em , ,

Crítica | A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets – Uma sequência sem brilho

Quando A Fuga das Galinhas estreou, em meados de 2000, rapidamente se tornou um grande sucesso comercial e de crítica, sendo totalmente ignorado pelo Oscar, que naquela época não possuía uma categoria específica para obras de animação. Agora, após longos 23 anos, a Netflix lança uma sequência intitulada A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets, que finalmente saiu do papel, mas não possui nem de longe o brilho nem o apelo da história original.

No primeiro filme, os animais causaram uma revolução para fugir da fazenda da Sra. Tweedy antes que fossem transformados em deliciosas tortas. Já na continuação, a ideia é que os bichos invadam uma fábrica de nuggets de frango, também comandada pela Sra. Tweedy. A trama se desenrola após a filha de Ginger e Rocky, Molly, por acaso parar ali e acabar em perigo junto com sua amiga.

O responsável por comandar o longa de 2000, o estúdio de animação especializado em stop motion, a Aardman Animations, após o sucesso da obra acabou investindo em novas produções do gênero, como Por Água Abaixo (2006) e Shaun, o Carneiro (2015). Embora não houvesse planos para retornar com uma sequência da produção, para o bem ou para o mal, acabaram mudando de ideia.

O roteiro assinado pela dupla Karey Kirkpatrick e John O’Farrell,  responsáveis pelo primeiro filme, junto com a estreante Rachel Tunnard, não traz nada de novo nem surpreendente em termos narrativos, mas diverte e empolga em algumas situações, principalmente quando utilizam da licença poética para fazer referências à consagradas obras da cultura pop, como James Bond e Missão Impossível.

A continuação dirigida por Sam Fell (ParaNorman) nem de longe lembra o original, principalmente em relação ao roteiro, que é basicamente mais do mesmo: os animais se veem com problemas relacionados à vilã Sra. Tweedy e precisam fazer algo para sair daquela situação imposta a eles. Nesse caso, Ginger e Rocky precisam salvar Molly de virar um suculento nuggets. 

A mensagem se mostra repetitiva, principalmente se levarmos em conta que o roteiro fez praticamente a mesma coisa que o longa de 2000, somente inserindo novos personagens e situações de perigo à trama. Mas a mensagem em si, da morte de animais para serem usados como alimentos, se mantém. Houve uma brecha para trabalhar um assunto bastante atual, que é a questão do meio ambiente, mas que Sam Fell não soube explorar e perdeu a oportunidade de abordar o tema. 

A ideia de apresentar os frangos sendo levados para o abate é apavorante, mas seu foco principal é mostrar para o público a origem daquilo que está à sua mesa, no caso, de onde vem o frango assado do domingo. 

O humor se mostra bastante presente no roteiro, servindo como uma ferramenta para entreter o público, mas paradoxalmente, essa presença cômica não é acompanhada pela mesma intensidade de destaque aos personagens. Nesta continuação, o galo, que desempenhou um papel central no filme original, é quase relegado a um status de personagem secundário, sem receber a mesma importância na trama. Isso ocorre para que Molly e sua jornada recebam mais tempo de tela. 

Como animação, A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets é um bom entretenimento e cumpre a sua proposta de divertir e entreter, mas, por ser algo repetitivo, acaba decepcionando, principalmente os fãs que esperaram tanto tempo para rever aqueles personagens tão cativantes novamente em ação.

Avatar

Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Os Mercenários 4 lidera indicações ao Framboesa de Ouro 2024; confira indicados

Os Mercenários 4 lidera indicações ao Framboesa de Ouro 2024; confira indicados

Sony acredita que o futuro do PlayStation está em jogos de PC, mobile e nuvem

Sony acredita que o futuro do PlayStation está em jogos de PC, mobile e nuvem