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Crítica | Além da Ilusão – Um filme sem magia

Além da Ilusão é o tipo de filme que tem tudo para dar certo, mas ao término dele você pensa “O que o diretor (a) quis com tudo isso?”.  Na realidade é uma produção de difícil assimilação, depois de pensar muito e ir digerindo o que assistiu é que você vai entendo qual a proposta da diretora Rebecca Zlotowski. Entende em partes. 

Logo no início vão apresentando as duas personagens principais e suas características. As irmãs Laura Barlow (Natalie Portman) e Kate Barlow (Lily-Rose Depp) aparecem em uma casa de espetáculos fazendo shows para um seleto público. O longa não diz qual época é, mas tudo leva a crer que seja ambientado nas décadas de 40. Nessa casa de show elas se apresentam como uma dupla de videntes que conseguem entrar em contato com os mortos. Laura é a mediadora de tudo, ela conversa com sua irmã em uma mesa e então ela acaba por evocar algum fantasma.

Elas tem o sonho de mudar de vida, fazer espetáculos em locais pequenos não é o que Laura almeja para sua vida. Lá ela é mal paga, não é o que é ela quer para sua irmã Kate. Eis que aparece Emmanuel Salinger (André Korben) um produtor de cinema, ele e alguns empresários da área querem dar mais originalidade as produções francesas e querem trazer algo novo para poder competir com o cinema americano. É aí que ele encontra as duas irmãs e as convida para fazer uma seção com ele em sua casa. Elas vão e acontece que um espírito acaba por fazer contato com ele e isso prova que a garota (Laura) realmente tem um dom e que não é uma charlatã.

Emmanuel então propõe a Laura (irmã mais velha) que se mudem para sua residência e que trabalhem com ele em um projeto cinematográfico. Ele irá tentar gravar a aparição desse fantasma e assim provar que espíritos existem. Esse é o elemento novo que ele tanto procura para passar nos cinemas e dar uma maior originalidade ao cinema francês. A questão é que ele precisa de financiamento e tudo começa a ficar caro demais. Esse fenômeno sobrenatural seria a ilusão que dá nome ao filme, a mágica que o cinema faz para entreter o público, isso em uma metáfora de não tão fácil associação.

Laura logo vê nisso uma oportunidade de conseguir algo melhor para ela e sua irmã. Kate já vê nisso apenas uma chance para se manter com uma carreira estável no cinema, ela gosta de ser e se sentir uma atriz.  Kate também aceita participar das filmagens e por ser mais nova acha tudo muito interessante. Gosta do que está fazendo e não se importa de se mostrar para os outros. . Ela acaba por conhecer o produtor André Korben (Louis Garrel) com quem tem um breve romance. 

A ideia do filme era fazer uma homenagem ao cinema e suas fantasias. Desde sua concepção, ou seja, reunião da produção com empresários do setor, até o processo de construção dos personagens, gravação e sua versão final. O problema do filme é o modo como tudo nele é construído. Como produção é bem fraquinho, para não dizer chato e sonolento em um contexto geral.

Um filme que fala sobre o cinema falha justamente naquilo que é o principal para a sétima arte: o roteiro e a direção. Rebecca não é uma diretora iniciante, já havia feito outros dois longas Belle Épine e Grand Central. Você percebe que enquanto a história vai passando a ela vai ficando mais confusa com o tempo. Começa a falar da vidência da garota e você acha que o filme será sobre fantasmas, mas depois começa a falar de cinema e você acha que o foco será esse e não é. Depois mostra o romance de Laura com o personagem vivido por Louis Garrel e nada novamente. Acabou ficando uma história vazia e sem saber qual seu verdadeiro foco. Um filme que tinha tudo para ser bom acabou ficando chato e monótono.

Vamos usar como exemplo o longa A Invenção de Hugo Cabret de Scorsese que trabalha muito bem o lado lúdico do cinema, como tudo começou com Meliês, a magia do cinema, a paixão, tudo de forma clara e bem feita. Nesse há uma tentativa de mostrar o processo de criação, mas o abordade forma tão errada que você nem percebe o que eles estão querendo te mostrar. Há sim bons momentos nesse longa como as atuações de Natalie e da Depp (filha), a fotografia e direção de arte são belas. Mas não existe filme sem um bom roteiro e sem uma direção competente. Seria interessante se esse filme fosse mais focado na fantasia e menos no real.

Nem a bela Natalie Portman consegue segurar as pontas. Ela está bem em seu papel, o problema é que sua personagem é bem chata, amarga e sem vida. Lily-Rose Depp pelo nome já se percebe a relação com o pai famoso Johnny Depp está graciosa, bem inserida em sua personagem. É uma atriz que pode vir a se tornar um sucesso assim como seu pai é. Uma coisa que não foi entendida é: Porque Louis Garrel recebe tão poucos papéis de destaque ultimamente? É um ator completo, qualquer papel que interpreta fica bom. E esse não é diferente, ele aparece tão pouco que chega a ser ridículo colocar um ator do quilate dele em um personagem tão sumido e apagado quanto o que ele interpretou. A verdade é que Além da Ilusão foi uma oportunidade perdida de homenagear o cinema e tudo que nele está inserido.

Além da Ilusão (Planetarium, França, Bélgica – 2016)

Direção: Rebecca Zlotowski
Roteiro: Rebecca Zlotowski
Elenco: Natalie Portman, Lily-Rose Depp, Emmanuel Salinger, Amira Casar, Pierre Salvadori, Louis Garrel, David Bennet, Damien
Gênero: Drama
Duração: 105 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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