego Calderon, Don Omar, Mirtha Michelle, Greg Clipes
Gênero:
Ação
Duração: 107 min

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Escrito por Kevin Castro


by Redação Bastidores

Crítica | Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio

Depois de dois filmes de muito sucesso, tivemos Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio, que foi um novo caminho e sem barreiras para explorar os desafios dessa, na época, nova franquia. Com um elenco completamente novo, em um país completamente novo, pode-se dizer que esse filme foi o responsável pela grande franquia que temos hoje em dia, e por sua crescente exploração de territórios internacionais a cada novo capítulo.

O terceiro filme da “família” Velozes e Furiosos, marca a chegada de Justin Lin na cadeira de diretor, tomando o lugar de John Singleton, diretor do segundo filme. Lin permaneceria por mais 4 filmes, sendo Velozes e Furiosos 5: Operação Rio seu trabalho mais louvável. Porém tudo tem um começo e, apesar da maioria discordar, ele foi brilhante.

A história começa nos Estados Unidos, onde Sean Boswell (Lucas Black) é detido pela policia por praticar corridas de rua. O único jeito de escapar da cadeia seria ir morar com o seu pai na cidade japonesa de Tóquio e é isso que o jovem faz. Lá ele conhece Twinkie (Shad Moss) que o apresenta ao mundo das corridas de rua da grande cidade. Sean logo de cara sofre um choque: as corridas são disputadas em lugares onde o Drift era necessário, técnica de direção muito popular no país. Com o objetivo de vencer o rival D.K. (Brian Tee), da Yakuza, ele começa a treinar a técnica da derrapagem sob a tutela de Han (Sung Kang), personagem que participaria de futuros filmes da franquia - ainda que ambientados no passado. Além disso, ele começa a se interessar por Neela (Nathallie Kelley), namorada de D.K., o que esquenta mais ainda a tensão, sem contar que D.K. e Han tinham negócios por baixo dos panos.

A história, quando vista assim, pode ser vista como um novelão, mas acredite, está muito longe disso. Desafio em Tóquio traz as corridas e técnicas de direção para o primeiro plano, sendo simples e direto. Sean não é um policial infiltrado, ele é apenas um garoto que gosta de correr. O mais interessante é vê-lo tomando um caminho contrário ao de Brian O'Conner, dos primeiros filmes. Sean começa como um delinquente inconsequente, mas ao final do filme ele se transforma como personagem, assumindo mais responsabilidades, em uma jornada contrária à do personagem de Paul Walker. As subtramas da máfia são muito bem colocadas, principalmente por não tomarem grande foco até o momento em que são realmente importantes, praticamente no mesmo ritmo em que o protagonista se desenvolve.

Agora, o que o torna eficiente, mesmo com todos afirmando o contrário? Com o segundo filme sendo uma leve bagunça, o terceiro recebeu novos caminhos, como já mencionado acima. Justin Lin inova, abusa e transforma a franquia, com Desafio em Tóquio. A ação nos carros é de cair o queixo, principalmente durante a sequência de perseguição no centro da cidade, onde Lin se mostra um entendedor de ação em alta velocidade. Apesar da fotografia e da trilha serem um tanto quanto genéricas, ele foi capaz de utiliza-las para o bem maior do filme. Além de ter feito a escolha da melhor música tema de toda a franquia, presente dos Teriyaki Boyz batizada simplesmente de "Tokyo Drift".

Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio não é o melhor da fanquia, mas com certeza é o mais “único”. Com personagens e plot despretensiosos, ele abre as portas para o que a franquia se tornou hoje, e continua sendo uma excelente fonte de entretenimento, mesmo sem ter carros pulando de paraquedas ou indo de encontro com um tanque.

Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio (The Fast and the Furious: Tokyo Drift, EUA - 2006)

Direção: Justin Lin
Roteiro: Chris Morgan
Elenco: Lucas Black, Nathalie Kelley, Sung Kang, Shad Gregory Moss, Brian Tee
Gênero: Ação
Duração: 104 min

Texto escrito por Daniel Sodré 

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by Redação Bastidores

Crítica | +Velozes +Furiosos

Depois do sucesso de público do primeiro Velozes e Furiosos, era uma questão de tempo até que uma continuação fosse lançada. Com um intervalo de apenas dois anos, isto aconteceu: em 2003, chegava nas salas de cinema o esperado +Velozes +Furiosos. No entanto, para a surpresa de muitas pessoas, o diretor do primeiro filme, Rob Cohen, não estava mais no comando da sequência, e o astro em ascensão Vin Diesel havia sido substituído por outros atores. Mas, como nem todas as mudanças são ruins, o público resolveu dar um voto de confiança e conferir o resultado final. O único problema é que, no caso deste filme, essas alterações vieram a comprometer a qualidade do todo.

Contando também com uma nova dupla de roteiristas formada pelos até então estreantes em longas metragens Derek Haas e Michael Brandt (Gary Scott Thompson, o criador dos personagens e roteirista do primeiro filme, concebeu o argumento desta sequência ao lado dos dois nomes já mencionados), +Velozes +Furiosos encontra o personagem Brian (Paul Walker) vivendo de corridas de carro após os eventos mostrados no filme anterior. Porém, tudo muda quando, após ficar sob a custódia da polícia, ele precisa novamente se infiltrar na gangue de um contrabandista local, o perigoso Carter Verone (Cole Hauser), e garantir que este seja preso.

