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Cine Vinil #08 | Lado A: Por que Amei Death Note

Dia vs Noite, TWD vs GOT, DC vs Marvel, BvS vs Guerra Civil, Xbox vs Playstation, Flamengo vs Fluminense, Android vs iOS, McDonalds vs Burger King, Nerd vs Nerd, Fanboy vs Fanboy.

O multiverso nerd é pautado por discussões intermináveis e, geralmente, extremamente redundantes. Mas com toda a certeza a gente adora aquela treta cósmica para provar que um lado é melhor que o outro – mesmo que o único convencido na discussão seja você mesmo. Analisando essa treta tão peculiar, decidimos trazer um pouco desse espírito “saudável” de discussão para o nosso site.

Sejam bem-vindos ao Cine Vinil! Calma, antes de soltar os cães nos comentários, entenda nossa proposta. Os discos de vinil foram um dos itens mais amados para reprodução de arquivos sonoros. Sua grande peculiaridade eram os lados A e B. O lado A era utilizado para gravar os hits comerciais das bandas, músicas mais populares. Enquanto o Lado B era mais voltado para canções experimentais ou mais autorais.

No caso, nos inspiramos pelos lados opostos do mesmo “disco” – de uma mesma obra. Serão dois artigos: o Lado A, que contém a opinião positiva, e o Lado B, com a versão negativa. Os autores, obviamente, serão distintos, e escolherão 5 pontos específicos da obra para justificar seus argumentos.

Explicado o conceito, nós lhes desejamos aquela ótima discussão para defender o seu lado favorito! Quem ganhou? Lado A ou Lado B? Que a treta perfeita comece!

Atenção aos spoilers.

LADO A

por Lucas Nascimento

Transposição cultural

Certo, todos os fãs do anime reclamaram muito das mudanças que a versão do Netflix realizou na mitologia e personagens do original. Só deixando claro que, como não conheço o material original, todas essas mudanças são absolutamente irrelevantes se analisarmos a obra por si só; se é diferente do original, é um fator externo que não deveria ser levado em conta na análise deste novo filme. Dito isso, é louvável que as personas e ambientações da história foram adaptadas para os EUA, ganhando arquétipos e um ritmo essencialmente americano; digo isso em comparação com o Ghost in the Shell lançado esse ano, que preservou o setting japonês… apenas para preenchê-lo com atores caucasianos, o que provoca um certo anacronismo. Aqui, a Netflix ao menos teve o bom senso de situar tudo no país de seus intérpretes, e essa transposição funciona.

Direção apurada

Adam Wingard é um nome que lentamente vai ganhando mais reconhecimento em Hollywood, após o elogiado Você é o Próximo e a divisiva continuação de A Bruxa de Blair. Com este Death Note, o diretor mostra que definitivamente sabe elaborar bons visuais e trabalhar um jogo de câmera inteligente, vise o uso estilístico de planos holandeses, um slow mo que contribui para algumas sequências climáticas e toda a atmosfera que é capaz de criar; isso sem falar no gore horrendo com todas as mortes. Ainda que imperfeito, vemos que Wingard é um cara de talento.

Visual Emblemático

Em complemento à condução de Wingard, temos aqui um dos filmes mais ricos em termos de visual que a Netflix já ofereceu até então – com exceção de Beasts of No Nation, esse é sem sombra de dúvida o filme mais estilizado e bem feito nos quesitos visuais. A fotografia de David Tattersall é esperta ao brincar com equilíbrio de cores (vide o lindíssimo primeiro encontro entre Light e L, banhados por uma luz azulada) e também no contraste forte e dinâmico, o que garante um eye candy inegável. Além disso, Tattersall também traz uma bela influência do horror durante as cenas com Ryuk, inteligentemente banhando o demônio pelas sombras a fim de torná-lo mais ameaçador; e também baratear o custo da produção, a-há.

Lakeith Stanfield

Eu não conheço muito do anime e mangá que originaram a obra, mas preciso confessar que fiquei impressionado com L. Um personagem dinâmico, bem escrito e que ganha uma performance femomenal de Lakeith Stanfield, que roubou a cena na série Atlanta e nos filmes Temporário 12 e Corra!, e ganha aqui seu melhor papel até então. O mais impressionante também é ver como o arco do personagem é completamente transformado, com toda a segurança e planejamento dando espaço a um desespero muito humano e sincero após a morte de determinado personagem, o que só torna este L muito mais complexo e interessante.

Trilha Sonora

Uma música pode mudar toda a intenção de uma cena, e as escolhas de Wingard em sua playlist incidental são muito curiosas, e justamente por isso acabam por sair do lugar comum: por exemplo, o clímax trágico e desesperador ganha um caráter completamente bizarro e cômico pelo uso inesperado de  “I Dont Wanna Live Without Your Love”, do Chicago. O diretor faz diversas outras escolhas inspiradas ao longo do filme, mas também é preciso destacar a excepcional trilha sonora original de Atticus e Leopold Ross, que trazem acordes eletrônicos e sintetizados que ajudam a manter o ritmo da história sempre agitado – especialmente durante a caçada policial.

Clique AQUI para ler o LADO B

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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