Quem cresceu acompanhando o desenho dos Smurfs na década de 80 tinha uma noção de como eram os homenzinhos (e uma garota) azuis que cantavam alegremente, mas a nova geração não sabia muito sobre eles e nem sabia de sua existência. Esse filme foi importante justamente para trazer aos que cresceram assistindo a lembrança dele e para os mais novos uma nova alternativa a animações da Pixar e Dreamworks que eram lançadas no mercado.
Esse foi o primeiro longa feito em computação gráfica pela Sony Pictures e com investimento bem alto de mais de 100 milhões de dólares. E o resultado nas telas é bem desanimador. Primeiro que o longa é um live-action que é quando as animações dialogam com personagens reais. Esse talvez tenha sido o principal erro da Sony nessa empreitada. O filme fez sucesso tanto que alavancou uma continuação, mas essa computação gráfica tosca é imperdoável para uma empresa que presa pela qualidade. E a escolha pelo live-action foi errada, tem que ser muito bem trabalhado esse tipo de filme. Pode dar certo ou não (caso de Scooby-Doo)
Smurfs talvez seja uma das piores animações já feitas em computação gráfica (exagero?). Os personagens pareciam ter sido feitos com um software da década retrasada, nada parecido com o que víamos em outros longas como Meu Malvado Favorito ou Megamente.
A história nem é tão ruim assim, o problema é que é óbvia. Na trama os Smurfs fogem de Gargamel (sempre ele) e nisso acabam indo parar na cidade americana. Lá encontram uma família que os ajuda a retornar para a terra natal, isso sem antes ter que confrontar Gargamel em Nova Iorque que vai para lá atrás dos duendes azuis. As cenas com Gargamel são muito bobas, fica nítido que querem forçar as situações engraçadas para que o público dê risada. Ficou tão ridículo que chegava a ser constrangedor.
Algumas outras questões se somaram para deixar essa produção mais vazia. Por exemplo, muitos personagens de diversos filmes já foram parar em Nova Iorque. A questão é: só tem essa cidade nos EUA? Sabemos que o custo para gravar lá é mais barato, a cidade já está pronta. É um set de filmagem bom e barato, mas será que não dava para ser mais original e criativo?
Há muitas cenas que poderiam ter sido cortas e a duração (superior a 1h30) é desnecessária em um filme focado no público infantil. Se fizessem um filme mais curto com menos enrolação, menos diálogos e mais ação talvez o resultado tivesse sido diferente.
Ficou tão chato que chega a ser um sacrifício chegar ao final. A verdade é que esse longa live-action é desnecessário e um péssimo cartão de visitas para uma animação que tinha como intuito de criar uma franquia de sucesso. Mas só sucesso financeiro compensa? Adianta ganhar milhões sabendo que seu produto é de má qualidade?
Nem Neil Patrick Harris (How I Met Your Mother) escapa ileso dessa produção. Atuar com o que não existe é complicado para um ator, ele até se esforça para parecer que está brigando com alguém ou conversando com os seres azuis, mas não convence. Já Sofia Vergara se sai bem como a chefe diva, poderiam ter dado papel de maior destaque para ela. O personagem de Neil parece um bobo perdido em um filme mais perdido ainda.
Os Smurfs (Les Schtroumpfs no original) foram criados pelo ilustrador belga, Pierre Culliford (Peyo) e apareceram antes nas histórias em quadrinhos para depois virarem desenho animado. Desde então eles ficaram no limbo até o lançamento desse longa que além de ser sucesso de bilheteria, teve também um lucro absurdo com o lançamento de brinquedos como bonecos e jogos e a tendência é que cada vez mais outros filmes das criaturinhas azuis sejam lançados. Mas que não seja algo como esse primeiro que é bem fraquinho.
Os Smurfs (The Smurfs, EUA – 2011)
Direção: Raja Gosnell
Roteiro: J. David Stem, David N. Weiss
Elenco: Adam Wylie, Alan Cumming, Anna Kuchma, Anton Yelchin, Fred Armisen, B. J. Novak, Jayma Mays, Neil Patrick Harris, Hank Azari, Katy Perry, Kenan Thompson, Sofia Vergara
Gênero: Animação, Aventura, Família
Duração: 98 min.