Com John Singleton na direção, +Velozes +Furiosos é um filme que, em parte, sofre pela falta de conexão entre o material e o cineasta responsável pelos bons Os Donos da Rua e Quatro Irmãos. Ao passo que Rob Cohen é um diretor acostumado com os filmes de ação, Singleton costuma transitar pelos dramas mais humanos. Talvez o estúdio e os produtores tenham trazido o diretor para tentar dar um pouco mais de realidade ou profundidade ao filme e os personagens, porém, como a obra continuou a ser uma diversão escapista, essa ausência de intimidade do cineasta com um conteúdo tão superficial acabou por se revelar em vários momentos da narrativa.

Para oferecer um exemplo disso, vejam, ainda na primeira cena do filme, enquanto os participantes de uma corrida esperam pela chegada de Brian, como o diretor preenche o momento com cenas risíveis e incrivelmente estereotipadas de personagens dançando, fazendo graça e bebendo. Além disso, num amadorismo injustificável, Singleton não percebe uma série de equívocos de continuação na decupagem da cena: percebam, por exemplo, como logo após um dos pilotos ficar ao lado de duas mulheres que estão, aparentemente, se esfregando no capô de um carro, ele já se encontra sozinho e apoiado no automóvel como se já estivesse lá há um bom tempo. Notem também como o diretor, ao lado dos montadores Bruce Cannon e Dallas Puett, repete um dos planos em que o personagem interpretado por Michael Ealy está falando com a namorada mesmo depois de ele já ter finalizado a conversa e ido para a frente do carro esperar pela chegada de Brian.

Presentes também em outros momentos da narrativa, esses erros de Singleton saltam aos olhos do espectador e deixam claro que a escolha do seu nome para comandar este filme foi um equívoco completo. Porém, ele não é o único culpado pelo fracasso do longa. Com uma trama que nunca engrena e cujo buraco (sim, este é o termo mais condizente) entre o primeiro e terceiro atos é preenchido com cenas sem propósito narrativo e tentativas fracassadas de transformar as suspeitas de Carter em momentos de intensidade dramática (para nos fazer visualizar a maldade do personagem, os roteiristas recorrem a uma cena hilária em que ele ameaça um sujeito com uma ratazana), o texto de Haas e Brandt gera em nós a constante impressão de que a dupla não sabe o que fazer para movimentar a narrativa.

No entanto, o maior erro que eles cometem é o de ter concebido, ao lado de Gary Scott Thompson, uma história em quase tudo idêntica à do primeiro filme. Embora haja um elemento novo (a amizade de Brian com o personagem interpretado por Tyrese Gibson - que, de tão mal trabalhada, nunca ganha vida ou faz com que nos importemos com a relação entre eles), a trama repete os mesmos tipos de conflito presentes no filme de 2001: há a desconfiança de Carter acerca da honestidade de Brian, tem o envolvimento romântico deste com uma nova mulher (interpretada por Eva Mendes) e novamente a incômoda situação de ser um infiltrado. Essa repetição de temas e conflitos dramáticos deixa claro que estamos assistindo a uma cópia do primeiro filme, porém, bem menos charmosa.

Já os atores, por sua vez, nos fazem lembrar constantemente de Vin Diesel, Michelle Rodriguez e Jordana Brewster. Encarnando personagens rasos e pobremente construídos, Cole Hauser, Eva Mendes e Tyrese Gibson não conseguem escapar da superficialidade de seus papéis e entregar atuações carismáticas e poderosas. Além disso, não há química entre eles. A relação de Brian com os três personagens nunca parece intensa ou real. A única performance que consegue se destacar é de Paul Walker, o que, levando-se em conta a familiaridade do ator com o personagem, não é algo que merece muitos louros.

Alguns outros destaques positivos são a fotografia saturada e ensolarada de Matthew F. Leonetti (que, ao emular o visual da série de televisão Miami Vice, traz ao filme uma prazerosa sensação de nostalgia) e o design de produção, cujo trabalho não só reforça a lógica empregada pela iluminação do diretor de fotografia como ressalta inteligentemente o pouco que existe de personalidade no caráter dos personagens (é interessante notar como, na já mencionada cena em que Carter ameaça um sujeito, a presença da cor vermelha e de objetos de alto valor indicam a violência daquele ambiente e a riqueza financeira do personagem, respectivamente.)

Infelizmente, esses méritos são raros e insuficientes para salvar o filme do desastre quase completo. Com efeitos digitais ruins (as cenas de corrida parecem jogos de videogame) e nem um pouco divertido (o que é um crime para este tipo de projeto), +Velozes +Furiosos foi um fracasso tão retumbante que o filme seguinte tentou fazer uma espécie de reboot da franquia, com outros personagens e diferentes locações. Assistindo ao filme de John Singleton, é difícil imaginar que daqui sairia uma saga milionária. Porém, foi somente quando o estúdio aprendeu com os próprio erros e investiu novamente na atmosfera do primeiro filme (trazendo, inclusive, os atores de volta) que a franquia retomou o caminho certo (o que, convenhamos, não é grande coisa também).

