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Crítica | A Caminho de Casa – Uma cachorrinha fofinha em uma história morna

Filmes com cães como protagonistas por si só já tem um público cativo e chamam a atenção daqueles que gostam de tramas com esses animais tão inteligentes e dóceis. A Caminho de Casa (Charles Martin Smith) vai na onda dos longas com cachorros que pensam em voz alta, ou que acabam por se meter em várias confusões e quase sempre precisam passar por barreiras para sair vencedor de algum desafio.

O roteiro conta a história da cadela Bella que percorre um trajeto de mais de 600 quilômetros para reencontrar seus donos.  Antes de colocar a cachorra em ação o diretor mostra Jonah Hauer-King (Lucas) a adotando e a criando desde pequena, para depois, por um motivo banal, a fazer ficar longe dos proprietários. Essa situação envolvendo Bella e o vilão da trama é algo totalmente mal desenvolvido e jogado e só serve para dar uma maior dramaticidade para toda a trajetória percorrida pela cachorra.  

Charles Martin (Winter, o Golfinho) utiliza de elementos que deram certo em outras produções do gênero e as usa em excesso para criar uma atmosfera suave e mais humana nos acontecimentos que irão cercar a cachorra. O principal fator está em relação ao trajeto que a cadela irá fazer para reencontrar seu dono. O diretor coloca, por exemplo, Bella em perigo em diversos momentos para dar uma agitada na história e não se tornar algo extremamente chato o caminho de volta de Bella. O diretor a faz também encontrar um amigo improvável que terá como um verdadeiro irmão e juntos irão lutar contra diversos perigos.

Esses desafios impostos a Bella, em certo momento, se tornam extremamente repetitivos justamente por que o diretor ficou preso em criar uma trama em que as confusões a envolvendo são o principal elemento para a história. Não é um erro se repetir nem usar estrutura narrativa já vista em diversos filmes, mas usá-lo tendo uma cachorra como protagonista e sem nenhum personagem de carisma para ter por perto e que ajudasse a dar maior dinamismo e carisma para as cenas, ajuda em deixar o longa algo mais do mesmo. Esse caminho de redescoberta de Bella é tão insignificante e frágil que não prende a atenção do telespectador simplesmente por ele ser cheio de clichês do gênero.

Esse é o principal problema da produção. O retorno que acontece no segundo ato até uma grande parte do terceiro ato é bastante problemático, pelos motivos acima citados e por o diretor demorar demais em entrar na verdadeira história de retorno da protagonista. O roteiro todo é construído para chegar até o momento em que Bella é levada embora e foge para reencontrar seu dono. Esse retorno de Bella cria cenas bonitas pela beleza das paisagens insólitas, mas em contrapartida leva o telespectador ao sono. O longa começa de um jeito, apresentando os personagens e todo o convívio entre dono e cachorra e depois se transforma na tão batida idéia da cachorra que precisa voltar para casa. O pior é que Lucas e Terri (Ashley Judd) nem sequer aparecem mais, foram totalmente jogados de lado e esquecidos.

O destaque principal é a cadela Bella, justamente por isso que os outros personagens têm tão pouco destaque quanto a cachorra. O elenco além de ser reduzido é muito mal trabalhado, perde-se grande tempo no trunfo do retorno e os personagens que eram protagonistas acabaram se tornando personagens secundários, que apenas dão apoio para Bella.  Diferente do que ocorrem em Quatro Vidas de Um Cachorro em que o protagonista é Dennis Quaid segura o filme com facilidade junto ao cão, consegue passar sensibilidade e humanidade para o público se emocionar com a história. Algo que não acontece em A Caminho de Casa, justamente por não ter personagens fortes por perto de Bella. 

A cadela não segura a atenção do telespectador, falta carisma para a linda cachorrinha, diferente do que aconteceu em Sempre ao Seu Lado, em que o cachorro da raça Akita se sobressai na trama. O motivo de Bella se sair tão apagada em A Caminho de Casa não é por causa da cachorra em si, mas sim pela construção de todo o ambiente da trama. Demoram tanto para entrar no vilão e em seus desdobramentos que acaba por não ter uma sintonia uma situação com a outra, o vilão só volta a aparecer novamente próximo ao final do filme, um erro que acaba por diminuir toda  a história. 

A falta de uma mensagem clara atrapalha bastante na reprodução do que se quer passar na trama, tornando o longa vazio em trazer algo que realmente seja relevante. A mensagem é que os animais tem um laço com o seu dono que explica o apelido de melhor amigo do homem, mas isso é algo extremamente batido e que não tem uma profundidade como mensagem, algo que atrapalha bastante quando o foco é emocionar o público.

A Caminho de Casa é uma produção simples que irá agradar aos fãs de filmes de cachorros, não pela história em si, mas por ter uma cachorrinha linda como protagonista e que se destaca frente a todo o resto que é apresentado. É um longa bastante sessão da tarde e que deve fazer alguns se emocionarem e amarem a linda cadelinha Bella.

A Caminho de Casa (A Dog’s Way Home, EUA – 2019)

Direção: Charles Martin Smith
Roteiro: W. Bruce Cameron (Livro), Cathryn Michon
Elenco: Ashley Judd, Jonah Hauer-King, Edward James Olmos, Alexandra Shipp, Chris Bauer, Barry Watson
Gênero: Aventura, Família
Duração: 96

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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