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Crítica | Kung Fu Panda 4 – Entre erros e acertos

Às vezes, para revitalizar uma franquia, é necessário adicionar elementos que possam fortalecer a trama, como a introdução de novos personagens e vilões carismáticos. Nesse contexto, surge Kung Fu Panda 4, que tenta seguir pelo caminho mais simples, mas ainda assim peca por ter um roteiro bagunçado e nada inovador.

A trama – como em toda a franquia – segue a rotina do Dragão Lendário Po (Jack Black), o panda adorável que descobre com o tempo ter habilidades de kung fu que vão além de cozinhar no restaurante de seu pai adotivo. No primeiro ato, Po é mostrado treinando e descobre através do Mestre Shifu (Dustin Hoffman) que precisa escolher um sucessor para se tornar um líder espiritual do Vale da Paz. Nesta nova jornada, ele se une à esperta raposa Zhen (Awkwafina) para enfrentar os perigos representados pela feiticeira Camaleão (Viola Davis).

O primeiro Kung Fu Panda foi lançado em 2008 e rapidamente se tornou um sucesso midiático. Esse êxito levou à produção de mais dois longas animados, ambos repletos de ação e diversão, além de três séries de TV. Essa proliferação de conteúdo acabou por saturar a imagem do Panda, tornando comum vê-lo em diversas aventuras ao lado dos Cinco Furiosos. Esse excesso de exposição se tornou um desafio real para a franquia.

Em Kung Fu Panda 4, não se encontra mais aquele ar de mistério e surpresa que cativou o espectador nos três primeiros filmes. Todos os acontecimentos e seus desdobramentos são completamente superficiais e previsíveis. É claro que, por ser uma franquia de animação com público-alvo infantil, a estrutura narrativa permanece a mesma em todos os longas, com Po enfrentando um vilão e lidando com seus próprios dilemas pessoais, como o que é mostrado neste novo capítulo, em que Po deve encontrar uma nova sucessora para assumir seu lugar e ensiná-la.

O roteiro elaborado pelo trio Jonathan Aibel, Glenn Berger e Darren Lemke propõe uma nova abordagem para a história da franquia. Para isso, retira de cena os cinco furiosos, justificando que cada um está em uma missão solo por algum canto remoto do mundo, enquanto introduz a carismática raposa Zhen, que, mesmo sendo uma personagem de apoio, em algumas cenas, acaba se destacando até mesmo sobre o protagonista Po.

É positivo ter a raposa na trama, mas é um equívoco remover os cinco furiosos, especialmente a Mestre Tigresa, pois não faz sentido dar um destaque tão grande para Zhen e deixá-la de lado. A Mestre Tigresa era uma figura importante para a franquia e nunca teve um arco dramático relevante em nenhum dos filmes, nem foi aprofundada da mesma forma que Zhen. Já existia uma personagem de destaque, bastava desenvolvê-la em vez de introduzir uma nova personagem.

Algo que chama a atenção, não apenas neste filme, mas em todos os longas anteriores, é o fato da história ser sempre bastante repetitiva. Kung Fu Panda 4, pelo menos, tenta trazer algo novo ao tirar os cinco furiosos da jogada e levar o Panda em uma viagem pela China com a raposa. Além disso, tenta apresentar a antagonista Camaleão como um ponto de desequilíbrio na luta eterna entre o bem e o mal. A Imperatriz Camaleão se destaca por sua maquiavélica astúcia a ponto de causar medo em seus oponentes, e por ter um poder divertido de roubar as habilidades de vários vilões e juntá-los ao dela. No entanto, sua maldade é vencida com tamanha facilidade por seus rivais que chega a frustrar o público.

A qualidade da animação em si é ótima e permanece como o ponto alto da produção, destacando-se pelos cenários, personagens e até mesmo pelas lutas coreografadas, que chamam a atenção pela alta qualidade. O humor presente na obra é aquele que fez com que Po se tornasse um ícone pop, com destaque para sua interação com a raposa Zhen.

Como entretenimento voltado para o público infanto-juvenil, Kung Fu Panda 4 funciona e deve atrair multidões aos cinemas, afinal, a história do ursinho carismático e desastrado já está consolidada no cenário audiovisual. No entanto, um sinal de alerta é acionado devido à incerteza sobre o futuro da franquia, o que ficou evidente com as experimentações propostas pelo roteiro. Algumas delas funcionam bem, enquanto outras não tanto. Resta saber se Po e os Cinco Furiosos voltarão a se reunir com o mesmo destaque de antes em um futuro novo capítulo.

Kung Fu Panda 4 (idem, EUA – 2024)

Direção: Mike Mitchell, Stephanie Stine
Roteiro: Jonathan Aibel, Glenn Berger, Darren Lemke
Elenco: Jack Black, Awkwafina, Viola Davis, Dustin Hoffman, Bryan Cranston, James Hong, Iam McShane, Ke Huy Quan, Seth Rogen, Mr. Beast
Gênero: Animação, Ação, Aventura
Duração: 94 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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