+Velozes +Furiosos (2 Fast 2 Furious, EUA – 2003)

Direção: John Singleton
Roteiro: Derek Haas e Michael Brandt (a partir de uma história concebida pelos dois ao lado de Gary Scott Thompson, o criador dos personagens)
Elenco: Paul Walker, Tyrese Gibson, Eva Mendes, Cole Hauser, Ludacris, Michael Ealy, Thom Barry,
Gênero: Ação
Duração: 107 minutos

https://www.youtube.com/watch?v=SlaeKcmalGU&ab_channel=FastFamily

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by Redação Bastidores

Crítica | Por Trás do Céu - Cinema nacional e seu vício em fazer sempre a mesma coisa

O sertão (ou deserto) brasileiro já foi reproduzido muitas vezes no cinema brasileiro. Em alguns casos como cenário afrodisíaco em outros casos como personagem principal de algum drama que quisesse dialogar sobre a imensidão e os dilemas dessa região brasileira e de quem vive nela. Filmes como Abril Despedaçado ou Cinema, Aspirinas e Urubus  já haviam mostrado o Sertão de um modo diferente. 

Uma nova produção nacional estreou em algumas salas de cinema falando de modo poético sobre o deserto e o isolamento que ele causa às pessoas que nele habitam. Tudo é pura poesia em Por Trás do Céu (Caio Sóh), desde o local representando o sertão (Não foi gravado no Nordeste) até os sonhos da personagem vivida por Aparecida (Nathalia Dill).

É um filme que tem uma ideia bacana, mas que foi mal roteirizado, mal produzido, e teve personagens pessimamente desenvolvidos. O cinema nacional se esforça para melhorar a qualidade, mas acaba caindo na mesmice de sempre. Há muito vício em querer retratar essa região como local de miséria e de pobreza. Um local isolado de tudo e que a salvação seria a capital.

Claro que o filme não toca diretamente na palavra sertão, mas fica nítido que ele é representado ali. O longa conta a história de Aparecida, uma mulher jovem e sonhadora e seu marido Edivaldo (Emílio Orciollo Neto) que faz o papel de homem bruto, que age mais com a emoção que com a razão. Justos vivem escondidos de alguns fazendeiros em uma pedra, algo aconteceu no passado. O dono da fazenda e seus capangas estupraram em um passado recente Aparecida. O filme não informa quando isso ocorreu e esse fato é mostrado não se sabe o porquê. Parece que a cena foi gravada apenas com a ideia de chocar e jogaram lá por jogar.

Voltando a história, eles vivem a dura realidade da vida. Edivaldo vive um dia de cada vez de forma séria, ela vive fantasiando sair de lá e conhecer o mundo. Viver lá não traz felicidade para Aparecida. Depois de ver a foto de um foguete em uma revista decide construir um foguete para voar e ver o que há além do céu.

Completam o elenco Gero Camilo muito bem no papel de Niquim, um personagem pouco aproveitado e Paula Burlamaqui como a prostituta que fugiu da capital com medo de ser assassinada. Talvez o arco mais interessante da história seja justamente esse encontro entre a garota de programa e Aparecida que vive isolada do mundo e acha que a capital seja um lugar decente, enquanto que Valquiria pensa o contrário, viver isolada é melhor que viver no meio de tanta desgraça da cidade grande. Esse é um tema que poderia ser o principal do filme e deveria ter sido melhor explorado, infelizmente ele é abordado de forma genérica.

Nessa produção tudo é apresentado de forma alegórica. O foguete nada mais é que o desejo de deixar essa vida de miséria para trás. Uma fuga da realidade tediosa que eles vivem e o sentimento de conhecer o novo.

A direção de Caio Sóh parece perdida em alguns momentos, as vezes parece tomar o rumo certo para então se perder e ficar sem caminho novamente. A personagem de Nathalia Dill é boa, uma garota um pouco doidinha um pouco inocente. O problema é seu sotaque de que não é tão bom assim. O som do seu sotaque é inaudível, atrapalha demais o seu entendimento. Em alguns momentos você não entende o que ela diz.

No geral Por Trás do Céu é uma obra que se fosse melhor produzida e melhor pensada teria um resultado final muito diferente. É como aquele carro que parece que vai pegar e não pega. 

Por Trás do Céu (Brasil – 2017)

Direção: Caio Sóh
Roteiro: Caio Sóh
Elenco: Nathalia Dill, Emílio Orciollo Neto, Everaldo Pontes, Gero Camilo, Léo Rosa, Paula Burlamaqui, Renato Góes
Gênero: Drama
Duração: 90 min

https://www.youtube.com/watch?v=o6X1dedk1uA


by Gabriel Danius

Crítica | Os Smurfs 2

O primeiro filme dos Smurfs em computação gráfica, realizado pela Sony Pictures Animation, passou longe de ser um sucesso de crítica, mas isso não refletiu em sua bilheteria, o que, naturalmente, geraria sua sequência Os Smurfs 2. O conjunto da obra, contudo, fora de início concebida como dois filmes e é importante lembrar que a terceira adaptação moderna, Os Smurfs e a Vila Perdida, é um reboot e não mais uma continuação. Ainda que siga a mesma estrutura narrativa do primeiro, esse segundo longa-metragem não se saiu tão bem, denunciando que a fórmula não foi tão certeira quanto os realizadores imaginavam.

