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Crítica | Argylle – O Superespião tenta surpreender, mas se perde pelo caminho

Matthew Vaughn não é um dos melhores cineastas da atualidade, mas certamente é um dos mais requisitados pelos estúdios, principalmente quando o assunto são filmes de ação. Responsável por obras como Kick-Ass – Quebrando Tudo (2010) e X-Men: Primeira Classe (2011), decide continuar se aventurando pelo mundo da espionagem após a trilogia Kingsman com o filme Argylle – O Superespião.

A trama conta a história de Elly Conway, uma autora que escreve sobre espionagem, tendo como protagonista Argylle (Henry Cavill) em sua obra. Por acaso, ela se vê envolvida em uma história incrivelmente semelhante àquela que está registrando. No entanto, Elly percebe que ao escrever os acontecimentos descritos no livro, eles acabam se desenrolando em sua vida real.

Essa brincadeira entre o real e o imaginário é um grande acerto no roteiro de Jason Fuchs, porque de certa forma, é algo que foge do comum visto na maioria dos filmes de ação. Isso proporciona uma quebra na sequência tradicional de pancadaria e destruição, introduzindo uma abordagem ficcional que entretém o público, mesmo que essa fantasia seja um tanto boba e sem graça em grande parte do filme. 

A personagem Elly Conway não é apenas a protagonista do longa, mas também o nome da criadora da obra Argylle na vida real. Enquanto o roteiro acerta ao explorar a dicotomia entre o que é real e imaginário, ele falha em não criar reviravoltas significativas na história.

Matthew Vaughn irrita ao inserir na trama plot twists excessivos e sem graça. A ideia do cineasta era clara: a de entreter e divertir o público, o problema é que seu conteúdo se mostra fraco e cansativo. São tantas reviravoltas – a maioria fazendo sentido para a narrativa, infelizmente – que nas primeiras vezes até que dá para levar adiante, mas depois de um tempo, elas ocorrem com tanta frequência que se tornam repetitivas e desnecessárias.  

Matthew constrói uma narrativa até que convincente, porém, a qualidade se torna bastante duvidosa com o passar da história. Mesmo com um elenco de renome, alguns personagens são subaproveitados, com aparições rápidas e que poderiam sim ter maior aprofundamento, proporcionando um frescor adicional à trama, casos da cantora Dua Lipa, que até se sai bem quando surge em cena, e de Henry Cavill, que já havia interpretado um espião em O Agente da U.N.C.L.E. (2015), e que aqui interpreta um personagem divertido.

O humor até funciona em algumas cenas, mas na maioria das vezes é usado para quebrar a ação ou para dar uma graça desproporcional à cena, ficando evidente que a ideia do roteiro de Matthew a focar em um público mais jovem. como a cena de luta no trem e que relembra ao último 

Vazio em trazer uma mensagem decente, mas em contrapartida recheado de ação, como uma película desse gênero demanda. Matthew Vaughn já demonstrou ser ótimo em coreografar cenas de ação, como pode ser visto na franquia Kingsman, mais especificamente em Kingsman: Serviço Secreto (2014). A cena no trem é ótima, lembrando até mesmo o recente Missão: Impossível – Acerto De Contas – Parte 1, com a diferença que o longa com Tom Cruise trazia cenas menos forçadas. 

Filmes sobre espionagem existem aos montes, alguns se destacam, como 007: Sem Tempo para Morrer (2021), da franquia James Bond, enquanto outros são verdadeiros desastres, e é aí que Argylle – O Superespião se encaixa. Como entretenimento, ele funciona, mas os excessos de clichês, reviravoltas e piadinhas atrapalham bastante o acompanhamento da história, transformando uma obra que tinha potencial para ser ótima em quase que um fracasso completo.

Argylle – O Superespião (Argylle, EUA – 2024)

Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jason Fuchs
Elenco: Henry Cavill, Bryce Dallas Howard, Dua Lipa, Ariana DeBose, Sofia Boutella, Sam Rockwell, Samuel L. Jackson, John Cena, Bryan Cranston
Gênero: Ação, Suspense
Duração: 139 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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