em

Cine Vinil #02 | Lado B: Por que Odiei A Vigilante do Amanhã – Ghost In The Shell

O CONCEITO

Dia vs Noite, TWD vs GOT, DC vs Marvel, BvS vs Guerra Civil, Xbox vs Playstation, Flamengo vs Fluminense, Android vs iOS, McDonalds vs Burger King, Nerd vs Nerd, Fanboy vs Fanboy.

O multiverso nerd é pautado por discussões intermináveis e, geralmente, extremamente redundantes. Mas com toda a certeza a gente adora aquela treta cósmica para provar que um lado é melhor que o outro – mesmo que o único convencido na discussão seja você mesmo. Analisando essa treta tão peculiar, decidimos trazer um pouco desse espírito “saudável” de discussão para o nosso site.

Sejam bem-vindos ao Cine Vinil! Calma, antes de soltar os cães nos comentários, entenda nossa proposta. Os discos de vinil foram um dos itens mais amados para reprodução de arquivos sonoros. Sua grande peculiaridade eram os lados A e B. O lado A era utilizado para gravar os hits comerciais das bandas, músicas mais populares. Enquanto o Lado B era mais voltado para canções experimentais ou mais autorais.

No caso, nos inspiramos pelos lados opostos do mesmo “disco” – de uma mesma obra. O primeiro filme a receber esse formato é Power Rangers que conseguiu dividir a opinião da equipe do site gerando a tempestade perfeita para testarmos o formato. Serão dois artigos: o Lado A, que contém a opinião positiva, e o Lado B, com a versão negativa. Os autores, obviamente, serão distintos, e escolherão 5 pontos específicos da obra para justificar seus argumentos.

Explicado o conceito, nós lhes desejamos aquela ótima discussão para defender o seu lado favorito! Quem ganhou? Lado A ou Lado B? Que a treta perfeita comece!

LADO B

por Raphael Ranieri

Superficialidade conceitual

Embora o universo de Ghost in the Shell seja vasto, com mangá, animes e agora, também um filme, o grande cânone da obra de Shirow, a maior referência da sua criação, é, sem dúvida, o anime de 1995 de Oshii. A quantidade de referências e temas trabalhados pela obra – que incluem referências a outros monstros da ficção científica, além de temas psicológicos e filosóficos – são inúmeras, tornando Ghost in the Shell um estudo de caso para qualquer um que aprecie o tema sci-fi. O filme não tem nada disso. Toda a informação que você precisa para acompanhar o resto da película é apresentada nos primeiros 15 minutos – o resto, é um desfile de ação e efeitos especiais descerebrado, feito apenas para entreter, não para pensar. O que é um tremendo desperdício, em uma época limítrofe onde, mais do que nunca, as pessoas precisam de mais acesso à ciência e a filosofia.

É um filme de super-herói, e não uma ficção científica

Para pasteurizar a trama e tentar alcançar um público em busca de uma diversão escapista, o texto do filme usa uma estrutura básica de filmes de heróis, o que por si só já provoca um desânimo em quem esperava mais. Mas o pior, é que é um filme de super-herói moderno, onde um protagonista falível enfrenta uma jornada de redenção em um colant colorido – nesse caso, holográfico. O destaque não está na construção da psique da personagem, mas sim dos poderes que ela obtém oriundos da sua condição – escorando-se no velho clichê do “dom, mas também maldição” – o que não deveria ser, em absoluto, o escopo da obra.

Scarlett Johansson em atuação ruim

Scarlett Johansson é uma boa atriz, e uma artista multitalentosa. Daqueles exemplos raros que também cantam e dançam, etc. Embora não seja A melhor atriz do mundo, seu nome sempre chama a atenção e nós sempre esperamos um pouco mais dela. Ghost in the Shell é um daqueles exemplos de filme que fazem você esperar menos de um artista. Caricata, a atriz interpreta um robô COMO um robô – sem expressão, sem vida, e movendo-se, em alguns momentos, de forma mecânica. Isso talvez tenha funcionado com Schwarzenegger e seu Exterminador, mas Johansson aparentemente não que sua personagem não era literalmente SÓ um robô. Quando você assume um papel em uma obra que deveria ser complexa, o mínimo que se espera é que você compreenda o material. Bad Johansson. No Oscar for you.

Elenco desperdiçado

Ainda nesse tópico, se Johansson está um degrau abaixo de interpretação, o mesmo não se pode dizer de seu elenco de apoio. Composto por um time polivalente e talentoso, no papel dá até gosto de ver. O problema é que, na prática, com menos tempo em cena, e sofrendo com um texto raso e superficial, nós não conseguimos ver sequer uma sombra do verdadeiro talento deles. E estamos falando de gente do naipe de Juliette Binoche (cuja presença só pode ser explicada com o pai de todos os cachês para participar) e da lenda japonesa Takeshi Kitano. E perceba que, mesmo com um papel muito reduzido, a presença deste ainda marca o personagem mais surpreendente e divertido. Se é uma honra para Hollywood ter Kitano em uma de suas produções, é ao mesmo tempo uma pena que seja em uma que está fada ao oblívio.

Parece Ultravioleta e Aeon Flux

Uma personagem feminina, estupidamente bela, com poderes que ela não compreende bem, usando roupas apertadas coloridas, com a memória prejudicada, luta para desvendar um mistério que pode ajudá-la a compreender melhor a si mesma. Ring any bells? Pois é. É sério. Tornaram Ghost in the Shell em um genérico desses dois filmes genéricos. Não queremos acreditar que foi má-fé, afinal, quem pode culpar qualquer um por ter esquecido esses filmes? Mas se alguém deliberadamente percebeu que eles estavam produzindo um spin-off desses filmes, e não fez nada em relação a esse assunto, essa pessoa merece ter sua memória deletada. Para sempre.

Clique AQUI para ler o LADO A.

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

Perfil oficial da redação do site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Cine Vinil #02 | Lado A: Por que Amei A Vigilante do Amanhã – Ghost in the Shell