A projeção tem início com os smurfs contando a história de como a Smurfette tornou-se parte do grupo, já nos preparando para qual seria o foco da trama. Pouco depois descobrimos os planos de Gargamel (Hank Azaria) para raptar sua criação da vila smurf e trazê-la de volta a seu lado, com a ajuda de Vexy (Christina Ricci) e Hackus (J.B. Smoove), os danadinhos, também criados pelo bruxo. Sabendo desse sequestro, as criaturas azuis precisam viajar para Paris a fim de resgatar Smurfette e, para isso, pedem ajuda a Patrick (Neil Patrick Harris) e Grace (Jayma Mays) novamente.

É bastante evidente, desde os primeiros minutos, qual o público-alvo da obra. Ao contrário de produções da Disney, Pixar e Dreamworks, que buscam proporcionar aventuras que satisfazem tanto o público adulto quanto o infantil, Os Smurfs 2 mira exclusivamente nas crianças, o que acaba transformando o longa-metragem em uma experiência realmente difícil para os mais velhos. Estamos falando, claro, de uma comédia “pastelão” bastante exagerada que assola toda a projeção, com gags atrás de gags que basicamente são formadas de personagens tropeçando, caindo ou fazendo caretas.

A trama em si também não ajuda, configurando-se como altamente previsível. Desde os primeiros minutos já sabemos exatamente o que irá acontecer, quebrando qualquer chance de imersão do espectador adulto, que espera uma boa história e é recebido com algo sequer capaz de entreter. A intenção dos realizadores é clara, mas não custava um pouco mais de refinamento por parte da equipe de roteiristas, que poderiam ter construído uma narrativa mais engajante, desenvolvendo de verdade seus personagens e não apenas os jogando em situações que buscam unicamente risadas da audiência. Dito isso, Os Smurfs 2 é um filme vazio, que não oferece muito ao espectador.

Nem mesmo Neil Patrick Harris ou John Oliver (como dublador do Vaidoso) conseguem nos cativar por todo o longa-metragem, ainda que consigam extrair algumas poucas risadas do público adulto em determinados pontos da história. Nada, porém, que salve a experiência como um todo. Estamos falando de interpretações exageradas em razão do que o texto pede, repetindo inúmeras vezes as mesmas piadas, nos fazendo sentir como se estivéssemos nas mesmas cenas, com elas apenas “coloridas” de forma diferente.

Se a obra conta com um trunfo, porém, é a sua computação gráfica, que consegue criar realistas texturas, especialmente no que diz respeito à peles dos smurfs. Além disso, toda a movimentação funciona de forma extremamente fluida e o que prejudica tudo é a inserção desse CGI em nossa realidade, ainda que, na maior parte das vezes, isso acabe funcionando ao longo do filme. No anterior tivemos Nova York e, agora, Paris, o que pode soar como uma receita de bolo, claro. Felizmente a cidade é bem utilizada em certos pontos, justificando a escolha.

Os Smurfs 2, portanto, segue a mesma fórmula de seu antecessor, se apoiando em um humor para lá de infantil, refletindo qual o público alvo da produção. Trata-se de uma experiência sofrida para os espectadores mais velhos e, por mais que esperemos uma maior profundidade do roteiro, isso jamais aparece. Não é por mero acaso que o longa se saiu tão mal na bilheteria, mostrando que é preciso saber entreter audiências de todas as idades quando se trata de animações em longa-metragem.

 Os Smurfs 2 (The Smurfs 2, EUA – 2013)

Direção: Raja Gosnell
Roteiro: David N. Weiss, David Ronn, Jay Scherick, J. David Stem
Elenco: Alan Cumming, Alex Martín, Anton Yelchin, Brendan Gleeson, Carolina Bartczak, Christina Ricci, Hank Azaria, Jacob Tremblay, Jayma Mays, J. B. Smoove, John Oliver (II), Katy Perry, Mario López, Mylène Dinh-Robic, Neil Patrick Harris
Gênero: Animação, Aventura, Família
Duração: 102 min


by Guilherme Coral

Crítica | A Cabana

Lançado em 2007, o livro A Cabana rapidamente se tornou um sucesso mundial, tomando conta das mesas de cabeceiras de inúmeras pessoas, muitas das quais passavam por crises de fé. No Brasil, estamos falando de uma época no qual tais obras se destacaram no mercado, com um crescimento do espiritismo em famílias que sempre foram católicas, não é por mero acaso que Nosso Lar estreou no mesmo período. É a fase do New Age, com uma visão universalista da religião e William P. Young, autor do romance original, explora esses pontos, embora se mantenha, em teoria, no catolicismo. Agora, dez anos mais tarde, o livro, enfim, ganha sua adaptação cinematográfica, com o mesmo nome.

A trama acompanha Mack Philips (Sam Worthington), que, quando criança, fora vítima de violência por parte de seu pai, que batia nele e em sua mãe. Agora, anos mais tarde, Mack é casado e tem duas filhas e um filho. Sua vida, contudo, é virada de cabeça para baixo quando, durante um acampamento, sua filha mais nova desaparece, tendo apenas suas roupas ensanguentadas encontradas posteriormente. Philips, então, entra em uma crise de fé até receber uma estranha carta, o convidando para a cabana onde as roupas de sua filha foram achadas. Lá ele se encontra com Deus, ou Papa (Octavia Spencer), como é chamado, Jesus (Avraham Aviv Alush) e o Espírito Santo, ou Sarayu (Sumire Matsubara) e deve aprender sobre o perdão antes que a culpa o consuma.

Cercado de polêmicas à época do lançamento do livro, A Cabana certamente conta com bastante coragem ao representar a Santíssima Trindade como uma mulher negra, um jovem de origem árabe e uma garota oriental, o que, por si só, já passa uma grande mensagem de aceitação, pedindo para que, não só o protagonista, como o espectador, se livre de seus preconceitos. Octavia Spencer, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por Histórias Cruzadas traz um imediato peso ao filme e, de fato, ela consegue fazer para a narrativa o que o roteiro falha miseravelmente: manter o espectador minimamente cativado. Infelizmente, seus esforços não sustentam uma bagunça que perdura por cento e trinta e dois minutos de projeção.

Para começar, tudo o que vem antes da chegada de Mack à cabana soa como um amontoado de desculpas para que o personagem entre em uma crise de fé. Não digo isso pelos eventos em si, mas pela forma como são retratados e trabalhados ao longo da obra. Embora a filha mais nova tenha sido dada como morta, aparentemente só o protagonista sofre com isso, já que o texto não se preocupa em demonstrar o impacto nos outros membros da família. Não existe uma preocupação sequer com os filhos adolescentes, que estiveram no acampamento. Para piorar, as dores da infância do personagem principal são ignoradas até certo momento da projeção e funcionam como um elemento extra, que não dialoga diretamente com toda a problemática do filme.

Com a espiritualidade abalada, seria apenas natural que o protagonista passasse a questionar sobre as coisas terríveis que Deus permite que aconteçam e, de fato, Philips chega a fazer tais perguntas para Papa, mas as respostas que recebem parecem mais uma forma de desviar da pergunta do que, de fato, respondê-la. Fica claro, portanto, que as mensagens oferecidas por essa figura divina parecem mais tiradas de um livro de auto-ajuda do que de algo com um maior teor filosófico ou teológico, caracterizando toda a obra como aquela que tipicamente busca deixar seu público feliz, não almejando colocá-lo em uma jornada de auto-descobrimento ou afirmação. Dito isso, se ao invés da santíssima trindade tivéssemos um padre ou algo assim, o efeito seria o mesmo, já que nenhuma verdade fora da obviedade é oferecida.

Ao lado de Spencer, Sam Worthington, não faz mais que desempenhar seu papel, mas o roteiro oferece a ele apenas o óbvio, ao colocar o personagem em sofrimento do início ao fim, tirando qualquer profundidade de sua personalidade, que se resume à sua infância conturbada e ao incidente que tirara a vida de sua filha. No fim, toda essa sua “aventura” soa como um gigantesco sermão sendo oferecido ao protagonista e, por consequência, ao espectador. A trama, portanto, soa extremamente dilatada, rapidamente prejudicando nossa imersão, enquanto rezamos para que o filme chegue ao seu fim.

A Cabana, apesar da forma corajosa como trabalha alguns de seus personagens, não consegue ser mais que um filme de auto-ajuda, desviando dos principais questionamentos de alguém com a espiritualidade abalada, focando unicamente no óbvio ao tentar passar mensagens que todos nós já escutamos. Por ser excessivamente longo, a obra perde nossa atenção logo na sua primeira metade e o que vem a partir daí não passa de uma jornada enfadonha e repetitiva, na qual a esperança de uma nova abordagem à religiosidade jamais se concretiza.

A Cabana (The Shack, EUA – 2017)

Direção: Stuart Hazeldine
Roteiro: Andrew Lahham, Destin Daniel Cretton, John Fusco, William P. Young
Elenco: Amélie Eve, Gage Munroe, Megan Charpentier, Octavia Spencer, Radha Mitchell, Sam Worthington, Tim McGraw, Alice Braga, Carson Reaume, Graham Greene, Nels Lennarson
Gênero: Drama
Duração: 132 min

https://www.youtube.com/watch?v=tbpGAowldac


by Guilherme Coral

Crítica | Os Smurfs - Um animação comum

Quem cresceu acompanhando o desenho dos Smurfs na década de 80 tinha uma noção de como eram os homenzinhos (e uma garota) azuis que cantavam alegremente, mas a nova geração não sabia muito sobre eles e nem sabia de sua existência. Esse filme foi importante justamente para trazer aos que cresceram assistindo a lembrança dele e para os mais novos uma nova alternativa a animações da Pixar e Dreamworks que eram lançadas no mercado. 

Esse foi o primeiro longa feito em computação gráfica pela Sony Pictures e com investimento bem alto de  mais de 100 milhões de dólares. E o resultado nas telas é bem desanimador. Primeiro que o longa é um live-action que é quando as animações dialogam com personagens reais. Esse talvez tenha sido o principal erro da Sony nessa empreitada. O filme fez sucesso tanto que alavancou uma continuação, mas essa computação gráfica tosca é imperdoável para uma empresa que presa pela qualidade. E a escolha pelo live-action foi errada, tem que ser muito bem trabalhado esse tipo de filme. Pode dar certo ou não (caso de Scooby-Doo)

Smurfs talvez seja uma das piores animações já feitas em computação gráfica (exagero?). Os personagens pareciam ter sido feitos com um software da década retrasada, nada parecido com o que víamos em outros longas como Meu Malvado Favorito ou Megamente. 

A história nem é tão ruim assim, o problema é que é óbvia. Na trama os Smurfs fogem de Gargamel (sempre ele) e nisso acabam indo parar na cidade americana. Lá encontram uma família que os ajuda a retornar para a terra natal, isso sem antes ter que confrontar Gargamel em Nova Iorque que vai para lá atrás dos duendes azuis. As cenas com Gargamel são muito bobas, fica nítido que querem forçar as situações engraçadas para que o público dê risada. Ficou tão ridículo que chegava a ser constrangedor.

Algumas outras questões se somaram para deixar essa produção mais vazia. Por exemplo, muitos personagens de diversos filmes já foram parar em Nova Iorque. A questão é: só tem essa cidade nos EUA? Sabemos que o custo para gravar lá é mais barato, a cidade já está pronta. É um set de filmagem bom e barato, mas será que não dava para ser mais original e criativo? 

Há muitas cenas que poderiam ter sido cortas e a duração (superior a 1h30) é desnecessária em um filme focado no público infantil. Se fizessem um filme mais curto com menos enrolação, menos diálogos e mais ação talvez o resultado tivesse sido diferente.

Ficou tão chato que chega a ser um sacrifício chegar ao final. A verdade é que esse longa live-action é desnecessário e um péssimo cartão de visitas para uma animação que tinha como intuito de criar uma franquia de sucesso. Mas só sucesso financeiro compensa? Adianta ganhar milhões sabendo que seu produto é de má qualidade?

Nem Neil Patrick Harris (How I Met Your Mother) escapa ileso dessa produção. Atuar com o que não existe é complicado para um ator, ele até se esforça para parecer que está brigando com alguém ou conversando com os seres azuis, mas não convence. Já Sofia Vergara se sai bem como a chefe diva, poderiam ter dado papel de maior destaque para ela. O personagem de Neil parece um bobo perdido em um filme mais perdido ainda.

Os Smurfs (Les Schtroumpfs no original) foram criados pelo ilustrador belga, Pierre Culliford (Peyo) e apareceram antes nas histórias em quadrinhos para depois virarem desenho animado. Desde então eles ficaram no limbo até o lançamento desse longa que além de ser sucesso de bilheteria, teve também um lucro absurdo com o lançamento de brinquedos como bonecos e jogos e a tendência é que cada vez mais outros filmes das criaturinhas azuis sejam lançados. Mas que não seja algo como esse primeiro que é bem fraquinho.

Os Smurfs (The Smurfs, EUA – 2011)

Direção: Raja Gosnell
Roteiro: J. David Stem, David N. Weiss
Elenco: Adam Wylie, Alan Cumming, Anna Kuchma, Anton Yelchin, Fred Armisen, B. J. Novak, Jayma Mays, Neil Patrick Harris, Hank Azari, Katy Perry, Kenan Thompson, Sofia Vergara
Gênero: Animação, Aventura, Família
Duração: 98 min.

https://www.youtube.com/watch?v=o5TbwxDTn28


by Gabriel Danius

Crítica | Velozes e Furiosos

Uma perseguição de carro no rio carregando um cofre gigante amarrado na traseira de dois carros; enfrentando um tanque militar ao longo de uma auto-estrada sendo dizimada; mil e uma loucuras desde pular de aviões dirigindo carros, de um prédio para outro prédio, explodindo metade de Los Angeles e lutas mano a mano com chaves de fenda. Quem diria que a franquia hoje bilionária, que se tornou um redemoinho em esteróides de ação mirabolantes com carros e outras desventuras loucas puxando o limite da improbabilidade cinematográfica, começou lá no início de 2001, com o jovem produtor Neal H. Moritz se baseando em um artigo sobre corridas de racha de rua decidiu investir em um filme sobre a sua cultura de rua e a juventude vândala em busca da liberdade através das corridas... lá vamos nós!

E para tal tarefa ele confiou o trabalho com um orçamento de razoáveis 38 milhões para o diretor Rob Cohen, que até então havia dirigido alguns episódios de séries como Miami Vice e feito os razoáveis e divertidinhos Dragão: A História de Bruce Lee e Coração de Dragão, e no peculiar trio de roteiristas, Gary Scott Thompson, Erik Bergquist e o mais conhecido David Ayer. Que em sua estrutura, fazem uma cópia descarada de Caçadores de Emoção de Kathryn Bigelow, com o esqueleto da história sendo quase o mesmo: policial se infiltra em grupos de bandidos para investigá-los e acaba se sentido parte do grupo e da família criando uma forte amizade, mas que culmina no perigo mortal de seu trabalho e vida de todos os envolvidos.

Só que ao invés de surfistas hipsters carismáticos com um senso de liberdade em seus atos, mas violentos sem piedade quando necessário; temos aqui motoristas de corridas de racha e que assaltam caminhões sem usar armas (isso poderia até ser legal e adicionar para a “bondade” dos personagens, mas no filme acaba sendo um bando de verdadeira estupidez e falta de profissionalismo). E ao invés de um Patrick Swayze loiro barbudo surfista carismático, temos aqui Vin Diesel careca mecânico que parece tentar ser carismático, e ao lado dele reúne-se decentes, mas não memoráveis, Paul Walker, Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Rick Yune e Matt Schulze que não fizeram tanto sucesso relativo fora da franquia mas que marcaram presença na memória dos fãs da mesma desde aqui.

E me pergunto por que será que a franquia teve esse apelo quase de um filme cult de vários fãs devotos, que permitiu Vin Diesel com Moritz mais tarde vir a ressuscitar a franquia com Velozes e Furiosos 4 e ser a franquia milionária que é hoje. O filme não apresenta nenhum marco inovador por assim dizer além do fato de explorar essa sub-cultura dos corredores de rua no século 21 com umas decentes cenas de ação e atores funcionais (eu poderia terminar por aqui, mas continuemos). Talvez seja por essa aura de cafonice que o filme evoca para si de forma quase que sem querer. E digo sem querer pois o filme não parece qual tom ele quer ter para si.

Depois de uma intro das mais sem graça que já vi com 3 carros assaltando um caminhão com troca de socos e um movimento de câmera e montagem bem genéricos, o filme pula para o jovem Brian O’Conner, personagem de Paul Walker, e sua ansiedade para entrar nas corridas de racha noturnas de forma digna de um filme adolescente com algumas porradas e mulheres gostosonas, com alguns dos diálogos mais bregas e cafonas que esses ouvidos já ouviram. Exemplos como quando O’Conner troca socos com o personagem de Matt Schulze e Torreto de Vin Diesel os separa e O´Conner grita: “Ele veio na minha cara!”, que Toretto responde: “Eu que estou na sua cara!” ou o clássico monólogo de Toretto: “Eu levo minha vida 1 Km de cada vez, nada mais importa, durante aqueles 10 segundos ou menos eu sou livre”. É uma mistura de balançadas de cabeça constrangidas e risos. E até por alguma razão de ironia, os supostos antagonistas/rivais que o filme tenta criar para o grupo de Toretto são uma espécie de máfia/gangue chinesa liderados pelo personagem de Rick Yune, que dirigem motos (sim, esse nível de cafonice!).

E o filme parece diversas vezes parece estar ciente de sua cafonice e tentae abraçar essa sua faceta que dão um certo charme ao filme, mas os invólucros das sacadas do roteiro em tentar criar uma tensão de filme policial no meio da história com o personagem de O’Conner, que apenas servem para quebrar o tom e torná-lo sério e dramático nas horas erradas e sem nenhum peso; notável traço de Ayer no roteiro. O confronto final com o caminhoneiro é um bom exemplo desse realismo que quebra o tom. A sequência é até boa com um decente trabalho de montagem e movimentação de câmera, e com certas pequenas referências à melhor perseguição de carro de todos os tempos que é a de Caçadores da Arca Perdida de Steven Spielberg, mas a cena é feita de forma tão realista e com um certo grau de violência quando vemos o personagem de Matt Schulze ensanguentado e recebendo tiros no estomago que tira todo o clima de diversão que a sequência poderia ter. Até a trilha sonora de BT que na maior parte usa um tecno pop até que legal, e do nada entra com uma melodia dramática das mais rasas que até dá vontade de rir. Mas..., por alguma razão, esse tom cafona e a seriedade dramática que se eleva ao ponto da breguice, por acaso meio que funcionam juntos para (ao menos) divertir o bastante.

E Rob Cohen que até não faz feio na direção da ação (algo que ele viria a fazer no vexame  A Sombra do Inimigo), e faz um trabalho razoável no meio de toda a cafonice. Fazendo as cenas de corrida e perseguição parecerem verdadeiras partidas de videogames (às vezes literalmente quando vemos um dos motoristas jogando um jogo de corrida antes do racha começar), com o primeiro racha do filme tendo um uso nebuloso de cores fora dos carros a partir das perspectivas dos motoristas dentro dos carros para realçar sua monstruosa velocidade, algo que parece retirado direto de Speed Racer (e que viria mais tarde inspirar o próprio filme das irmãs Wachowski), mas com uma boa parte delas tendo uma certa dose de tensão.

Nenhuma que fique na memória, apesar da última corrida, o confronto final entre Toretto e O’Conner para ver quem é o verdadeiro mais veloz e o mais furioso, possuir um certo charme e ser verdadeiramente boa com seu uso interessante de slow-mo embaçado no estilo dopado que por vezes parece uma perseguição de carro que David Lynch dirigiria; isto é, se ele cedesse ao genérico nível de blockbuster. E a boa montagem de Peter Honess ajuda bastante e faz bem seu trabalho, não se apressando e não se alongando mais que o necessário nas cenas. Com Cohen consegue fazer certo jus aos seus anos dirigindo episódios da série Miami Vice dando uma tonalidade de cores bem calorosa e um tropical urbano à sua Los Angeles através da bela fotografia de Ericson Core. Até o elenco se mostra bem decente embora nada de ótimo ou excelente, mas os até então jovens atores estão claramente se divertindo e nutrem uma boa química juntos, que só viriam a demonstrar mais nas infindáveis continuações.

Acho que as pessoas podem encarar a franquia Velozes e Furiosos com o destino bem similar à franquias como Star Trek e  Harry Potter no cinema (claro que não no mesmo impacto ou relevância), que começaram com filmes meio qualquer coisa, mas que encontraram sua voz conforme avançaram. Só que Velozes levou esse e mais dois filmes fracos enquanto Harry Potter foi uma evolução a cada filme e Star Trek uma montanha russa de qualidade. Mas que conseguiu se suster com uma boa dose de cafonice divertida e suas irritantes investidas no tom mais sério, que conseguiram marcar uma legião de fãs o bastante para crescer e ser o grande sucesso que é hoje, e que ainda se guarda num canto especial da memória daqueles que gostam e acompanham a franquia até hoje.

Velozes e Furiosos (The Fast and the Furious, EUA - 2001)

Direção: Rob Cohen
Roteiro: Gary Scott Thompson, Erik Bergquist e David Ayer
Elenco: Vin Diesel, Paul Walker, Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Rick Yune, Matt Schulze, Rick Yune
Gênero:
Ação
Duração:
 106 min

https://www.youtube.com/watch?v=2TAOizOnNPo

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by Raphael Klopper

Crítica | Os Smurfs e a Vila Perdida

A primeira tentativa de criar uma franquia nos cinemas estrelando as pequenas criaturas azuis começou bem em termos de bilheteria, conseguindo se manter entre os três primeiros em sua semana de estreia. Sua continuação, contudo, não obteve os mesmos números e se deparou com críticas igualmente negativas, em virtude de seu roteiro composto quase que unicamente de gagssem um maior aprofundamento na história. Quatro anos depois do segundo longa, então, os azuis aparecem novamente nas telonas em Os Smurfs e a Vila Perdida, que funciona como um rebootda franquia, abandonando a mistura de computação gráfica com live-action para nos entregar uma animação propriamente dita.

A trama segue uma premissa similar a Os Smurfs 2, nos contando a história de Smurfette (Demi Lovato) e como, de criação de Gargamel (Rainn Wilson), ela se tornou uma smurf. A pequenina, contudo, conta com um grande problema: sua principal característica. Todas as criaturas da vila tem seus nomes definidos a partir de traços de suas personalidades ou constituições, enquanto que ela é definida apenas por ser do sexo feminino. A garota entra, portanto, em uma jornada de autodescobrimento, enquanto ela, Desastrado (Jack McBrayer), Gênio (Danny Pudi) e Robusto (Joe Manganiello) tomam consciência da existência de outros smurfs, que são ameaçados pelo bruxo malvado, Gargamel.

É bastante claro, desde os minutos iniciais, o teor de feminismo presente na obra, que faz um belo uso do próprio caráter dessa sociedade. Embora seja, sim, mulher, Smurfette não pode ser definida apenas por isso, é sua personalidade que conta e esse é o foco da obra, que a toma como protagonista de uma aventura. Ouvimos ela dizer coisas como “eu não preciso ser protegida”, o que funciona como uma perfeita atualização da obra, dialogando com a temática de extrema relevância nos dias atuais, além de problematizar o estranho caráter da vila, que é composta inteiramente de homens, à exceção de uma garota.

Ao não trabalhar mais com o live-action, a franquia passa a contar com muito mais liberdade criativa, especialmente em seus cenários, que são verdadeiramente exuberantes, utilizando uma paleta de cores variada que colorem toda a tela, tornando o 3D como algo que embeleza a projeção e não apenas atrapalha o espectador (especialmente se ele utilizar óculos). Por esse ser um reboot os próprios personagens foram retrabalhados, com texturas diferentes, sem uma maior preocupação com o realismo. O cartunesco toma conta do longa-metragem e enxergamos isso como algo que deveria ter sido feito desde o início, especialmente considerando o público-alvo mais infantil.

Dito isso, as gags costumeiras continuam as mesmas, mas não exageram tanto no slapstick como nos dois filmes anteriores. Além disso, pelo simples fato de Gargamel ser feito em CGI as piadas são mais fáceis de se aceitar, dispensando caretas e atuações exageradamente dramáticas. O roteiro de Stacey Harman e Pamela Ribon ainda se apoia demasiadamente em uma comédia mais fraca, com apelo maior para as crianças que adultos, mas não temos aqui algo tão terrível quanto era anteriormente. Vale ressaltar, portanto, que, embora seja uma nova abordagem a esse universo, o público-alvo continua sendo o infantil, dispensando questões mais profundas como estamos acostumados em outras animações.

Felizmente, mesmo os adultos se verão mais engajados aqui, visto que o teor de aventura é maior, ainda que esse acaba se tornando um tanto repetitivo em certos momentos, exalando a previsibilidade. Isso é contra-balanceado pelos já mencionados cenários exuberantes e a sensação de que estamos vendo coisas novas, sem saber exatamente o que virá a seguir em termos de cenário. Nesse sentido, embora a narrativa seja óbvia, o filme foge do comum, inserindo uma certa originalidade quando comparamos com o segundo filme, especialmente, que é apenas uma repetição do primeiro, mudando de Nova York para Paris.

Os Smurfs e a Vila Perdida, portanto, ainda tem muito o que melhorar para fazer jus à clássica criação de Peyo, mas, ao menos, consegue nos proporcionar um bom entretenimento que faz um bom uso das características de cada personagem, ao mesmo tempo que atualiza a obra para as questões dos dias atuais. A escolha de trabalhar com o puro CGI foi acertada, eliminando muitos dos problemas relacionados à atuações exageradas e comédia slapstick. O reboot, pois, se demonstra eficaz, abrindo caminho para um bom futuro das criaturas azuis.

Os Smurfs e a Vila Perdida (Smurfs: The Lost Village, EUA – 2017)

Direção: Kelly Asbury
Roteiro: Karey Kirkpatrick
Elenco (Voz): Demi Lovato, Jack McBrayer, Mandy Patinkin, Danny Pudi, Joe Manganiello, Rainn Wilson
Gênero: Animação, Aventura, Família, Infantil
Duração: 90 min


by Guilherme Coral

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